B-19. Os Infernos

EVOLUÇÃO, INVOLUÇÃO E REVOLUÇÃO

Extratos do Trabalho de

Samael Aun Weor

Extrato do Livro:
SIM HÁ INFERNO, DIABO E CARMA

Capítulo XIV – Movimento Contínuo

Estimável auditório, distintos cavalheiros, honoráveis senhoras! Vamos conversar um pouco sobre o movimento contínuo.

De quando em quando, os “velhacos do intelecto” se preocupam com o movimento contínuo e é claro que a opinião pública se agita intensamente.

Sempre se quis inventar algum mecanismo que funcione perpetuamente; mas, isto não é possível devido ao gasto inevitável de materiais. É claro que, se as peças de uma máquina qualquer se desgastam, o Movimento Contínuo desaparece.

Algumas pessoas, tratando de descobrir a Lei do Movimento Contínuo, foram parar no manicômio.

Não podemos mais que rir ao contemplar tantos artefatos que não deram resultado algum. Que mecanismos engenhosos não inventaram os “velhacos do intelecto”? E, no entanto, o problema segue sem solução.

Nós, francamente, já descobrimos a lei do movimento contínuo no cilindro maravilhoso do Arcanjo Hariton.

Diz-se que sua parte principal é feita de âmbar com eixos de platina, enquanto os painéis interiores das paredes são feitos de antracite, cobre e marfim e de um cimento muito forte a prova de frio, de calor e de água e inclusive das radiações das concentrações cósmicas.

Para nosso modo de ver e de entender as coisas, é óbvio que tanto as alavancas exteriores, como as rodas dentadas, devem ser renovadas de tempo em tempo, pois, ainda que sejam feitas de metal mais forte, o uso prolongado as desgasta.

Estamos falando, inquestionavelmente, da roda do Samsara, a qual gira eternamente.

Todos nós, sem exceção alguma, giramos muitas vezes com esta grande roda e, se o movimento contínuo não se interrompeu, deve-se exclusivamente à infinita quantidade de elementos residuais.

Pensemos, por um momento, no eixo desta Grande Roda, esse que se diz que é platina. Poderia também afirmar-se, de forma enfática, que é de prata.

Qualquer um sabe que a prata e a platina são de tipo completamente lunar. É óbvio que não poderia ser de outro material o eixo da roda fatal.

Quanto ao âmbar, é claro que este último se encontra diluído em todo o criado. Não devemos esquecer que esta substância unifica completamente as Três Forças Universais.

Resulta extraordinário que as Três Forças Primárias da Criação, apesar de trabalharem independentemente cada uma, e por sua conta, mantêm-se unificadas graças a esta substância magnífica denominada âmbar.

“Cada um de nós, não somente passou pelo moinho muitas vezes, senão, também, por cada um dos dentes do moinho”.

Dito isso, quero enfatizar a informação de que incessantemente giramos, através de sucessivas eternidades, na roda do Arcanjo Hariton, quer dizer, na Roda extraordinária do Samsara.

O material residual são os egos que, descendo com a trágica roda, desintegram-se no Averno.

Pela direita ascende sempre Anúbis evolucionante e pela esquerda desce Tifão involucionante.

Temos repetido em todas estas conferências, até a saciedade, que a cada um de nós são consignadas sempre 108 existências. É claro que, terminado o ciclo de vidas sucessivas, se não logramos a Autorrealização Íntima do Ser, giramos com a roda do Arcanjo Hariton, descendo dentro do reino mineral submerso.

Com isto queremos falar bem claro e dizer: Evolui-se até um ponto perfeitamente definido pela natureza e logo involui.

Subimos, evoluindo, pelo lado direito da Roda e descemos, involuindo, pelo lado esquerdo da mesma.

O ascenso evolutivo começa, propriamente dito, desde o Reino Mineral.

Qualquer investigador esoterista com Consciência Desperta poderá verificar a crua realidade das criaturas evolucionantes no reino mineral superior (para diferenciá-lo do inferior submerso).

Muitas vezes, movendo-me fora do corpo físico com o Eidolon, abri determinadas rochas ou fragmentos de pedra, para estudar essas múltiplas criaturas que habitam nesse Reino Mineral Superior.

Posso dizer aos vocês, sem temor de exagerar, que tais criaturas inocentes estão mais além do Bem e do Mal.

Em certa ocasião, quando abri um fragmento de rocha, pude ver muitas damas e cavalheiros elegantemente vestidos que, quando muito, teriam um tamanho de 5 a 10 centímetros de estatura. Não há dúvida de que a estes pequenos Elementais Minerais lhes agradam se disfarçarem com nossas vestimentas de Humanoides.

Viajando por distintos caminhos do México no automóvel, vi, com assombro místico, certos Elementais Superiores das rochas, os quais me advertiram sobre perigos ou me aconselharam precaução nas rodovias.

Este segundo tipo de Elementais Minerais inquestionavelmente é mais avançado que o primeiro tipo e assume figuras muito semelhantes às do humanoide intelectual, ainda que usem vestimenta com a cor das rochas em que habitam.

Um terceiro tipo de elementais minerais mais avançados é aquele que se conhece com o nome de “Gnomos” ou “Pigmeus”. Esta classe de criaturas parece verdadeiros anões de longa barba branca e cabelo grisalho. Não há dúvida de que esta última classe conhece a fundo a alquimia dos metais e coopera na obra da Natureza.

Obviamente se trata de criaturas mais avançadas e sobre estas falam claramente muitos textos de Ocultismo.

Basta-nos recordar, por um momento, os elementais de Franz Hartmann, o qual menciona estas criaturas…

Não há dúvidas de que os Elementais Minerais avançados ingressam no Reino Vegetal.

Cada planta é o Corpo Físico de um Elemental Vegetal.

