C-01. A Transvalorização

A TRANSVALORIZAÇÃO

Conferência de Samael Aun Weor

O Quinto Evangelho

Agora vamos começar nosso trabalho desta noite. Espero que todos coloquem a atenção máxima, para o bem da Grande Causa. Inquestionavelmente, devemos estar interessados em trabalhar esotericamente sobre nós mesmos, se realmente queremos uma transformação radical.

Porém, não é possível que haja em nossas vidas uma real conjunção com o Trabalho Esotérico, se antes não amamos o Trabalho. Precisamos ter uma verdadeira AFEIÇÃO, um verdadeiro carinho, PELO TRABALHO ESOTÉRICO GNÓSTICO. Somente desta forma poderia ser realizada uma conjunção de nossas vidas com o Trabalho Esotérico.

Enquanto essa conjunção com o Trabalho não se concretizar, sem dúvida, seremos incapazes de compreendê-lo totalmente. Afeto é necessário para esses estudos.

Muitas pessoas passam a conhecer o Ensinamento, passam a entender o corpo da Doutrina (até certo ponto), mas eles realmente não decidem trabalhar sobre si mesmos. Isso ocorre porque cada pessoa tem um aglomerado de elementos indesejáveis dentro de si que puxam em direções diferentes e apontam para interesses diferentes.

Há quem diga: “Bem, começarei a Obra Esotérica Gnóstica quando conseguir melhorar minha situação econômica; Vou ganhar dinheiro agora e depois me dedico totalmente à Gnose”… Há quem diga: “Tenho um problema de família e enquanto esse problema persistir não poderei entrar plenamente na Obra”… Há quem diga: “Bem, atualmente sou um estudante, estou para me formar em Engenharia (ou medicina, etc., etc., etc.) e é por isso que não posso me dedicar totalmente ao Trabalho Esotérico Gnóstico; o dia que eu terminar meus estudos vou me dedicar totalmente, não agora”…

É que essas pessoas, com seu modo de pensar, estão demonstrando que não têm afeto, carinho de fato, ao Trabalho Esotérico Crístico.

Quando você ama alguém, você se sacrifica por essa pessoa que ama, porque se você não a ama, você não poderia se sacrificar. Para que alguém se dedique plenamente ao Trabalho, é preciso antes de tudo amá-lo com ternura. Se a pessoa não ama o trabalho, não é possível formar a conjunção com o Trabalho Esotérico Gnóstico. Se não houver conjunção do Trabalho com as nossas vidas, obviamente não trabalharemos; isso é tudo. Vamos nos contentar em ler alguns trabalhos, e até assistir a palestras, mas não vamos trabalhar; e isso é grave.

Quando não se trabalha nos Ensinamentos que damos aqui e na Terceira Câmara e que fazemos isso conhecido através de nossos livros, sem dúvida o Trabalho Esotérico Gnóstico também não pode ser compreendido.

Lembre-se da “parábola do mercador” no Evangelho Crístico: O caso de um mercador que queria obter uma pérola muito preciosa, mas aconteceu que não tinha, no momento, como fazê-lo. O que fez? Ele vendeu tudo o que tinha, todos os seus valores, vendeu tudo o que possuía para conseguir aquela pérola preciosa. Ele conseguiu.

Da mesma forma, o Trabalho Esotérico Crístico é uma “PÉROLA PRECIOSA”. Para conseguir você tem que DEIXAR TODA CLASSE DE INTERESSES SECUNDÁRIOS, abandone tudo o que no mundo pode nos atrair e se dedicar exclusivamente ao Trabalho.

Uma vez que temos vários agregados psíquicos, dentro de nós, que personificam a raiva, a ganância, a luxúria, a inveja, o orgulho, a preguiça, a gula etc., então, todos esses vários elementos psíquicos, puxam, como já disse, em diferentes direções, eles apontam para os mais diversos interesses; Eles têm sua energia psíquica envolvida em tais e tais interesses, em tais e tais valores, etc.

Deve-se, naturalmente, liberar sua Energia Psíquica envolvida nesses ou naqueles Valores.

Se alguém conseguir liberá-la, então pode concentre-se naquela “pérola preciosa” que é o Trabalho Esotérico Gnóstico.

