A-13. O Vazio Iluminador

O VAZIO ILUMINADOR
E
APRENDER A MEDITAR

Conferências de Samael Aun Weor

O Quinto Evangelho

O VAZIO ILUMINADOR

Paz Inverencial! Falo para vocês, Samael Aun Weor, Sede Patriarcal do México. Nosso Tema: a Meditação.

É urgente compreender a fundo as técnicas da meditação… Hoje falaremos sobre o Vazio Iluminador.

Ao iniciar este tema, vejo-me obrigado a narrar de forma direta aquilo que sobre o particular pude verificar diretamente.

Creio que os que me escutam estão informados sobre a maravilhosa Lei da Reencarnação. Pois, nela, eu fundamento o seguinte relato…

Quando a Segunda Sub-Raça da nossa atual raça ariana floresceu na antiga China, estive ali reencarnado e me chamei CHOU-LI; obviamente, fui membro da Dinastia Chou.

Naquela existência, fiz-me membro ativo da ORDEM DO DRAGÃO AMARELO e é claro que em tal ordem pude aprender claramente a Ciência da Meditação.

Ainda me vem a memória aquele maravilhoso instrumento denominado “AYA-ATAPAN”, o qual tinha 49 notas. Bem sabemos o que é a sagrada Lei do Eterno Heptaparaparshinok, ou seja, a Lei do Sete. Indubitavelmente, sete são as notas das escalas musicais, e se multiplicarmos sete por sete obteremos 49 notas colocadas em sete oitavas.

Nós, os irmãos, reuníamo-nos na sala da meditação, sentávamo-nos ao estilo oriental com as pernas cruzadas e colocávamos as palmas das mãos de forma que a direita ficava sobre a esquerda. Sentávamo-nos em círculo no centro da sala, fechávamos os olhos e em seguida colocávamos toda a atenção na música que certo irmão brindava ao Cosmo e a nós.

Quando o artista fazia vibrar a primeira nota, estava em DÓ, todos nos concentrávamos, quando fazia vibrar a nota seguinte, em RÉ, a concentração tornava-se mais profunda. Lutávamos com os diversos elementos subjetivos que carregávamos no interior, podíamos recriminá-los e fazê-los ver a necessidade de guardarem silêncio absoluto.

Não será demais, queridos irmãos, lembrá-los de que esses elementos indesejáveis constituem o eu, o Ego, o mim mesmo, o si mesmo… são a seu modo entidades diversas personificando os erros.

Quando vibrava a nota MI, entrávamos na terceira zona do subconsciente e enfrentávamos toda essa multiplicidade de agregados psíquicos que em desordem fervilham em nosso interior, que impedem a quietude e o silêncio da mente; nós os recriminávamos e tratávamos de compreendê-los.

Quando conseguíamos, entrávamos ainda mais fundo com a nota FÁ. É óbvio que novas lutas nos esperavam, pois amordaçar todos esses demônios do desejo não é tão fácil. Obrigá-los a guardar silêncio e quietude não é coisa simples, porém, com paciência o conseguíamos. Assim, prosseguíamos com cada uma das notas da escala musical.

Em urna oitava mais elevada, continuávamos com o mesmo esforço, e assim, pouco a pouco, enfrentando os diversos elementos infra-humanos que carregávamos em nosso interior conseguíamos por fim amordaçá-los nos 49 níveis do subconsciente e a mente ficava quieta, no mais profundo silêncio. Esse era o momento em que a Essência, a Alma, aquilo que ternos de mais puro, escapava para experimentar o REAL…

Assim, entrávamos no VAZIO ILUMINADOR. Assim, o Vazio Iluminador irrompia em nós. Movendo-nos no Vazio Iluminador conseguíamos conhecer as leis da natureza em si mesmas tais quais são e não corno aparentemente são.

Neste tridimensional mundo de Euclides só se conhecem causas e efeitos mecânicos, jamais as Leis Naturais em si mesmas. Mas, no Vazio Iluminador, elas surgem diante de nós corno realmente são.

Nesse estado, podíamos perceber com a Essência, com os Sentidos Superlativos do Ser, “as coisas em si” tais quais são.

No mundo dos fenômenos físicos, somente percebemos, realmente, a aparência das coisas: ângulos, superfícies… nunca um corpo inteiro de forma integral; e o pouco que percebemos é fugaz. Porque ninguém poderia perceber a quantidade de átomos, por exemplo, que uma mesa ou uma cadeira tem… mas, no Vazio Iluminador percebemos as “coisas em si”. tais como são, integralmente…

Enquanto estávamos submersos assim, no grande Vazio Iluminador podíamos escutar a voz do Pai que está em segredo.

Sem dúvida, nos encontrávamos num estado de “ARREBATAMENTO” ou “ÊXTASE”. A personalidade ficava ali, sentada, em estado passivo, na Sala de Meditação. O Centro Emocional e Motor integravam-se ao Centro Intelectual, formando um todo único e receptivo; de maneira que as ondas de tudo aquilo que vivenciávamos no Vazio, circulavam pelo Cordão de Prata e eram recebidas pelos três centros: Intelectual, Emocional, Motor.

Repito: Quando o Samadhi terminava, voltávamos ao interior do corpo, conservando a lembrança de tudo aquilo que tínhamos visto e ouvido.

No entanto, lhes direi que a primeira coisa que se tem de abandonar para submergir por longo tempo no Vazio Iluminador é o MEDO. O Eu do temor precisa ser compreendido; já sabemos que sua desintegração se faz possível quando se suplica à Divina Mãe Kundalini de forma veemente, ela eliminará tal Eu.

Um dia qualquer, não importa qual, encontrando-me no Vazio Iluminador, além da Personalidade, do Eu e da Individualidade, submerso nisso que se poderia chamar “LOGOS”, “AQUILO”, senti que eu era tudo o que é, foi e será. Experimentei a UNIDADE DA VIDA, livre em seu movimento. Era a flor, o rio que cristalino, corria no seu leito de pedras, cantando delícias na sua linguagem, a ave que se precipitava nos abismos insondáveis, era o peixe que nadava deliciosamente nas águas, era a Lua, os Mundos… era tudo o que é, foi e será…

Houve temor, os sentimentos do mim mesmo, do eu… senti que me aniquilava, que deixaria de existir como indivíduo, que era tudo menos um indivíduo, que o mim mesmo tendia a morrer para sempre.

Obviamente, enchi-me de indizível terror e voltei à forma física. Novos esforços permitiram-me que o Vazio Iluminador irrompesse novamente e tornei a me sentir confundido com tudo. Como pessoa, como Eu, como indivíduo, havia deixado de existir.

