A-11. Arte de Viver, Ciência de Ser

A MEDITAÇÃO

Conferência de Samael Aun Weor

O Quinto Evangelho

Vamos conversar um pouco sobre a Ciência da meditação. Antes de tudo devemos estar preparados, de forma positiva, para recebermos estes ensinamentos de tipo superior, para que possamos aproveitar devidamente o tempo. Chegou a hora de compreender a necessidade de dar mais oportunidade à Consciência. Normalmente nós vivemos em dado momento em um “piso” de nosso Templo Interior e logo passamos a outro.

Existem pessoas que vivem nos “pisos” mais baixos como aqueles que estão concentrados exclusivamente nos instintos e na fornicação, quer dizer, no quarto e quintos “pisos” (nos centros instintivo e sexual) utilizados de forma negativa. Outras pessoas vivem no “terceiro piso” (o centro motriz) e dele não saem; sempre se movem dentro dos moldes de determinados costumes, dentro dos trilhos de certos hábitos e nunca mudam. É como o trem que sempre percorre os mesmos trilhos ou trilhos paralelos. Essas pessoas que vivem no “terceiro piso” estão acostumadas ao trem de seus hábitos e de nenhuma maneira se dispõem a deixá-los.

Existem pessoas que vivem no “primeiro piso” ( o centro intelectual); outras pessoas vivem no “segundo piso”( o centro das emoções inferiores) etc. Aqueles que vivem no centro intelectual querem transformar tudo em racionalismos, análises, conceitos, discussões e daí não saem.

Outras pessoas habitam exclusivamente no centro das emoções dedicados aos vícios do cinema, das touradas, galos de brigas, corrida de cavalos, corridas de bicicletas. Vivem dentro do mundo reduzido e estreito: encerrados dentro da escravidão das emoções negativas e jamais se lhes ocorrem escapar de tais habitações.

Portanto, faz-se necessário insistir na questão de dar mais oportunidade à Consciência. Por outro lado, também existem diferentes tipos de sonhos: existem sonhos intelectuais, emocionais, sonhos ligados ao centro motriz e sonhos sexuais que se relacionam exclusivamente com as atividades sexuais. Esses sonhos refletem situações vividas durante o dia, são a repetição das atividades diárias. Se a pessoa vive no “piso” das emoções, seus sonhos refletem situações de terror e de loucura. Se vive no “piso” sexual, seus sonhos serão luxuriosos, de adultérios, fornicações, masturbações etc.

Se os sonhos pertencem ao centro instintivo, então se manifestam e se refletem através de sonhos incoerentes, tão submersos que se torna difícil entendermos tais sonhos.

Cada um dos cinco centros da máquina humana produz determinados sonhos. Em nome da verdade temos que dizer que somente os sonhos que correspondem ao Centro Emocional Superior, ou seja, ao sétimo centro, são dignos de levarmos em conta e em consideração. O mesmo ocorre com os aspectos positivos do sexto centro, o Centro Mental Superior.

Os sonhos dos diferentes centros inferiores da máquina humana não têm a menor importância, sejam eles ligados ao centro motriz, emocional, sexual, instintivo ou sexual, são sonhos que não valem a pena serem considerados. Necessitamos saber apreciar e distinguir a qual centro corresponde tal ou qual sonho. Isto só é possível conhecendo as atividades de cada um dos cinco cilindros da máquina humana.

Os sonhos relacionados com o centro emocional superior são os mais importantes porque neles encontramos dramas devidamente organizados de acordo com as atividades diárias de nossa Consciência, se é que damos oportunidade para que trabalhe.

O que sucede é que aquele raio de Criação do qual emanamos constrói tudo por meio desse centro emocional superior, ou seja, onde se manifestam as diversas partes superiores de nosso ser (relacionadas com o Raio da Criação), utilizam o centro emocional superior para instruir-nos durante as horas do sono apresentando cenas bem organizadas, claras e precisas. O propósito disto é nos fazer ver nossos erros, nossos defeitos etc., etc. É claro que a linguagem do centro emocional superior é simbólica, alegórica e corresponde mais com a cabala hermética, a hermenêutica etc. Inquestionavelmente, é por meio desse centro que qualquer pessoa dedicada aos estudos esotéricos pode receber informação correta e precisa.