Quando alguém libera sua energia, quando a tira de interesses materiais, de interesses egoístas, quando a extrai de desejos passionais, quando a arranca do que não tem importância, quando se concentra em uma única direção (que é o Trabalho Gnóstico), obviamente se forma a conjunção com o Trabalho, e então, de fato se dedica ao trabalho sobre si mesmo; isso naturalmente leva à TRANSFORMAÇÃO RADICAL.

É preciso, então, entender isso se é que realmente ansiamos pela Transformação…

Sem dúvida, AMOR PELO TRABALHO é básico. Quando falamos sobre “Amor”, temos que ser criteriosos na análise (vocês não se esqueçam, que sou um matemático na investigação e exigente na expressão); a palavra “Amor”, em si, é um pouco abstrata, precisamos especificá-la para saber o que se chama “Amor”.

Em primeiro lugar, devemos consultar um pouco o Evangelho Crístico. O Grande Kabir Jesus disse: “No fato que ameis uns aos outros, demonstrareis que sois meus discípulos”… Há também outra frase muito interessante do Grande Kabir: “Ame a Deus acima de todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo” ou “Não faça aos outros o que você não quer que eles façam a você”…

As pessoas, ao ouvirem a palavra “Amor”, sentem que algo chega ao seu coração, mas como no entanto, eles têm a mentalidade em um estado subjetivo, uma vez que não deram objetividade ao seu pensamento, eles não apreendem o significado profundo de tal palavra. É necessário e urgente compreender o que é “Amor”.

Essa frase de: “Não faça ao outro o que você não quer que façam a si mesmo”, poderia ser traduzido assim: “Fique atento aos outros, isto é, o teu próximo e você mesmo.” Ou aquele outro: “Amem-se uns aos outros como eu vos amei” poderia ser traduzido assim: “Façam-se conscientes dos outros e de ti mesmo.” Aquela de: “Ame a Deus acima de todas as coisas e ao seu próximo como a ti mesmo” pode ser traduzido como: “Torne-se consciente da Divindade que está dentro de você e do seu próximo, e de você mesmo”…

Assim, precisamos nos TORNAR CONSCIENTES disso que se chama “AMOR”, que poderia ser traduzido como “CONSCIÊNCIA”.

Como alguém pode amar seus semelhantes, isto é, compreendê-los, se não está consciente de seus semelhantes? Devemos tomar consciência de nossos semelhantes, se realmente quisermos compreendê-los e somente por compreendê-los sentiremos Amor por eles.

Mas, para nos tornarmos conscientes de nossos semelhantes, devemos estar conscientes de si mesmo. Se um homem não está consciente de si mesmo, como pode tornar-se consciente de seus semelhantes? E se você não está consciente de seus semelhante, como poderia compreendê-los? E se você não os compreende, qual será o seu comportamento em relação a eles? Isso é importante…

No Trabalho Esotérico Gnóstico deve-se ter afeição pelo Trabalho, mas não poderia tê-lo se não o entendêssemos; COMPREENSÃO É FUNDAMENTAL.

Bom, continuando em frente, prosseguindo com essas dissertações, diremos o seguinte: Existem três tipos de Amor. Quando um discípulo diz a Jesus o Cristo que o ama, Jesus sabe como questionar seu discípulo, perguntando por sua vez que tipo de amor ele sente por Ele. Devemos entender isso um pouco a fundo, porque existe AMOR SEXUAL PURO, existe AMOR EMOCIONAL PURO e existe AMOR CONSCIENTE. Em um de nossos rituais, dizemos: Amor é Lei, mas Amor Consciente!

Muitas pessoas se entendem por sexo, nada mais, isso é Amor Sexual; há outros que têm seu Centro de Gravidade na emoção, isto é, eles cultivam apenas o Amor Emocional; Esse amor emocional entre duas pessoas, sem dúvida, se transforma em ódio ou vice-versa; é instável, é cheio de amargura, paixões e ciúmes, etc., portanto, não poderia ser qualificado como Amor Sensato no sentido pleno da palavra.

Inquestionavelmente, apenas o Amor Consciente merece nossa veneração, mas para que exista o Amor Consciente, é fundamental, antes de tudo, trabalhar sobre si mesmo, eliminar de si os indesejáveis elementos psíquicos que carregamos dentro de nós, caso contrário não haveria em nós Amor Consciente.

