A Caridade Universal · Livro
A CARIDADE UNIVERSAL
SAMAEL AUN WEOR
3ª Edição · Colômbia · 1973
Introdução
Não pretendemos conquistar posições elevadas nem queremos fazer demagogia. A única coisa que queremos é servir. Isso é tudo. Este não é um livro de eruditos e sim de CARIDADE CONSCIENTE. Haverão muitos sábios no mundo mas, desgraçadamente, nestes tempos a Caridade esfriou. Queremos ser caritativos, queremos cultivar amplamente a CARIDADE CONSCIENTE.
O Movimento Gnóstico Cristão Universal, a Ação Libertadora Americana do Sul e o Sivananda Aryavarta Ashrama, uniram-se para iniciar uma Nova Era entre o augusto trovejar do pensamento.
Milhões de pessoas de todas as escolas religiosas, ordens e seitas, responderam ao chamado dos Três Movimentos Unidos. Estamos em condições de dar ao mundo uma mudança total e definitiva. Negar-se a colaborar com o triângulo ALAS, GNOSIS, SIVANANDA, significa, de fato, ISOLAR-SE de seus semelhantes e, portanto, serão condenados pelos grandes sábios ante o veredito solene da consciência pública (não terão direito a sentarem-se na Mesa dos Mártires que se sacrificaram pela Nova Era). É necessário realizar o CRISTO SOCIAL em meio a humanidade sofredora; é urgente sacrificar-se pela humanidade e promover uma nova ordem altamente científica, filosófica e profundamente mística.
Este é o instante em que nós devemos organizar o exército de salvação mundial. QUEM NÃO ESTÁ CONOSCO, ESTÁ CONTRA NÓS. O sino da nova era de Aquário soou e quem dê um passo para trás está perdido.
GNOSIS é sabedoria. GNOSIS é amor. GNOSIS é sacrifício de si mesmo. Quem não seja capaz de sacrificar-se por seus semelhantes é indigno de viver. Quem não seja capaz de cooperar pelo bem dos demais, cairá no abismo de perdição. É urgente acabar com o EGOCENTRISMO e CULTIVAR o CRISTOCENTRISMO. Chegou a hora do CRISTO SOCIAL.
Lá vai nosso livro, ao campo de batalha. Muitos rirão dele, muitos o insultarão, muitos o jogarão fora furiosamente, não importa. Lá vai este livro como clarim de guerra que chama aos valentes.
Gnósticos, adiante… Gnósticos, à luta… Pelo Cristo e pela Nova Era, adiante.
O AUTOR
Capítulo I – A Caridade Universal
Uma análise a fundo nos leva à conclusão de que a caridade deve ser consciente. Amor é Lei, porém Amor Consciente. Os grandes da Terra constantemente dizem: “Eu dou muitas esmolas, eu sou muito caridoso…”. Quando algum poderoso gasta uns poucos pesos em alguma obra de beneficência pública, proclama aos quatro ventos por meio da impressa e do rádio, e todo mundo diz: “Este é um homem bom…”. Contudo, apesar de tanta proclamação e de tanta propaganda, as ruas da cidade estão cheias de homens que perderam o emprego, de mães que se entregam por um pedaço de pão para sustentar os seus famintos filhos. De aleijados que mendigam ou que tratam de trabalhar vendendo loterias, jornais, etc., para não morrer de fome; de pais de família buscando trabalho, etc., etc., etc. E, contudo, se fala de CARIDADE… essa é a triste ironia do mundo. Onde está a caridade?
Existe no ser humano uma tendência fatal de considerar-se sempre superior aos infelizes da vida. O banqueiro, o homem de negócios, a dama elegante, passam pela rua arrogantes, altivos e, quando encontram em seu caminho um pária da vida, não o olham e se o fazem é para jogar-lhe, com soberba, uma moeda. Não querem dar-se conta estes soberbos que o mendigo, o inválido, o homem sem trabalho, a mãe faminta, não são menos do que ninguém. Que são iguais aos outros. Que são nossos IRMÃOS.