Já ensinamos que a pessoa deve deitar-se sempre com a cabeça voltada para o Norte, na posição de decúbito dorsal, quer dizer, de boca para cima, com o corpo relaxado, suplicando à Divina Mãe Kundalini que nos dê instruções esotérica. Também ensinamos que há necessidade de deitar-se sobre o lado direito, na posição de leão e ao despertar não deve “mover-se” fazendo o exercício retrospectivo para recordar-se das experiências durante o sono até gravá-las e registrá-las devidamente em seu cérebro, memória etc.; etc.

No entanto, é necessário aclarar que nem todos os sonhos têm importância. Os sonhos sexuais, por exemplo, de tipo pornográfico, erótico, com poluções noturnas etc., são sonhos de natureza completamente inferior. Não queremos com isto de nenhuma maneira desdenhar o centro sexual.

Não, estamos longe deste propósito: no sexo se encontra o maior poder que pode libertar o homem da dor e também o pior poder que pode escravizar o homem.

Enquanto o sonho do centro instintivo motor, tampouco vale a pena porque, como já dissemos, somente refletem as atividades do dia. A mesma coisa para os sonhos relacionados ao centro emocional inferior, sonhos de tipo passional, brutal que também não têm importância.

Os sonhos intelectuais não são mais que simples projeções que não valem a pena ter em conta. Os únicos sonhos dignos de serem considerados seriamente são aqueles relacionados com o centro emocional superior, mas isto há que saber entender para evitar equívocos lamentáveis. É necessário saber interpretar as mensagens puramente alegóricas que recebemos do centro emocional superior. São ensinamentos dados por Irmãos Superiores da Branca Irmandade ou pelas partes superiores de nosso Ser.

Isto nos faz ver a necessidade urgente que temos de compreender o profundo significado de todo simbolismo, que devemos saber traduzir de forma precisa, de acordo com o nosso desenvolvimento interior.

No entanto depois de fazermos estas aclarações sobre os sonhos devo dizer que necessitamos com urgência passarmos além do mundo dos sonhos, despertarmos nos mundos internos ou mundos superiores, mas isto só é possível, dando maiores oportunidades à Consciência.

Normalmente, a mente vive entre ações e reações, permanentemente, de acordo com os impactos do mundo exterior. Comparemos isto com um lago no qual lançamos uma pedra: veremos como produz muitas ondas que vão desde o centro até a periferia; é a reação da água contra o impacto proveniente do mundo exterior.

Algo análogo ocorre com a mente e com os sentimentos: se alguém nos fere com palavras duras, esse impacto da palavra dura chega até o centro intelectual ou pensante e daí reagimos de forma violenta. Se alguém nos ofende o amor próprio nos sentimos feridos e reagiremos possivelmente de forma brutal.

Em todas as circunstâncias da vida, a mente e o sentimento tomam parte ativa, reagem incessantemente. O interessante seria, meus caros discípulos, não darmos oportunidades nem ao sentimento nem à mente; é urgente mantermos a mente passiva e isto naturalmente aborrece aos mentalistas de todas as partes. A mente passiva está contra todos aqueles que dizem que na mente está o poder, “que o homem deve ser rei, que manda e que domina com sua mente poderosa. São sofismas dos mentalistas como aquele de que aquele que aprende a manejar a mente segue tão seguro para o triunfo como a flecha do velho arqueiro. Definitivamente não são mais do que sofismas extraídos das fantasias intelectuais que não possuem nenhuma forma esotérica.

Pensar negativo, isto horroriza aos positivistas da mente e no entanto, a forma negativa da mente é a mais eloquente: não pensar é a forma mais elevada do pensamento.

Quando o processo do pensar se esgota, advém o novo e isto temos que saber entender. Uma mente que não projeta, uma mente passiva, posta ao serviço do Ser resulta em um instrumento eficiente porque a mente foi feita para ser receptiva, para servir de instrumento passivo, mas não de instrumento ativo.