Como pode alguém que é puramente emotivo ter Amor Consciente? Um sujeito X-X cheio de ciúmes, cheio de dúvidas, etc.? Para que esse Amor Consciente nasça, é necessário eliminar os elementos da paixão: os ciúmes, as brigas, etc., é necessário eliminar os elementos puramente sensuais, etc., APRENDER  A SE COLOCAR sempre NO PONTO DE VISTA ALHEIO.

Quão difícil é aprender a se colocar sob o ponto de vista alheio! Quão difícil! Quem se eleva, quem aprende a sentir o Amor Consciente, sabe colocar-se sob o ponto de vista alheio.

Aquele de: “Não faça aos outros o que você não quer que eles façam a você” deve ser traduzido: “Faça-se consciente dos outros e de si mesmo”. Se uma pessoa não se coloca no ponto de vista alheio fracassa totalmente, nunca amará conscientemente ninguém. Mas para nos colocarmos no ponto de vista dos outros, temos que DEIXAR NOSSO AMOR-PRÓPRIO.

Infelizmente, as pessoas foram feitas no modelo do amor-próprio. É óbvio que devemos, camada por camada, eliminar de nós os diferentes aspectos do amor-próprio. Muito do que é chamado de “Amor” (que os homens sentem pelas mulheres ou vice-versa), no fundo nada mais é do que uma extensão do amor-próprio. É muito difícil eliminar o amor-próprio de si mesmo. O Eu do amor-próprio deve ser desintegrado, deve ser anulado, deve ser reduzido a cinzas, se realmente queremos aprender a ver o ponto de vista dos outros.

Normalmente, ninguém sabe como ver o ponto de vista alheio; Ninguém sabe onde ficar na posição dos demais; Cada um está tão dominado pelo Eu do amor-próprio que nem mesmo lhe ocorre pensar em se colocar no lugar alheio, no ponto de vista dos demais.

Se alguém elimina o Eu do amor-próprio de si mesmo, ele dá um grande passo e consegue ELIMINAR aqueles agregados psíquicos que claramente personificam a ARROGÂNCIA, a SUPERIORIDADE e a INTOLERÂNCIA, obviamente, farão avanços extraordinários, porque a arrogância, precisamente, isso que nos faz sentir gente muito grande, que nos faz comportar com os outros de uma forma até despótica, é um obstáculo ao despertar da Consciência. Uma pessoa arrogante nunca poderia amar seus semelhantes. Como ele os amaria? A superioridade. O que diremos desse Eu da superioridade? Por que devemos nos sentir tão importantes perante os outros, perante o próximo, se não somos nada mais do que vermes miseráveis na lama da terra? Isso de superioridade, de acreditar que somos superiores aos outros, é um obstáculo ao despertar.

Enquanto à intolerância, ela nos leva à crítica, vemos os defeitos dos outros, mas não vemos o nosso; “Vemos a palha no olho do outro, mas não vemos a trave no nosso.” Somente quando alguém se coloca no ponto de vista dos outros, aprende a ser mais tolerante com os outros e, como resultado, as críticas destrutivas e prejudiciais desaparecem. Portanto, é necessário aprender a nos colocar na posição dos outros.

Esse fulano roubou? Tem certeza de que nunca roubamos de alguém, nunca? Quem sabe?

O fulano de tal adulterou? Temos certeza de que nunca o adulteramos na vida? Que ciclano está cometendo tais ou quais desordens? Temos certeza de que não as cometemos?

É claro que, quando se desenvolve a Tolerância, essa crítica destrutiva desaparece. Assim é preciso que se DESENVOLVA A TOLERÂNCIA, mas para que a Tolerância se desenvolva em nós, devemos eliminar os agregados psíquicos da intolerância, só então a Tolerância pode nascer em nós. Isso é claro, completo, no sentido mais transcendental da palavra.

Ficamos surpresos ao ver como se critica o próximo. Se nos colocarmos no ponto de vista do próximo, se por um momento mudássemos nossa Personalidade pela do nosso vizinho, entenderíamos nosso vizinho e então não faríamos críticas. É muito importante aprender a nos colocar no ponto de vista do outro, na posição do próximo; isso é indispensável. Infelizmente, as pessoas não sabem ver o ponto de vista dos outros e é por isso que infelizmente falham.

Inquestionavelmente, a Consciência é o interessante. A CONSCIÊNCIA É AMOR; Amor e Consciência são duas partes da mesma coisa. Se você realmente pretende ficar ciente de si mesmo, ficará ciente dos outros.