Todos somos humanos e como tais formamos uma grande família: A FAMÍLIA HUMANA. A dor de qualquer ser humano afeta, de uma forma ou de outra, a toda a família.
A Caridade bem entendida significa o pleno reconhecimento dos Direitos Humanos. Não é justo que uns poucos tenham a felicidade de ter casa própria, luxuoso automóvel, rendimentos, etc., etc., enquanto a grande maioria sucumbe de miséria. Não é justo que a dama elegante desfrute em sua mansão enquanto, na porta, senta-se, cansada e faminta, a mãe pobre que clama um pedaço de pão. Todos somos humanos, o sangue que corre pelas veias do infeliz corre também pelas veias do poderoso. É o mesmo sangue da Família Humana.
É absurdo olhar com desprezo os nossos semelhantes, os nossos irmãos; é ilógico considerar a todos como seres estranhos, ninguém pode ser estranho na família. O poderoso ajuda o poderoso, o governo ajuda o “ilustre” e abandona o infeliz à sua própria sorte.
A Sociedade atual necessita passar por uma verdadeira e justa REFORMA SOCIAL. Isso é o Cristo Social. Necessitamos avivar a chama do espírito com a força do AMOR. Necessitamos desenvolver a Compreensão Criadora.
Capítulo II – As Famílias Pobres
Temos visto a infelizes mães rodeadas de seus filhos famintos e desnudos, buscando pelas ruas papéis sujos para reuni-los e vendê-los em certas fábricas, por uma moeda para acalmar a fome. Ninguém se compadece deles, nem os grandes senhores, nem os políticos que tantas promessas fazem ao povo. Temos visto mães, crianças desnutridas, miseráveis, devorar cascas de laranjas, desperdícios de comidas encontradas em latas de lixo. Tudo isto acontece enquanto os grandes da Terra lançam aos quatro ventos programas agrários, promessas maravilhosas sobre o tema do Capital e o Trabalho. Os políticos prometem… que ironia da vida… prometem… prometem… Até quando tanta injustiça? Entre córregos de águas negras, temos visto na cidade do México, a estas pobres mães submergirem-se para tirar o cadáver de um porco, de uma ave de criação, já em decomposição, para acalmar a fome de sua família.
E, contudo, os políticos prometem… prometem…
Para as famílias pobres não existe mais do que o desprezo. Os grandes da Terra jamais lembram-se dos infelizes. Eles não existem em sua mente.
Alguns governos inventam ASILOS para as famílias miseráveis. Os pobres preferem vagar pelas ruas com a sua miséria nas costas do que meterem-se neste novo tipo de prisão. Têm razão.
A Liberdade é muito bela e é preferível morrer de fome sendo livre do que morrer saciado em meio a uma jaula. A propriedade rural é para os trabalhadores bem remunerados. As casas de campo são para os empregados da burguesia, para quem pode dar-se ao luxo de pagar bem.
Nós, os Gnósticos, devemos lutar por estes infelizes. Devemos abrir refeitórios públicos para estes párias da vida. Devemos lutar frente aos governos da Terra para que estes pobres infelizes tenham também seu teto humilde, porém limpo, aerado, alegre. Um teto de Liberdade, não uma jaula piedosa a qual, na porta, esteja escrito a palavra ASILO. Devemos, os Gnósticos, lutar por estes infelizes; viver não é um delito. Estas pobres mães, estas crianças famintas, desnudas, também têm o direito de viver.
Capítulo III – A Lei do Destino
No ser humano existem dois fatores perfeitamente definidos: A PERSONALIDADE e a ESSÊNCIA.
Existe também a Lei do Destino (KARMA). Esta grande Lei de Causa e Efeito controla a ESSÊNCIA, porém também, de forma relativa, a Personalidade Humana.