A mente, em si mesma, é feminina e todos os centros devem trabalhar harmoniosamente de acordo com a sinfonia universal da serenidade passiva. Nestas condições não devemos permitir nem à mente nem aos sentimentos que tomem parte nas diversas circunstâncias de nossa existência.

Há bem pouco tempo eu mesmo pensava que os sentimentos pertenciam ao Ser, porém com a investigação e a experiência tenho verificado que pertencem ao Ego e que estão intimamente relacionados ao centro emocional inferior.

A terapia que necessitamos conhecer profundamente para evitarmos qualquer desequilíbrio interior com repercussões exteriores é: não permitirmos à mente nenhum tipo de reação; se alguém nos ferir, não devemos permitir que a nossa mente reaja. Oxalá houvesse sempre alguém que nos ferisse os sentimentos a cada instante para podermos exercitar isso muito melhor. Quanto mais nos insultarem, melhor para nosso adestramento porque teremos muitas oportunidades de não permitir nem à mente nem aos sentimentos que reajam, quer dizer, que não intervenham nem se intrometam em nenhuma circunstância de nossas vidas.

É claro que o estado passivo da mente, do sentimento e da personalidade exige uma tremenda atividade da Consciência; isto nos indica que quanto mais ativa permaneça a Consciência muito melhor para conseguirmos o despertar. Assim, a Consciência terá que despertar inevitavelmente estando em permanente atividade.

Vem a minha memória nestes instantes Buda Gautama Sakyamuni: Em certa ocasião o Grande Buda estava sentado sob uma árvore, em profunda meditação quando chegou um insultador; lançou contra Buda toda sua baba difamatória procurando feri-lo tremendamente com suas palavras. Buda continuou meditando, mas o insultador seguia provocando-a, insultando-a e ferindo-a… Depois de certo tempo depois, Buda abriu os olhos e perguntou ao insultador: “Ó irmão meu, se trouxerem para ti um presente e tu não o aceitas de quem fica sendo o presente?”. O insultador respondeu: “Pois meu, está claro”. Então, disse Buda: “Meu irmão, leva teu presente, não posso aceitá-lo”. E seguiu meditando.

Eis aqui uma lição tão sublime e tão bonita. Buda não permitiu que sua mente e seus sentimentos reagissem porque ele vivia plenamente desperto, metido dentro de sua própria Consciência e não dava a menor oportunidade nem para a mente nem para os sentimentos para reagirem em nenhum momento, nem sob nenhuma circunstância. Assim é como devemos proceder, queridos discípulos.

Nós temos a escola em todas as partes, só temos que saber aproveitá-la, saber nos exercitarmos dando maiores e melhores oportunidades à Consciência para que trabalhe de forma contínua, de instante em instante, até despertar totalmente. A escola nós temos em todas as partes e só temos que saber aproveitá-la devidamente, sabiamente: temos a escola em nossa casa, no escritório, na oficina, na fábrica, na empresa, na rua e em todas as partes, até no Templo, com os companheiros de estudo, com os filhos, com os pais, com a esposa, sobrinhos, netos, primos, parentes, amigos etc., etc.

Todo ginásio psicológico por mais duro que seja, por mais difícil que nos pareça, é indispensável para nós. Todo o segredo está em não permitir nem aos sentimentos nem à mente intervir nos assuntos práticos de nossa vida.

Devemos sempre permitir à Consciência que atue, que mande, que trabalhe, que fale, faça e execute todas as nossas atividades diárias; assim nos prepararemos harmoniosamente para a meditação.

Falando agora no terreno prático da meditação, temos que dizer que o que buscamos é precisamente passarmos mais além da mente e dos sentimentos. Isto é possível se na vida prática nos exercitarmos intensivamente e nos prepararmos, através da vida diária para estes fins maravilhosos. Isto da meditação se faz difícil quando na vida prática diária não passamos por um rigoroso exercício, quando não treinamos devidamente no ginásio psicológico da convivência social e familiar de nossa vida diária.