Esse estado de Consciência se aprofundava cada vez mais, de tal maneira que qualquer possibilidade de existência parava (para a existência individual), tendia a desaparecer definitivamente. Não pude mais resistir: voltei à forma. Uma terceira tentativa, também não pude resistir: voltei à forma. Desde então, sei que, para experimentar o Vazio Iluminador, que para sentir o TAO em si, é necessário eliminar o Eu do terror; isso é indubitável…

Entre os irmãos da Sagrada Ordem do Dragão Amarelo, o que mais se distinguiu foi meu amigo CHANG. Hoje, ele vive num desses PLANETAS DO CRISTO, onde a natureza não é perecível e jamais muda, pois há duas naturezas: a perecível, mutável etc., e a imperecível, a que jamais muda e é imutável.

Nos Planetas do Cristo existe a natureza eterna, imperecível e imutável… E (Chang) vive num desses mundos onde o Senhor Cristo resplandece nele. Libertou-se faz muito tempo… O Meu amigo Chang vive ali, naquele longínquo planeta, com um grupo de irmãos que como ele também se libertaram…

Conheci, então, os SETE SEGREDOS da “Ordem do Dragão Amarelo”. Queria ensinar para vocês, porém, com grande dor me dou conta que os irmãos de todas as latitudes não estão ainda preparados para poder recebê-los; e isso é lamentável.

Também é certo que hoje não é possível se utilizarem os 49 sons do AYA-ATAPAN, porque esse instrumento musical já não existe mais. Muitas involuções desse instrumento existem, mas são diferentes,  não tem as sete oitavas. Involuções desse instrumento são todos os instrumentos de corda: Violino, violão, o próprio piano etc.

Mas sim, é possível chegar-se à experiência do Vazio Iluminador com um SISTEMA PRÁTICO E SIMPLES que todos os irmãos podem praticar. Vou ditar a técnica agora mesmo. Prestem atenção:

Sentem-se ao estilo oriental com as pernas cruzadas… Devido a que somos ocidentais, essa posição resultará muito cansativa para vós. Então sentem em uma cômoda cadeira ao estilo ocidental. Colocai a palma da mão esquerda aberta e a direita sobre a esquerda. Quero dizer, o dorso da palma da mão direita sobre a palma da mão esquerda. Relaxai o corpo ao máximo possível. A seguir, inalai profundamente e muito devagar.

Ao inalar, imaginar que a Energia Criadora sobe pelos canais espermáticos até o cérebro. Exalar curto e rápido. Ao inalar, pronunciai o mantra “JAAAAAAAAMMMMMM”; ao exalar, pronunciai o mantra “SAAJJ”.

Indubitavelmente, inala-se pelo nariz e exala-se pela boca. Ao inalar, vocaliza a sílaba sagrada HAM (mentalmente, pois esta inalando pelo nariz), mas, ao exalarem, articular a sílaba SAH de forma sonora.

HAM se escreve com as letras “H”, “A”, “M”; SAH se escreve com as letras “S”, “A”, “H”,. O “H” sempre soa como “J”.

A inalação se faz lenta e a exalação curta e rápida. Obviamente, a energia criadora flui em todas as pessoas de dentro para fora, isto é, de forma centrífuga. Nós devemos inverter essa ordem com objetivos de Superação Espiritual. Nossa energia deve fluir de forma CENTRÍPETA, (quero dizer, de fora para dentro).

Sem dúvida, se inalamos devagar, lentamente, a energia criadora fluirá de forma centrípeta de fora para dentro. Se exalarmos curto e rápido, essa energia ficará cada vez mais centrípeta.

Durante a prática, não se deve pensar absolutamente em nada. Os olhos ficam firmemente fechados e em nossa Mente só vibrará o HAM-SAH e nada mais.

À medida que se pratique, a inalação vai se tornando mais funda e a exalação muito curta e rápida.

Os grandes Mestres da Meditação chegam a tornar a respiração pura inalação… e então a respiração fica suspensa. Isto é impossível para os cientistas, porém, real para os místicos. Em tal estado, o Mestre participa do NIRVI-KALPA-SAMADHI ou MAHA-SAMADHI e irrompe o Vazio Iluminador, precipita-se nesse Grande Vazio onde ninguém vive e onde somente se ouve a palavra do Pai que está em segredo.

Com esta prática, consegue-se a irrupção do vazio iluminador sob a condição de NÃO SE PENSAR absolutamente em nada. Não se admitirá na mente pensamento algum, nenhum desejo, nenhuma lembrança… A mente tem de ficar completamente quieta por dentro, por fora e no centro. Aqui, o pensamento, por insignificante que seja, é obstáculo para o Samadhi, para o Êxtase.

Da mesma forma, esta Ciência da Meditação combinada com a respiração produz efeitos extraordinários. Normalmente, as pessoas padecem disso que se chama POLUÇÕES NOTURNAS. Homens e mulheres sofrem tal situação. Têm sonhos eróticos, os Eus copulam uns com os outros, a vibração passa pelo cordão de prata até o físico e sobrevém o orgasmo com a perda da energia criadora.

Mas isso acontece porque a Energia Sexual flui de dentro para fora de forma centrífuga. Quando a energia sexual flui de fora para dentro de forma centrípeta, as poluções noturnas terminam. Esse é um benefício para a saúde.

Contudo, o Samadhi acontece (durante a prática de Meditação) graças às Energias Criadoras, fluindo de fora para dentro, impregnam a Consciência e terminam por possibilitar seu abandono do Ego e do corpo.

A Consciência desengarrafada do Ego, na ausência do Ego, fora do corpo físico, entra no Vazio Iluminador e recebe o TAO.

Aquele que elimina o Ego do medo, do temor, poderá permanecer no Vazio Iluminador sem preocupação alguma; sentirá que seu aspecto individual vai se dissolvendo.

Sentirá a si mesmo vivendo na pedra, na rocha, na longínqua estrela ou na ave canora de qualquer mundo planetário; não terá medo. Se não tiver medo, por fim gravitará até sua origem, convertendo-se (a Consciência, a Essência), em uma criatura terrivelmente divina para além do bem e do mal.

Poderá pousar no Sagrado Sol Absoluto e ali, nesse Sol, como Estrela Microcósmica, conhecerá todos os Mistérios do Universo. É bom saber que o Universo em si mesmo, todo o nosso sistema solar, existe na Inteligência do Sagrado Sol Absoluto como um instante eterno.