Considerando as coisas desta maneira, é realmente muito difícil prognosticar o porvir da generalidade dos seres humanos, do mesmo modo que é aventurado prognosticar o futuro de uma máquina louca submetida à lei fatal dos acidentes. A Personalidade se forma no lar, na escola, no meio ambiente; é o resultado da educação, do exemplo, do costume, etc. A Personalidade é o INSTRUMENTO DO EU. Outra coisa é a ESSÊNCIA (da alma), a qual é anímica. Comumente, o embrião de Alma que todo o ser humano leva encarnado, fica detido em seu desenvolvimento quando o EU robustece a Personalidade. O EU é Satã em nós. Um EU forte e uma Personalidade extremamente desenvolvida são suficientes para deter o crescimento da ESSÊNCIA.
A ESSÊNCIA é o embrião de Alma que todo o ser humano tem encarnado; o homem, todavia, não encarnou a sua alma. É absurdo colocar a culpa de todas as misérias humanas à Lei do Destino; não negamos a ação do KARMA, porém este controla a ESSÊNCIA e, relativamente, a Personalidade.
Poderíamos dizer que cinquenta por cento das amarguras deste mundo são o resultado de acidentes. Jogar a culpa de tudo ao KARMA é absurdo. A miséria, o crime, o roubo, são o resultado de nossa falta de CARIDADE. O infeliz que somente conheceu a miséria, que viu sua mãe sofrer e morrer esgotada pela fome, só pode odiar a Socidade, só pode declarar-se seu inimigo mortal. Disto não podemos colocar culpa no KARMA, no DESTINO. Somos nós mesmos os criadores de semelhantes monstros. “Quem cria cobra amanhece picado”.
Alguns fanáticos, quando veem alguém sofrer, exclamam: “KARMA… KARMA…” e cheios de crueldade afastam-se do infeliz. Outros dizem que é castigo de Deus. Colocam a culpa da miséria na GRANDE REALIDADE, ignorando que esta é paz, abundância, felicidade, perfeição. A GRANDE REALIDADE não criou a dor, a miséria; somos nós os criadores. É necessário compreender isto e lutar por um mundo melhor.
Temos que remediar esta situação. Assim é como se desenvolve o EMBRIÃO DE ALMA, assim é como se robustece. Quem sacrifica-se e dá a vida pelos demais está a caminho de chegar a ter Existência Real. E todo aquele que tem Existência Real, ENCARNA A SUA ALMA.
Capítulo IV – Os Direitos do Homem
Existem Direitos que o Estado está obrigado a reconhecer. Os Direitos do Homem são muito sagrados, vamos estudar alguns:
Chefes de Família
São muitos os chefes de família que com sua renda não podem atender as necessidades de seu lar. As causas desta desgraça costumam ser muitas: analfabetismo, enfermidades, despreparo técnico, etc. O resultado deste problema é a fome, a prostituição das filhas, o vandalismo, a mendicância. Este tipo de mazelas morais são espantosas e não se resolvem com prisões, é necessário corrigir o mal pela raíz. Necessita-se de Assistência Social para estes pais de família. Eles também têm direito a viver como seres humanos, necessita-se que o Estado melhore o padrão de vida destes pobres homens.
Proteção das Famílias na Desgraça
O Estado deve proteger as famílias dos processados, detidos, exilados ou condenados. Estas pobres famílias que ficam sem amparo econômico devem ser protegidas pelo Estado. Este deve ser como uma mãe para os que sofrem: o Povo confia no Estado e este não deve defraudar o Povo.
As famílias em desgraça necessitam da Assistência Social imediata e oportuna para evitar o delito, caso contrário terão que roubar, prostituir-se para viver. É cruel desde qualquer ponto de vista negar-lhes o direito a Assistência Social. A família inocente não tem porque pagar pelas consequências do delito do chefe, que muitas vezes o comete para salvar sua mulher, seus filhos, sua mãe, seus irmãos.
Pessoa Doentes que Não Podem Trabalhar
Estes também são seres humanos, formam parte do conglomerado social, têm direito a viver. Eles trabalharam e adoeceram, não importa a causa, é um dever enviar-lhes o seu salário como se estivessem trabalhando. Seria uma espécie de “Seguro por Doença”.