Causa espanto, por exemplo, os torturadores dos outros, os que torturam os outros.

Como são inconscientes! Porque, ao torturarem os outros, estão torturando a si mesmos. Se alguém tortura outra pessoa mais tarde será torturado. Isso é o pior dos negócios.

Você tem que ver todos esses aspectos, se realmente quiser fazer um progresso extraordinário no campo do Ser.

Quando se chega ao Trabalho Esotérico Gnóstico, há um CONFLITO TERRÍVEL e assustador entre os Valores Passados e o Trabalho a se realizar. Como eu disse, existem vários interesses; dentro de nós existem múltiplos agregados psíquicos apontando para diversos interesses de ordem econômica, política, social, passional, etc., etc., etc. E isso, precisamente, impede a entrada plena no Trabalho Esotérico Gnóstico. Passar daquela fase a outra, em que alguém DEIXA TUDO PELO TRABALHO ESOTÉRICO é o radical, o definitivo. Abandonar todas as coisas do mundo para se dedicar ao Trabalho Esotérico.

Infelizmente, as pessoas não pensam assim. Normalmente os estudantes, os aspirantes passam muito tempo entre o passado e o futuro, entre os Valores do Passado e o Trabalho Gnóstico; forma-se uma espécie de… algo amorfo, incoerente, no qual você quer trabalhar, mas não se entrega totalmente.

Conclusão: as pessoas perdem muito tempo. No final, o que se resolve, resolve trabalhar sobre si mesmo. Mas quão poucos são os que resolvem deixar tudo para a “Pérola Preciosa! É necessário uma TRANSVALORIZAÇÃO da vida, dos valores que nela temos, para podermos, depois, dedicar-nos integralmente ao Trabalho sério sobre si mesmo.

Isso, da Transvalorização é importante. O que se entende por “Transvalorização”? Qual seria o significado de “Transvalorização”?

Bem, você valoriza todos os seus interesses. Mas a Transvalorização vai além; chegar a entender, por meio dela, que seus interesses econômicos e sociais, etc., etc., são fúteis e vãos, e que o Trabalho é mais precioso do que tudo isso. A Transvalorização o leva a abandonar muitos interesses egoístas para se dedicar integralmente ao Esoterismo Crístico Transcendental.

Obviamente, meus queridos irmãos, realmente, o fundamental é a ANIQUILAÇÃO BUDISTA… Os teosofistas têm pavor da palavra “aniquilação”. “Deixar de existir, eles dizem, isso é assustador”; mas é preciso passar pela Grande Aniquilação Budista, deixar de existir aqui e em todos os mundos, não ter medo da morte. Infelizmente, as pessoas temem a morte e, inconscientemente, OFERECEM RESISTÊNCIA a estes Ensinamentos…

Vocês mesmo que estão me ouvindo, têm certeza de que não estão, neste momento, oferecendo alguma resistência à explicação que estou dando sobre o Trabalho Esotérico Gnóstico? Alguns de vocês têm certeza de que não estão entediados agora, de que não estão bocejando? Vocês não sentem que ao falar com vocês assim, desta forma, que o Ensinamento fica um pouco árido? Por outro lado, se eu começar a falar com você neste momento sobre a loteria ou sobre como melhorar a situação econômica, ou como alcançar o sucesso no amor ou algo assim, garanto que você não bocejaria. Mas, ao se referir diretamente ao Trabalho sobre si mesmo e àquilo que é chamado de Aniquilação Budista, indiscutivelmente, no fundo de cada um de vocês uma resistência subconsciente é provocada. Por quê?

Porque de forma alguma o EGO quer deixar de existir. O Ego rejeita este tipo de Ensinamentos, porque eles apontam contra sua própria existência. Existe algum de vocês que deseja não existir? Você quer existir aqui e no “mais além”. Alguns de vocês diriam: “Bem, eu não quero mais existir no Mundo Físico, gostaria de desencarnar.” Mas, com que desejo secreto eles pensam assim? Simplesmente porque desejariam viver nos Mundos Superiores; isso é claro, mas em uma situação um pouco melhor…

Por que os padres têm tantas pessoas? Porque os padres não oferecem a Doutrina da Aniquilação Budista aos seus afiliados, pelo contrário: eles oferecem-lhes o Céu por meio de pagamentos convenientes, isto é, dão-lhes um passaporte para o céu; uma vida confortável na vida após a morte, desfrutando de todos os tipos de honras.