Toda árvore, toda erva, por insignificante que esta seja, possui seu Elemental Particular.

Não quero dizer, com isto, que os elementais das plantas, árvores e flores, etc., estão metidos a toda hora dentro de seu corpo imóvel; isto seria absurdo e injusto demais.

Os Elementais Vegetais têm plena liberdade para entrar e sair de seus corpos à vontade. Alguém se assombra quando os encontra na Quarta Coordenada, na Quarta Vertical.

Normalmente, as Criaturas Elementais do Reino Vegetal se encontram classificadas na forma de famílias.

Uma é a família das Laranjeiras, outra a da Hortelã Pimenta, outra a dos Pinheiros, etc., etc., etc.

Cada família tem seu templo próprio no Eidolon, na Quarta Dimensão.

Muitas vezes, vestido com o Eidolon, entrei nestes Templos Paradisíacos.

Para citar algo destes últimos, quero referir-me, agora, ao Santuário Das Laranjeiras.

Achei, dentro do Santuário da dita Família Vegetal, muitos meninos inocentes. Estes se achavam ocupados, atentos aos ensinamentos que seu “Guru Deva” lhes compartia.

Aquele instrutor, vestido com um traje como de noiva, parecia uma beldade feminina deliciosamente espiritual.

Similares visitas fiz a outros templos vegetais situados na Terra Prometida, nessa terra onde os rios de água pura de vida manam leite e mel…

Os Elementais avançados do reino vegetal ingressam, mais tarde, nos diversos departamentos do Reino Animal.

Estas criaturas, distribuídas em múltiplas famílias ou espécies, têm também seus guias e seus Templos, situados no Paraíso Terrenal, quer dizer, na Quarta Coordenada, chamada pelo ocultistas de “Mundo Etérico”.

Em certa ocasião, achando-me em meditação, pude verificar claramente o sentido inteligente da linguagem das aves.

Recordo claramente certa ave que, pousada sobre a copa de uma árvore, discutia com outra. A primeira estava muito tranquila, quando foi, de repente, interrompida pela chegada da segunda. Esta última pousou ameaçadora sobre a copa da árvore, fazendo muitas recriminações à primeira…

Eu estava alerta, escutando, em meditação, o que acontecia. Recordo claramente os impropérios da ave ameaçadora:

– “Tu me feriste uma pata faz alguns dias e eu tenho que te castigar por esta falta”… A criatura ameaçada se desculpava, dizendo:

– “Eu não tenho culpa do acontecido! Deixa-me em paz”… Desafortunadamente, a ave agressora não queria entender razões e, picando com força a sua vítima, recordava-lhe incessantemente sua ferida pata.

Em outra ocasião, encontrando-me também em profunda meditação interior, pude escutar o latido de dois cães vizinhos. O primeiro contava ao segundo tudo o que acontecia em sua casa. Dizia-lhe:

– “Meu amo me trata muito mal. Aqui, nesta casa, me batem constantemente com paus e açoites e a alimentação é péssima; todos, em geral, me insultam e eu vivo uma vida muito infeliz” O segundo contestava com seus latidos, dizendo:

– “Eu vou muito melhor; dão-me boa alimentação e me tratam muito bem.”

As pessoas que iam e vinham pela rua unicamente escutavam o latido de dois cães, não entendiam a linguagem dos animais. Não obstante, para mim tal idioma foi sempre bem claro.

Em certa ocasião, um cão vizinho me advertiu que me aguardaria um grande fracasso se eu realizasse certa viagem para o Norte do México. O aludido animal gritava, dizendo-me:

– “Um fracasso, um fracasso, um fracasso!”. E eu não lhe quis fazer caso.

Por aqueles dias, ao chegar a certo povoado muito próximo do deserto de Sonora, disse ao condutor do veículo em que viajávamos que se fazia indispensável buscar um hotel, pois de modo algum queria eu continuar a viagem naquela noite.

Não obstante, aquele bom senhor de Consciência adormecida não quis obedecer. Então o adverti da seguinte forma:

– “Você será responsável pelo que vai acontecer! Advertido fica! Ouça bem, advertido fica!…”

Horas mais tarde, o carro tombava no deserto e, sim houve feridos, não houve mortos. Então, recordei àquele cavalheiro o erro que havia cometido ao não me obedecer… Não há dúvida de que aquele homem reconheceu seu delito e pediu perdão; mas, já tudo era tarde, o fato havia sucedido.

Assim são, desafortunadamente, as pessoas de Consciência adormecida; assim andam pelo mundo, desde que nascem, até que morrem.

Poderá parecer á vocês um pouco estranho isto que estou dizendo; pois, de modo algum notam alguma diferença, ouvindo o canto de uma ave. Nunca entenderão a sua linguagem e, muito menos, a de um cão.

Vocês somente escutam sons da natureza, latidos, silvos, cantos, etc., e nada mais.

O mesmo pode acontecer a essas criaturas animais. Quando eles escutam a linguagem humana só percebem subidas e descidas de voz, sons mais ou menos agudos, mais ou menos graves, chiados, rugidos, relinchos, roncos, bufares e crocitares.

Não obstante, nós nos entendemos; temos nossos idiomas terrenais, etc.

As criaturas elementais mais avançadas ingressam no reino dos Humanoides intelectuais. Não há dúvida de que estes bípedes tricerebrados ou tricentrados são muito mais perigosos…

A todo aquele que ingressa no reino dos homúnculos racionais são atribuídas sempre 108 existências, como já o temos dito até a saciedade; mas aquele que fracassa, aquele que não logra a Autorrealização Íntima dentro do ciclo de existências que lhe foi assinalado deixa de retornar ou de se reincorporar em organismos de humanoides e se precipita, involucionando, nas entranhas da Terra, nas Infra dimensões da natureza.