Devemos, durante a meditação, desengarrafar a Essência, o Budhata, o melhor que temos dentro, o mais digno, o mais decente. Precisamente, esta Essência ou Budhata se encontra engarrafada entre os elementos inumanos, entre esse conjunto de agregados psicológicos que constituem o “mim mesmo”, o “si mesmo”, o Ego.

Não seria possível experimentar o Real, a Verdade, o que certamente interessa a todos, se não conseguíssemos tirar a Essência do Ego. Uma Essência engarrafada no Ego não pode experimentar o Real, terá que viver sempre no mundo dos sonhos: no centro intelectual, no centro instintivo, no emocional, no centro motor ou no centro sexual, porém, não poderá dessa forma, de modo algum escapar para experimentar a Verdade.

O Grande Kabir Jesus disse: “Conhecereis a verdade que ela vos libertará”… A Verdade não é questão de teorias, não é questão de crer ou não crer; tampouco é algo ligado aos conceitos e opiniões; não podemos fazer conclusões a respeito Verdade. O que é uma opinião? É uma projeção de um conceito com a dúvida e o temor de que a Verdade seja outra coisa. O que é um conceito? Simplesmente um raciocínio elaborado e debilmente projetado pela mente que pode ou não coincidir com tal ou qual coisa.

Podemos assegurar que um conceito ou opinião emitido pelo intelecto seja precisamente a verdade? Não. Então o que é uma ideia? Uma ideia pode ser magnífica; por exemplo, poderíamos formar uma ideia sobre o Sol; esta poderia ser mais ou menos exata ou mais ou menos equivocada, porém não é o Sol. Assim também poderíamos formar múltiplas ideias acerca da Verdade.

Quando perguntaram a Jesus, o Cristo o que é a verdade ele guardou silêncio; quando fizeram a mesma pergunta a Buda Gautama Sakyamuni ele deu as costas e retirou-se. É que a Verdade não pode ser definida com palavras; um pôr do sol tampouco. Qualquer pessoa pode ter um grande êxtase quando o Sol está para se pôr, entre os esplendores de ouro sobre a montanha e procurar repassar para outra pessoa essa experiência mística, porém é provável que a outra pessoa não sinta o mesmo. Assim também, a Verdade é incomunicável, é real só para aquele que a experimenta por si mesmo.

Quando nós conseguimos, na ausência do Ego, experimentar a Verdade podemos evidenciar um elemento que transforma radicalmente, isto é, um elemento de altíssima voltagem. Isto é possível, porém temos que saber como: colocando a Consciência para trabalhar para que substitua completamente a mente e o sentimento; que seja ela que funcione, a Consciência incorporada, integrada, dentro de nós.

Devemos ter uma mente passiva, um sentimento passivo, uma personalidade passiva, porém uma Consciência totalmente ativa. Compreender isto é indispensável, é urgente para nos tornarmos práticos na meditação.

Com a técnica da meditação, o que buscamos é informação. Um microscópio pode nos informar sobre a vida dos micróbios, bactérias, células, microrganismos etc.; qualquer telescópio pode dar-nos uma rápida informação sobre os corpos celestes, planetas, meteoros, estrelas etc., no entanto a meditação vai muito mais além porque nos permite conhecer a Verdade, desde uma formiga até um Sol, a realidade de um átomo ou de uma constelação.

O mais importante é aprender, saber de que forma nós devemos desligar, tirar a Consciência de dentro da mente e do Ego. Saber como vamos extrair a Consciência do sentimento. Quando submetemos a mente e o sentimento, obviamente nós estamos rompendo cadeias, estamos saindo desse calabouço fatal, desse cárcere, nessas condições estaremos nos preparando para a meditação.