Se a viúva deixa uma boa fortuna, por exemplo, para a paróquia, o passaporte é dado em troca para o céu; Isso é claro, assim o indivíduo pode ter sido um grande assassino, um grande criminoso, mas basta que ele se confesse ao padre para que ele lhe dê o passaporte para o céu; agora se você der mais um pouco de dinheiro para o padre antes de morrer, você pode ter certeza que, segundo o padre, iria direto para o céu. Nem mesmo passaria pelo Purgatório; seria feliz. E isso atrai, a gente gosta, tem muito jogo, porque o Ego gosta, de jeito nenhum, que ninguém ponha arma no peito. Claro que não.

Por exemplo: eu recebo cartas de toda a América Central, de toda a América do Sul, eles me perguntam por Chakras, por Iniciações, Poderes, posições sociais, posições dentro do mesmo Movimento Gnóstico, situações econômicas, questões de amor e casos de amor, etc., mas muito raramente em minha vida recebi qualquer carta relacionada à DISSOLUÇÃO DO EGO.

Pelo menos, neste momento não me lembro de ter recebido nenhuma carta a esse respeito; Todos eles me pedem poderes, graus, iniciações, dinheiro e posições dentro do movimento gnóstico, etc., mas com muita dor não consigo encontrar uma carta de alguém que está lutando para mudar radicalmente; Não consigo encontrar essa carta de alguém que está lutando para dissolver o Ego; Não consigo encontrar essa carta de alguém que é totalmente dedicado à morte de si mesmo. Não, é assim, morrer não.

Viver… todos, mesmo que sejam Magos Negros, não importa, mas viver. É isso que eles querem: sim, ser Grandes Senhores, ser poderosos, mas sem se preocupar em morrer. E acontece que “Só com a morte vem o novo”… “Se o germe não morre, a planta não nasce”… Mas eles não querem entender…

Alguns reclamam em suas cartas, me dizem que ainda não conseguem sair conscientemente Astral, que gostariam de se iluminar, mas ainda não podem receber as mensagens dos Mundos Superiores, etc., e outras tantas coisas…

Eles não querem perceber que a Iluminação não é possível se a consciência não tiver sido liberada primeiro. Eles não querem perceber que a Consciência nunca é emancipada, se o Ego não for destruído primeiro. Eles não querem perceber, eles querem ser Iluminados, mas sem destruir o ego, isso é um absurdo: Ficar  iluminados sem morrer.

Haverá inúmeras Ordens no mundo, muitas Escolas existem e fascinantes, charmosas; Ordens místicas de todas as espécies, grupos, etc., mas são inúteis se a pessoa não morre em si mesma. De que servem todas essas escolas que não ensinam a destruição de mim mesmo? Iluminação, Emancipação, vem apenas com a morte. Portanto, se você não morrer, estará perdendo seu tempo miseravelmente.

Para morrer em si mesmo, é preciso amar esse Trabalho; você tem que ter um afeto, você tem que gostar dele. Porque uma coisa é receber o Ensinamento aqui, em grupo, e outra muito diferente, aliás, é fazer a conjunção da nossa vida íntima, privada, com o Trabalho Crístico. Alguém pode ouvir tudo o que dizemos aqui, mas se ele não trabalha sobre si mesmo, como pode se transformar? De jeito nenhum, certo?

Atualmente, a humanidade tem uma PSIQUE ANORMAL, por quê? Porque eles engarrafaram Consciência entre o Ego, isto é, eles possuem Consciência Egóica.

A Consciência enfrascada entre os diferentes agregados psíquicos que constituem o Eu, se processa em virtude de seu próprio condicionamento. Sem dúvida, enquanto a pessoa tiver a Consciência embutida no Ego, ela será anormal, terá uma psique anormal.

Constantemente ouvimos casos de pessoas que são LEVADAS POR EXTRATERRESTRES através do espaço. Aqueles que viajaram e que foram levados pelas Naves Cósmicas, sempre afirmaram que estavam dentro do laboratório de uma dessas naves. Eles são sempre examinados dentro de um laboratório, depois são deixados sozinhos, dão um passeio e depois são levados de volta ao local de onde foram levados.

É claro que essas grandes Naves Cósmicas, administradas por Irmãos de outros mundos, possuem laboratórios maravilhosos. Mas por que eles estão pegando os Terráqueos e os colocando dentro dos laboratórios?