Idosos
Os idosos devem estar aposentados pelo Estado, não trancados em asilos. Ninguém é mais nem menos do que ninguém. O Estado deve dar ao idoso uma “Pensão” para viver e uma habitação onde possa passar tranquilo os anos que lhe restam. Ser idoso não é um delito, todos chegaremos lá. O idoso necessita de proteção, abrigo e pão.
Capítulo V – A Mulher Caída
Ela era uma tenra jovem cheia de encantadora beleza, seu único delito foi ter amado muito. Como geralmente acontece nestes casos, o galã, depois de ter satisfeito o seu desejo sexual, afasta-se dela.
Vem a nós a infeliz, quer um conselho, está grávida. O galã abandonou-a, fez promessas que não cumpriu. Seus pais ignoram o seu estado. Já não pode ocultar o filho que leva em suas entranhas. Se confessa, será expulsa de sua casa… e a justiça? É maior de idade. Então o que faz? Está perdida. Mendiga pelas cidades, busca o bordel, a periferia, o vício.
A mulher caída abunda na vida urbana. Vê-se ela nos cabarés, nos bares, lamentando sua desgraça entre copo e copo. Vê-se ela nas ruas mendigando com o filho entre os braços. Cometeu um delito que a Sociedade, hipocritamente, não perdoa. Haver amado muito…
Os governos da Terra riem destes casos, ninguém se compadece da infeliz. A única coisa que faz a Sociedade é lançá-la na delinquência.
Nós pedimos piedade para a mulher caída. Nós rogamos aos poderosos da Terra Assistência Social para estas infelizes. Nós pedimos Caridade para estas mulheres.
Capítulo VI – Assistência Médica e Farmacêutica
Temos visto crianças desnutridas e doentes; idosos indigentes; infelizes cegos; pobres mulheres suplicando uma esmola para comprar os seus remédios. Alguns jogam-lhes uma moeda e outros afastam-se da infeliz como uma má sombra. Não existe piedade para os enfermos pobres. E isto acontece na Civilização Moderna. O Estado funda hospitais e crê que já resolveu o problema da saúde pública. Os enfermos pobres não acreditam nos hospitais com o nome de “Caridade”. Eles lembram os sofrimentos passados ali; a fome, o desamparo, o trato dos médicos e enfermeiras. Ademais, nem todos podem ir ao hospital, quase nunca há vagas. Ademais, um pai, uma mãe de família, preferem pedir esmola pelas ruas do que abandonar os seus filhos. Quem os cuidará?
O Estado deve ajudar os doentes. A Assistência Médica e Farmacêutica é uma obrigação do Estado para com o Povo. Os hospitais não resolvem este problema.
É necessário ampliar estes serviços com postos de Saúde onde se distribuam remédios gratuitos, onde existam médicos e enfermeiras que sintam a dor humana ainda que o paciente seja um pobre infeliz.
Vê-se casos insólitos. Conheci um trabalhador da cidade do México que teve um acidente de trabalho. Enquanto ficou no hospital não recebeu seu salário, supostamente porque não estava trabalhando.
É doloroso que um trabalhador, devido a sofrer um acidente de trabalho, tenha seu salário negado.
Chegou a hora de compreender que todos somos seres humanos e não animais. Somos irmãos e devemos nos ajudar.
Lutaremos por uma Assistência Médica e Farmacêutica para o povo.
Capítulo VII – O Direito ao Trabalho
Quando o ser humano chega ao estado adulto, tem o dever de trabalhar. Desgraçadamente, ao chegar nesta idade, veem os problemas. O jovem solicita um emprego e todos riem dele. “Venha amanhã, venha dentro de quinze dias. Quando houver uma vaga iremos lembrar de você…”.