Antes de tudo, o mais importante é saber meditar; há que aprender a técnica correta. No mundo oriental se dá muita ênfase nas posições de padmasana, com as pernas cruzadas, porém nós não somos orientais e devemos meditar de acordo com nossos costumes e maneiras; no entanto, nem todos os orientais meditam com as pernas cruzadas. Em todo caso, cada pessoa deve adotar a posição que melhor lhe convier. Aquele que quiser meditar com as pernas cruzadas, que assim o faça, não vamos proibir ainda que não seja a única asana prática para a meditação. Para uma meditação correta devemos nos sentar em uma poltrona cômoda com os braços e as pernas bem relaxados, com o todo o corpo em geral bem relaxado, que nenhum músculo fique sob tensão.

Existem pessoas que adotam a posição de flamígera ou posição da estrela de cinco pontas: os braços e pernas abertos para os lados, deitados em decúbito dorsal sobre o solo ou sobre a cama, com a cabeça para o Norte; enfim, cada qual pode adotar a figura ou posição que quiser, a que melhor o acomode.

Se é realmente que queremos tirar nossa Consciência ou Essência de dentro da mente, dos sentimentos ou de dentro do “Eu” psicológico, pouco importa a posição que adotemos. A única coisa interessante é saber meditar, não importa o resto.

Qualquer pessoa pode adotar uma postura oriental se assim quiser; outra pessoa que queira adotar uma postura ocidental, também pode fazê-lo; outro ainda que queira adotar qualquer outra posição que melhor lhe pareça, assim pode fazê-lo. O importante é que esteja cômoda e que possa fazer uma boa meditação. Cada pessoa é diferente; a única coisa que tem que fazer é adotar a postura mais cômoda, sem prender-se a nenhuma regra, padrão de asana ou de sistema. O que é conveniente é relaxar o corpo; isto é indispensável em qualquer posição que seja, a fim de que o corpo esteja cômodo, isso é óbvio.

Muitas vezes tenho explicado a vocês como se trabalha com o mantra HAM SAH, que se pronuncia assim: “Jam-Saj”; este mantra é o símbolo maravilhoso que no oriente fecunda as águas caóticas da vida: o Terceiro Logos.

O importante, queridos discípulos, é saber como vamos vocalizar esses mantras, saber quais são seus poderes. Normalmente, as forças sexuais fluem de dentro para fora, em forma centrífuga. Devido a isso existem as poluções noturnas quando se tem um sonho baseado no centro sexual.

Se o homem organizasse seus sistemas vitais e em lugar de propiciar o sistema centrífugo utilizasse o sistema centrípeto, quer dizer, que fizesse as forças sexuais fluírem de fora para dentro, mediante a transmutação, ainda que houvesse sonho erótico, não haveria poluções, no entanto, como o homem não tem o seu sistema sexual organizado de forma centrípeta, advém as poluções, a perda do esperma sagrado, do licor espermático.

Se alguém quer evitar as poluções deve organizar suas forças sexuais. Estas forças se encontram intimamente relacionadas com o alimento, com o prana, com a vida, isto é óbvio. Portanto, existe uma íntima e profunda relação entre as forças sexuais e a respiração que devidamente combinadas e harmonizadas geram mudanças fundamentais na estrutura física e psicológica do homem.

O importante é fazer fluir essas forças sexuais para dentro e para cima, de forma centrípeta; somente assim é possível fazer uma mudança específica nos processos da força criadora sexual e em todos os seus funcionalismos. Há necessidade de imaginar a energia criadora em ação durante a meditação, fazer com que a energia suba de forma rítmica e natural até o cérebro mediante a vocalização do mantra que já explicamos neste capítulo, nesta prática de meditação. Não esquecendo as inalações e as exalações do ar de forma sincronizada, em perfeita concentração, harmonia e ritmo.

É necessário aclarar que a inalação deve ser mais profunda do que a exalação, simplesmente porque necessitamos refluir a energia criadora de fora para dentro, quer dizer, tornar a exalação mais curta do que a inalação. Com esta prática chega o momento em que toda a energia flui de fora para dentro e para cima; nesta forma centrípeta, a energia criadora organizada, como já dissemos, em forma centrípeta, cada vez mais profunda, de fora para dentro, é claro que se converte num instrumento extraordinário para a essência, para o despertar da Consciência.