Já ocorreu a vocês pensarem alguma vez nisso? Bem, simplesmente, porque os Terráqueos são criaturas que têm a psique em um estado anormal, eles não são pessoas normais, eles são criaturas de uma psique muito estranha, muito rara. Vivem em ESTADO de SONÂMBULOS; daí os motivos pelos quais são sequestrados por algum tempo e colocados nos laboratórios das Naves Cósmicas.

Chama muita atenção dos Extraterrestres ver esses habitantes anormais da Terra, e eles os levam para estudá-los em seus laboratórios, para ver o que está acontecendo com eles, porque os Terráqueos são seres anormais. Essa é a crua realidade dos fatos. Agora tudo isso ficará mais claro para vocês. Você passa a ter uma psique normal quando trabalha sobre si mesmo; antes não é possível.

Em tempos arcaicos de nosso mundo, a psique dos seres tri-cerebrais era normal.

Então a humanidade estava em sintonia com as outras humanidades planetárias. Mas, infelizmente, após a aniquilação do abominável ÓRGÃO KUNDARTIGUADOR (que foi dado à humanidade com o propósito de estabelecer a estabilidade da crosta geológica terrestre), o psiquismo tornou-se anormal, porque as consequências daquele órgão abominável se depositaram nos Cinco Cilindros da máquina orgânica. Essas consequências constituem o que é chamado de “Ego”. A consciência embutida entre o Ego começou a funcionar de forma anormal e continua anormal, infelizmente.

Nosso objetivo é criar criaturas normais, tirá-las do estado de anormalidade psíquica em que se encontram.

Vejam vocês as diversas anormalidades Terráqueas: uma delas A INTOLERÂNCIA; isso é muito grave: ver o defeito alheio, mas não ver o defeito que carregamos. Se impingimos este ou aquele erro aos outros, temos muitos erros sobrando. Fazer julgamentos sobre as atitudes, comportamentos ou projetos de nossos colegas, sem evidências anteriores, é uma anormalidade.

Se alguém vê, por exemplo, em um semelhante esta ou aquela atitude, por que fazer julgamentos sobre o mesmo? Os fatos, em si, podem ser compreendidos quando examinados com o SENTIDO DE AUTO-OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA, mas se não usarmos o sentido de Auto-observação Psicológica, como poderíamos compreender plenamente os fatos?

À medida que avançamos no caminho dessas dissertações, percebemos que nossos semelhantes são anormais; “que fulano disse, que ciclano disse, que beltrano disse que outro disse”…, isso só é visto em nosso mundo Terra; aquele “disse que me disse” entre pessoas normais, não é visto; entre pessoas normais não há fofoca, isso é típico de um mundo onde as pessoas não são normais.

Observem como as mentes reagem umas às outras. Eu tenho sido capaz de observar isso nas mesas de debate quando fulano diz tal coisa, incomoda ciclano. Ciclano reage com violência, sente-se magoado, é anormal. Num mundo avançado do espaço, fulano diz tal coisa a ciclano e ciclano cala-se, não discute, porque todos são livres para dizer o que quiser.

Em certa ocasião eu conversava (isso foi há cerca de 30 anos), nos Mundos Superiores, com o ANJO ANAEL sobre uma certa qualidade que acreditava possuir e que ainda não possuía. Anael, com razão, após certa observação me fez ver meu erro. Mas eu ainda estava acostumado a discussões no estilo Terráqueo, então eu me opus um pouco. Recorri a toda dialética existente e por isso, queria “darle a torre” (expressão do espanhol que quer dizer atingir o oponente), como se diz. Anael permaneceu respeitoso me ouvindo, sem dizer uma palavra. Quando terminei meu discurso, quando acabou minha Ciceroneia catilinária, ele se mostrou reverente, deu as costas e se retirou; não disse uma única palavra. Ele disse o que tinha a dizer e me deixou livre para falar o que quisesse; Falei tudo que queria falar, é claro. Quantas coisas eu disse? Muitas.

Mas ele respeitosamente calou-se, ouviu-me decentemente, deu as costas e saiu.