Através de nossas investigações de tipo esotérico, pudemos comprovar, com inteira claridade meridiana, o que são os processos Involutivos.

É claro que nos cabe desandar o já andado e baixar pelos degraus por onde antes subimos.

Depois de recapitular, no Averno, experiências passadas de humanoide, devemos repetir estados animalescos e vegetalóides, antes da fossilização total e da Segunda Morte.

Recordo um caso muito interessante. Em certa ocasião adverti uma dama do Abismo, o seguinte:

– “Pelo caminho involutivo que a você leva, terá que se desintegrar na Nona Esfera, tornar-se poeira cósmica. Assim é a Segunda Morte.” Aquela dama me respondeu:

– “Não o ignoro, nós o sabemos e precisamente isto é o que queremos.”

O demônio que a acompanhava, enfurecido, atacou-me com seus Poderes Psíquicos Infernais e eu tive que me defender com a Espada Flamígera.

Javé fez de toda esta Roda do Samsara uma mística, uma religião, e seus capangas lhe são fiéis.

Quando se conversa com Javé, pode-se verificar que este Anjo caído possui uma faiscante  intelectualidade, com a qual pode seduzir totalmente qualquer um.

Todas as conferências de Javé são iniciadas falando contra o Cristo Cósmico (este tal demônio é terrivelmente perverso e odeia mortalmente o Logos Solar).

Aqueles que se querem Autorrealizar Intimamente, com o propósito de evitar o descenso aos Mundos Infernos, devem meter-se pela “Senda da Revolução da Consciência”. Isto significa separar-se da Roda do Samsara e apartar-se completamente das leis da Evolução e da Involução.

Agora vos explicareis, claramente, por que o Cristo Cósmico, em sua passagem pela Terra, nos falou da “porta estreita e do caminho apertado e difícil que conduz à luz”…

O Ego jamais é imortal. Tem um princípio e um fim; ou o aniquilamos voluntariamente ou a natureza se encarrega de desintegrá-lo no Averno.

Nós devemos escolher. Estamos ante o dilema do “Ser ou Não Ser” da Filosofia. E os que não nos querem escutar agora terão que sofrer mais tarde, as consequências.

Muito interessantes resultam os processos voluntários da dissolução do Eu, aqui e agora.

A princípio devemos eliminar as debilidades do humanoide; logo, continuar dissolvendo ou desintegrando todos esses Agregados animais, ou bestiais, que levamos dentro e, muito mais tarde, é indispensável trabalhar com o “Machado de Duplo Fio” dos antigos Mistérios, para romper e reduzir a pó às recordações vegetalóides de todas as luxúrias e morbidades do passado.

Por último, devemos trabalhar com as “Ferramentas do Lavrador”, para romper os estados fósseis ou mineralóides dos distintos ontem (s), que dormem entre o fundo profundo do subconsciente.

Com isto quero dizer que o que a Natureza fará conosco no Abismo podemos fazê-lo aqui e agora, se é que de verdade queremos evitar as amarguras infernais.

P – Querido Mestre, quando nos Autorrealizamos Intimamente e nos separamos da roda do Samsara, isto significa que deixamos de estar dentro do Movimento Contínuo?

R – Escuto uma pergunta do auditório e me apresso a responde-la com o maior agrado. Distinto cavalheiro! É urgente que você compreenda o que é o Movimento Contínuo da Roda do Samsara em todos e cada um de seus aspectos.

Sem dúvida, o movimento contínuo não somente existe no Cilindro do Arcanjo Hariton, senão também em qualquer Cilindro Cósmico.

Recorde, claramente, que existem os Dias e as Noites Cósmicas. Tudo flui e reflui, vai e vem, sobe e baixa, cresce e decresce…

Em tudo há um ritmo e o Espaço Abstrato Absoluto é vibração elétrica e, portanto, Movimento Contínuo.

Francamente, eu não admito a imobilidade absoluta. O que se sucede é que existem múltiplas e infinitas formas de Movimento Contínuo.

P – Venerável Mestre, você nos fala de três tipos de Elementais e eu quero lhe perguntar se estes existem na Roda do Samsara, tanto na Involução como na Evolução, ou são exclusivos da Evolução?

R – Distinto fráter, observe, em detalhe, todos os fenômenos da natureza e terá a resposta…

Muitos pensam que os macacos, símios, monos, orangotangos, gorilas, etc., etc., são de tipo evolutivo. Alguns até supõem que o homem vem do macaco, mas tal conceito cai ruidosamente, quando observamos os costumes dessas espécies animalescas. Ponha-se um símio dentro de um laboratório e observe-se o que ocorre.

Inquestionavelmente, as diversas famílias de símios são involuções que descendem do humanoide intelectual.

O humanoide não vem do macaco; a verdade disto é o inverso; os símios são humanoides involucionantes, degenerados.

Passemos agora a observar a família dos porcos. No tempo de Moisés, os israelitas que chegassem a comer a carne deste animal eram decapitados.

É claro que este tipo de Elemental se encontra em franco processo involutivo.

Estados análogos de Involução podemos descobri-los nas plantas e nos minerais.

O cobre, por exemplo, no interior do organismo planetário em que vivemos, é o centro de gravidade específico de todas as Forças Involutivas e Evolutivas.

Se aplicamos a Força Positiva do Universo ao cobre, podemos contemplar, então, com o sentido especial, múltiplos processos evolutivos maravilhosos.

Se aplicamos a Força Negativa Universal a dito metal, poderemos perceber, com a Clarividência Integral, infinitos processos involutivos muito similares aos das multidões que habitam as entranhas da Terra.

Se aplicamos a Força Neutra ao cobre, tanto os processos evolutivos como os involutivos ficam em estado estático.