Todos os fenômenos da natureza processam-se dentro de um instante eterno na Inteligência do Sagrado Sol Absoluto. Se tiver medo, perderá o êxtase e haverá o retorno à forma densa.

Os irmãos que ouvem esta cassete, devem abandonar o medo… Na volta do cassete continuarei com estas explicações. Novo parágrafo…

Bem, desta parte da cassete é a outra explicação, ou explicações subsequentes. Indubitavelmente, não basta dizer: “Deixarei de temer”. Há necessidade de se ELIMINAR O EU DO MEDO… e ele é dissolvido estritamente pelo poder da DIVINA MÃE KUNDALINI SHAKTI.

Primeiro temos de analisá-lo, compreendê-lo e depois invocar Devi Kundalini (nossa Divina Mãe Cósmica particular), pedindo para que ela desintegre o Eu do medo. Somente assim alguém consegue submergir no Vazio Iluminador de forma absoluta. Quem conseguir gravitará até o Sagrado Sol Absoluto e conhecerá as maravilhas do Universo.

Nossos irmãos precisam, pois, praticar essa técnica de meditação tal como a demos. Não se esquecer de que o corpo precisa ficar bem relaxado, e isso é indispensável.

HAM SAH é o Grande Alento, HAM SAH… …é o Astral. HAM SAH é também um mantra que transmuta as Energias Criadoras.

A meditação combinada com o Tantrismo é formidável. HAM SAH é a chave.

Bem sabemos que a energia criadora serve para o despertar da consciência (combinada com a Meditação), inquestionavelmente tira a consciência de dentro do elemento Egóico e a submerge no Vazio Iluminador.

É óbvio que o vazio iluminador está além do corpo, dos afetos e da Mente. Em uma sala de Meditação Zen, no Oriente, um monge perguntou a um Mestre:

– O que é o Vazio Iluminador? Dizem os textos Zen que o Mestre lhe deu um pontapé no estômago e o discípulo caiu desmaiado. Depois, o discípulo levantou-se e abraçou o Mestre.

– Obrigado, Mestre, experimentei o Vazio Iluminador!..

Absurdo! Diriam muitos, porém não é bem assim. O que acontece é que fenômenos muito especiais se apresentam para o Vazio Iluminador. Um pintinho está pronto para sair do ovo. Sua mãe o ajuda ou o auxilia bicando também a casca. O pintinho segue bicando e com a sua ajuda sai do ovo. Assim, quando alguém amadureceu, recebe ajuda de sua Divina Mãe Kundalini e sai da “casca”, da Personalidade e do Ego para experimentar o Vazio Iluminador; mas é preciso perseverar…

Na meditação, a concentração deve ser combinada de forma inteligente com o sono. SONO e CONCENTRAÇÃO, combinados, produzem ILUMINAÇÃO.

Muitos esoteristas pensam que a meditação não deve de modo algum ser combinado com o sono do corpo. Aqueles que pensam assim estão equivocados, porque a meditação sem sono arruína o cérebro.

Deve-se sempre utilizar o sono em combinação com a técnica da meditação, porém, um sono controlado, um sono voluntário, não um sono sem controle, um sono absurdo; Sono e meditação combinados inteligentemente.

Devemos “montar” no sono e não deixar que o sono “monte” em nós. Se aprendermos a “montar” no sono, teremos triunfado. Se o sono “montar” em nós, fracassamos. Portanto, usar o sono!

A meditação, repito, combinada com o sono e a técnica levará nossos estudantes ao Samadhi, à experiência do Vazio Iluminador.

Devemos praticar diariamente. A que hora? No momento em que nos sintamos com ânimo para fazê-la e especialmente quando estivermos com sono; aproveitando para a Meditação.

Se os discípulos seguirem essas indicações, um dia poderão receber o TAO, poderão experimentar a VERDADE.

Obviamente, há dois tipos de dialética: a DIALÉTICA RACIONAL do intelecto e a DIALÉTICA DA CONSCIÊNCIA. Durante o SATORI, trabalha a dialética da Consciência, e tudo entendemos por intuição, através de palavras ou figuras simbólicas, na linguagem das parábolas do Evangelho Crístico, na linguagem viva da Consciência Superlativa do Ser.

No Zen, a dialética da consciência se adianta sempre à dialética do raciocínio. Perguntaram a um monge Zen:

– Por que o Bodidharma veio do Oeste? Resposta:

– O cipreste está no centro do jardim…

Qualquer um diria: “isso não tem concordância alguma”; no entanto, tem sim. É uma resposta que se adianta à dialética do raciocínio; sai da essência. O cipreste, “A árvore da vida”, está em todas as partes, não interessa oriente ou ocidente. Este é o sentido da resposta…

No vazio iluminador se sabe tudo “porque sim” por experiência direta da Verdade.

O estudante terá de se familiarizar com a Dialética da Consciência. Infelizmente, o poder formulador de conceitos lógicos, por mais brilhante que seja, por mais útil que seja nos aspectos da vida prática, resulta um obstáculo para a Dialética da Consciência.

Não quero com isso descartar o poder formulador dos conceitos lógicos, pois todos precisam dele no terreno dos fatos práticos da existência. Porém, cada faculdade tem inquestionavelmente a sua órbita particular em que é útil, fora dela resulta sem utilidade e prejudicial. Deixemos o poder formulador de conceitos dentro de sua órbita.

No Samadhi, ou para o Samadhi, ou na Meditação devemos sempre apreender, captar, vivenciar a Dialética da Consciência. Isso é questão de experiência que o discípulo irá adquirindo à medida que pratica a Técnica da Meditação.

O caminho da Meditação profunda implica muita PACIÊNCIA; os impacientes jamais conseguirão triunfar. Não é possível vivenciar a experiência do Vazio Iluminador enquanto exista a impaciência em nós. O Eu da impaciência tem de ser e eliminado, depois de ter sido compreendido. Que se entenda isto com clareza! Se assim age, recebe o TAO; isso é óbvio.

A experiência do Real jamais poderia chegar a nós enquanto a consciência continuasse embutida no Ego. O Ego em si mesmo é “tempo”. Toda essa multiplicidade de elementos fantasmagóricos que constituem o mim mesmo são um compêndio de tempo. A experiência do Vazio Iluminador é a antítese; É atemporal, ele está além do tempo e da Mente.

O tempo é toda essa multiplicidade do Eu; o Eu é o tempo. Assim, pois, o tempo é subjetivo, incoerente, torpe, pesado e não tem realidade objetiva.