Estou lhes ensinando o legítimo Tantrismo Branco; está é a prática usada pelas escolas tântricas dos Himalaias e da Índia; é a prática mediante a qual se pode chegar ao êxtase, ao Samadhi ou como quiserem denominar.

Os olhos devem estar fechados durante a prática; não se deve pensar absolutamente em nada durante esta meditação, porém se desafortunadamente surgir algum desejo à mente, o melhor que faremos é estudá-lo sem nos identificarmos com esse desejo; depois de havê-lo compreendido intimamente, profundamente, em todas as suas partes, então o deixaremos pronto para submetê-lo à morte, à desintegração por meio da Lança de Eros.

Caso nos assalte a lembrança de algum acontecimento de ira o que devemos fazer? Suspender por um momento a meditação e tratar de compreender o acontecimento que nos chegou ao entendimento. Devemos dissecar, estudar e desintegrar com o bisturi da autocrítica e depois esquecê-lo para continuarmos com a meditação e com a respiração.

No entanto, se mesmo assim surge alguma lembrança em nossa mente, de qualquer acontecimento de nossa vida, de há dez ou vinte anos atrás, utilizemos novamente o bisturi da autocrítica para desintegrar essa lembrança, para vermos o que é que tem de verdadeiro nessa recordação; uma vez que estivermos seguros de que nada mais nos chega à mente, então devemos continuar com a respiração e com a meditação, sem pensar em nada, fazendo ressoar docemente o mantra HAM-SAH, tal como deve ser entoado, prolongando a inspiração e encurtando a expiração.

Repetimos o mantra: JAAAAAAAMMMMMMM – SAJ; JAAAAAAAMMMMMMM – SAJ, com autêntico e profundo silêncio da mente. Somente assim a essência poderá escapar, ainda que seja por um momento, para submergir-se no Real.

Muito se tem falado sobre o Vazio Iluminador e é claro que podemos vivenciá-lo por nós mesmos.  Nesse Vazio encontraremos as leis da Natureza tais como são em si mesmas e não como aparentemente são. Neste mundo físico vemos somente a mecânica de causas e efeitos, porém não conhecemos as leis da natureza em si mesmas. No Vazio Iluminador podemos reconhecê-las de forma natural e simples, tais como são.

Neste mundo físico podemos perceber figuras planas. Como poderemos vê-las tais quais são, por dentro, pelos lados etc.? No Vazio Iluminador podemos conhecer a verdade tal como é e não como aparentemente nos parece; podemos evidenciar a realidade de uma formiga, de um mundo, de um Sol, de um cometa etc. A Essência, submersa no Vazio Iluminador percebe com seu “centro espacial” tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será e suas radiações chegam à personalidade e à mente.

Resulta interessante o fato de que enquanto a Essência se encontra submersa no Vazio Iluminador vivendo o real, os centros da máquina humana, emocional e motor se integram com o intelectual e a mente, receptiva, capta e recolha as informações que chegam à Essência; por isto, quando a Essência sai do Vazio iluminador e volta a penetrar na personalidade, a informação não se perde, fica acumulada no centro intelectual.

Tem-se dito que para formar um vazio se necessita, indispensavelmente, de uma bomba de sucção. Esta bomba nós temos na espinha dorsal, nos canais Idá e Pingalá através dos quais a energia criadora sobe até o cérebro. Também se diz que necessitamos de um dínamo. Ele está no cérebro, na força da vontade. É óbvio que toda máquina deve ter um gerador. Afortunadamente esse gerador está representado pelos órgãos criadores, pelo sexo, pela força sexual.

Tendo o sistema e os elementos podemos formar o Vazio Iluminador: a bomba, o dínamo e o gerador são os elementos que necessitamos para conseguirmos o Vazio Iluminador na meditação e somente mediante o vazio absoluto nós podemos conhecer o real, contudo necessitamos fazer com que a essência penetre nesse Vazio absoluto.