As leis de Evolução e da Involução constituem o eixo mecânico de toda a natureza, o eixo de prata da Roda do Samsara…

As Leis da Evolução e da Involução trabalham de forma coordenada e harmoniosa em todo o criado…

Obviamente, os Elementais dos Reinos Mineral, Vegetal e Animal evolucionam e involucionam em seus próprias escalas naturais; jamais poderíamos conceber a ideia descabida de que os elementais da natureza, pelo fato de fracassar em tal ou qual espécie viva, possam fazer girar a Roda ao contrário, para retornar ao Abismo pela porta por onde saíram.

Quero que todos vocês, cavalheiros e senhoras, compreendam que no Tártaro se entra por uma porta e se sai por outra.

Isto significa, entre outras coisas, que pela direita sempre subirá Anúbis evolucionante e que pela esquerda descerá perpetuamente Tifão involucionante. O chacra do Samsara não gira ao contrário. Entendido?

P – Venerável Mestre, existe uma crença, entre os que entendem estas Leis, sobre certas espécies de animais e nos agradaria uma explicação só no caso concreto dos corvos, ratos e demais espécies mais ou menos repugnantes.

R – Com o maior prazer vou dar resposta à nova pergunta do auditório. Fora de toda dúvida, há criaturas repugnantes na Natureza que mostram uma marcada Involução.

Os antigos egípcios, por exemplo, odiavam os ratos e é óbvio que estes se encontram em estado de franca involução. Outra coisa é o estado dos corvos e estes, ainda que se alimentem da morte, pelo fato de se desenvolverem no raio de Saturno, possuem certos poderes maravilhosos que indicam evolução.

Eu pude evidenciar o que são as faculdades do corvo. Em certa ocasião, achando-me num pequeno povoado da Venezuela, em certa casa onde um pequeno menino se encontrava gravemente enfermo, vi, com assombro, um grupo de corvos que, muito tranquilos, haviam pousado sobre o teto daquela casa.

Aquelas pessoas simples, então, me esclareceram o seguinte: “Este menino morrerá.”

Quando perguntei o motivo de tal sentença, eles, como resposta, me assinalaram aquelas aves negras; então compreendi…

O caso não teve remédio e realmente a criatura morreu. O que mais me assombrou foram as faculdades daqueles Elementais. Sabiam que a criatura iria morrer e, pousados sobre o telhado daquela morada, aguardavam o momento supremo para o festim. Sem dúvida, a cena macabra nunca pôde ocorrer, porque foi dada à criatura um sepultamento cristão. Não obstante, as aves chegaram e a lei se cumpriu.

P – Amado Mestre, pelos aspectos que o você nos explicou amplamente, isto significa que todas aquelas criaturas animais como gatos, cachorros, porcos, etc., passaram alguma vez pela forma humana e se encontram a caminho da desintegração. É possível que estas mesmas criaturas se encontrem a caminho da forma humana?

R – Distinto irmão! Seja-me permitido informar-lhe que muitos Elementais da Natureza passaram pelos Mundos Infernos. Com outras palavras, esclareço: Depois da Segunda Morte, toda Alma converte-se em Elemental da Natureza e inicia seus processos evolutivos, como já disse tanto, desde a dura pedra, para continuar pelo vegetal e animal, até o estado de humanoide intelectual.

Nesse ínterim, os Elementais dos distintos reinos evolucionam e involucionam, mas não poderiam regressar ao Averno, posto que não possuem o Ego. Só podem ingressar no Averno os  humanoides, porque estes, sim, têm em seu interior o Ego. Com isto fica esclarecida a pergunta e dada a resposta…

P – Mestre, que relação há entre a Essência e os Elementais?

R – É bom que o honorável auditório que me escuta entenda plenamente que não existe, certamente, nenhuma diferença entre a Essência e os Elementais.

É claro que a Essência é o próprio Elemental e o Elemental é a própria Essência.

Quando o Ego se desintegra nos Mundos Infernos, convertemo-nos em Elementais da Natureza.

Contudo, quando o ego se desintegra aqui e agora, mediante “trabalhos conscientes” e “padecimentos voluntários”, em vez de converter-nos em Elementais, convertemo-nos em Mestres. Eis aqui o importante!

P – Mestre, tenho curiosidade de saber, à raiz do que nos explicou a respeito de que os Elementais estão mais além do Bem e do Mal e que, portanto, são inocentes, se esta inocência chega a se perder.

R – Distinto cavalheiro, honorável auditório que me escuta, rogo-lhes a todos compreender minhas palavras.

Há dois tipos de inocência: A dos vitoriosos e a dos fracassados.

A Alma que escapa do Averno, depois da Segunda Morte, para se converter em Elemental da Natureza, obviamente está fracassada, ainda que tenha reconquistado sua inocência.

A Alma que desintegra o Ego de forma voluntária e consciente, aqui e agora, reconquista sua inocência de forma vitoriosa e se converte em um Buda.

Há elementais que pela primeira vez entram na Roda do Arcanjo Hariton. Nunca foram humanos, anelam alcançar o estado de humanos.

Existem Elementais que, antes de sê-lo, viveram como humanoides e involucionaram nos Mundos Infernos.

Eis aqui dois extremos, dois aspectos dos Elementais:

1º − Elementais que começam;

2º − Elementais que repetem os processos elementais.

P – Amadíssimo Mestre, queria saber, já que se apresenta a oportunidade de sua Sabedoria, que você nos explicasse se um elemental, quando ingressa pela primeira vez numa matriz humana, pelo fato de vir sem Ego, é mais fácil para ele alcançar sua Autorrealização?

R – Honorável auditório que esta noite me escuta: É urgente saber que a Essência, a alma vinda dos três reinos inferiores à matriz humana, não tem ainda a experiência necessária e indispensável que se requer para chegar à Autorrealização Íntima do Ser.