Quando alguém se senta em uma Sala de Meditação ou simplesmente em sua casa a fim de meditar, se quiser praticar essa técnica deverá ESQUECER O CONCEITO de “TEMPO” e viver dentro de um instante eterno. Aquele que se dedica à meditação dependente do relógio, obviamente não consegue a experiência do Vazio Iluminador.

Se me perguntassem quantos minutos diários devem ser utilizados na meditação, se meia hora, uma ou duas horas… Não daria uma resposta. Se alguém entra em meditação e está dependente do tempo não pode experimentar o Vazio Iluminador porque este não é do tempo.

Isso seria algo similar a uma ave que tentasse voar, mas que estivesse amarrada por uma pata a uma pedra, a um pau; não poderia voar, haveria uma trava. Para experimentar o vazio iluminador, temos de nos livrar de qualquer trava.

O importante é certamente experimentar a Verdade e a Verdade está no Vazio Iluminador.

Quando a Jesus, o grande Kabir, perguntaram o que é a verdade, o Mestre guardou profundo silêncio; e quando, a Gautama Sakyamuni, fizeram a mesma pergunta, ele deu as costas e retirou-se.

A VERDADE NÃO PODE SER DESCRITA, não pode ser explicada, cada um tem de experimentá-la por si próprio através da Técnica da Meditação. No vazio iluminador, experimentamos a Verdade. Esse é um elemento que nos transforma radicalmente.

É preciso PERSEVERAR, se ser TENAZ. Pode acontecer que no princípio não consigamos nada, porém à medida que o tempo for passando sentiremos que vamos nos aprofundando; por fim, um dia qualquer irromperá em nossa Mente a experiência do Vazio Iluminador.

Inquestionavelmente, o Vazio Iluminador em si mesmo é o SANTO OKIDANOK, O ATIVO OKIDANOK; Onipresente, Onipenetrante, Onisciente, que emana em si mesmo, o Sagrado Sol Absoluto.

Feliz de quem consiga precipitar-se no Vazio Iluminador, onde não vive criatura alguma, porque será precisamente ali onde experimentará o Real, a Verdade.

PERSEVERANÇA faz-se indispensável. É preciso se trabalhar afundo diariamente até se conseguir o triunfo total.

A experiência da verdade através da meditação resulta prodigiosa. Alguém ao experimentar a verdade, sente-se com FORÇA PARA PERSEVERAR no trabalho sobre si mesmo.

Brilhantes autores falaram sobre o trabalho sobre si mesmo, sobre o Eu, sobre o mim mesmo. E é óbvio que fizeram muito bem ao falarem assim, mas esqueceram-se de uma coisa: A EXPERIÊNCIA DA VERDADE.

Enquanto alguém não tenha experimentado o Real, não se sente reconfortado e não se sente com força suficiente para trabalhar sobre si mesmo, sobre o próprio Eu. Quando alguém de verdade passou por tal experiência mística, é diferente, NADA PODERÁ DETÊ-LO EM SUA ASPIRAÇÃO POR LIBERAÇÃO; trabalhará incansavelmente sobre si mesmo para conseguir de verdade uma mudança radical, total e definitiva.

Agora, meus queridos amigos, vocês compreenderão por que as Salas de Meditação são indispensáveis. Francamente, sinto tristeza ao ver que, apesar de tanto haver escrito sobre a meditação em diferentes Mensagens de Natal em anos anteriores, ainda não há Salas de Meditação nos países centro e sul-americanos, quando já deveriam existir.

O que aconteceu? Existe indolência. Por que existe? Por falta de compreensão! Faz-se necessário entender! O pobre animal intelectual equivocadamente chamado homem precisa de alento, precisa de algo que o anime na luta. Estímulo para o trabalho sobre si mesmo.

Acontece que o pobre “animal intelectual” é débil por natureza e encontra-se numa situação completamente desvantajosa. O Ego é demasiadamente forte e a Personalidade terrivelmente débil. Deixado sozinho, ele mal consegue andar. Ele precisa de algo que o anime no trabalho, precisa de um apoio íntimo. Isso só é possível através da Meditação.

Não quero dizer que todos de uma só ceifada irão experimentar o Vazio Iluminador. Obviamente, se chegará a essa experiência através de diferentes graus. O devoto entenderá cada vez mais o impulso íntimo do Ser e terá diversas vivências mais ou menos lúcidas. Dia chegará em que terá a melhor das vivências: a experiência direta da grande realidade; então receberá o Tao.

Que aqueles que escutam esse cassete pesem bem as minhas palavras, que reflitam. Não basta simplesmente ouvir. É preciso saber escutar, e isto é diferente.

Porém, “o que escuta a palavra e não a faz”, diz o Apóstolo Santiago na Epístola Universal, “se parece com o homem que se olha no espelho e depois dá as costas e se vai”…

É preciso se viver a palavra dentro de si mesmo. Não basta escutar esse cassete, é necessário converter em carne, sangue e vida, se é que se pretende a transformação radical. É preciso perseverar!

Até aqui, minhas palavras. Paz Inverencial! Samael Aun Weor

Samael Aun Weor

 

APRENDER A MEDITAR

Vamos conversar um pouco sobre a Ciência da Meditação. Antes de tudo devemos estar preparados, em forma positiva, para recebermos estes ensinamentos de tipo superior, para que possamos aproveitar devidamente o tempo. Chegou a hora de compreender a necessidade de dar mais oportunidade à Consciência. Normalmente nós vivemos em dado momento em um “piso” de nosso Templo Interior e logo passamos a outro.

Existem pessoas que vivem nos “pisos” mais baixos como aqueles que estão concentrados exclusivamente nos instintos e na fornicação, quer dizer, no quarto e quintos “pisos” (nos centros instintivo e sexual) utilizados de forma negativa. Outras pessoas vivem no “terceiro piso” (o centro motriz) e dele não saem; sempre se movem dentro dos moldes de determinados costumes, dentro dos trilhos de certos hábitos e nunca mudam. É como o trem que sempre percorre os mesmos trilhos ou trilhos paralelos. Essas pessoas que vivem no “terceiro piso” estão acostumadas ao trem de seus hábitos e de nenhuma maneira se dispõem a deixá-los.

Existem pessoas que vivem no “primeiro piso” (o centro intelectual); outras pessoas vivem no “segundo piso” (o centro das emoções inferiores) etc. Aqueles que vivem no centro intelectual querem tornar tudo em racionalismos, análises, conceitos, discussões e daí não saem.

Outras pessoas habitam exclusivamente no centro das emoções dedicados aos vícios do cinema, das touradas, galos de brigas, corrida de cavalos, corridas de bicicletas. Vivem dentro do mundo reduzido e estreito: encerrados dentro da escravidão das emoções negativas e jamais se lhes ocorrem escapar de tais habitações.