Nos textos antigos se fala muito sobre o Santo Okidanok, onipresente, onipenetrante, onisciente… Ele emana, naturalmente, do Sagrado Absoluto Solar. Como poderíamos conhecermos em si mesmo o Santo Okidanok se não entrarmos no Vazio Iluminador? É sabido que o Santo Okidanok está dentro do Vazio Iluminador sendo um com o grande Vazio.

Quando uma pessoa se encontra em êxtase passa mais além da personalidade; quando se encontra no Vazio Iluminador experimentando a realidade do Santo Okidanok então sente que é o átomo, que é o cometa que passa, que é o Sol, a ave que voa, a folha, a água… vive em tudo o que existe. A única coisa que necessita é ter coragem para não perder o êxtase, porque ao sentir que está diluído em tudo, que é um com tudo, sentirá o temor da aniquilação e pensará: Onde estou? Por que estou em tudo? Surge o racionamento, perde o êxtase e imediatamente volta a meter-se ou encerrar-se outra vez dentro da personalidade, no entanto se a pessoa tem valor não perde o êxtase.

Nesses instantes a pessoa é como uma gota que se submerge no oceano, tendo-se em conta também que o oceano se submerge na gota. Isso de sentir-se um, sendo um passarinho que voa, o bosque profundo, a pétala da flor, a criança que brinca, a mariposa, o elefante etc., isso traz consigo o raciocínio e o medo. Nesse momento, a pessoa não é nada, mas é tudo e portanto, produz terror fazendo com que fracasse no experimento da meditação.

No Sagrado Sol Absoluto é onde se conhece a verdade; no Sagrado Sol Absoluto não existe tempo, o fator tempo não existe; O Universo é uni total e os fenômenos da natureza se sucedem fora do tempo; no Sagrado Sol Absoluto podemos viver em um eterno instante.

Ali se vive mais além do bem e do mal, convertidos em radiantes criaturas. Por isso, quando a pessoa experimenta alguma vez a Verdade, não pode ser como os demais que vivem somente das crenças; não, ali a pessoa experimenta a necessidade imperativa e inadiável de trabalhar na Auto Realização Íntima do Ser, aqui e agora.

Uma coisa é experimentar ou vivenciar o Vazio Iluminador e outra coisa é nos autorrealizarmos intimamente. Por isso é necessário saber meditar, aprender a meditar. É urgente compreender a meditação! Espero que vocês entendam isto, que se exercitem na meditação a fim de que um dia possam desengarrafar a Essência e experimentar a Verdade.

Aquele que conseguir desengarrafar a essência e colocá-la dentro do Vazio Iluminador terá que ser distinto, não poderá ser como os demais. Para isto necessita fazer um curso especial: a pessoa será diferente e disposta a lutar até o máximo, com o único propósito de realizar o Vazio Iluminador dentro de si mesma, aqui e agora.

No Oriente, quando um discípulo chega a essas experiências maravilhosas, de experimentar a verdade e vai comentá-las com seu Guru, este o golpeia fortemente com suas mãos; é claro que se o discípulo não tiver organizado a mente, reagirá contra o Guru, certo? Esses discípulos, no entanto, já estão muito bem exercitados. Isto é para equilibrar os valores e provar o discípulo para ver como ele está na morte dos seus defeitos.

Espero que vocês compreendam profundamente o que é na realidade a Ciência da Meditação, com o objetivo de praticarem incessantemente em suas casas e nos Templos de oração.

Agora vocês têm alguma pergunta a fazer?  Com inteira liberdade, quem quiser pode perguntar.

Discípulo: Mestre, como fazemos para dominar o medo quando sentimos que caímos no Vazio Iluminador durante a meditação?

Mestre: É necessário combater o medo submetendo-o à desintegração até convertê-lo em poeira cósmica; que não fique dentro de nós nada dessa entidade horrorosa do medo. Para isso temos dado as técnicas específicas para desintegrar defeitos por meio da Lança e com a ajuda da Mãe Divina Particular. Sobre isto tenho falado amplamente em meu livro “O Mistério do Áureo Florescer”.

Alguma outra pergunta que alguma das pessoas aqui presente quer formular?

Samael Aun Weor