B-12. A Dissolução do Eu

A SABEDORIA DA MORTE
E DIDÁTICA PARA A
DISSOLUÇÃO DO EU

Conferências de Samael Aun Weor

O Quinto Evangelho

A SABEDORIA DA MORTE

(Transcrição de um vídeo gravado no Congresso Internacional de Guadalajara, México, 1976)

Discípulo. …Eu volto e repito, Mestre, talvez, se for possível, com um exemplo de sua própria vida, de alguma vez, em alguma ocasião, falar, principalmente, da desintegração de um defeito no seu processo de compreensão. Porque é esse ponto que mais ficamos presos… …vou deixar o microfone para o V. M. Samael, para que ele nos dê uma resposta nisso que se chama “a compreensão absoluta do Ego”; aquilo que não entendemos quando você diz: “Apreender o sentido profundo de um defeito”, porque é aí que ficamos “presos”. Venerável Mestre, deixo-o…

Mestre. Bom, ouvimos a palavra de nosso irmão dominicano. E, francamente, a pergunta me surpreendeu tremendamente; Estou surpreso com o simples fato de já ter escrito três livros sobre a mesma coisa. O primeiro, então, “O Mistério do Áureo Florescer”, o segundo, com uma didática exata sobre a dissolução do Ego: “Tratado de Psicologia Revolucionária”; e o terceiro, o que acabou de sair: “A Grande Rebelião”, então quando ouvi essa pergunta não pude deixar de me surpreender. Não! Ou será que os irmãos da República [Dominicana] não conheceram essas três obras? Sim, vocês as conheceram?

D. Venerável Mestre, estudamos as obras, sei até que muitos de nós estão colocando em prática, mas há problemas, alguns “fios”, alguns pontos que não conseguimos captar com clareza… Esse é o grande problema. Porque, por exemplo, eu sei (falando, eu digo, em nome de todos) que trabalhamos em certos defeitos, nós os apreendemos, tentamos estudá-los, tentamos apreender o significado profundo, e então, nós que somos casados, trabalhamos com o Arcano AZF. Mas ainda há uma certa inquietação dentro de nós, digamos, uma certa incerteza se estamos trabalhando bem ou mal aqueles defeitos que já estudamos. Queremos que nos ilustre com um exemplo específico, seja ele qual for, da desintegração de qualquer defeito…

M. Claro, agora mesmo vou terminar de ilustrar… Hoje, citei parte de uma experiência vivida, mas agora quero… na íntegra. Há muitos, muitos anos (na verdade, vou repetir a narração e a ampliação do que já narrei no encontro que tivemos aqui há pouco) fui reprovado em todas as provas em relação à Castidade.

Acontece que no Mundo Físico eu havia alcançado o controle total dos sentidos e da Mente, de maneira tão educada, que nunca vi, por exemplo, uma revista pornográfica, nunca observei uma imagem pornográfica; Aprendi a olhar o sexo oposto da cintura para cima, sem nunca parar para observar a forma das panturrilhas ou coisas assim, que aos homens lhes encantam olhar com tanto cuidado e para ser franco, tão perseverante…

Assim que meus sentidos estavam absolutamente educados: Bem, se vocês observarem a forma como manejo a minha visão se darão conta que está educada. Naturalmente, nestas condições absolutas no que diz respeito ao Mundo Físico…

Eu também eduquei a palavra de uma maneira extraordinária, não deixei nenhuma palavra lasciva ou de duplo sentido entrar no verbo etc… E assim, tudo estava correto. Mas nos Mundos Superiores de Consciência Cósmica, a questão era muito grave, gravíssima.

Fui submetido a rigorosos testes de castidade e falhei apesar de todos os meus sistemas de controle psicológico, apesar de todos os meus Judôs psicológicos, apesar de todas as minhas técnicas.

Bastava colocar uma vassoura vestida com saias por aí para “passear”. Então ela poderia ser uma pobre velha horrível, não importava; o importante é que ela tinha saias…

A coisa era grave… Fiquei muito triste… Apelei para o sistema de “Compreensão Integral e Discernimento” de Krishnamurti. O sistema de meditação era profundo: eu estava tentando discernir o processo da luxúria, o processo do desejo. Eu queria entender para eliminar, mas tudo foi inútil: depois de um dia de trabalho terrível sobre mim mesmo, falhei novamente nas provas da Castidade. Por isso sofria terrivelmente.

Não lhes nego que até me disciplinava rigorosamente: Chegou ao ponto até de me chicotear. Sim: peguei um chicote e me entreguei, punindo a fera, mas aquela pobre fera era mais forte que o chicote e nem o chicote valia a pena. Então eu não tive escolha a não ser sofrer…

Bom, um dia, dentre tantos, eu estava deitado no chão, em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para o Norte, imerso em meditação profunda, com a intenção de poder discernir e compreender o processo de luxúria em todos os Níveis da Mente (um sistema completamente Krishnamurtiano; misturado com aquele terrível sistema também do Mosteiro, de chegar a ponto de me açoitar)…

Fiquei magro e horrível, não tive relações sexuais de nenhum tipo, então a abstenção foi absoluta. Nessas condições, era para sair vitorioso de todas as provas de castidade; mas tudo foi inútil…

Deitado (repito) como estava, em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para o Norte, em meditação profunda, algo inusitado aconteceu comigo (aquilo era terrível). A concentração tornou-se muito profunda e então deixei o corpo físico. Já fora da forma densa, me encontrei em um elegante apartamento…

Não em um templo, precisamente, ou em algum mosteiro com clero magro e ascético; nada disso, mas em um apartamento elegante, adorando uma senhora, abraçando-a com ardor e cinquenta mil coisas assim…

Tudo aconteceu em segundos. Quando voltei ao corpo físico, me senti totalmente desapontado (e que o Sr. Krishnamurti me dê licença, que ele me dê licença, porque ele é um Mestre. Não sou contra nenhum Mestre, mas francamente fiquei desapontado com seu sistema: não funcionou para mim)…

Fiquei em um estado de confusão, talvez no estado em que você se encontra agora, em relação à dissolução do Ego. Então eu estava: Nem para a frente nem para trás. Total: Zero.

O que fazer? A coisa era grave: não havia nada a fazer; Fiquei simplesmente desapontado, todos os sistemas falharam comigo.

Felizmente fui atendido: Ao chegar em um Templo encontrei um GUARDIÃO DA ESFINGE. Ali estava na porta (fiquei muito feliz porque o conheço, é um velho amigo meu). Olhando para mim, ele disse:

– Dentre um grupo de irmãos que trabalhavam na Nona Espera e que depois de trabalharem na Nona Esfera se apresentaram neste Templo, você é o mais avançado; mas agora você é ES-TAG-NA-DO…

Claro, essas palavras me encheram de pavor. Eu, lutando para progredir, e vem o Guardião com isso? Valha-me Deus e Santa Maria, e tudo por causa das pobres “velhas”!… Então eu respondi:

Bom, por favor, diga-me, por que razão estou agora estagnado? Continuou:

Porque te falta amor.

Minha surpresa atingiu o auge. Bem, eu considerava que estava amando a humanidade, então eu disse a ele:

Escrevi livros, trabalho pela humanidade. Como é que me falta amor? Não é por amor que estou trabalhando?

Você se esqueceu de sua Mãe, você é um filho ingrato, e um filho ingrato não progride nesses estudos!…

Isso foi pior ainda: Eu, “filho ingrato”? Eu, que amava tanto minha pobre mãe, e agora ainda por cima sou ingrato. Se eu esqueci dela? Não, eu não esqueci; o que aconteceu foi que ela desencarnou! E como faço para encontrá-la agora no mundo físico?… Todas essas coisas me vieram à mente. No entanto, entrei no Templo e ele não bloqueou meu caminho. Dentro do Templo, ele continuou:

Estou lhe dizendo isso para o seu bem. Entenda: você deve procurar sua Mãe…

Bom – eu disse – mas se ela morreu, onde vou procurá-la, onde está minha mãe?

Você não percebeu o que estou te dizendo – continuou o Guardião – você não quer entender? Como é que você me pergunta onde está sua Mãe? Não sabe onde sua mãe está? É possível que um filho não saiba onde está sua Mãe?

Bem, francamente não, eu não sei…

Estou lhe dizendo para o seu bem, respondeu ele.

Bom, vou tratar de compreender o que você quer me dizer…

Eu disse adeus ao Guardião. Alguns dias se passaram e eu não conseguia entender isso. Como é isso de procurar a minha mãe? Mas se ela morreu, onde vou procurá-la? Bom, eu tinha cinquenta mil palpites no meu pobre cérebro, até que por fim um dia, desses tantos, uma luzinha acendeu por aqui e aí eu entendi… “Ah, agora! – eu disse -, o Guardião do Templo se refere à minha DIVINA MÃE KUNDALINI, à Serpente Ígnea de nossos mágicos poderes! Já sei; Vou concentrar nela!”…

Deitei-me novamente em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para o Norte e o corpo relaxado, em profunda meditação interior, mas rezando para minha Divina Mãe Kundalini.

Eu orava, mas de vez em quando surgia a preocupação: Como poderia não “acabar” em outro apartamento! Valha me Deus!…

Assim estava, com a preocupação, e a concentração foi cada vez mais tremenda. De repente, Ela, Devi Kundalini-Shakti, me tirou do corpo físico e me levou para a Europa, para Paris…

Uma vez naquela cidade, ela me conduziu até um grande Palácio do Karma. A sala de audiência estava cheia de pessoas; alguns policiais me acompanharam (Senhores da Lei). Eu disse: “Ai, ai, ai, no que me meti por estar nessas coisas!”…

E aquele policial avançou comigo pelo centro da sala, até a mesa onde estavam os juízes. Um deles (o que está no centro da mesa), abriu um grande livro e leu para mim algumas diabruras que eu havia feito em meus dias de Bodhisattva caído, lá atrás, na Idade Média, nos tempos em que a Inquisição Católica pessoas queimava vivas em fogueiras. Já não me lembrava de tanta diabrura, as diabruras de Dom Juan Tenório e seus asseclas!…

Bem, aquele homem leu o Livro, ele leu carma (certas más ações, “românticas” por sinal, sim). Então ele me condenou À PENA DE MORTE!