Normalmente, toda Essência que ingressa pela primeira vez num organismo humano cai em muitos erros, forma Ego, adquire Carma e sofre depois, o indizível.

Só mais tarde essa Alma pode, se assim o quer, alcançar a Autorrealização.

Porém, repito agora o que já disse em conferências passadas: Nem todas as almas conseguem a Maestria. Para que isto aconteça, faz-se indispensável certa inquietude íntima e isto só é possível quando a Mônada, quer dizer, a Chispa Imortal do espírito, se propõe, de verdade, a trabalhar a sua Alma Humana.

É claro que nem todas as Mônadas, Espíritos ou Chispas Virginais têm interesse na Maestria e, como isto já dissemos em passadas cátedras, não é necessário seguir fazendo esclarecimentos sobre o particular.

P – Venerável Mestre, em todo caso considero que, ao ir eliminando voluntariamente o Ego, realmente estamos num processo de Evolução, porque sempre entendemos que a Evolução significa ascenso, por isso sustento que não estão equivocados aqueles que afirmam que, sim, existe a evolução permanente até chegar à perfeição Uni Total. O senhor tem alguma objeção a este conceito?

R – Agrada-me a pergunta que vem do auditório. Obviamente esta, em si mesma, tem um fundo completamente reacionário. No entanto, apresso-me em respondê-la.

Pensam acaso vocês, senhores, que o ego pode Evoluir? Supõem que dissolvê-lo é Evolução? Qualquer Clarividente educado poderá verificar os processos involutivos do Eu, do Mim Mesmo, do Si Mesmo.

É assombroso verificar como se precipita o Ego pelo caminho involutivo, descendo pelas escalas Animal, Vegetal e Mineral, quando percorremos a “Senda da Revolução da Consciência”.

Ou pensais, amigos, que, com a dissolução do Ego, a Essência reinicia um novo aspecto evolutivo, aderida à roda do Samsara?

Ou vós creem que o Ser, o Espírito, há de viver perpetuamente engarrafado nos processos evolutivos da Natureza e do Cosmos?

Nos jamais negamos as Leis de Evolução e Involução; unicamente as esclarecemos.

Os processos evolutivos e involutivos correspondem exatamente à Grande Roda do Samsara. Tais processos não se poderiam repetir infinitamente no Mundo do Espírito, porque isto significaria, de fato, escravidão perpétua.

Recordai, amigos, que Jesus, o Grande Kabir, jamais quis se engarrafar no “dogma da evolução”.

Aquele Grande Hierofante só nos falou da “Senda da Revolução da Consciência”, do “caminho apertado, estreito e difícil que nos conduz à luz e que muito poucos são os que o acham”.

Quando os senhores irão entender isto? Em que época? Quando vós ireis resolver entrar pela porta estreita e pelo caminho apertado? Ou acaso vós quereis corrigir Jesus, o Cristo?

Aqueles que dissolvem o Ego alcançam a Transformação Radical e isto é Revolução Total.

P – Mestre, parece-me um conceito de total injustiça e contrário ao amor com o qual se identifica o Grande Arquiteto do Universo, o que admite que, depois de haver alcançado o estado humano e desenvolvido o intelecto, nas alturas que atualmente nos encontramos, em que maravilham os progressos e as proezas dos modernos homens da ciência, tenhamos que regressar ao estado de cavalos, cachorros e porcos. Como pode, sequer sumariamente, aparecer tal conceito na mente do homem racional e inteligente? Francamente, creio que isto insulta a eminente dignidade do homem feito à imagem e semelhança de Deus.

R – Vejo, ali no auditório, um cavalheiro que tenta corrigir o autor da doutrina da transmigração das almas, o Grande Avatara Krishna, o qual viveu mil anos antes de Cristo.

Jamais o Grande Avatara hindu disse que o Chacra do Samsara girasse ao contrário, que a roda do Arcanjo Hariton se processasse ao contrário, detendo sua marcha para girar no sentido contrário.

Senhores e senhoras! A Roda do Arcano 10 do Tarô sempre segue seu curso, jamais retorna.

Qualquer automóvel pode retroceder, mas a roda do Samsara nunca retrocede.

Repetição de ciclos, de acordo com a Lei da Recorrência, é diferente e isto o vemos comprovado nos “Dias e Noites de Brahma”, com sua repetição sempre incessante; nas estações que cada ano se repetem; nos diversos Yugas Cosmológicos que nunca deixam de se repetir, etc., etc., etc.

Nada disso é retrocesso, amigos meus! Tudo isto se move de acordo com a roda, tudo isto forma parte do Movimento Contínuo.

No entanto, é necessário entender que a lei de Recorrência se repete em espiral, já mais altas, já mais baixas; a espiral é a curva da Vida.

Se esgotamos os diversos processos do humanoide, obviamente devemos subir ou baixar. Alguns sobem, outros caem na involução Submersa.

Ascendem aqueles que dissolveram o Ego; descem aqueles que não o dissolveram.

Os vitoriosos convertem-se em Budas, em Mestres. Os fracassados, depois da Segunda Morte, anunciada por Nosso Senhor, o Cristo, por João no “Apocalipse”, transformam-se em Elementais da Natureza.

Não existem retrocessos, senão continuidade de ciclos ou períodos de manifestação cósmica.

Já dissemos em passadas conferências que todos estes ciclos ou períodos estão contados e nisso não há retrocesso.

A roda avança, jamais retorna. Começa-se pelo ciclo número 1 e se termina com o 3.000. A contagem dos ciclos ou períodos de manifestação nunca marcham ao contrário; portanto, a matemática demonstra claramente que a doutrina da “Transmigração das Almas” é exata.