Portanto, faz-se necessário insistir na questão de dar mais oportunidade à Consciência. Também existem diferentes tipos de sonhos: existem sonhos intelectuais, emocionais, sonhos ligados ao centro motriz e sonhos sexuais que se relacionam exclusivamente com as atividades sexuais. Esses sonhos refletem situações vividas durante o dia, são a repetição das atividades diárias. Se a pessoa vive no “piso” das emoções, seus sonhos refletem situações de terror e de loucura. Se vive no “piso” sexual, seus sonhos serão luxuriosos, de adultérios, fornicações, masturbações etc.

Se os sonhos pertencem ao centro instintivo, então se manifestam e se refletem através de sonhos incoerentes, tão submersos que se tornar difícil entendermos tais sonhos.

Cada um dos cinco centros da máquina humana produz determinados sonhos. Em nome da verdade temos que dizer que somente os sonhos que correspondem ao centro emocional superior, ou seja, ao correspondente ao sexto centro, são dignos de levarmos em conta e em consideração. O mesmo ocorre com os aspectos positivos do sétimo centro, o Centro Mental Superior.

Os sonhos dos diferentes centros inferiores da máquina humana não têm a menor importância, sejam eles ligados ao centro motriz, emocional, sexual, instintivo ou sexual, são sonhos que não valem a pena ser considerados. Necessitamos saber apreciar e distinguir a qual centro corresponde tal ou qual sonho. Isto só é possível conhecendo as atividades de cada um dos cinco cilindros da máquina humana.

Os sonhos relacionados com o Centro Emocional Superior são os mais importantes porque neles encontramos dramas devidamente organizados de acordo com as atividades diárias de nossa Consciência. Isto se é que damos oportunidade para que trabalhe.

O que sucede é que aquele Raio de Criação do qual emanamos constrói tudo por meio desse centro emocional superior, ou seja, onde se manifestam as diversas partes superiores de nosso Ser (relacionadas ao Raio da Criação), utilizam o centro emocional superior para instruir-nos durante as horas do sono apresentando cenas bem organizadas, claras e precisas. O propósito disto é nos fazer ver nossos erros, nossos defeitos etc., etc. É claro que a linguagem do centro emocional superior é simbólica, alegórica e se corresponde mais com a cabala hermética, a hermenêutica etc. Inquestionavelmente, é por meio desse centro que qualquer pessoa dedicada aos estudos esotéricos pode receber informação correta e precisa.

Já ensinamos que a pessoa deve deitar-se sempre com “a cabeça voltada para o norte”, na posição de decúbito dorsal, quer dizer, de boca para cima, com o corpo relaxado, suplicando à Divina Mãe Kundalini que nos dê instruções esotérica. Também ensinamos que há necessidade de deitar-se sobre o lado direito, na posição de leão e ao despertar não deve “mover-se” fazendo o exercício retrospectivo para recordar-se das experiências durante o sono até gravá-las e registrá-las devidamente em seu cérebro, memória etc., etc.

No entanto, é necessário esclarecer que nem todos os sonhos têm importância. Os sonhos sexuais, por exemplo, de tipo pornográfico, erótico, com poluções noturnas etc., são sonhos de natureza completamente inferior. Não queremos com isto de nenhuma maneira desdenhar o centro sexual. Não, estamos longe deste propósito: no sexo se encontra o maior poder que pode libertar o homem da dor e o pior poder que pode escravizar o homem.

No que diz respeito ao centro instintivo-motriz, tampouco vale a pena porque, como já dissemos, somente refletem as atividades do dia. A mesma coisa para os sonhos relacionados com o centro emocional inferior, sonhos de tipo passional, brutal que também não têm importância.

Os sonhos intelectuais não são mais que simples projeções que não valem a pena ter em conta. Os únicos sonhos dignos de serem considerados seriamente são aqueles relacionados com o centro emocional superior, mas isto é preciso saber entender para evitar equívocos lamentáveis. É necessário saber interpretar as mensagens puramente alegóricas que recebemos do Centro Emocional Superior. São ensinamentos dados por Irmãos Superiores da Branca Irmandade ou pelas partes superiores do Ser.

Isto nos faz ver a necessidade urgente que temos de compreender o profundo significado de todo simbolismo, que devemos saber traduzir em forma precisa, de acordo com o nosso desenvolvimento interior.

No entanto, depois de fazermos estes esclarecimentos sobre os sonhos devo dizer que necessitamos com urgência passarmos além do mundo dos sonhos, despertarmos nos mundos internos ou mundos superiores, mas isto só é possível, dando maiores oportunidades à Consciência.

Normalmente, a mente vive entre ações e reações, permanentemente, de acordo com os impactos do mundo exterior. Comparemos isto com um lago no qual lançamos uma pedra: veremos como produz muitas ondas que vão desde o centro até a periferia; é a reação da água contra o impacto proveniente do mundo exterior.

Algo análogo ocorre com a mente e com os sentimentos: se alguém nos fere com palavras duras, esse impacto da palavra dura chega até o centro intelectual ou pensante e daí reagimos de forma violenta. Se alguém nos ofende o amor próprio nos sentimos feridos e reagiremos possivelmente de forma brutal.

Em todas as circunstâncias da vida, a mente e o sentimento tomam parte ativa, reagem incessantemente. O interessante seria, meus caros discípulos, não darmos oportunidades nem ao sentimento nem à mente; é urgente mantermos a mente passiva e isto naturalmente aborrece aos mentalistas de todas as partes. A mente passiva está contra todos aqueles que dizem que “na mente está o poder”, “que o homem deve ser rei, que manda e que domina com sua mente poderosa”. São sofismas dos mentalistas como aquele de que “aquele que aprende a manejar a mente segue tão seguro para o triunfo como a flecha do velho arqueiro”… definitivamente não são mais do que sofismas extraídos das fantasias intelectuais que não possuem nenhuma forma esotérica.

Pensar negativo, isto horroriza aos positivistas da mente e no entanto, a forma negativa da mente é a mais eloquente, não pensar é a forma mais elevada do pensamento.

Quando o processo do pensar se esgota, advém o novo e isto temos que saber entender. Uma mente que não projete, uma mente passiva, posta ao serviço do Ser resulta em um instrumento eficiente porque a mente foi feita para ser receptiva, para servir de instrumento passivo, mas não de instrumento ativo.

A mente, em si mesma, é feminina e todos os centros devem trabalhar harmoniosamente de acordo com a sinfonia universal da serenidade passiva. Nestas condições não devemos permitir nem à mente nem aos sentimentos que tomem parte nas diversas circunstâncias de nossa existência.