“Oh, as coisas estão piores – eu disse – agora de nada valeu ter trabalhado para os irmãos mais novos lá, no Mundo Físico! Veja, veja, veja, onde eu vim parar!”… Eu esperei, para ver o que mais acontecia…

O Juiz chama um Executor da Lei (desses CARRASCOS CÓSMICOS eu sei que havia dois no antigo Egito dos Faraós). Ele chama um e diz, dá-lhe ordem para me executar imediatamente (eu, um pobre tolo, parado ali diante de cavalheiros tão terríveis, o que eu poderia fazer?). O Carrasco saca a Espada Flamejante (o Carrasco Cósmico, porque existem Carrascos Cósmicos) e avança em minha direção com a espada desembainhada…

Bom, esse foi um momento em que, francamente, fiquei totalmente desapontado. Em questão de milissegundos, pensei muitas coisas. Disse a mim mesmo: “O quanto sofri na vida, lutando pela humanidade, lutando por mim mesmo, escrevendo livros, dando palestras, e agora, é esse o resultado? Que dor! – disse -. Bem, bem, bem, onde eu vim parar! De nada me serviu então ter lutado tanto pelo humanidade!”…

Eu me senti completamente DE-SA-PON-TA-DO, mas aquele Carrasco avançou lentamente e com sua espada desembainhada (ele era um homem grande e forte). Quando ele estava prestes a me perfurar com a espada, de repente sinto algo se movendo dentro de mim. “O que é isso?”, pensei. E naquele momento eu vi que uma criatura monstruosa saiu de mim pelas 33 Portas da espinha dorsal.

Observei em detalhes: Era um Eu, o Eu da luxúria, um agregado psíquico que eu mesmo havia criado por um erro romântico e sexual, na Idade Média, e agora estava cara a cara com minha própria criação.

Esse monstro assumiu a forma de uma besta, de um cavalo; Mas algo incomum acontece ou sucede: O Carrasco, em vez de continuar apontando sua espada para mim, agora a direciona para aquele cavalo, aquela besta. Então eu vi com espanto como aquela besta, de cabeça, se jogou no “Tártaro”, nos Mundos do Inferno. O Guardião o havia enviado para o Reino de Plutão para se desintegrar lá.

É claro que fui libertado desse agregado psíquico infernal e, quando fui submetido a novos testes em matéria de castidade, fui vitorioso e continuei vitorioso, nunca mais falhei. Desde então eu alcancei a CASTIDADE completa…

Pois bem, como o trabalho com a Divina Mãe Kundalini me deu um resultado formidável, eu disse: “Este é o sistema para desintegrar os Eus”, e depois continuei trabalhando (com a Divina Mãe Kundalini) em diferentes Eus, ou seja, sobre diferentes agregados psíquicos, e pude verificar por mim mesmo, através do sentido de AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA, como Ela trabalhava e como foi desintegrando, de forma extraordinária, os diversos elementos inumanos que carregamos dentro de nós.

Assim o caminho para alcançar a DESINTEGRAÇÃO DO EGO É ATINGIDO COM A DIVINA MÃE KUNDALINI-SHAKTI.

Mais tarde, com o tempo, cheguei à conclusão de que dentro de nós existe uma LUA PSICOLÓGICA COM DOIS LADOS: o visível e o oculto. Assim como existe uma lua com duas faces no céu, também existe dentro de nós, no sentido psicológico.

A FACE VISÍVEL da Lua Psicológica está relacionada aos agregados ou defeitos psíquicos que se destacam a olho nu. Mas há defeitos psicológicos que não vêm à tona e que a própria pessoa ignora, e que estão (diríamos) colocados ou localizados na PARTE OCULTA da Lua Psicológica.

Trabalhando com a Divina Mãe Kundalini, sem contato sexual, consegui desintegrar os defeitos da face visível da Lua Psicológica.

Depois, tive que ficar cara a cara com a INICIAÇÃO DE JUDAS (a Paixão pelo Senhor). Ao chegar a essas alturas descobri que existem defeitos psicológicos, agregados psíquicos tão antigos e tão impossíveis de se desintegrar, que precisei apelar para a Nona ESFERA, para descer à Forja Ardente de Vulcano.

Assim o fiz, desci à Nona Esfera para trabalhar e consegui, por meio da Eletricidade Sexual Transcendente (sabiamente dirigida pela Divina Mãe Kundalini), desintegrar muitos agregados psíquicos que eu desconhecia. Que os tinha, mas nunca acreditei que os tinha; que se alguém tivesse me dito: “Você tem esse defeito”, bem, francamente, eu não teria aceitado isso.

Então, na verdade, eu sabia de tudo isso e como resultado desses estudos, dessas obras, escrevi a obra intitulada “O Mistério do Áureo Florescer”; depois escrevi “A Psicologia Revolucionária” e depois “A Grande Rebelião”.

Tudo o que se necessita é, digamos, observar a si mesmo de momento a momento. As pessoas aceitam facilmente que têm um corpo físico porque podem tocá-lo, porque podem vê-lo fisicamente; mas há muitos que não querem entender que têm uma psicologia particular e individual. Quando você aceita que tem uma psicologia, você realmente começa a se observar; quando começa a se observar, inquestionavelmente se torna, por isso, uma pessoa completamente diferente.

Por meio da AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA, de instante a instante, de momento a momento, descobrimos os próprios defeitos psicológicos. Estes surgem espontaneamente, durante a interrelação, e se estivermos alertas e vigilantes, como o vigia em tempos de guerra, então os veremos.

O defeito descoberto deve ser COMPREENDIDO em sua totalidade, em todos os níveis da mente. Compreende-se um defeito através da técnica da MEDITAÇÃO.

Agora, chegar ao PROFUNDO SIGNIFICADO de tal defeito NÃO É UMA QUESTÃO DE PRINCIPIANTES; isto é para pessoas que já estão trabalhando na parte oculta da Lua Psicológica.

Contentem-se com a compreensão e isso é tudo. Já compreendido, então podem invocar Devi Kundalini sua Divina Mãe Cósmica para que ela desintegre. Várias sessões de trabalho serão necessárias para a desintegração deste ou daquele defeito psicológico. Às vezes leva alguns dias, outras vezes meses para desintegrar um defeito.

Agora a desintegração fica mais fácil quando o trabalho é feito na Nona Esfera, porque o poder de Devi-Kundalini é reforçado com a Eletricidade Sexual Transcendente. Assim, um defeito que alguém poderia ter desintegrado em seis meses ou um ano de trabalho pode desintegrá-lo em um mês ou em quinze dias, ou em uma semana na Nona Esfera. Aí você tem que clamar a Devi Kundalini, para que ela pulverize este ou aquele erro.

Estou falando com vocês com base na experiência psicológica. Sofri muito durante 30 anos desintegrando, por exemplo, os defeitos psicológicos da parte visível da Lua Psicológica. E eu também sofri muito trabalhando com a parte oculta da Lua Psicológica, mas consegui!

Em nome da verdade, não possuo mais os agregados psíquicos inumanos; agora o Ser fala aqui, diante de você, e nada além do Ser. Meus pensamentos não brotam do fundo de nenhum Eu porque não tenho Eus; o Ser fala para vocês, diretamente; e isso e tudo…

Continuem as perguntas, pois devemos responder a todas (e me perdoam tantos “pois”, porque descobrimos que estamos na terra do “pois”: Em Guadalajara, Jalisco).

Bem, quem vai falar? Quem vai perguntar, rogamos que pergunte, pois, no microfone.

D. Venerável Mestre, por 26 anos exatamente (o que eu digo, que é um defeito psicológico criado pela minha própria Mente), se apresenta a mim (usamos mosquiteiro porque há muito mosquito em Sto. Domingo) e levam o cérebro; e vejo muitas aranhas no mosquiteiro, e pássaros, aves de bico comprido que se aproximaram de mim como se quisessem me machucar.

M. Não consigo ouvir, irmão, imploramos que você chegue seus lábios perto do microfone.

D. Sim, por exatamente 26 anos desde o dia 30 de maio de 1950, uma crise começou em minha mente. Toda vez que eu ia para a cama, meu cérebro ficava como que em um pesadelo, mas dava para ver (no “mosquiteiro”) aranhas peludas, sabe? E pássaros de bico comprido que vinham como se quisessem me machucar.

Exatamente duas noites atrás, isso se tornou um pouco maior: Aconteceu a mesma coisa comigo aqui, no hotel, e eu pude ver que saiu um homem, ele tratava de tirar alguma coisa desse ouvido (eu estava lutando com ele, isso foi em sonhos). Pedi ajuda a um amigo que estava na cama ao lado da minha e vi um homem que saiu, um macaco preto. Você poderia me explicar por que isso?

M. Bem, irmão, com o maior prazer iremos responda a essa pergunta embora seja individual, certo? Espero que as próximas perguntas se refiram às organizações e formas da Gnose, nos países dos Estados Unidos, Porto Rico e Santo Domingo. Mas como exceção, neste caso, daremos uma resposta.

Essas “ARANHAS” são agregados psíquicos que personificam o Ceticismo, o MATERIALISMO; indicam claramente para nós, de fato, que em uma existência passada você foi muito cético ou incrédulo, e nesta mesma existência você não foi um crente também, diga-se. Como consequência ou corolário: existem essas horríveis “aranhas” em sua mente, criadas por você mesmo, e quanto às “PÁSSAROS” aqueles, de tão mau agouro, são também criações de sua própria Mente, Eus de ceticismo, de materialismo.

Em sua existência atual, você deve desintegrar essas “aranhas” e esses “pássaros” do materialismo mental. Para isso tem que trabalhar muito consigo mesmo, dedicar a trabalhar com a Divina Mãe Kundalini, rogando-lhe que desintegre essas “aranhas” e esses “pássaros” de tão mau agouro.

Você mesmo fez essas criações; esse é o resultado do ceticismo e do materialismo. A fé surgirá em você quando destruir essas horríveis “aranhas” e horríveis “pássaros”… …Bom, mas desta vez não me venham com mais perguntas de tipo puramente individual.

D. Mestre Samael, gostaria de lhe fazer uma pergunta sobre à ascensão do Kundalini. Se um homem pratica Magia Sexual com várias mulheres usando o mesmo procedimento como se ele praticasse com uma, por que os resultados não são os mesmos?

M. Distinto irmão, com o maior prazer darei resposta à sua pergunta.

O KUNDALINI NÃO É ALGO MECÂNICO; o Fogo Sagrado do Amor é a Divina Mãe Cósmica. Ela, em si mesma, é Onisciente, Omni-misericordiosa e totalmente justa, e seria absurdo supor, mesmo por um momento, que nossa Mãe Kundalini recompensasse o adultério (neste caso), porque obviamente Ela se tornaria cúmplice do crime. Então essa é minha resposta.