Assim vai passando o tempo e o jovem vai angustiando-se pouco a pouco; quiçá a sua família, sua mãe, seus irmãos, têm fome e a única esperança é ele, seu salário. Porém a Sociedade o rechaça, o jovem cai no abismo do delito. É indispensável, para conseguir trabalho, o “padrinho”, a “ajudinha”, a “indicação”. Sem isto, sem as INFLUÊNCIAS, não há trabalho para o pobre. E o resultado não se faz esperar muito tempo. Aquele jovem, cheio de ilusões, esperança de sua família e da mesma Sociedade, desesperado pela dor, lança-se ao delito, ao vício, ao crime. Então a Sociedade protesta indignada; persegue-o, prende-o, mata-o.
Todo mundo se alarma, porém ninguém investiga a causa que levou este jovem ao delito.
Assim como aos jovens, a homens, idosos, se nega-lhes a maneira de ganhar honradamente o pão de cada dia.
E temos visto nas ruas, junto às grandes praças de mercado, humildes agricultores que afastam-se com os frutos que trazem do campo. Não se deixa eles trabalharem porque não tem o dinheiro para pagar um local na praça do mercado. Eles que trazem o milho, a banana, a batata, etc., para que vivam os habitantes da cidade; nega-se a eles um sagrado direito: TRABALHAR. O Estado tem a obrigação de velar por este direito, porque trabalhar não é um delito.
Se os governos querem um povo são, forte, um país rico, florescente, têm que proteger o Trabalho.
Capítulo VIII – O Problema da Habitação
O Estado deve investir parte de seus fundos para fomentar a construção de habitações baratas.
É justo que os trabalhadores em geral, tenham a felicidade de sua casa própria. Temos visto trabalhadores de todos os ramos, vivendo em choças de pau e latas, casebres de papelão, covas imundas, como porcos. Não existe compaixão para estes obreiros; a Sociedade não perdoa-lhes o delito de serem humildes servos dela.
Em alguma cidade, um líder ferroviário foi preso por reivindicar habitações para seus companheiros. É doloroso ver famílias completas vivendo em cubículos, em barracos imundos. Na Espanha, por exemplo, vivem, em um miserável quarto de poucos metros, até três famílias amontoadas como animais. Em outras partes inventou-se os chamados “Multifamiliares” que, da mesma forma que os arranha-céus, não solucionam o problema da habitação. Ali as crianças não têm espaço para brincar, para tomar sol. Estes edifícios não são mais do que galinheiros. Como se não houvesse terra onde construir verdadeiras casas; e o resultado é fatal. As doenças se propagam com suma facilidade, as crianças crescem debilitadas. Os poderosos da Terra dizem: “Para que as crianças brinquem existem os parques…”. Que tempo resta ao pai, à mãe, para sair com os seus filhos para os parques? Resultado, que nem a criança, nem o idoso, têm direito a tomar os raios de sol, nem ao perfume do jardim.
E o proprietário, o locador? Este é implacável, não admite desculpas, deve-se ter o dinheiro acima de tudo, pronto e à mão. O proprietário não tem compaixão, não tem caridade. Se não há dinheiro para pagar o aluguel, mães, idosos, crianças, móveis, tudo vai para rua. O proprietário se esquece de que todos somos humanos, de que todos somos irmãos.
O problema da habitação é gravíssimo. Chegou a hora de MUNICIPALIZAR a HABITAÇÃO. Por isso propomos duas coisas:
Primeiro: MUNICIPALIZAÇÃO DA HABITAÇÃO.
Segundo: DESCONGESTIONAMENTO DA VIDA URBANA.
Com o primeiro ponto proposto, acaba-se para sempre a exploração feita pelo proprietário. Com o segundo, descongestiona-se a vida urbana, melhorando notavelmente a situação econômica e social do povo.
A Municipalização da habitação daria ao Estado fundos monetários para ampliar o espaço vital da vida urbana. O sistema de habitações rurais, além de possibilitar a construção na periferia de todas as cidades, é imensamente produtivo para a Sociedade, pois a fazenda caseira daria produtos agrícolas de diário consumo. Da mesma forma com os animais de criação. Alguns governos já iniciaram este sistema com maravilhosos resultados. O Estado pode comprar, permutar, casas, lotes; dar facilidades para a construção mediante pequenos empréstimos. A ideia está em marcha, porém deve-se intensificá-la para que todos desfrutem de sua casa própria.