Até bem pouco tempo eu mesmo pensava que os sentimentos pertenciam ao Ser, porém com a investigação e a experiência tenho verificado que pertencem ao Ego e que estão intimamente relacionados com o centro emocional inferior.

A terapia que necessitamos conhecer profundamente para evitarmos qualquer desequilíbrio interior com repercussões exteriores é: não permitirmos à mente nenhum tipo de reação; se alguém nos ferir, não devemos permitir que nossa mente reaja. Oxalá houvesse sempre alguém que nos ferisse os sentimentos a cada instante para podermos nos exercitar muito melhor. Quanto mais nos insultarem, melhor para nosso adestramento porque teremos muitas oportunidades de não permitir nem à mente nem aos sentimentos que reajam, quer dizer, que não intervenham nem se intrometam em nenhuma circunstância de nossa vida.

É claro que o estado passivo da mente, do sentimento e da personalidade exige uma tremenda atividade da Consciência; isto nos indica que quanto mais ativa permaneça a Consciência muito melhor para conseguirmos o despertar da mesma. Porque assim, a Consciência terá que despertar inevitavelmente estando em permanente atividade.

Vem-me à memória nestes instantes Buda Gautama Sakyamuni: Em certa ocasião o Grande Buda estava sentado sob uma árvore, em profunda meditação quando chegou um insultador; lançou contra Buda toda sua baba difamatória procurando feri-lo tremendamente com suas palavras.

Buda continuou meditando, mas o insultador seguia provocando-a, insultando-a e ferindo-a… Depois de certo tempo, Buda abriu os olhos e perguntou ao insultador: “Ó irmão meu, se trouxerem para ti um presente e tu não o aceitas de quem fica sendo o presente?”. O insultador respondeu: “Pois meu, é claro”. Então, disse Buda: “Irmão meu, leva teu presente, não posso aceitá-lo”. E seguiu meditando.

Eis aqui uma lição tão sublime e tão bonita. Buda não permitiu que a sua mente e seus sentimentos reagissem porque ele vivia plenamente desperto, metido dentro de sua própria Consciência e não dava a menor oportunidade nem para a mente nem para os sentimentos para não reagir em nenhum momento nem sob nenhuma circunstância. Assim é como devemos proceder, queridos discípulos.

A escola nós temos em todas as partes, só temos que saber aproveitá-la, saber nos exercitarmos dando maiores e melhores oportunidades à Consciência para que trabalhe de forma contínua, de instante em instante, até despertar totalmente. A escola nós temos em todas as partes e só temos que saber aproveitá-la devidamente, sabiamente: temos a escola em nossa casa, no escritório, na oficina, na fábrica, na empresa, na rua e em todas as partes, até no Templo, com os companheiros de estudo, com os filhos, com os pais, com a esposa, sobrinhos, netos, primos, parentes, amigos etc., etc.

Todo “ginásio psicológico” por mais duro que seja, por mais difícil que nos pareça, é indispensável para nós. Todo o segredo está em não permitir nem aos sentimentos nem à mente intervir nos assuntos práticos de nossa vida.

Devemos sempre permitir à Consciência que atue, que mande, que trabalhe, que fale, faça e execute todas as nossas atividades diárias; assim nos prepararemos harmoniosamente para a meditação.

Falando agora no terreno prático da meditação, temos que dizer que o que buscamos é precisamente passarmos mais além da mente e dos sentimentos. Isto é possível se na vida prática nos exercitarmos intensivamente e nos prepararmos, através da vida diária para estes fins maravilhosos. Isto da meditação se faz difícil quando na vida prática diária não passamos por um rigoroso exercício, quando não treinamos devidamente no ginásio psicológico da convivência social e familiar de nossa vida diária.

Devemos durante a meditação desengarrafar a Essência, o Budhata, o melhor que temos dentro, o mais digno, o mais decente; precisamente, esta Essência ou Budhata se encontra engarrafada entre os elementos inumanos, entre esse composto de agregados psicológicos que constituem o “mim mesmo”, o “si mesmo”, o Ego.

Não seria possível experimentar o Real, a Verdade, o que certamente interessa a todos, se não conseguíssemos tirar a Essência do Ego. Uma Essência engarrafada no Ego não pode experimentar o Real, tendo que viver sempre no mundo dos sonhos: no centro intelectual, no centro instintivo, no emocional, no centro motor ou no centro sexual, porém, não poderá dessa forma, de modo algum escapar para experimentar a Verdade.

O Grande Kabir Jesus disse: “Conhecereis a verdade e ela vos fará livres”. A Verdade não é questão de teorias, não é questão de crer ou não crer; tampouco é algo ligado aos conceitos e opiniões; não podemos fazer conclusões sobre a verdade. O que é uma opinião? É uma projeção de um conceito com a dúvida e o temor de que seja outra coisa a verdade. O que é um conceito? Simplesmente um raciocínio elaborado e debilmente projetado pela mente que pode ou não coincidir com tal ou qual coisa.

Porém, podemos assegurar que um conceito ou opinião emitido pelo intelecto seja precisamente a Verdade? Não. Então o que é uma ideia? Uma ideia pode ser magnífica; por exemplo, poderíamos formarmos uma ideia sobre o Sol; esta poderia ser mais ou menos exata ou mais ou menos equivocada, porém não é o Sol. Assim também poderíamos formar múltiplas ideias acerca da Verdade.

Quando perguntaram a Jesus, o Cristo o que é a verdade ele guardou silêncio; quando fizeram a mesma pergunta a Buda Gautama Sakyamuni ele deu as costas e retirou-se. É que a Verdade não pode ser definida com palavras; um pôr de sol tampouco. Qualquer pessoa pode ter um grande êxtase quando o Sol está para se pôr, entre os esplendores de ouro sobre a montanha e procurar repassar para outra pessoa essa experiência mística, porém é provável que a outra pessoa não sinta o mesmo. Assim também, a Verdade é incomunicável, é real só para aquele que a experimenta por si mesmo.

Quando nós conseguimos, em ausência do “Ego”, experimentar a Verdade podemos evidenciar um elemento que transforma radicalmente, isto é, um elemento de altíssima voltagem. Isto é possível, porém temos que saber como: colocando a Consciência para trabalhar para que substitua completamente a mente e o sentimento; que seja a Consciência que funcione, incorporada, integrada, dentro de nós.

Devemos ter uma mente passiva, um sentimento passivo, uma personalidade passiva, porém uma Consciência totalmente ativa. Compreender isto é indispensável, é urgente para nos tornarmos práticos na meditação.