D. Venerável Mestre Samael, como é possível que Se uma pessoa trai o seu Guru, o Fogo Sexual não ascende, desde que esteja trabalhando exaustivamente com sua esposa e cumprindo as regras de trabalho?

M. Com muito gosto terei o prazer em responder a sua pergunta, distinta irmã…

A Chama Sexual, a Divina Mãe Kundalini-Shakti, não é algo mecânico, repito, e ascende com os méritos do coração. Se o Mestre, o Guru, for traído, é claro que não há méritos para a ascensão. A Divina Mãe Kundalini NUNCA PREMIARIA A TRAIÇÃO.

Eu conheci, em alguma ocasião, o caso de um Guru que estava instruindo um aluno. Este último se voltou contra seu Mestre, falou contra ele; No entanto, ele continuou a praticar o Sahaja Maithuna com sua Esposa Sacerdotisa, mas está claro que o Fogo Sagrado em vez de subir pelo canal medular desceu pelo cóccix, tornando-se a Cauda de Satanás, o abominável Órgão Kundartiguador. Foi assim que aquele aluno falhou completamente, ele se tornou um Tântrico Negro, um Adepto da “mão esquerda”, um tenebroso. A Mãe Kundalini, repito, não recompensa traições.

D. Mestre, no ambiente dos estudantes gnósticos há preocupação com o Sahaja Maithuna, mas não com a dissolução do Eu. O que você pode nos contar sobre isso?

M. Com o maior gosto responderei a sua pergunta, distinta dama…

Certamente, aqueles que se preocupam apenas com a Magia Sexual, esquecendo radicalmente a dissolução do Ego, é porque desconhece totalmente o fundamento da Alquimia Erótica. Devemos especificar essa base da seguinte maneira: “SOLVE ET COAGULA” (DISSOLVER E COAGULAR). Durante o Sahaja Maithuna é necessário trabalhar na dissolução do Ego e coagular o Hidrogênio Sexual Si-12 na maravilhosa criação dos Corpos Solares.

Você tem que aniquilar o mim mesmo, o Eu em pleno trabalho erótico e sexual. Bem ali, na Nona Esfera, durante o transe do casal unido, a Divina Mãe Kundalini deve ser invocada com todo o coração e com toda a Alma, implorar que utilize a Eletricidade Transcendente, o Poder da Lança Fálica para destruir o Ego, o Eu, o defeito que compreendemos em todos os Níveis da Mente.

Nunca devemos esquecer que o Ego é composto de múltiplas entidades que personificam nossos erros: Ira, ganância, luxúria, inveja, orgulho, preguiça, gula, etc. Todos estes defeitos são processados nas 49 Regiões do Subconsciente e são perfeitamente expressos, internamente, na forma de EUS DIABOS.

Eliminar tal defeito seria equivalente a eliminar suas personificações ocultas, chamadas Eus Diabos. Ela, a Divina Mãe Kundalini, empunha a Lança de Longinus para destruir e reduzir a cinzas o defeito que entendemos.

Devemos aproveitar, repito, a mesma prática do MAITHUNA PARA ELIMINAR O EGO.

Quem só se preocupa com nada mais do que gozo, o desfrutar, ou pela ascensão da Chama, mas que nunca pensa na dissolução do “Eu”, finalmente torna-se um Hanasmussen com um duplo Centro de Gravidade.

UM HANASMUSSEN é, como já dissemos várias vezes, um sujeito com duas Personalidades internas: a Branca, formada por seus Veículos ou Corpos Solares; a Negra, formada pelo Ego, pelo Eu, pelo mim mesmo, pelo si mesmo.

Portanto, nunca nos esqueçamos do “Solve et Coagula”, dissolvamos os erros, os defeitos psicológicos durante o Sahaja Maithuna, e coagulemos as maravilhosas Forças do sexo nos Veículos Crísticos Solares. Entendido, minha cara irmã?

D. Mestre, estou um pouco confuso e gostaria que esclarecesse a dúvida que tenho, pois depois de ouvi-lo, me vem à mente o pensamento que o gozo sexual é ruim, que a felicidade erótica é ruim…

M. Mas quando vocês vão me entender? Lembre-se de que o prazer sexual é um prazer legítimo do homem. O DELEITE SEXUAL é paradisíaco; O que eu quero é que vocês entendam que tal deleite, que tal desfrute DEVE SER DIRIGIDO para dentro e para cima, PARA O DIVINO; É necessário, é essencial que a plena relação sexual elimine todos os átomos de luxúria. A relação sexual é uma forma de Oração, a luxúria é sua antítese; a luxúria, repito, é um sacrilégio.

Por que devemos ser lascivos? O YONI da mulher é simbolizado pelo CÁLICE do qual o Cristo bebeu durante a Última Ceia; o FALO do macho é alegorizado pela LANÇA aquela com que Longinus feriu o tronco do Senhor, a mesma que o Parsifal Wagneriano utilizou para curar a ferida do tronco de Amfortas.

Este par de joias tão simbólicas e divinas são formidáveis, representam exatamente o LINGAM-YONI dos Mistérios Gregos. Por que então devemos olhar para o sexo com olhos de ódio? Por que devemos ter luxúria? Não, irmãos! Luxúria (saibam disso) é uma profanação, um sacrilégio

Na verdade, a luxúria é semelhante ao homem que jogou o Pão e Vinho da M. G. no chão e depois os pisou.

Esse tipo de sacrilégio infame é horrível; Aquele que profana o LINGAM-YONI com seus pensamentos grosseiros e lascivos, de fato, meus queridos irmãos, é um sacrílego, um tenebroso, um lascivo.

Desfrute, sim, do sexo, mas direcione todo o seu transe sexual para Deus; não pense em prazer sexual com luxúria, a luxúria é um sacrilégio. Entendido?

D. Como é tão atual e relacionado com o que você nos contou, gostaria de perguntar o seguinte: a consciência desses meninos do “Movimento Hippie” progride com as drogas que usam? As suas experiências, obtidas sob a influência de drogas, são semelhantes às obtidas pelos Mestres?

M. Sua pergunta é interessante, meu estimado irmão, e com o maior prazer vou dar-lhe uma resposta concreta e definitiva.

O MOVIMENTO HIPPIE, como já disse, ESTÁ POLARIZADO NEGATIVAMENTE COM DIONÍSIO; OS GNÓSTICOS SÃO POLARIZADOS POSITIVAMENTE. (Essa é a diferença). Nós transmutamos as Energias Criativas, as sublimamos, as elevamos ao cérebro, as conduzimos ao coração e à Consciência. Eles, por antítese, se degeneraram sexualmente, se dedicaram à PSICODELIA…

Em primeiro lugar, para entender isso, temos, portanto, que falar com clareza, ênfase e inteligência, de certos aspectos interessantes de nossa Doutrina. Esse da “Psicodelia” ou “Psicodélico” é o antipolo da meditação. Cogumelos, maconha, etc. evidentemente intensificam a capacidade vibratória dos Poderes Subjetivos, mas é ostensivo que jamais poderiam originar o despertar da Consciência.

A maconha e as drogas realmente prejudicam (muito) os Raios Alfa, Beta e Gama. Esses raios, sem dúvida, são obtidos em cada átomo e isso é do conhecimento de qualquer um que se tenha dedicado à Física Atômica, à Física Nuclear. Há algo, entretanto, em cada núcleo atômico, que está além dos Raios Alfa, Beta e Gama; é, digamos, um “algo” de tipo consciente que transcende tais raios.

Se estudarmos os Raios Alfa, Beta e Gama dentro dos átomos e sob os efeitos da maconha, por exemplo, vemos que eles entram em atividade, ou seja, há uma espécie de explosão desses raios dentro da célula viva do cérebro, e isso está demonstrado. O resultado é perda de memória e até o danos dos reflexos.

Assim, de forma alguma a maconha ou qualquer outro tipo de droga é aconselhável… Aparentemente a droga, já mencionada, é considerada “magnífica” para o despertar dos Consciência Objetiva, mas leve em consideração que as drogas com seus efeitos têm resultados muito semelhantes aos do abominável Órgão Kundartiguador.

Sem dúvida, esses tenebrosos desenvolveram tal “órgão” (que está localizado justamente no cóccix), eles têm um aspecto psicológico muito semelhante ao de quem usa drogas. É por isso que a Blavatsky disse que alguns Magos Negros no Tibete se sentem “super iluminados”.

Certamente, se nos confrontarmos ou nos colocarmos frente a frente aos Adeptos da FRATERNIDADE UNIVERSAL BRANCA e os Adeptos da Mão Esquerda do Tibete Oriental, como consequência ou corolário podemos dizer que ambos se sentem iluminados; No entanto, é óbvio que apenas os Adeptos da Fraternidade Branca alcançaram a Consciência objetiva.

Francamente, não existem base para que os Hippies acreditem que assim conseguem a Iluminação, mas mesmo assim os seguidores da Fraternidade Tenebrosa do Mundo Ocidental também se sentem (como no Oriente) completamente “iluminados”.

É que as Trevas se parecem muito com a Luz (embora aqueles da esquerda apenas conheçam o aspecto puramente tenebroso da questão) e é por isso que qualquer um pode facilmente se perder ou cair, mesmo que seja conceitualmente em um erro.

Aquele que alcançou a ILUMINAÇÃO OBJETIVA, aquele que alcançou o Êxtase, o Samadhi, tem uma superabundância de dados transcendentais sobre a realidade das coisas, não como elas são na aparência, mas como são na essência.

Porém, aqueles que estão sob o efeito de drogas, aqueles que passam por um momento de maconha, digamos, pensam que estão lúcidos, pensam que estão na luz, pensam que alcançaram a Consciência objetiva, mas na realidade se relacionam, não com Verdades Cósmicas, digamos, mas com o inverso da medalha, com o inverso da Ciência Pura.

A percepção das sombras de alguma forma, mesmo que seja por analogia ou semelhança, está correlacionada com os aspectos mundanos do Real. Claro, eles supõem que muitos são iluminados por esse motivo; mas não custa, a esta altura, repetir com Dante Alighieri e sua “Divina Comédia” que “A ESCURIDÃO É O DISFARCE DA LUZ”. Inquestionavelmente, onde a Luz brilha mais claramente, as Trevas também se tornam mais densas. Em frente a um Templo de Luz, há também um de Trevas.