A Municipalização da habitação deve converter-se em Lei. Respeitar os bens alheios é Lei, da mesma forma, construir casa com facilidades de pagamentos, controlados pelo município, deve ser Lei obrigatória.
Nenhum Estado deve ser indiferente frente o problema da habitação; em um Estado indolente e cruel, não há Justiça.
Capítulo IX – A Família, os Salários e a Habitação
Já acabaram aqueles tempos em que a mulher entregava-se de cheio a sua divina missão de mãe. A felicidade de um lar foi terminada pelo duro batalhar da existência. A mãe foi tirada do Lar e levada ao escritório, à fábrica, ao depósito e até ao quartel…
As crianças que antes passavam horas brincando com as suas mães e desfrutando das suas ternuras agora são depositadas como cães em casas especiais, onde uma empregada cuida-os enquanto a mãe trabalha. Estas crianças já não têm lar. Estes tempos acabaram.
A desgraça chegou às portas do lar e penetrou nele. Muitos casais já não querem ter filhos e, em verdade, há lógica nisto. Para que trazer criaturas ao mundo que não vão desfrutar de um lar? Crianças que serão cuidadas por criadas e viverão trancados em quartos como ratos?
O pai já não ganha o suficiente para sustentar uma família. Os salários são baixos; a mãe tem que sair também para buscar um trabalho para ajudar o seu marido. Esta é a desgraça de nossos tempos. As crianças sofrem as consequências, a geração se cria complexada. Quando tornam-se grandes dizem: “Meu pai trabalhou, minha mãe não pôde nos criar bem porque também teve que trabalhar. Neste mundo o que vale é o dinheiro…”. A esta conclusão chega o homem desta geração. Porque o rico diz: “Quem és tu? O dinheiro fala por ti, tanto tem tanto vales. Se não tens dinheiro, consegue-o trabalhando e se não consegue trabalho… sempre se consegue…”. E é então quando aparecem mais ladrões, mais golpistas, mais viciados, mais prostituição.
Estes problemas têm solução sem necessidade de violência, sem golpes, sem revoluções sangrentas, sem ditadores. Todos criamos estes problemas, todos devemos solucioná-los.
É necessário acabar com o egoísmo, com as ganas de mandar. Estudemos cada problema e tratemos de dar-lhe judiciosa solução.
Todo o filho que vem ao mundo custa dinheiro. Os governos devem proteger a Natalidade. Para os empregos deve-se preferir aos casados, preencher vagas com homens casados. Criar subsídios para cada filho que tenha o trabalhador. Se trabalha-se em locais difíceis, em climas hostis, negociar uma bonificação. Devemos compreender a dor de nosso próximo. Todos vivemos de todos, todos necessitamos de todos, todos somos servos de todos. O problema de qualquer ser humano afeta, dentro de seu raio de ação, a muitos. O problema de muitos afeta a todos.
O Movimento Gnóstico Universal, A Ação Libertadora Sul-Americana e Sivananda, chegaram à conclusão de que somente à base de rigorosa compreensão é possível solucionar os problemas da vida humana.
Insistimos que é cruel, impiedoso, não melhorar o salário do trabalhador cuja esposa ou companheira trouxe um filho ao mundo. A tudo isto os patrões encolhem os ombros dizendo: “À mim isso não importa, não tenho porque pagar-lhes mais pelo fato de terem um filho mais…”. É um erro que afeta os interessas do patrão. Diminui sua efetividade e portanto, a produção. Cometeremos um crime ao sentir-nos separados de nossos semelhantes; nós dependemos deles, se há greve nos transportes, no setor energético, na indústria do petróleo, etc., etc., nós sofremos as consequências, como tantas vezes nos consta.