Em outra ocasião falava com SIVANANDA nos Mundos Superiores. Eu lembro que estava dando uma palestra, uma conferência. Eu estava falando sobre Tantra e o tantrismo, sobre o Secreto Secretorum do Laboratório do Alquimista. Foi então que fomos imediatamente visitados por Sivananda. Ele tinha recém desencarnado. Ele disse:

– Você não vê que isso vulgariza o Ensinamento. Eu não concordo com isso, que você esteja vulgarizando o Ensinamento – quer dizer, que entregamos a chave da Alquimia. Não – ele disse -o Ensinamento não pode ser vulgarizado…

Em tom pouco habitual, reiniciei a discussão, batendo várias vezes na mesa de uma forma incomum, e lhe disse:

– Estou disposto a responder a todas as suas perguntas, a discussão está aberta!…

Sivananda teve o bom senso, mesmo sendo um terráqueo, de se sentar no estilo oriental e entrar em meditação profunda. Momentos depois, senti que alguém estava cavando minha cabeça por dentro. Eu olhei e o iogue estava em meditação profunda. Após sua meditação, ele se levantou, se aproximou de mim, me abraçou e disse:

– Agora entendi a mensagem que você está entregando à humanidade. Concordo com você Samael, e vou recomendar que leiam seus livros, vou recomendá-lo para todo o mundo; Já entendi tudo… também abracei ele e disse:

– Eu também o estimo muito, Sivananda; Eu te agradeço profundamente. Claro, Sivananda é um terráqueo, mas é um terráqueo um pouco mais criterioso do que os outros terráqueos, pelo menos ele já tem atitudes de um ser não terráqueo. Atitudes místicas extraordinárias.

Simplesmente, meus estimados irmãos, alguém se torna compreensivo ao dissolver os Eus, isso é óbvio; aprender a ver o ponto de vista alheio o torna tolerante, o senso de crítica destrutiva desaparece e assim por diante. Você se torna normal quando você destrói o Ego, a psique se torna normal; começa a agir de maneira diferente, completamente diferente dos outros.

Mas ver como as mentes reagem umas às outras é algo que causa dor. Se alguém diz algo, o outro reage, se sente afetado; isso só é visto em nosso mundo, onde existem psiques anormais. Porque onde há psiques normais, você não vê essas reações.

Então, reflita, pense, ame o Trabalho Esotérico; torne-se consciente de Trabalho. Mas se você não chegar a amar realmente o seu Trabalho Esotérico, você nunca trabalhará nele mesmo. Se você não chegar a amar realmente o Trabalho nunca haverá conjunção, da sua vida com o Trabalho; e se não houver conjunção de suas vidas em relação ao Trabalho jamais, realmente, entenderá a Trabalho. É necessário compreensão.

Os Instrutores só desejam que vocês passem pela Aniquilação Budista para que suas Consciências despertem. Enquanto vocês não tiverem passado pela Grande Aniquilação, vocês estarão em muito mau estado. Se me perguntarem como estão indo, eu diria que mal. Por quê? Porque eu os vejo vivos e isso é grave.

Enquanto alguém está vivo não pode compreender o outro, não pode realmente fluir compreensão alguma; caminha-se no mundo da troca de opiniões subjetivas. Os conceitos que emitem revelam-se incoerentes, não exatos.

Quando alguém morre, o Ego deixa de existir aqui e em todos os mundos; então permanece realmente Consciente, por acaso, vocês não acreditariam que vivos, como estão, poderiam alcançar o Nirvana? Bem, obviamente que não. Porque o Nirvana é o Céu, por isso que os próprios budistas disseram: “A dissolução do Eu é o Nirvana”. Isso é fundamental…

Hoje tenho enfatizado a vocês sobre o Trabalho. Como tarefa, coloco a dissolução do Eu do Amor Próprio; como fundamental, e desses outros Eus que são chamados de Intolerância, Arrogância, Importância (sentir-se importante, nenhum de nós é importante). A arrogância, a Importância e a Intolerância são um obstáculo ao amor ao próximo.

É indispensável que você elimine o Amor meramente emocional e alcance o Amor Consciente. Isso é fundamental, o Amor Emocional está cheio de ciúmes, de paixões; Isso não é amor, ao contrário, é melhor dizendo… …(e me dê o termo).