Então, meu caro irmão, o que se percebe com a maconha e os cogumelos alucinógenos é o inverso da medalha, ou seja, o outro lado da realidade. A verdade também, repito, se disfarça de trevas.

Quando alguém não tem aquela experiência suprassensível, quando não se atingiu verdadeiramente a Iluminação Transcendente, é claro que se pode confundir experiências suprassensíveis com as do abominável Órgão Kundartiguador, ou com as da maconha, ou com as dos cogumelos, etc. Tudo isso pode ser confundido com o Samadhi ou êxtase místico que homens como Raymond Lulio, Nicolas Flamel, Sendivogius e muitos outros grandes anacoretas, alquimistas e iluminados tiveram uma vez.

Portanto, não quero tratar de criticar os Hippies de forma alguma; Estou apenas tentando esclarecer que, quando não se tem experiência no campo da Objetividade Transcendente, pode-se (através da maconha ou dos cogumelos) confundir Trevas com Luz, e isso é tudo…

Samael Aun Weor

 

DIDÁTICA PARA A DISSOLUÇÃO DO EU

O objetivo dessas práticas é CRISTALIZAR A ALMA em nós. O que se entende por “Alma”? Por “Alma” entende-se o conjunto de corpos, atributos, poderes, virtudes, qualidades, etc., que fundamentam o Ser.

Os Evangelhos dizem: “Em paciência possuireis vossas Almas”… Hoje, não possuímos as nossas Almas; em vez disso, a Alma nos possui. Somos um fardo pesado para isso que se chama Alma, um fardo verdadeiramente pesado.

Chegar a possuir Alma é um anseio; possuir nossas próprias almas é formidável. Mais ainda, o próprio CORPO FÍSICO tem que chegar a TORNAR-SE UMA ALMA.

Quem possui sua alma tem poderes extraordinários. Aqueles que chegaram a cristalizar a Alma tornaram-se, por isso, criaturas absolutamente diferentes. E isso está escrito, a título de testemunho, nos Livros Sagrados de todas as Religiões do mundo.

Mas, bem sabemos que se a “água não ferver a cem graus”, o que deve cristalizar não se cristaliza e o que deve se desintegrar não se desintegra. Portanto, em todo caso, você precisa que a “água ferva a cem graus”. Obviamente, se não passarmos por grandes CRISES EMOCIONAIS, também não poderemos alcançar a cristalização da Alma. Para a dissolução radical de qualquer agregado psíquico inumano é, sem dúvida, necessário passar por crises emocionais muito graves.

Conheci pessoas extraordinárias, muito capazes de passar por tais crises. O caso de uma certa irmã gnóstica da Sede Patriarcal do México, que passou por terríveis tribulações, horríveis crises morais, ao recordar graves erros de suas vidas anteriores. Pessoas assim, com aquela tremenda capacidade de remorso, pessoas assim, tão capazes de passar por crises emocionais tão graves, podem obviamente cristalizar Alma; e o que nos interessa é precisamente isso: A Cristalização de todos os Princípios da Alma em nós, aqui e agora…

No Oriente existem instrutores que infelizmente, não eliminaram todo esse conjunto de elementos indesejáveis que carregam na psique. Vale a pena dizer-lhe, para sua informação, que os mencionados “elementos” são chamados no Tibete de “agregados psíquicos”. Na realidade, esses agregados são os próprios Eus ou Eus que personificam nossos erros.

Quando um instrutor destes (que ainda não eliminou os agregados psíquicos), está a cargo de um grupo de Lanus ou discípulos, sem dúvida, eles devem ter muita paciência, aguentar o citado instrutor o dia todo, seu absurdo, sua grosseria etc. Os Lanus ou discípulos sabem bem (ou Chelas, que tanto se diz no Tibete) que tais Agregados passam em procissão contínua através da Personalidade do instrutor, mas que finalmente chegará o momento em que terminará a procissão, e então eles serão capazes de expressar o Mestre para dar o Ensinamento.

Esse é a causa causorum para o qual os discípulos de qualquer instrutor desses que ainda não eliminaram o Ego, tenham a paciência elevada ao máximo, multiplicada ao infinito. Esta classe de Chelas tem que esperar e esperar e esperar até que qualquer momento o Mestre, finalmente, tome posse de seu veículo e dê-lhes os Ensinamentos.

Ensinamentos adquiridos, a que preço? Não é nada delicioso tolerar, todo o dia, insultos do instrutor, ser vítima de todas as suas tolices. Mas finalmente o Mestre chega, e isso é o que importa…

Sim, é sobre Bodhisattvas caídos, eles não dissolveram o Ego; mas, uma vez que são Bodhisattvas, devem ser tolerados até que o Mestre e o Ensinamento venham. É assim que pensam todos os Lanus ou Chelas tibetanos…

Continuando com essas dissertações filosóficas, diremos que cada agregado psíquico é como uma pessoa dentro de nós. Não há dúvida de que esses agregados possuem os TRÊS CÉREBROS: o Intelectual, o Emocional e o Motor-Instintivo-Sexual; ou seja, cada Eu ou agregado (que é o mesmo, entre parênteses), é uma pessoa completa. Cada Eu, cada agregado, tem seus próprios critérios individuais; tem suas ideias, seus conceitos, seus desejos; realiza certos atos, etc.; cada agregado goza (em certas coisas) de uma certa autonomia.

Olhando as coisas deste ângulo, estudado a fundo, chegaremos à conclusão lógica e inevitável de que muitas pessoas vivem dentro de nós. O mais sério é que todos esses brigam entre si, lutam pela supremacia; cada um quer ser o mestre, o senhor.

Como o que se pareceria a nossa CASA INTERIOR? Eu diria que uma mansão horrível, onde há muitos servos e cada um se sente o “senhor”. É claro que, olhar para tal casa à luz desse raciocínio, é no fundo assustador.

O curioso do caso são, justamente, os conceitos que cada um dos “senhores da casa” forjou. Diz-se: “Vou comer, estou com fome!” Então um segundo entra em conflito e diz: “Para o inferno com a comida, vou ler o jornal!” Mais adiante, surge um terceiro em conflito e, irrevogavelmente, diz: “Que comida ou que leitura, vou na casa do meu amigo fulano!” Tendo dito estas palavras, todas incongruentes, a Personalidade humana (movida por essa força íntima), sai assim de casa, para ir por aí, por essas ruas de Deus.

Se pudéssemos nos ver de corpo inteiro, tal como somos, diante de um espelho, posso garantir que ficaríamos perfeitamente loucos. Estamos todos, CHEIOS DE CONTRADIÇÕES HORRIPILANTES, isso é desastroso para todos; não temos realmente uma existência real.

Ao nascer, somos lindos. Por quê? Porque todos nós temos 3% de ESSÊNCIA LIVRE (como disse em minha obra intitulada “Psicologia Revolucionária”). Os 97% restantes estão enfrascados na multiplicidade do Ego. Isso que há de elemento livre, impregna o óvulo fertilizado, passa a existir, reincorporado novamente.

Portanto, a criança recém-nascida possui exatamente isso: Uns 3% de Consciência livre, não enfrascada entre nenhum Ego. A porcentagem de Essência, manifestada em uma criança, é AUTOCONSCIENTE.

Como um recém-nascido veria os adultos: seus pais, seus irmãos, seus parentes? Da mesma forma que você vê um “maloqueiros”, assim e não de outra forma. Mas veja como os adultos se sentem mesmo com a autoridade para educar a criança (eles acreditam que eles podem educá-las). A criança, por sua vez, se sente mal, completamente mártir, vítima daqueles “maloqueiros” que querem ensiná-la.

Ela os vê de seu próprio ângulo: está desperta, percebe os agregados psíquicos de seus pais, seus parentes, seus irmãos. Também costuma perceber seus próprios Agregados, que entram e saem do recinto, que dão voltas ao redor do berço, etc…

Às vezes, as visões são tão aterrorizantes que a criança não consegue evitar o choro de terror; os genitores, os pais não entendem essas “ocorrências” do bebê. Às vezes eles vão ao médico; na pior das hipóteses, eles vão em busca dos espíritas para ver se há algum espírita ou médium que possa resolver o caso. Esse é o estado incomum em que vive a humanidade sofredora!

Em todo caso, a pobre criança é vítima de todas aquelas loucuras dos adultos. Ela, com paciência, não tem mais nada a fazer senão suportar o chicote dos algozes. Essa é a crua realidade dos fatos!

Mais tarde, quando a Personalidade humana está realmente formada, todos os agregados psíquicos e inumanos que pertencem a ela começam a entrar (no corpo da criança). Em seguida, mudanças são notadas na criatura: torna-se “birrenta”, irritante, ciumenta, zangada, etc., etc., etc., e muitas outras coisas. Isso é lamentável, certo? Mas é assim.

E, finalmente, quando aquele que era criança se torna adulto, as coisas mudam: ele não é mais aquela criança brincalhona e autoconsciente de outros tempos; não, agora ele é o patife da cantina, o empresário, o homem lascivo, o homem ciumento, etc., e em suma, ele se tornou o que a criança estava olhando com horror.

É claro que a criatura ficou horrorizada ao ver o adulto; agora a criança se tornou adulta, e o pior é que sua CONSCIÊNCIA ADORMECEU, ela não consegue mais se olhar com horror…

Na verdade, irmãos, cada um dos agregados psíquicos que surgem em nós, tem certos compromissos. Poderíamos dizer, sem exagero, que o ladrão (por exemplo) carrega dentro de si um covil de ladrões, cada um com compromissos diferentes, em dias, horários e lugares diferentes; que o fornicador impenitente carrega dentro (para coroar tudo) um bordel; o assassino, obviamente, tem em sua psique um “clube de assassinos” (claro que cada um desses, no fundo, tem seus compromissos); o comerciante, dentro, mantém um mercado, e assim por diante…

Mas, como nosso próprio destino é tecido e não tecido? Gurdjieff falou muito sobre a LEI DA RECORRÊNCIA. Ouspensky, Collins, Nicoll, etc., comentaram sobre essas afirmações. Mas nós, no campo da pesquisa, fomos além. Conhecemos profundamente a mecânica viva da Lei de Recorrência, e isso é muito importante…

Um sujeito X-X, por exemplo, que em uma existência passada foi, digamos, um adúltero (que havia deixado sua esposa por outra senhora), é claro que, ao renascer, traz em seu psiquismo o Eu do adultério, o mesmo que cometeu o crime. Este, não conseguirá se expressar nos primeiros anos de infância, impossível!