Grave seria, senhores e senhoras, se o Ego não tivesse um limite e continuasse eternamente se desenrolando e se desenvolvendo. Pensem vocês o que isso significaria, jamais teria o mal do mundo um limite, se estenderia vitorioso pelos espaços infinitos e dominaria todos os sete cosmos. Neste caso, sim, haveria injustiça.

Distintos senhores e senhoras, afortunadamente o Grande Arquiteto do Universo, citado pelo cavalheiro que fez a pergunta, pôs um dique ao mal.

 

Capítulo XXIII – O Caracol da Existência

Amigos meus! Vamos hoje falar amplamente sobre a Linha Espiral da Vida.

Muito se tem dito sobre a doutrina da transmigração das almas, exposta pelo Sr. Krishna na Terra Sagrada dos Vedas, uns mil anos antes de Jesus Cristo.

Já em passadas conferências expusemos todos os processos da Roda do Samsara.

Dissemos com inteira claridade, repetimos até a saciedade, que a cada alma são atribuídas 108 vidas para sua Autorrealização Íntima.

Inquestionavelmente, aqueles que fracassam durante seu ciclo de manifestação, aqueles que não conseguem a autorrealização dentro do número de existências assinaladas, é óbvio que descem dentro do Reino Mineral Submerso, ao Avitchi Indostânico, ao Tártaro Grego, ao Averno Romano.

Resulta patente e evidente que a involução, nas entranhas do planeta em que vivemos, é terrivelmente dolorosa.

Recapitular processos animalescos, vegetalóides e mineralóides, em via francamente degenerativa, não é, certamente, muito agradável.

Afirmamos também em nossas passadas conferências que, depois da Segunda Morte, a Essência, isso que temos de Alma, reascende evolutivamente desde o Reino Mineral até o Animal Intelectual, equivocadamente chamado homem, passado pelas etapas Vegetal e Animal.

Não obstante, há nesta Lei da Transmigração das Almas algo que não dissemos. Citamos a Lei do Eterno Retorno, mencionamos essa outra Lei conhecida como Recorrência; mas devemos esclarecer que essas duas citadas leis se desenrolam e desenvolvem sobre a Linha Espiral da Vida.

Isto significa que cada ciclo de manifestação se processa em espirais ou curvas cada vez mais altas da Grande Linha Espiral do Universo.

Como isto também soa um pouco abstrato, vejo-me na necessidade de esclarecer melhor, a fim de que todos os senhores possam compreender profundamente o Ensinamento.

A Essência ao escapar depois da Segunda Morte, ao ressurgir, ao sair novamente à luz do Sol, obviamente transformada em Gnomo, haverá de reiniciar um novo processo evolutivo, porém, dentro de uma oitava superior. Isto significa que tal criatura Elemental Mineral se achará sem dúvida, dentro do Reino Mineral, com um estado de Consciência Superior ao que tinha quando iniciava evolução similar no ciclo anterior de manifestação.

Ao prosseguir com estas explicações, não devem esquecer que qualquer ciclo de manifestação inclui evoluções nos reinos mineral, vegetal, animal e humano (neste último nos atribuem sempre 108 existências).

Se examinamos um caracol, veremos, curva sobre curva, algo semelhante a uma escada de tipo espiral. É evidente que cada um destes ciclos de manifestação se desenvolve em curvas cada vez mais altas.

Agora vos explicareis por que motivo existe tanta variedade de elementais minerais, vegetais, animais e diversos graus de inteligência entre os Humanoides.

Inquestionavelmente é muito grande a diferença entre os Elementais Minerais que pela primeira vez começam como tais e aqueles que já repetiram o mesmo processo muitas vezes.

O mesmo podemos dizer sobre os elementais vegetais e animais, ou sobre os Humanoides.

Como os ciclos de manifestação são sempre três mil, o último destes realmente se encontra numa oitava muito alta.

Aquelas Essências que dentro das 3.000 voltas da Roda não alcançaram a Maestria são absorvidas em sua Chispa Virginal, para submergirem definitivamente no seio do Espírito Universal da Vida.

É notório, patente e evidente que, durante os ciclos de manifestação cósmica, temos de passar por todas as experiências práticas da vida.

Sem dúvida, qualquer Essência que tenha passado pelos 3.000 ciclos de manifestação experimentou, também, 3.000 vezes os horrores do Abismo e, por conseguinte, melhorou e adquiriu Autoconsciência.

Assim, pois, tais Essências têm, de fato, pleno direito à Felicidade Divina. Desafortunadamente, não gozarão da Maestria; não a adquiriram e por isso não a têm.

Já em conferências anteriores dissemos que nem a todas as Mônadas Divinas, ou Chispas Virginais, se interessam pela Maestria.

Ostensivamente não são as Chispas Virginais, ou Mônadas Divinas, as que sofrem, senão a Essência, a emanação das citadas Chispas, o que cada um de nós temos de Alma.

As dores passadas por toda Essência certamente vêm a ser bem recompensadas, porque, em troca de tantos sofrimentos, adquire-se Autoconsciência e Felicidade sem limites.

Maestria é diferente. Ninguém poderia conseguir ser um adepto sem os “Três Fatores da Revolução da Consciência”, expressados claramente por Nosso Senhor, o Cristo: “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.

Negar-se a si mesmo significa Dissolução do Eu. Tomar a cruz e lança-la sobre nossos ombros significa trabalhar com o Sexo-Ioga, com o Maithuna, com a Magia Sexual. Seguir o Cristo equivale a se sacrificar pela humanidade, a dar a vida para que outros vivam.

As Chispas Virginais que não alcançaram a Maestria durante os 3.000 ciclos de manifestação veem os Mestres, os Deuses, de forma similar ao modo que as formigas veem os Humanoides.