Capítulo X – Fome na América Latina
A América Latina está formada por países subdesenvolvidos, por isso necessita das grandes potências. Podemos assegurar que o Estados Unidos da América monopolizou os Mercados da América Latina. Porém o colosso do Norte também necessita de nós, como nós deles.
Os importadores latino-americanos têm que pagar as suas mercadorias de acordo com o padrão do dólar, o que equivale a um aumento no preço dos produtos, já que a moeda destes países é de menos valor em relação ao dólar. O comerciante não pode perder, é seu negócio. E quem paga as consequências deste desnível monetário? O consumidor, o povo!
Daí parte a importância de que revisem-se os tratados comerciais, de que busquem-se fórmulas a fim de que a moeda dos países latinos adquira uma melhor posição em relação ao dólar. Porque é um fato fora de toda a dúvida que os povos latino-americanos sentem ódio, ressentimento, inconformidade, contra os Estados Unidos da América.
E ao grande país do Norte não lhe interessa cercar-se de inimigos, de ressentidos. É necessário buscar solução ao problema, sem egoísmo. Há que cultivar o CRISTOCENTRISMO, somente assim teremos paz, abundância, felicidade. É necessário deixar o egoísmo e realizar o CRISTO SOCIAL.
Capítulo XI – Custo de Vida
De carro, rodamos pelas estradas do velho país dos astecas; nos encontramos na bela capital dos antigos Nauatles. O motorista do táxi é um velho alegre e loquaz. As ruas do grande mercado de “La Merced”, as lojas de mercadorias, estão repletas de pessoas que compram.
O homem do táxi comenta algo sobre o custo de vida e nos diz: “Vejam, estas lojas, em nenhum momento, estão vazias, por estas ruas circulam milhões de pesos diariamente. Estes locais são caríssimos e por isso os comerciantes retiram o aluguel de seus produtos, ou seja, do consumidor. Este é o motivo dos mantimentos serem tão caros…”. Respondemos: “Assim é… e deve-se ter em conta os que monopolizam. O agricultor é quem menos ganha… o produto passa por muitas mãos e quando chega ao consumidor traz toda a sobretaxa…”.
O carro abre passagem e o motorista continua: “Vejam, os comerciantes levantaram um memorial ao governo solicitando que intervenha nos preços do aluguel dos locais; assim afirmam que poderiam vender a preços mais baixos…”. “Isso é claro – respondemos – a Municipalização da habitação, de todos os locais comerciais, traria o barateamento do custo de vida. Porque o governo pode ter armazéns de mercadorias para evitar monopolizadores, assim o agricultor receberia o preço justo por seus produtos. O varejista venderia a preços controlados pelo governo…”.
Não necessitamos do Capitalismo nem do Comunismo para viver, o que sim é necessário é a COMPREENSÃO.
Capítulo XII – As Religiões
O postulado do sábio matemático Albert Einstein “Energia é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado”, fez cair por terra o MATERIALISMO ATEU. “A massa se transforma em energia, a energia se transforma em massa”. Estes sábios postulados marcaram o fim do Materialismo.
O binômio Espírito-Matéria, não é outra coisa senão a manifestação de uma mesma coisa; esta é a energia. As Religiões têm uma base científica, os Templos são verdadeiras plantas de energia atômica; as orações são fórmulas mentais que nos permitem gerar energia que passa de um cérebro a outro. Assim realizam-se os chamados milagres. Quem agora ri da Religião é um inimigo da energia atômica e somente os ignorantes podem rir de tamanha verdade.
As forças geradas por um Ritual podem ser utilizadas na agricultura ou para sanar enfermos à distância. Não está longe o dia em que estas forças poderão ser fotografadas e medidas com instrumentos de precisão. Os Sacerdotes de todas as Religiões são agora verdadeiros Magos da Energia Nuclear.
A Morte é uma verdadeira subtração de números inteiros, terminada a operação, somente restam os Valores. Assim, o que continua depois da morte são os Valores Energéticos da Natureza. Ditos Valores se Reencarnam, sendo a Morte então um regresso à Concepção.