Se o evento foi aos 30 anos, por exemplo, sem dúvida o Eu desse adultério aguardará no fundo da psique (dentro do terreno do sub-humano, nas Esferas Subjetivas), para atingir a conhecida idade dos famosos 30 anos. Quando chegar essa idade, aquele Eu ressurgirá (do fundo) com muita força, agarrará o Intelecto e o Centro Emocional, e o Centro Motor-Instintivo-Sexual da Máquina, para ir encontrar a senhora dos seus sonhos…

Antes, ele terá estado em contato telepático com o Ego daquela senhora; eles podem até ter se encontrado em qualquer lugar (talvez em um parque da cidade ou em uma festa). E é óbvio que o reencontro vem depois. Mas o interessante é ver como esse Ego submerso pode puxar o Intelecto, mover os Centros Emocional e Motor da Máquina, e levar a Máquina, precisamente, ao lugar onde deve encontrar a senhora dos seus sonhos. Mas, inevitavelmente, o mesmo processo acontecerá, e a cena se repetirá, exatamente como aconteceu.

Suponhamos que um cavalheiro X-X em uma cantina tenha brigado no passado com outra pessoa, com outro homem, por este ou aquele motivo, possivelmente trivial. Você acha que pelo fato de o corpo físico deixar de existir, aquele Eu vai desaparecer? Pois não!; ele simplesmente continuará na Dimensão Desconhecida.

Mas quando o Ego renasce, quando retorna, quando retoma um novo corpo, chegará o momento em que poderá entrar em atividade; irá aguardar a idade em que o evento ocorreu na existência passada. Se foi aos 25 anos, vai esperar por aqueles conhecidos 25; ele permanecerá no fundo da psique (enquanto isso), e quando chegar a hora, ele obviamente agarrará os Centros da Máquina para repetir a “façanha”…

Antes, ele terá feito contato telepático com o outro sujeito X-X, e eles terão se encontrado, possivelmente em outra cantina. Lá, ao se olharem, eles se reconhecerão pelos rostos, se machucarão com palavras e o evento se repetirá…

Você vê, então, como abaixo de nossa zona de consciência e de nossa capacidade de raciocínio, diferentes compromissos são assumidos. É assim que funciona a Lei da Recorrência, essa é a mecânica de tal Lei.

É claro que, olhando as coisas desta forma e desta maneira, não temos realmente o que poderíamos chamar de “LIBERDADE TOTAL”, “LIVRE ARBÍTRIO” (a margem que temos do livre arbítrio é muito pequena). Imagine um violino em uma caixa. A pequena margem que pode existir entre o violino e a caixa, quase mínima, daria uma ideia da pequena margem de liberdade que possuímos.

Na verdade, estamos na mecânica da Lei de Recorrência, e isso é realmente lamentável…

Um homem é o que é sua vida; Se um homem não trabalha sua própria vida, ele está perdendo seu tempo miseravelmente. Como podemos nos libertar da Lei da Recorrência? Bem, TRABALHANDO NOSSA PRÓPRIA VIDA.

Inquestionavelmente, nossa própria vida é feita de comédias, dramas e tragédias. A comédia é para comediantes; dramas para pessoas normais e comuns; e tragédias para os ímpios…

Nos mistérios antigos, nenhum trágico era aceito. Ele era conhecido por ser punido pelos deuses, e obviamente o Guardião o rejeitava com a ponta da espada…

Que precisamos DISSOLVER OS EUS isso é lógico! Esses são os “atores” das comédias, dramas e tragédias. Poderia haver comédia sem comediantes? Poderia haver um drama sem atores? Você acha que uma tragédia sem tragédias, sem atores, poderia acontecer em qualquer palco do mundo? Obviamente não, certo? Portanto, se quisermos mudar nossa própria vida, o que devemos fazer? Não temos escolha a não ser dissolver os “atores” de comédias, dramas e tragédias.

E quem são esses “atores”, onde moram e por quê? Digo-vos, na verdade, que estes “atores” são  do tempo, na realidade, cada um desses “atores” vem de tempos remotos.

Se dizemos que “o Eu é um livro de muitos volumes”, estamos assegurando uma grande verdade; se afirmamos que “o Ego vem de muitos (ontens)”, é verdade. Assim, O EGO É O TEMPO, os Eus personificam o tempo: São os nossos próprios defeitos, os nossos próprios erros, contidos no relógio do tempo; eles são a poeira dos séculos, no fundo de nossa psique.

Quando se conhece a didática precisa, para a dissolução daqueles elementos indesejáveis que se carrega dentro, obtém-se incomum progresso. É indispensável, urgente, inevitável, saber exatamente a didática. Só assim é possível a desintegração daqueles elementos indesejáveis que carregamos dentro…

Em alguma ocasião, um iniciado nasceu na Atlântida. Aquele homem se desenvolveu em um lar encantador, onde apenas reinava harmonia, amizade, a Sabedoria, riqueza, a Perfeição, Amor. Mas chegou o momento em que aquele homem, através das várias técnicas e disciplinas da Mente, alcançou a autodescoberta. Então, com horror, ele percebeu que carregava dentro de si elementos abomináveis; Ele entendeu que precisava de uma “ginásio” especial, um GINÁSIO PSICOLÓGICO, e é claro que naquele ambiente de perfeições, tal “ginásio” não existia.

Ele não teve escolha a não ser deixar a casa, a casa de seus pais, e se instalar lá, nos subúrbios de qualquer cidade atlante (ele criou para si mesmo, o Ginásio Psicológico, um “ginásio” que lhe permitiu autodescobrir o seu defeitos). Claro, ele desintegrou os agregados psíquicos e se libertou.

Na verdade, meus estimados irmãos, as piores adversidades nos oferecem as melhores oportunidades. Chegam-me constantemente cartas de diversos irmãos menores do Movimento Gnóstico Internacional: Alguns se queixam de sua família, de seu pai, de sua mãe, de seus irmãos menores; outros protestam contra as mulheres, contra as crianças; falam com horror do marido, etc., e naturalmente pedem um bálsamo para confortar o dolorido coração…

Até agora, entre tantas cartas, não vi uma (nem mesmo) de alguém que se sinta feliz com tais situações adversas. Todos protestam, e isso é lamentável. Eles não querem o ginásio psicológico; em vez disso, gostariam de fugir disso, e para mim (como Instrutor) isso não pode me causar menos do que dor. Digo: “Pobres, não sabem aproveitar o Ginásio Psicológico, querem um Paraíso, não querem entender a necessidade da adversidade, não querem aproveitar o pior oportunidades; autodescoberta!”…

Quando você quer se conhecer, obviamente você precisa de GINÁSIOS RUDES. Porque é nesses “GINÁSIOS DE DOR” que surgem inevitavelmente os defeitos que se escondeu. O defeito descoberto em tais situações deve ser trabalhado profundamente e em todos os níveis da Mente. Quando alguém, na verdade, entendeu este ou aquele erro psicológico, certamente está pronto para a DESINTEGRAÇÃO.

Os solteiros, uma vez que eles não têm o Vaso Hermético, obviamente também não podem trabalhar na Nona Esfera. Mas eles podem, em qualquer caso, apelar a DEUS-MÃE, a STELLA MARIS (VIRGEM DO MAR), àquele Fogo vivo e filosófico que está latente em toda matéria orgânica e inorgânica (“KUNDALINI”, é chamado no Indostão)

Se você apelar para esse tipo de energia, se concentrar seu coração e sua mente e seus sentimentos mais profundos nisso, você será auxiliado. Tenho certeza que este PODER ÍGNEO, poderá REDUZIR À CINZAS, à poeira cósmica O AGREGADO PSÍQUICO em questão.

Ora, convém saber que o Poder Anular Serpentino que se desenvolve no corpo do asceta gnóstico multiplica seu poder por meio da Força Eletro-Sexual, justamente na FORJA DOS CICLOPES.

Por todas essas razões, a mulher que tem um homem, ou o homem que tem uma Sacerdotisa ou uma mulher, será capaz de trabalhar realmente, e completamente, precisamente durante a Cópula Química, então apenas a concentração adequada em Devi Kundalini é suficiente (ela é a Cobra Sagrada dos antigos Mistérios), e claro, reforçada com a Força Elétrica do sexo, com a Eletricidade Sexual transcendente), ela pode, na verdade mesmo, aniquilar, pulverizar, reduzir à cinzas, muito rapidamente, qualquer agregado psíquico inumano que já tenhamos compreendido.

Em todo caso, meus estimados irmãos, antes de mais nada, é preciso descobrir o defeito que vamos reduzir a pó. Tal defeito não poderia ser descoberto, se não usássemos o sentido de AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA.

Qualquer situação adversa nos oferece oportunidades muito ricas. Infelizmente, as pessoas querem fugir de situações adversas; Elas protestam, em vez de agradecer ao Pai por tais ocasiões brilhantes. Existem Ginásios Psicológicos que são difíceis, muito difíceis, extremamente difíceis (impossíveis ou quase impossíveis), porém, QUANTO MAIS DIFÍCIL FOR O GINÁSIO, MELHOR PARA A AUTO-DESCOBERTA.

Suponha que tenhamos que passar por uma situação de ciúme. Esse alguém, X-X, de repente encontrou sua esposa, falando muito baixo, baixinho, em qualquer canto da casa, com outro sujeito. Nada  agradável então, esse acontecimento, não é? Mas ótimo para autodescoberta! Possivelmente, durante o evento, não só surgirá o ciúme; possivelmente haverá raiva (reclamações para a mulher), talvez “rancor”; o Eu do amor-próprio poderia ter se sentido magoado, ofendido, porque ama muito a si mesmo. Enfim, o que fazer?

Muito calmo, à noite, deitado em nossa cama em decúbito dorsal (ou seja, de face para cima), com o corpo relaxado, com os olhos fechados, respirando ritmicamente, A CENA deve ser RECONSTRUÍDA, exatamente como aconteceu.

A seguir, visualizando, COLETAREMOS DADOS PSICOLÓGICOS: Encontraremos o Eu do ciúme, como causa primeira; segundo, o de uma raiva tremenda; terceiro, o do amor-próprio, mortalmente ferido. Uma vez descobertos esses três que entraram em ação, eles terão que ser “trabalhados” imediatamente, terão que ser dissolvidos. Uma vez compreendido, não há escolha a não ser reduzi-los à cinzas. Em qualquer caso, o trabalho será iniciado imediatamente, já NA NONA ESFERA, OU POSSIVELMENTE SOZINHO…

Claro, é disso que estou falando, nesses momentos ninguém quer trabalhar na Nona Esfera; fica tão ofendido que a única coisa que lhe convém seria um bom banho e um quilo de sabonete, para ver se assim passa. Mas se, apesar de tudo, ele conseguir ter um pouco de autocontrole para trabalhar na Forja dos Ciclopes, tanto melhor.