O Amor Consciente é necessário, por isso em nossos rituais dizemos: “Amor é Lei, mas Amor Consciente”…

Mesmo que me canse com certas repetições, devo dizer a vocês que devemos aprender amar nossos semelhantes. Eu não poderia amá-los se não os entendessem; e não poderíamos entendê-los se não me tornasse conscientes de vocês; e não poderia me tornar conscientes de vocês se não me tornasse consciente de mim mesmo; e não poderia tomar consciência de mim mesmo, se não fosse capaz de eliminar os Eus de que falei esta noite: O do Amor-próprio, da Intolerância, da Arrogância, que tanto causam danos. COMPREENDAM, DESINTEGREM essa classe de elementos…

Desintegrem a Auto importância porque não somos importantes, nem eu (que sou o Presidente Fundador do Movimento Gnóstico) poderia me considerar importante.

Eu me considero um verme vil saído da lama da terra e é isso. Eu não penso, nem quero pensar que sou maior que você. Eu sou um servo de vocês, mas nada mais do que um servo, um servo humilde…

Enquanto tivermos, em nós mesmos, o senso de Auto importância, marcharemos no caminho do erro. Até aqui, minha palestra esta noite. Se algum de vocês tem algo a perguntar, pode fazê-lo com total liberdade.

Discípulo. Como alguém faria para ensinar a uma criança ou a um filho, ou sendo um instrutor do jardim de infância, por exemplo, quais seriam as bases para que esses pequeninos entendessem o amor ao próximo, e poderem ir cultivando esses Valores?

Mestre. Realmente amor ao próximo é algo que soa muito romântico, muito formoso. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”… Tudo bem, mas se não entendemos as palavras do Grande Kabir Jesus, a frase não passa de bela, isso é tudo.

Eu já disse: para amar os outros é preciso realmente ter Consciência. Amor e consciência são o mesmo. Consciência é Amor. Se alguém não tem consciência dos outros, obviamente não está amando os outros. É preciso estar consciente dos outros. E como você se daria conta dos outros se ainda não se deu conta de si mesmo? Você deve começar tomando consciência de si mesmo, em vez de tomar consciência dos outros.

À medida que alguém se torna autoconsciente, consciente de seus próprios erros, consciente de seus próprios defeitos, etc., então vai se tornando consciente dos demais.

Quando alguém se torna consciente dos outros e de si mesmo, não critica mais, não diz mais: “Fulano de tal é um ladrão, ciclano é valentão”; já não diz mais isso, tem Consciência de si mesmo e sabe que já roubou muitas vezes, que matou muitas vezes. Já não diz: “Fulano de tal é um falador, ele é um fofoqueiro, é um falador”; porque sabe que muitas vezes falou, que muitas vezes foi fofoqueiro.

Assim, conforme a pessoa se torna consciente de si mesma, ela também aprenderá a se colocar na posição dos outros, aprenderá a ver o ponto de vista dos outros, ou seja, se tornará compreensivo com os outros. Isso é amor bem compreendido. Se alguém não tem consciência dos outros, ele não está amando. Vamos ver, pode falar…

D. Venerável Mestre, em sua dissertação você nos disse que devemos valorizar o Trabalho e nos deu o exemplo da Pérola Preciosa, em uma situação muito pessoal, agora me é apresentada a oportunidade de estudar psicologia academicamente, e será retroceder se me dedicar a estudar esses aspectos, digamos, acadêmicos, quando já tomei a decisão de me dedicar à missão? Embora ela diga que pode dar o Ensinamento. Gostaria que você me desse uma resposta real sobre o propósito que tenho da Obra.

M. Bem, inquestionavelmente, a Psicologia acadêmica marcha para caminhos equivocados, infelizmente. Agora não se trata de colocar teorias erradas na sua cabeça, é danificar totalmente a sua cabeça, bem, um absurdo. A verdadeira psicologia deve ser dedicada à AUTO-EXPLORAÇÃO de si mesmo, ao Auto exploração do Ego, para o conhecimento dos agregados psíquicos que cada um de nós tem, para a ELIMINAÇÃO desses agregados. Em uma palavra, à Auto exploração profunda e direta, sem a necessidade de teorias absurdas.

D. Poderia dizer, Mestre, que alguém busca o estudo por algum motivo subjetivo, talvez pelo medo da vida ou amor-próprio?

M. Bem, o estudo não prejudica ninguém. Mas se alguém se fixa, alguém tem que selecionar seus alimentos, os alimentos que chegam ao estômago, obviamente, você também tem que selecionar o tipo de conhecimento que vai colocar em seu pobre cérebro…

Samael Aun Weor