Dizem as tradições Astecas que, no amanhecer da vida, reuniram-se os Deuses lá em Teotihuacán, com o propósito de criar o Sol. Afirmaram que acenderam um grande fogo e que logo convidaram o Deus Caracol para que se lançasse naquela fogueira. Mas este, depois de três tentativas, teve grande pavor.

Os cantos sagrados afirmaram solenemente que o Deus Purulento, cheio de grande coragem, lançou-se ao fogo.

Ao ver isto, o Deus Caracol imitou seu exemplo e, então, toda a assembleia de Deuses, silenciosos, aguardaram para ver o que acontecia.

Contam as lendas que, de dentro do fogo vivo, brotou, outra vez formado, Purulento, convertido no Sol que hoje em dia nos ilumina.

Minutos depois, naquela grande fogueira, ressurgiu o Deus Caracol, convertido na Lua que de noite nos ilumina.

Isto significa, queridos amigos, que, se queremos transformar-nos em Deuses, em Mestres, devemos imitar o Purulento, incinerar o Ego, o Eu, mediante o Fogo Sexual. Só mediante o Fogo morre o Purulento, o Mim Mesmo, o Si Mesmo.

Só mediante o Fogo podemos converter-nos em Deuses Solares terrivelmente Divinos.

Infelizmente, nem a todas as Chispas Virginais se interessam pela Maestria; a maior parte, os milhões de criaturas que vivem sobre a face da Terra preferem a “Senda do Caracol”, o “Caminho Lunar”.

P – Venerável Mestre, no princípio desta importante dissertação nos diz que, a Essência ao descer aos Mundos Infernos, vai recapitulando estados animalóides, vegetalóides e mineralóides. Teria a amabilidade de nos explicar a palavra “recapitular”?

R – Com o maior prazer darei resposta à pergunta do cavalheiro. Quero que vocês, amigos meus, compreendam bem o que é a recapitulação animalóide, vegetalóide e mineralóide abismal.

Descer involucionando entre as entranhas do Mundo Subterrâneo é radicalmente diferente do ascenso evolutivo sobre a superfície da Terra.

A recapitulação animal no Abismo é de tipo degenerativo, involutivo, descendente, doloroso.

A recapitulação vegetalóide, entre as entranhas da Terra, é espantosa. Os que passam por tais processos parecem mais sombras que deslizam por aqui, por lá e por acolá, em sofrimentos inenarráveis.

A recapitulação involutiva descendente mineral, entre as entranhas do mundo em que vivemos, é mais amarga que a própria morte. As criaturas se fossilizam, se mineralizam e se desintegram lentamente entre tormentos impossíveis de explicar com palavras.

Depois da Segunda Morte, a Essência escapa, ressurge à luz do Sol, para recapitular processos similares de forma evolutiva, ascendente, inocente e feliz.

Eis aqui, pois, amigos meus, a diferença entre recapitulações Involutivas e Evolutivas.

Em todo caso, todos estes infinitos processos Involutivos e Evolutivos são de tipo exclusivamente lunar e se desenvolvem claramente dentro do Caracol Universal.

P – Mestre, você nos explica que, com cada ciclo de existência, os Elementais, no processo evolutivo, vão despertando Consciência, porque vai se processando em oitavas mais elevadas. Esse despertar de Consciência é, acaso, o resultado dos sofrimentos pela Involução, ou é o resultado do processo Ascendente?

R – Distinto amigo! É bom que você entenda que a Consciência sofre tanto nos processos evolutivos como nos involutivos e que, portanto, vai despertando progressivamente à base de tantos esforços e sacrifícios.

Milhões de Humanoides têm a Consciência profundamente adormecida, mas, ao entrar no Abismo, depois das 108 existências de qualquer ciclo de manifestação, despertam, inevitavelmente, no mal e para o mal.

O interessante, neste caso, é que de todas as maneiras eles despertam, ainda que seja para justificar seus erros nos Mundos Infernos.

Qualquer iluminado clarividente poderá evidenciar, por si mesmo, o fato de que os Elementais Inocentes estão despertos no sentido positivo, evolutivo.

Vemos, pois, dois tipos de Consciência desperta:

1º − O das criaturas inocentes da natureza.

2º − A dos humanoides involucionantes do Abismo.

Existe uma 3ª classe de pessoas despertas. Refiro-me aos Mestres, aos Deuses; porém, não é deles que, neste preciso instante, estamos nos ocupando.

Inquestionavelmente, dentro da Roda do Samsara, girando com a mesma, existem Consciências inocentes despertas e também criaturas involucionantes abismais, despertas no mal e para o mal.

P – Mestre, quando você menciona isso de oitavas mais elevadas em espirais mais altas, desconcerta-me, porque estou acostumado a pensar em oitavas em função das notas musicais, que se relacionam com a transmutação do Fogo Serpentino. Quisera o senhor esclarecer-me isto?

R – Sem dúvida, as oitavas do Caracol se processam musicalmente com as notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, de forma gradativa.

Se observamos cuidadosamente a curva espiralóide, veremos uma sucessão de curvas cada vez mais altas, de forma tal que vem precedidas pelas mais baixas.

Esta formação, esta distribuição das curvas na forma de qualquer espiral, é suficiente como para compreender que, entre as oitavas, existem também pausas musicais. A cada uma destas pausas corresponde um descenso abismal.

As 3.000 mil voltas da Roda ressoam, pois, incessantemente como um todo único dentro dos ritmos do Mahavan e do Chotavan, que sustentam o Universo firme em sua marcha.

P – Mestre, sendo a Essência boa, por que vem para sofrer neste mundo?

R – Amigos meus! A Essência em si mesma está mais além do bem e do mal, é absolutamente inocente, pura e sã.

A Essência sofre quando fica engarrafada no Ego, mas, dissolvido este, a Essência deixa de sofrer.