Este é o procedimento: invocar, precisamente, durante a relação química, à Kundalini Shakti; implorar, primeiro, que elimine aquele monstro nojento do ciúme; segundo, depois de ter trabalhado completamente com o ciúme, continue aí com a raiva (você tem que refletir sobre a raiva, não sobre a raiva em abstrato, mas sobre a raiva específica, como aquela que sentimos ser naquela cena de ciúme); É necessário suplicar à  KUNDALINI-SHAKTI, para tornar pó tal monstro; terceiro, o do amor-próprio.

Certamente as pessoas se amam demais; Esse Eu de amor-próprio está profundamente enraizado em todo o mundo: se nos dão um tapinha no ombro, sorrimos deliciosamente; se nos dizem uma palavrinha humilhante, ficamos sérios e terríveis. Esse Eu do amor-próprio deve ser aniquilado; É nesse terceiro que deve ser carregado, naquele momento, todo o Poder da Divina Shakti.

CONTINUE NOS DIAS OU NOITES SEGUINTES O MESMO TRABALHO, até que os três “colegas” de tal cena fatal sejam aniquilados…

Mas, você vê, é da VIDA PRÁTICA que devemos obter o material para a destruição do Ego. Vejo que os irmãos têm tendência (pelo que ouvi, agora) de fugir da vida prática; eles querem dissolver o Ego fugindo da vida prática, o que é manifestamente absurdo.

Lembro-me, quando estava na Obra de dissolução do Ego, que em certa ocasião um filho meu cometeu um erro absurdo. Tal engano, que foi atropelar com seu carro outra pessoa, um trabalhador, certamente me custou uma certa quantia (uma “mordida”, entre parênteses, tive que dar a “mordida”), uns 2.000 pesos para o trabalhador ferido e outra quantia para a polícia. Assim, evitei que aquele pobre garoto fosse para a cadeia.

Mas a questão não termina aí. A realidade é que quando tive que ir cancelar a dívida, aquele filho, em vez de agradecer, protestou com certa violência. Ele não concordou que eu desse aqueles 2.000 pesos ao trabalhador pobre e infeliz, mas me pareceu justo que eu desse a ele, e eu dei a ele.

No protesto havia palavras, senão de caráter grotesco, mas bastante ingrato. Não senti raiva, pelo fato de tê-la dissolvida; alguma dor no coração, sim. Imediatamente me entreguei à meditação, para saber em que consistia aquela dor que havia sentido em meu coração, e pude constatar, com clareza, o grosseiro realismo de um Eu de amor-próprio ferido…

Como tenho o sentido de Auto-observação psicológica bem desenvolvido, não foi difícil para eu perceber, de forma direta, tal Eu (certamente o encontrei tomando banho muito feliz, em um pátio com esgoto). Eu imediatamente lancei algumas cargas de Eletricidade Sexual Transcendente, contra o infeliz. Trabalhei alguns dias e por fim foi diminuindo aos poucos (até tomar a forma de uma criança), e foi diminuindo, até virar poeira cósmica…

É assim que vocês trabalham, meus estimados irmãos. Mas de onde consegui o material para trabalhar? De um fato concreto claro e definitivo. Mas vejo nos irmãos a tendência para fugir, para fugir dos fatos práticos da vida, e isso é absurdo, totalmente absurdo.

Em outra ocasião (e gosto, entre parênteses, de dar exemplos vívidos, para efeito de orientação coletiva), fiquei muito comovido com uma certa irritabilidade, pelas palavras daquele filho, que certamente não eram muito bonitas. Sempre mantive o controle da minha mente e nunca “explodi”, nunca rasguei minhas roupas. Na verdade, foi um triunfo, mas não há dúvida de que lá, lá no fundo, houve algumas reações desagradáveis.

Quando explorei aquilo com o sentido de Auto-observação psicológica, com grande espanto descobri um Eu muito forte, muito robusto, bastante rechonchudo por sinal, peludo como um urso, caminhando pelo corredor de minha velha casa senhorial… “Ah, como você estava escondido, condenado – eu disse a ele – agora vou fazer “picadinho”; Você não pode mais comigo!”…

Conclusão: Eu apelei para Devi-Kundalini Shakti. Conforme eu trabalhava nele, ele perdeu aquele volume monstruoso, tornou-se didaticamente menor e, à medida que ficava menor, também ficava mais bonito. Enfim, ele parecia uma criança muito bonita, até que um dia a Divina Mãe Kundalini, vejam, “fez picadinho dele, ela o decapitou…

A verdade, então, é que foi posteriormente reduzido a pó, não havia mais nada dele. Mas sim: dediquei-me totalmente a eliminá-lo, trabalhando dia e noite, a qualquer hora e a qualquer momento, até que ele deixasse de existir…

O sentido de Auto-observação psicológica se desenvolve, e se desenvolverá em cada um de vocês, à medida que o usar (não se esqueça que o sentido que não é usado se atrofia). Chegará o dia em que o sentido de Auto-Observação psicológica em você terá se desenvolvido de tal forma que você será capaz de perceber, como eu, tais agregados psíquicos indesejáveis. Ainda mais: você será capaz de perceber o resultado do trabalho em tais agregados…

Em nome da verdade, devo dizer-lhes que, assim como há uma Lua no céu, também, meus queridos irmãos, há uma LUA PSICOLÓGICA dentro de nós.

Assim como a Lua que brilha no céu tem DUAS FACES (a que se vê e a que não se vê), também dentro de nós, a Lua Psicológica tem dois aspectos: A que é visível a olho nu, através o sentido de Auto-observação psicológica e aquilo que não é visível a olho nu (o oculto, o desconhecido, o incógnito). No entanto, essa última se torna visível quando o Sentido Psicológico foi desenvolvido ao máximo.

Acho que os irmãos estão entendendo, bem, todos essas coisas, acho que estão entendendo…

Agora você tem que lançar toda a carga contra os agregados psíquicos da parte visível de sua Lua Psicológica. Muito mais tarde, com o tempo, terão que se lançar, com a lança em punho, contra os elementos indesejáveis da Lua Negra (esses que não são vistos ainda).

Muitos santos conseguiram aniquilar os agregados psíquicos da parte visível de sua Lua Psicológica, mas nunca souberam nada sobre os elementos indesejáveis do outro lado de sua Lua e, embora tenham mergulhado no Nirvana, ou no Mahaparanirvana, tiveram que retornar mais tarde, continuar seu trabalho com a face oculta de sua Lua Psicológica.

Em todo caso, seja o aspecto meramente visível da Lua Psicológica, ou o oculto, os “elementos” para o trabalho devem ser encontrados nos fatos concretos da vida prática. Portanto, não fuja, NÃO TENTE ESCAPAR DA VIDA REAL. Devem ser mais práticos, se realmente querem desintegrar o Ego.

À medida que o fazem, à medida que os agregados psíquicos são pulverizados, a Consciência, a Essência engarrafada entre eles, gradualmente se emancipará. Essa é a forma de cristalizar em nós aquilo que se chama “Alma”.

Todos vocês terão que passar por grandes crises morais. Isso não é uma questão de mero intelecto, não. Não se trata de simples demagogia, nem de vãs verborragias insubstanciais de conversas ambíguas, não! Repito o que já disse, ainda que me canse: que “se a água não ferver a cem graus, o que se tem que cozinhar não se cozinha e não se desintegra o que tem que se desintegrar”. Assim, se não passarmos por crises emocionais terríveis, esses Eus não se desintegram.

Quando descobri precisamente o Eu do amor-próprio, que estava muito escondido nas dobras mais profundas da minha psique, senti uma grande dor, tive que passar por uma grande crise emocional (sofri muito, e muito, e me arrependi de verdade. Então consegui que Devi Kundalini Shakti, pulverizasse um elemento tão indesejável).

E quando descobri que havia, lá fora, um demônio muito perverso que sentia raiva, e que vinha de tempos muito antigos, sofri o indizível, passei por crises emocionais horríveis, tive vergonha de mim mesmo, pedi que Devi-Kundalini Shakti pulverizasse aquele elemento abominável psíquico…

Portanto, não fuja; os elementos indesejáveis vocês encontrarão no campo da vida prática. Tudo o que é necessário é estar alerta e vigilante como um vigia em tempos de guerra.

Estamos conversando, sim, estamos conversando, mas talvez que palavras estou dizendo? Portanto, temos que estar alertas com nossas palavras.

Temos emoção? Sim, temos; Que tipo de emoções? Talvez estejamos entusiasmados com algum “Tango”, ou com vontade de cantar as canções de Carlos Gardel…

Que tipo de emoções nós temos? Elas são boas ou más? Serão emoções altas ou apenas emoções inferiores? Isso de sair de uma festa, então, movidos por emoções inferiores, dançar algo meramente profano, o que isso indica?

Então, nos fatos da vida prática devemos nos descobrir. As emoções inferiores acusam, indicam Egos emocionalmente inferiores, que devem ser desintegrados. Se não retirarmos, não sangrarmos (com a FACA DA AUTO-CRÍTICA) as emoções inferiores, não será possível que o CENTRO EMOCIONAL SUPERIOR se desenvolva em nós, tão necessário, justamente, para receber as mensagens que chegam dos Mundos Superiores.

Assim que é na vida onde devemos nos autodescobrir. Temos que perseguir nossas próprias palavras, nossos próprios pensamentos, nossas próprias ideias…

De repente vem à mente um pensamento lascivo, uma cena mórbida? Você acha que vem “porque é assim mesmo”? O que isso indica? Não há dúvida de que por trás desse nefasto “cinema” da Mente, depois daquela procissão de formas mórbidas, atua algum Eu de luxúria.

Sim, existem Eus de luxúria que assumem os “rolos” que carregamos no cérebro, “rolos” de memórias, de formas apaixonadas em nós. O Ego projeta o cinema, projeta esses “rolos” na tela do entendimento. Se alguém se identifica com essas cenas mórbidas, também fortalece esses Eus.

Portanto, se em um desses momentos somos assaltados por pensamentos deste tipo, é essencial invocar a Divina Shakti-Kundalini, para que com seu Poder Extraordinário Flamejante, reduza a pó esse Eu.