Com a técnica da meditação, o que buscamos é informação. Um microscópio pode nos informar sobre a vida dos micróbios, bactérias, células, microrganismos etc.; qualquer telescópio pode dar-nos uma rápida informação sobre os corpos celestes, planetas meteoros, estrelas etc., no entanto a meditação vai muito mais além porque nos permite conhecer a Verdade, desde uma formiga até um Sol, a realidade de um átomo ou de uma constelação.

O mais importante é aprender, saber em que forma nós devemos desligar, tirar a Consciência de dentro da mente e do Ego. Saber como vamos extrair a Consciência do sentimento. Quando submetemos a mente e o sentimento, obviamente estamos rompendo cadeias, estamos saindo desse calabouço fatal, do cárcere, nessas condições nós estamos nos preparando para a meditação.

Antes de tudo, o mais importante é saber meditar; é preciso aprender a técnica correta. No mundo oriental dá-se muita ênfase nas posições de padmasana, com as pernas cruzadas, porém nós não somos orientais e devemos meditar de acordo com nossos costumes e maneiras; no entanto, nem todos os orientais meditam com as pernas cruzadas. Em todo caso, cada pessoa deve adotar a posição que melhor lhe convier. Aquele que quiser meditar com as pernas cruzadas, que assim o faça, não vamos proibir ainda que não seja a única asana prática para a meditação. Para uma meditação correta devemos nos sentar em uma poltrona cômoda com os braços e as pernas bem relaxados, com o todo o corpo em geral bem relaxado, que nenhum músculo fique tenso.

Existem pessoas que adotam a posição de flamígera ou posição da estrela de cinco pontas: os braços e pernas abertos para os lados, deitados em decúbito dorsal sobre o solo ou sobre a cama, com a “cabeça para o norte”; enfim, cada qual pode adotar a figura ou posição que quiser, a que melhor o acomode.

Se é realmente que queremos tirar nossa Consciência ou Essência de dentro da mente, dos sentimentos ou de dentro do Eu psicológico, pouco importa a posição que adotemos. A única coisa interessante é saber meditar, não importa o resto.

Qualquer pessoa pode adotar uma postura oriental se assim quiser; outra pessoa que queira adotar uma postura ocidental, também pode fazê-lo; outro ainda que queira adotar qualquer outra posição que melhor lhe pareça, assim pode fazê-lo. O importante é que esteja cômoda e que possa fazer uma boa meditação. Cada pessoa é diferente; a única coisa que tem que fazer é adotar a postura mais cômoda, sem prender-se a nenhuma regra, padrão de asana ou de sistema. O que é conveniente é relaxar o corpo; isto é indispensável em qualquer posição que seja, a fim de que o corpo esteja cômodo, isso é óbvio.

Muitas vezes tenho explicado a vocês como se trabalha com o mantra HAM SAH, que se pronuncia assim: JAM-SAJ; este mantra é o símbolo maravilhoso que no oriente fecunda as águas caóticas da vida: o Terceiro Logos.

O importante, queridos discípulos, é saber como vamos vocalizar esses mantras, saber quais são seus poderes. Normalmente, as forças sexuais fluem de dentro para fora, de forma centrífuga. Devido a isso existem as poluções noturnas quando se tem um sonho baseado no centro sexual.

Se o homem organizasse seus sistemas vitais e em lugar de propiciar o sistema centrífugo utilizasse o sistema centrípeto, quer dizer, que fizesse as forças sexuais fluírem de fora para dentro, mediante a transmutação, ainda que houvesse sonho erótico, não haveria poluções, no entanto, como o homem não tem o seu sistema sexual organizado de forma centrípeta, advém as poluções, a perda do esperma sagrado, do licor espermático.

Se alguém quer evitar as poluções deve organizar as suas forças sexuais. Estas forças se encontram intimamente relacionadas com o Alento, com o Prana, com a Vida, isto é óbvio. Portanto, existe uma íntima e profunda relação entre as forças sexuais e a respiração que devidamente combinadas e harmonizadas geram mudanças fundamentais na estrutura física e psicológica do homem.

O importante é fazer fluir essas forças sexuais para dentro e para cima, de forma centrípeta; somente assim é possível fazer uma mudança específica nos processos da força criadora sexual e em todos os seus funcionalismos. Há a necessidade de imaginar a energia criadora em ação durante a meditação, fazer com que a energia suba de forma rítmica e natural até o cérebro mediante a vocalização do mantra que já explicamos neste capítulo, nesta prática de meditação. Não esquecendo as inalações e as exalações do ar de forma sincronizada, em perfeita concentração, harmonia e ritmo.

É necessário esclarecer que a inalação deve ser mais profunda do que a exalação, simplesmente porque necessitamos refluir a energia criadora de fora para dentro, quer dizer, tornar a exalação mais curta do que a inalação. Com esta prática chega o momento em que toda a energia flui de fora para dentro e para cima; nesta forma centrípeta, a energia criadora organizada, como já dissemos, em forma centrípeta, cada vez mais profunda, de fora para dentro, é claro que se converte num instrumento extraordinário para a essência, para o despertar da Consciência.

Estou lhes ensinando o legítimo Tantrismo Branco; essa é a prática usada pelas escolas tântricas dos Himalaias e do Indostão; é a prática mediante a qual se pode chegar ao êxtase, ao samadhi ou como quiserem denominar.

Os olhos devem estar fechados durante a prática; não se deve pensar absolutamente em nada durante esta meditação, porém se desafortunadamente surgir algum desejo à mente, o melhor que faremos é estudá-lo sem nos identificarmos com esse desejo; depois de havê-lo compreendido intimamente, profundamente, em todas as suas partes, então deixaremos pronto para submetê-lo à morte, à desintegração por meio da Lança de Eros.

Caso nos assalte a lembrança de algum acontecimento de ira o que devemos fazer? Suspender por um momento a meditação e tratar de compreender o acontecimento que nos chegou ao entendimento. Devemos dissecar, estudar e desintegrar com o bisturi da autocrítica e depois esquecê-lo para continuarmos com a meditação e com a respiração.

No entanto, se mesmo assim surge alguma lembrança em nossa mente, de qualquer acontecimento de nossa vida, de há dez ou vinte anos atrás, utilizemos novamente o bisturi da autocrítica para desintegrar essa lembrança, para vermos o que é que tem de verdadeiro nessa recordação; uma vez que estivermos seguros de que nada mais nos chega à mente, então devemos continuar com a respiração e com a meditação, sem pensar em nada, fazendo ressoar docemente o mantra HAM-SAH, tal como deve ser entoado, prolongando a inalação e encurtando a exalação.