Certamente, as Essências do planeta Terra ficaram enfrascadas no Mim Mesmo devido a um equívoco dos Deuses. Já dissemos em passadas conferências que certos Indivíduos Sagrados, com o propósito de dar estabilidade à crosta geológica de nosso mundo, deram à humanidade o abominável órgão Kundartiguador.

Quando tal órgão desapareceu, ficaram as consequências dentro de cada pessoa e estas últimas se cristalizaram, convertendo-se no Ego, uma espécie de segunda natureza, dentro da qual a Essência ficou engarrafada, lamentavelmente.

Se essa segunda natureza não existisse, a Essência estaria livre e feliz. Desgraçadamente existe, como resultado do abominável órgão Kundartiguador.

P – Mestre, se diz que somos filhos de Deus e que Deus é perfeito; então, por que envia seus filhos para sofrer?

R – Respondo com o maior prazer esta pergunta que sai do auditório. Senhores e senhoras! Chegou a hora de saber que todos nós somos filhos do Diabo… Por favor, rogo-lhes que não se assustem.

Já sabemos que o Senhor Satanás, ou Lúcifer-Prometeu, é exclusivamente a sombra de nossa própria divindade superior, projetada dentro de nós mesmos para nosso bem.

É evidente que Lúcifer é o Grande Treinador que levamos dentro. Por isso, o impulso sexual, no fundo, resulta luciférico.

Não é, pois, o Diabo, como já explicamos em passadas conferências, aquele personagem fabuloso que nos apresentam algumas seitas dogmáticas, senão o instrutor pessoal de cada um.

É, pois, a Força Luciférica a que leva os Humanoides ao triunfo ou ao fracasso, à geração ou à regeneração.

Deste ponto de vista, podemos assegurar que nós somos filhos do Diabo e isto é dito por Nosso Senhor, o Cristo: “Filhos do Diabo sois”, disse o grande Mestre, “porque se fôsseis filhos de Deus, fariam as obras de Deus”. É necessário fazer-nos filhos de Deus e isto somente é possível com os Três Fatores da Revolução da Consciência, tal como os temos citado nesta conferência.

Filho de Deus é todo aquele que chega a Ressurreição. Ponderem, pois, nestas palavras e não vos presumeis Santos, nem virtuosos; porque todos vós sois filhos do Diabo.

Amigos! Deus não nos manda sofrer nunca. Os sofrimentos nós os criamos por nós mesmos, com nossos próprios erros e através de sucessivos nascimentos.

P – Mestre, se somos filhos do Diabo, quem tem mais poder sobre nós? O Diabo ou Deus?

R – Com o maior gosto vou dar resposta a esta pergunta. Dissemos que o Dragão é a Sombra do Deus Íntimo de cada um de nós. Resulta evidente e, por conseguinte, no estado atual em que nos encontramos, o Dragão nos controla absolutamente. Assim, pois, do ponto de vista relativo e circunstancial em que nos encontramos, o Diabo tem mais poder sobre nós que o próprio Deus (isto não significa que o Diabo seja mais poderoso que Deus).

Quando a Chispa Imortal ressuscitar em nós, quando nos convertamos em filhos de Deus, então tudo será diferente; por esses dias teremos vencido o Dragão.

P – Mestre, o que você me diz dos Anjos, Bodhisattvas e Mestres caídos? O que têm eles a ver com a Espiral da Vida?

R – Distintos amigos, existe um momento supremo para todos as milhões de Essências que povoam a face da Terra.

Quero me referir, de forma enfática, ao instante em que pela primeira vez resolvemos entrar pelo caminho solar; muito distinto, por certo, da Senda Lunar.

A todos os milhões ou trilhões de Chispas Virginais lhes chega, num instante preciso, a hora crítica em que têm que se definir pelo Caminho Solar ou pelo Caracol Lunar. Quando alguém deliberadamente escolhe a Senda do Fio da Navalha, a sorte está lançada. Depois desse momento, já não há remédio.

Aqueles que alcançam a Maestria e que depois querem voltar atrás, para se meter pela Senda Lunar, terão que passar por eternidades espantosas nos Mundos Infernos, até conseguir, depois de muitos bilhões ou trilhões de anos, a aniquilação dos Corpos Existenciais Superiores do Ser e a destruição do Ego Animal.

Isto significa que maior grau de Consciência, maior grau de responsabilidade; e aquele que acrescenta sabedoria, acrescenta dor.

Inquestionavelmente, aos Bodhisattvas caídos, aos Anjos negros, aos Arcanjos tenebrosos, quer dizer, às criaturas angelicais ou divinais submersas no Abismo pelo delito de querer tomar a senda lunar, depois de se terem definido plenamente pela Solar, lhes caberá sofrer milhões de vezes mais intensamente que às pessoas comuns e correntes.

Alcançada a desintegração de Veículos e do Ego, recomeçará, de todas as maneiras, a jornada evolutiva desde o mineral; porém, com um Embrião Áureo e, por conseguinte, com maior Consciência que os outros elementais da natureza, até alcançar o estado de Humanoides.

Alcançado este objetivo, como possuem o Embrião Áureo, tais seres haverão de voltar a Senda Solar, para criar novamente seus Corpos Existenciais Superiores e reconquistar o estado angélico ou arcangélico, etc., que outrora rechaçaram.

Outra é a sorte das Chispas Virginais que jamais elegeram o caminho solar. Estas, convertidas em simples Elementais da Natureza, submergirão com sua Essência no Oceano Universal da Vida livre em seu movimento.

Trata-se de seres que preferiram a Vida Elemental, que não aspiraram à Maestria, que sempre gozaram entre o seio da Grande Natureza e que agora, como centelhas da Divindade, voltam à mesma, para sempre.

Samael Aun Weor