Se não procedermos desta forma, se antes nos identificarmos com eles, se as cenas de luxúria nos encanta, então, em vez de tal Eu ser dissolvido, ele será extraordinariamente fortalecido.

Cada um de nós tem sua Consciência engarrafada entre todos esses “personagens” dos diferentes dramas, comédias e tragédias da vida; cada um de nós tem a Consciência engarrafada entre os Egos. Bem, vamos reduzir esses Egos a pó, e a Consciência estará livre! UMA CONSCIÊNCIA LIVRE é uma Consciência Iluminada; é uma Consciência que pode ver, ouvir, tocar e sentir as grandes realidades dos Mundos Superiores; é uma Consciência Onisciente e Divinal.

No dia em que você tiver aniquilado completamente o Ego, a última coisa que você terá que aniquilar será o quê? OS GERMENS DO EGO. Uma vez que o Ego está morto, os germes permanecem, são terrivelmente malignos. Esses germes também devem ser desintegrados, reduzidos à cinzas…

Precisamos tomar posse de nós mesmos, se queremos ser Reis e Sacerdotes da Natureza, de acordo com a Ordem de Melquisedeque. E não poderíamos tomar posse de nós mesmos, enquanto a Consciência continuasse presa entre os vários elementos indesejáveis da psique.

A Consciência que se apossou de si mesma é uma Consciência livre; uma Consciência que tomou posse de si mesma é admitida na Ordem de Melquisedeque; é uma consciência onisciente, iluminada e perfeita; e é disso que precisamos.

No dia em que vocês tiverem, digamos, a CONSCIÊNCIA ILUMINADA, o dia em que vocês realmente se tornaram livres, esse dia também terão cristalizado aquilo que se chama “Alma”, serão todo Alma; até mesmo seus corpos físicos se tornarão Alma; eles serão carregados com Atributos e Poderes Cósmicos (Poderes que Divinizam)…

Ensinei-lhes hoje, então, uma DIDÁTICA PRÁTICA, através de uma DIALÉTICA DEFINITIVA, e neste preciso momento vamos entrar em meditação. Mas primeiro, é preciso saber no que vamos trabalhar; caso contrário, não faria sentido o que vamos fazer.

Já que penso que vocês são pessoas que lutam pela autodescoberta, é óbvio que estarão trabalhando neste ou naquele erro psicológico…

Existe algum de vocês que ainda não sabem no que vão trabalhar? É possível que haja aqui, neste grupo, um irmão que não se ocupe em desintegrar algum defeito? Se sim, gostaria de conhecê-lo… Qual deles?…

Discípulo. Tenho alguns nos quais estou trabalhando, mas especificamente gostaria de perguntar em qual deles eu trabalharia. Porque essa questão me preocupa. Na vida prática, vemos um e outro e outro defeito e ficamos confusos sobre em qual trabalhar. Peço que me diga com qual você trabalharia…

Mestre. Em qual você está trabalhando?

D. Eu estava tentando trabalhar na fornicação, luxúria, sobre a raiva, sobre o medo, sobre muitos, mas então fico confuso.

M. Mas, sobre qual deles está trabalhando especificamente? Vejo que você é um homem sábio e, portanto, é óbvio que já especificou seu trabalho.

D. Eu queria trabalhar mais com a luxúria. Mas, de acordo com um também.

M. Bom, esse é o “pecado capital”; bem sabe…

D. Então, eu fiquei confuso e não queria que ficasse nenhuma dúvida e então…

M. O da luxúria é “capital” e se trabalha durante toda a vida, porque existe o “pecado original”, a raiz de todos os defeitos, mas você sempre terá que trabalhar nisso em associação com alguns outros. Trabalhe a raiva, mas a luxúria também. Trabalhe a inveja, mas a luxúria continua. O orgulho surge, mas a luxúria continua… Isso é “capital”.

D. Estando na mesma meditação, faz tudo isso; recorda tudo isso?

M. Esse de “o que se recorda” “soa” para mim incoerente, vago, impreciso, inodoro, insípido, sem substância, sem cor… Vamos pensar exatamente: que falha você acabou de descobrir na sua vida prática? Se você está alerta e vigilante, como a vigia em tempos de guerra, deve ter descoberto algum defeito. Qual você acabou de descobrir? Em que situação você se encontra agora?

Você teve alguma palavra de raiva? Você teve algum impulso lascivo? Qual foi a última que você descobriu? Em que situações você estava: foi em casa, foi em um bar? Onde foi? O que aconteceu com você ou você está dormindo?

D. Eu descobri o da raiva.

M. Um acesso de raiva… (Bem, eu gosto que você seja sincero, sabe?) Tudo bem. Bem, é isso que se deve fazer: viver alerta e vigilante, como vigia em tempos de guerra. Para onde foi a raiva? Qual foi o momento? Você pode reconstruir a situação? Você consegue visualizar o momento em que sentiu raiva? Você consegue?

Bom, se você consegue se visualizar lembrando de como foi, agora VAMOS TRABALHAR Nisso. É de FATOS CONCRETOS, que vamos começar. Não partimos de fatos vagos, incolores, insípidos, inodoros, insubstanciais, não; partimos de fatos concretos, claros e definitivos. Vamos ser cem por cento práticos.

Reconstrua, visualize aquela cena de raiva, e sobre isso você vai trabalhar agora, em meditação. Vamos ver irmão…

D. Mestre, o que acontece quando alguém descobre um defeito que está te atacando, por exemplo, de raiva, e você implora a sua Divina Mãe para ajudá-lo a eliminá-lo?

M. Bem, de que situação você começou? Quando isso aconteceu, em que rua, em que número de casa? Eu quero fatos; não venha a mim com imprecisão!

D. Aconteceu ontem, precisamente, com um ataque de raiva, porque eu queria ouvir a sua conferência. Mas então esse anelo que eu tenho se sentiu ferido, certo? Porque minha esposa não queria ir e então eu me surpreendi. Mas naquele mesmo momento implorei à minha Divina Mãe e acusei-o, mas não sei se consegui algo com… Ainda que seja lhe cortar a cabeça…

M. Bem, a coisa é boa, sabe? Vamos ser mais práticos: você “ficou com raiva” de sua pobre esposa; mas você já sabe por que ficou “bravo”?

D. Porque ela não me deixou ir à conferência.

M. É por isso… Bom, então havia raiva, não te deixou ir a conferência… O que se sentiu magoado naquele momento?

D. Meu orgulho…

M. Bem, então existem dois defeitos; há a, raiva e outro, o orgulho. Sobre esses dois Eus você vai trabalhar agora, concretamente, praticamente. Aquele pedido que você fez, no momento, está bom, mas foi um pouco rápido… Você já refletiu sobre isso, você reconstruiu a cena? Quantas horas você ficou na cama, com o corpo relaxado, tomando consciência do que aconteceu?

O que você poderia dizer exatamente?

D. Bem, foi uma petição imediata e rápida que fiz…

M. É muito superficial, precisamos ser mais profundos! A água que corre turva, é água rasa; precisamos de águas profundas. Os poços, digamos, a lama rasa à beira da estrada, secam ao sol e viram pântanos, cheios de podridão e insetos. Mas nas águas profundas, onde vivem os peixes e há vida, são diferentes. Nós NECESSITAMOS SER MAIS PROFUNDOS. Quantos horas você ficou na meditação, reconstruindo a cena?

D. Bem Mestre, deixei para hoje… [Risos].

M. Estão engraçados hoje, sabe?… Sabe, vamos lá trabalhe contra o Eu da raiva e contra o Eu do orgulho. Vamos ver irmão, você que está aí na último canto, fala…

D. Mestre, gostaria que você expandisse o tópico sobre o Traço Particular, que tenho até agora… …uma meditação sobre a morte do Eu, mas não está muito claro sobre isso. Mais ou menos tentei entender, mas gostaria de ouvir algo mais profundo sobre o Traço Particular.

M. Sim, o TRAÇO PSICOLÓGICO PRINCIPAL é muito fundamental, porque quando o conhecemos, trabalhamos nele, e então a desintegração do Ego se torna mais fácil. Mas vou te contar uma grande verdade: antes de nos auto explorarmos, para conhecer o Traço Psicológico Principal, devemos TER TRABALHADO muito (PELO MENOS CINCO ANOS, pelo menos), porque não é tão fácil poder descobrir seu Traço Psicológico Principal.

Na verdade alguém, em sua própria Personalidade, tem conceitos errados. A pessoa vê sua Personalidade por meio da FANTASIA; a pessoa pensa, sobre si mesma, sempre da maneira errada. Em vez disso, outros às vezes podem nos ver melhor; mas alguém, sobre si mesmo, tem conceitos totalmente falsos.

Não se poderia descobrir sua Principal Característica Psicológica, enquanto não tiver eliminado uma boa porcentagem de agregados psíquicos inumanos. Portanto, se você deseja conhecer o Traço Psicológico Principal, deve trabalhar pelo menos cinco anos.

Depois de uns de cinco anos, podemos nos dar ao luxo de usar o Sistema Retrospectivo, para aplicá-lo tanto à nossa vida atual, presente e às nossas vidas anteriores. Então veremos, para nosso grande espanto, que repetidamente cometemos o mesmo erro. Vamos descobrir um EU-CHAVE, que em toda existência sempre cometeu os piores erros e que sempre é especificado por um determinado crime; e esse tem sido o eixo de todas as nossas existências anteriores.

Mas, obviamente, para praticar este Exercício Retrospectivo com certa lucidez, é necessário ter eliminado, primeiro, muitos “Eus”. De maneira alguma eu poderia acreditar que o Traço Psicológico Fundamental poderia ser descoberto, se não houvesse usado o Sistema Retrospectivo de maneira inteligente. Mas para usá-lo realmente, com lucidez, também precisamos ser sinceros. Quando a consciência está muito enfrscada entre os Eus, não há lucidez. Portanto, o Exercício Retrospectivo, nessas condições, é incipiente, senão fantástico ou equivocado. Esse, então, é o meu conceito. Vamos ver, irmão, você fala…

D. Mestre, por exemplo, em dois eventos que desde a manhã até este momento, tive… …especificamente uma reação, digamos, quando vejo dois irmãos, eu sinto uma certa reação. Mais tarde, em outro evento, outra reação que obedece a certos Eus. Na meditação, devo me dedicar aos dois Eus, ou apenas a um?