A vida e a Morte estão intimamente ligadas porque ambas são modificações da Energia Universal.
Os destruidores das Religiões desconhecem a Física Nuclear e quem ri do que desconhece está à caminho de ser idiota. Os perseguidores das Religiões são pobres ignorantes. Quem critica a religião do próximo comete um crime contra a Caridade Universal; as Religiões são pérolas preciosas engastadas no fio de ouro da Divindade. Dentro da Grande Reforma Social devemos respeitar todas as Religiões, Escolas, Ordens, Crenças. Cada ser humano merece respeito, sua religião é algo muito sagrado.
A verdadeira Caridade Consciente baseia-se na Compreensão, quem combate os princípios religiosos não tem Caridade Consciente.
A dialética materialista ficou reduzida a pó com os postulados do sábio autor da Teoria da Relatividade. A técnica científica demonstrará a existência do Hiperespaço, o valor energético da oração e dos rituais. Da mesma forma, a tremenda realidade do EU ENERGÉTICO que continua depois da morte. Chegará esse dia em que se poderá fotografar o EU ENERGÉTICO.
Por Caridade Consciente, as Religiões, Ordens, Escolas, devem unir-se para trabalhar pelo bem-estar social e econômico da humanidade. As lutas fratricidas das diferentes Religiões estão condenadas à desaprovação universal.
A Grande Caridade Universal é Religiosidade Cósmica.
FIM.
ESTA OBRA TERMINOU DE SER IMPRESSA NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 1973 EM IRIS IMPRESORES. BOGOTÁ D.E. – COLÔMBIA
Apêndice
Criação do Instituto da Caridade Universal
Conclusões da Comissão encarregada de elaborar o projeto da Caridade Universal no Congresso Gnóstico Cristão Ecumênico de São Salvador, celebrado entre 27 de dezembro de 1972 e 2 de janeiro de 1973.
A Comissão Encarregada de Elaborar o Projeto da Caridade Universal
CONSIDERANDO:
- – Que deve-se criar um Organismo de Caridade em todos os níveis, que opere eficazmente encaixando-se dentro das leis de cada país.
- – Que este Instituto deve ser criado automaticamente por todos os membros do M.G.C.U. de cada país e nas respectivas seccionais ou filiais, representadas neste Congresso.
- – Que alguns governos fazem grandes contribuições para a caridade, as quais não chegam ao seu destino, ou seja, aos necessitados, porque são interferidas por organismos que fazem-se passar por beneficentes, porém que vendem os artigos doados às entidades comerciais ao invés de distribuí-los gratuitamente.
- – Que mediante o Instituto se poderá canalizar esses serviços e doações oficiais para que realmente cheguem aos necessitados e não se continue fazendo comércio e se explore inumanamente estas doações.
- – Que é necessário que este Instituto entre em contato com os diferentes organismos ou instituições de caridade, ações comunitárias ou qualquer tipo de serviço beneficente, para coordenar e contribuir para que sejam operados eficazmente em prol da caridade consciente.
RECOMENDAÇÕES:
-
- – Criar o Instituto da Caridade Universal aqui e agora.
- – Solicitar o reconhecimento de ajuda internacional como UNESCO e OEA.
- – Este Instituto irá girar ao redor do S.S.S. que será seu diretor internacional.
- – O Instituto terá um Presidente Nacional que será o mesmo que represente a autoridade do Soberano Comendador em cada país.
- – O Presidente Nacional do Instituto da Caridade Universal coordenará todas as funções deste em seu país, devendo informar ao S.S.S. sobre as suas atividades.
- – As comissões serão encarregadas de entrar em contato com a comunidade.
- – Sugere-se a criação de um organograma cuja cabeça e consultor central seja o V. M. SAMAEL AUN WEOR, assessorado pelo vice-consultor V. M. GARGHA KUICHINES (Ver REVISTA “Abraxas” Nº 36).