Repetimos o mantra: JAAAAAAAMMMMMMM-SAJ; JAAAAAAAMMMMMMM-SAJ, com profunda quietude e silêncio autêntico da mente. Somente assim a Essência poderá escapar, ainda que seja por um momento, para submergir-se no Real.

Muito se tem falado sobre o Vazio Iluminador e é claro que podemos vivenciá-lo por nós mesmos. Nesse Vazio encontraremos as leis da Natureza tais como são em si mesmas e não como aparentemente são. Neste mundo físico vemos somente a mecânica de causas e efeitos, porém não conhecemos as leis da natureza em si mesmas. No Vazio Iluminador podemos reconhecê-las de forma natural e simples, tais como são.

Neste mundo físico podemos perceber figuras planas. Como poderemos vê-las tais quais são, por dentro, pelos lados etc.? No Vazio Iluminador podemos conhecer a verdade tal como é e não como aparentemente nos parece; podemos evidenciar a realidade de uma formiga, de um mundo, de um Sol, de um cometa etc. A Essência, submergida no Vazio Iluminador percebe com seu centro espacial tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será e suas radiações chegam à personalidade e a mente as percebe.

Resulta interessante o fato de que enquanto a Essência se encontra submergida no Vazio Iluminador vivendo o Real, os centros da máquina humana, emocional e motor se integram com o intelectual e a mente, receptiva, capta e recolhe as informações que chegam à Essência; por isto, quando a Essência sai do Vazio iluminador e volta a penetrar na personalidade, a informação não se perde, fica acumulada no centro intelectual.

Tem-se dito que para formar um vazio se necessita, indispensavelmente, de uma bomba de sucção. Esta bomba nós temos na espinha dorsal, nos canais Idá e Pingalá através dos quais a energia criadora sobe até o cérebro. Também se diz que necessitamos de um dínamo. Ele está no cérebro, na força da vontade. É óbvio que toda máquina deve ter um gerador. Afortunadamente esse gerador está representado pelos órgãos criadores, pelo sexo, pela força sexual.

Com o sistema e os elementos, podemos formar o Vazio Iluminador: a bomba, o dínamo e o gerador são os elementos que necessitamos para conseguirmos o Vazio Iluminador na meditação e somente mediante o Vazio absoluto nós podemos conhecer o Real, contudo necessitamos fazer com que a essência penetre nesse Vazio absoluto.

Nos textos antigos se fala muito sobre o Santo Okidanock, Omnipresente, Onipenetrante, Omnisciente, ele emana, naturalmente, do Sagrado Absoluto Solar. Como poderíamos conhecermos em si mesmo o Santo Okidanock se não conseguirmos entrar no Vazio Iluminador? Pois é sabido que o Santo Okidanok está dentro do Vazio Iluminador, é um com o grande Vazio.

Quando uma pessoa se encontra em êxtase passa mais além da personalidade; quando se encontra no Vazio Iluminador experimentando a realidade do Santo Okidanock então sente que é o átomo, que é o cometa que passa, que é o Sol, a ave que voa, a folha, a água… vive em tudo o que existe. A única coisa que necessita é ter coragem para não perder o êxtase, porque ao sentir que está diluído em tudo, que é um com tudo, sentirá o temor da aniquilação e pensa: Onde estou? Por que estou em tudo? Surge o raciocínio, perde o êxtase e imediatamente volta a meter-se ou encerrar-se outra vez dentro da personalidade, no entanto se a pessoa tem valor não perde o êxtase.

Nesses instantes a pessoa é como uma gota que se submerge no oceano, mas é preciso ter em conta também que o oceano se submerge na gota. Isso de sentir-se um, sendo um passarinho que voa, o bosque profundo, a pétala da flor, a criança que brinca, a mariposa, o elefante etc., isso traz consigo o raciocínio e o medo. Nesse momento, a pessoa não é nada, mas é tudo e, portanto, produz terror fazendo com que se fracasse no experimento da meditação.

No Sagrado Sol Absoluto é onde se conhece a verdade; no Sagrado Sol Absoluto não existe tempo, o fator tempo não existe; ali o Universo é uni total e os fenômenos da natureza se sucedem fora do tempo. No Sagrado Sol Absoluto podemos viver em um eterno instante.

Ali se vive mais além do bem e do mal, convertendo-se em radiantes criaturas. Por isso, quando a pessoa experimenta alguma vez a Verdade, não pode ser como os demais que vivem somente das crenças; não, ali a pessoa experimenta a necessidade imperante e inadiável de trabalhar na Auto Realização Íntima do Ser, aqui e agora.

Uma coisa é experimentar ou vivenciar o Vazio Iluminador e outra coisa é nos autorrealizarmos intimamente. Por isso é necessário saber meditar, aprender a meditar. É urgente compreender a meditação! Espero que vocês entendam isto, que se exercitem na meditação a fim de que um dia possam desengarrafar a Essência e experimentar a Verdade.

Aquele que conseguir desengarrafar a essência e colocá-la dentro do Vazio Iluminador terá que ser distinto, não poderá ser como os demais. Para isto necessita fazer um curso especial, a pessoa será diferente e disposta a lutar até o máximo, com o único propósito de realizar o Vazio Iluminador dentro de si mesma, aqui e agora.

No Oriente, quando um discípulo chega a essas experiências maravilhosas, de experimentar a verdade e vai comentá-las com seu Guru, este o golpeia fortemente com suas mãos; é claro que se o discípulo não tiver organizado a mente, reagirá contra o Guru, certo? Esses discípulos, no entanto, já estão muito bem exercitados. Isto é para equilibrar os valores e provar o discípulo para ver como ele está na morte dos seus defeitos.

Espero que vocês compreendam profundamente o que é na realidade a Ciência da Meditação, com o objetivo de praticarem incessantemente em suas casas e nos templos de oração.

Agora vocês têm alguma pergunta a fazer? Com inteira liberdade, quem quiser pode perguntar.

Discípulo: Mestre, como fazemos para dominar o medo quando sentimos que caímos no Vazio Iluminador durante a meditação?

Mestre: É necessário combater o medo submetendo-o à desintegração até convertê-lo em poeira cósmica; que não fique dentro de nós nada dessa entidade horrorosa do medo, para isso temos dado as técnicas específicas para desintegrar defeitos por meio da “lança” e com a ajuda da Mãe Divina particular, sobre isto falei amplamente em meu livro “O Mistério do Áureo Florescer”.

 Samael Aun Weor