M. Bem, na meditação de hoje, dedique-se a um, ao primeiro. Depois você se dedica ao outro. Agora, para o trabalho, para fins de trabalho, dedique-se ao primeiro.

D. E outra pergunta, para que esse Eu, esse evento que ficou de fora desta meditação, não “engordar”, o que devemos fazer?

M. Você deixa para outro momento, mas se não quiser que ele “engorde”, não dê mais comida e você vai ver que ele fica magro.

D. Mestre, você nos ensinou que devemos tem uma ordem e uma precisão para a eliminação de defeitos, mas não sei, tem algo que não consigo compreender, quando nos diz que “defeito deve ser compreendido e eliminado” … entendo que deve haver um sucessão do trabalho e isto eu te pergunto, porque muitos defeitos se manifestam durante o dia, digamos que pela manhã a luxúria teve uma chance; saiu do tabuleiro e o orgulho saltou. Desceu a rua e jogaram o carro nele, e ele percebeu a raiva; então…, sim, uma sucessão de fatos e manifestação de defeitos. É talvez por isso que nos entendemos mal quando procuramos um Traço Psicológico? Como poderíamos entender isso e exatamente o que poderia ser trabalhado, Mestre?

M. Você tem que ter ordem no trabalho, é claro que sim, estou de acordo. Mas em qualquer caso, então, quando a noite chegar, com seu corpo relaxado, é claro, você irá praticar o Exercício Retrospectivo sobre toda a sua existência ou existências anteriores, pelo menos, sim sobre o dia. Então você vai visualizar, reconstruir os acontecimentos do dia. Depois de reconstruído, numerado, devidamente classificado, irá proceder ao trabalho: Primeiro um evento, ao qual pode dedicar, digamos 15 minutos, 20, outro evento ao qual pode dedicar meia hora; outro, ao qual você pode dedicar 5 minutos; outro, ao qual você pode dedicar 10 (tudo depende da gravidade dos eventos). Assim que, já ordenamos, podem trabalhá-los à noite com tranquilidade e ordem.

D. E ao eliminá-los, eliminar todos esses…?

M. Também em ordem; porque em cada trabalho sobre tal ou qual evento, entra os fatores de Descoberta, Processamento e Execução. A cada “elemento” você aplica os três instantes, que são: DESCOBERTA (quando você descobriu); COMPREENSÃO (pois, quando você entendeu); EXECUÇÃO (com a ajuda da Divina Mãe Kundalini).

Assim se trabalha, porque se você vai trabalhando, pense em como as coisas vão ficar para você! (Se vai colocar um nível muito acima, “alto”). Porque realmente vos digo (ou vou repetir aquela frase de Virgílio, o Poeta de Mântua, em sua divina “Eneida”): “Mesmo que tivéssemos – diz ele – mil línguas para falar e um palato de aço, não chegaríamos a listar todos os nossos defeitos completamente”…

Então, se você decidiu trabalhar um defeito por dois meses, outro defeito, mais dois meses, e se houver milhares de defeitos, quando é que você vai acabar com todos eles? Além disso, um defeito está associado a outro e o outro está associado a outro. Raramente aparece um único defeito; sempre um defeito está associado a outro. Então você tem que trabalhá-los em ordem, mas devidamente classificados e diariamente, até ter sucesso.

D. Mestre, o senhor também nos falou sobre a “desordem da casa”, da “mansão”, mas Mestre Gurdjieff também fala sobre “a desordem da casa” e fala sobre um “Mordomo Interino”, um amo, certo? Uns Eus que gostam do trabalho e outros Eus que não gostam do trabalho. Para formar um Centro de Gravidade permanente, como podemos entender isso?

M. Bem, francamente, isso de “MORDOMO MAIOR”, tão citado por Nicoll e Gurdjieff, e Ouspensky… …Collins e outros, pois me parece bobo, NÃO TEM NENHUM VALOR. De minha parte, nunca, eu, ou melhor, Este que está aqui dentro (o que dissolveu o ego e o reduziu a pó), nunca usei, certamente (e digo-vos com sinceridade), aquele sistema do “Mordomo Maior”.

Que existem Eus úteis, isso é verdade (também existem os inúteis). Que existe o BOM EU, existem muitos, e também existem os ruins! É preciso desintegrar os bons Eus e os MAUS EUS também devem ser desintegrados; Os Eus úteis devem ser desintegrados e os Eus inúteis devem ser desintegrados.

Um dia, um amigo que tinha uma fábrica de calças, lá em El Salvador, me disse o seguinte:

Mestre, se eu desintegrar o Eu útil que faz calças em minha fábrica, quem continuará a fazer calças? Ah, eu vou falir, minha fábrica vai quebrar!…

Não se preocupe – eu disse – bom amigo. Se você desintegrar esse Eu, uma parte do Ser correspondente, habilidoso também em todos os tipos de artes, vai cuidar do trabalho de confecção de calças e vai torná-las ainda melhores… Meu amigo ficou satisfeito e continuou seu trabalho…

Os bons Eus fazem boas obras, mas não sabem fazer boas obras; fazem o bem quando não deveriam: dão esmolas a um maconheiro que vai comprar mais maconha; dão esmolas a um bêbado para que continue se embriagando; eles dão esmolas a um homem rico que pede esmolas e coisas assim. Os Eus do bem não sabem fazer o bem.

Em última análise, temos que lutar contra o bem e contra o mal, francamente. Em última síntese, temos que PASSAR MAIS ALÉM DO BEM E DO MAL, E EMPUNHAR A ESPADA DA JUSTIÇA CÓSMICA.

Afinal, o que chamamos de “bem”? (Vamos nos conscientizar disso que se chama de “bem”). “BOM” é tudo o que está em seu lugar; “MAU”, o que está fora do lugar. Por exemplo, o fogo, que está aqui agora, é bom, não é? Mas, que tal esse fogo queimando as cortinas ali, ou assando você vivo? Como isso pareceria para você? Você gostaria de se sentir transformado em tochas acesas? Creio que não. Bom, agora a água, ali naquele copo, está boa; na cozinha, pois serve para lavar louça e xícaras, ou ali, naquele chafariz, certo? Mas que tal a água inundando todos os quartos? Seria ruim, não é verdade?

Portanto, “BOM” é o que está em seu lugar e “MAU” é o que não está em seu lugar. Uma virtude, por melhor que seja, por mais sagrada que seja, se estiver deslocada, torna-se má.

Vocês gostariam, já como Missionários Gnósticos, de dar os Ensinamentos ali, em um bar? Vocês, como missionários gnósticos, iriam lá, em um bordel, para dar os Ensinamentos, ou iriam a um prostíbulo? Vocês gostariam? Eu acho que não, certo? E se vocês gostam, então eu não recomendo, porque seria “mau” e absurdo também.

Portanto, “BOM” é o que está no lugar e “MAU” é o que está fora do lugar. Então, no final do dia, as palavrinhas “bem” e “mal” estão se tornando obsoletas. Poderíamos antes dizer, “certo” ou “errado”.

Então o importante na vida é, digamos, dissolver os “Eus”, sejam eles “bons” ou “maus”, não importa!

Se de repente descobrimos um bom Eu que está dando esmola a um usuário de maconha para que ele continue se drogando, obviamente, descobrimos um bom Eu que devemos eliminar; um (bom) Eu caridoso, mas um defeito que deve ser reduzido à cinzas.

E se de repente descobríssemos, por aí, um Eu, querendo cair nas boas graças de amigos nobres, bebe e bebe de novo, o que diríamos? Que por humildade (porque aquelas pessoas são humildes) se trata do fulano compadre, que hoje fez a festinha de uma de suas filhas, como podemos desprezá-lo. Bom, vamos acompanhar o compadre com uns drinks e ele acaba ficando bêbado, está bom, por que somos muito humildes? Esse tipo de Eus devem ser destruídos; é um Eu aparentemente bom, mas deve ser destruído, deve ser aniquilado. Portanto, temos que aniquilar os Eus do bem e os Eus do mal; temos que lutar contra o bem e lutar contra o mal… Fala irmão…

D. E o Eu Gnóstico, quando…

M. Bem, vou lhe contar umas verdades, essa questão é um pouco “estranha”, sabe? Porque aqui não há ninguém que não tenha seu EU GNÓSTICO; o interessante é que esse Eu também deve ser eliminado e a pura Consciência Gnóstica deve permanecer. Porque o Eu Gnóstico se torna automático, mecanicista. REDUZA-O ÀS CINZA; torne-se consciente da Doutrina. Então, a Gnose já se desenvolve e se desdobra em você por convicção doutrinária consciente e não como um mero automatismo mecanicista… O Eu Gnóstico é mecânico. Mas a Consciência gnóstica é revolucionária, rebelde, terrivelmente divina… Vamos ver, irmão…

D. Mestre… …já que existe a oportunidade de estar com você e realizar essa experiência do trabalho sobre a destruição do Eu…

M. Bom, mas eu estou te dando uma “mãozinha”, certo? Estou dando as explicações que são fundamentais. Porque este trabalho de dissolução do Ego é algo muito, muito de cada um de nós; ninguém pode percorrer o caminho por você, só você pode percorrê-lo. A única coisa que posso fazer é mostrar-lhe o caminho e dar-lhe as instruções precisas. Isso é tudo. Vamos ver irmão…

D. Mestre, é uma boa técnica usar o Meditação da morte do Eu, dos defeitos que se tem nos sonhos?

M. Bom, vou lhe dizer uma coisa: Muitas cartas chegam para mim de pessoas que têm POLUÇÕES NOTURNAS. Quase todo mundo exige uma receita minha para se curar dessa doença dolorosa. E eu sempre lhes respondo que enquanto os Eus das poluções continuarem a existir neles, haverá poluções!

Suponhamos que um sujeito X-X tenha um sonho mórbido; Como consequência, então, vem uma polução noturna, o que fazer? Pois bem, no preciso momento de acordar, o Eu que produziu a polução terá que ser trabalhado. Você tem que apelar para Devi-Kundalini Shakti para desintegrá-lo; e será necessário continuar por um período de tempo trabalhando nisso, até que finalmente seja pulverizado.

Mas se outro dia surgir outra polução, o que isso significa? Que há outro Eu luxurioso que o produz. Então você tem que repetir a mesma coisa. E finalmente, o dia em que esse tipo de Eus não mais existirem, as poluções terão acabado. E essa é a única maneira de ser curado.

Agora suponha que durante o sonho descobrimo-nos, nos vimos em um sonho horrível lutando cheio de raiva contra outro…

Samael Aun Weor