C-07. Lúcifer
O DIABO OU LÚCIFER
E
O MAGNUS OPUS OU A GRANDE OBRA
Conferências de Samael Aun Weor
O Quinto Evangelho
Extrato de
O DIABO OU LÚCIFER
Antes de tudo, É NECESSÁRIO APRENDER A ESCUTAR; realmente muito raros são aqueles que sabem escutar…
O DIABO é certamente a PEDRA DE FILOSOFAL dos Alquimistas Medievais. Sem dúvida, cada pessoa tem seu próprio demônio. O Diabo, como já foi dito, nada mais é do que o REFLEXO DO LOGOI INTERNO dentro de cada um de nós; Isso é óbvio. “Ele tem poder sobre os Céus, sobre a Terra e sobre os Infernos”…
Quando se diz: “Para encerrar o Diabo no violino”, significa que “é necessário captar, apreender, capturar esse Verbo manifestado, digamos, do Cristo-Satã dos Gnósticos”; esse Verbo proficiente e ocupá-lo, digamos, na arte de fazer instrumentos musicais, e dar forma a esse Verbo em um instrumento, de modo que ele ressoe milagrosamente.
Devemos, portanto, fazer uma DIFERENCIAÇÃO clara ENTRE o que é o DIABO e o que é LÚCIFER. O Diabo, em si mesmo, como um reflexo do Logos em nós e dentro de nós, é a PEDRA BRUTA que deve ser esculpida, até se tornar a PEDRA CÚBICA PERFEITA.
E aí temos, ao pé desse par de colunas, a Pedra Bruta e a Pedra Cinzelada; o que precisa é entendê-la. Bruta: quando não trabalhada, o Diabo (isto é, o Reflexo do Logos em nós), não trabalhado, não polido, PRETO COMO CARVÃO, é SATANÁS, em seu aspecto mais escuro e tenebroso.
Mas ele não é um Satã antropomórfico, como o clero quer nos fazer ver; não, é um Satanás particular. Mas quando já alcançamos a dissolução do Ego, quando o reduzimos a cinzas, então essa Pedra Crua se transforma na PEDRA CÚBICA PERFEITA; então Satanás já é LÚCIFER, o “FABRICANTE DA LUZ”. Em outros tempos o Criador da Luz Lúcifer foi confundido com VÊNUS, a “ESTRELA DA MANHÔ, e mesmo no “Apocalipse” de São João se diz que “o que vence ele, receberá a Estrela da Manhã”…
O Senhor QUETZALCÓATL, após ter queimado seus elementos inumanos nos Mundos Infernos, ascendeu ao Céu e tornou-se a Estrela da Manhã, a Estrela Vespertina.
Assim, o Diabo transformado em Lúcifer, resplandecente como o Sol, “tem poder sobre os Céus, a Terra e os Infernos”. Príncipe da Luz, Senhor da Glória, o maior Arcanjo, o MINISTRO DO LOGOS SOLAR!
Se invocarmos nos Mundos Suprassensíveis aquele Reflexo do Logos de qualquer pessoa que não tenha dissolvido o Ego, veremos um Satã negro como carvão; mas aí, se invocarmos, digamos, o Satã de quem dissolveu o Ego, com grande espanto encontraremos um Arcanjo de Luz, um Glorioso Lúcifer. Então, viemos mostrar que esse Satanás é a Pedra Bruta a ser esculpida.
Para que os irmãos tomem um pouco mais de Consciência do que estamos dizendo, é conveniente que a coloque ali, entre as duas colunas, a Pedra Bruta e a Pedra Cúbica perfeita.
Aí você tem a Pedra bruta, aí a Pedra Cúbica perfeita.
Discípulo. Na Pedra Bruta você tem que…
Mestre. Correto! Esse Satã que cada um carrega dentro, no indivíduo que ainda não lavrou sua Pedra Filosofal, sua Pedra Bruta, esse Satã é negro como carvão, mostrando todas as arestas de nossos defeitos psicológicos.
Mas quando já tivermos trabalhado a Pedra, esse Satã então se torna a Pedra Cúbica perfeita; isto é, quando dissolvermos o Ego, ele se transformará na Pedra Cúbica perfeita e, a partir daí, então, o esplendor e a glória.
É muito interessante observar o Diabo fora do corpo físico: é assustador vê-lo, negro como o carvão, com aquele fogo escuro que ele lança sobre o indivíduo que ainda não eliminou o Ego; mas é surpreendente vê-lo (naquele que já eliminou o Ego) no Arcanjo Glorioso, cheio de esplendor.
Obviamente, esse Arcanjo se torna o LIBERTADOR; Isso é óbvio. Porque da fusão desse Arcanjo com a Alma Humana, com o Espírito, com o Ser (em uma palavra), resulta precisamente o Arcanjo.
Isso não está escrito em nenhum livro esotérico. Há uma grande quantidade de biblioteca, mas ainda não foi discutida em detalhes, e todos confundem o Diabo com Lúcifer. E acontece que uma coisa é a Pedra Bruta e outra é a Pedra Cúbica Perfeita.
Samael Aun Weor
O MAGNUS OPUS OU A GRANDE OBRA
Queridos irmãos, hoje estamos aqui reunidos com o propósito de investigar, estudar e definir o caminho que nos levará à Libertação final.
Os antigos alquimistas medievais falavam da “Grande Obra”, e isso é bastante interessante…
No terreno, no chão das antigas catedrais góticas, era possível ver uma infinidade de círculos concêntricos, formando um verdadeiro labirinto que ia ou ia do centro para a periferia e da periferia para o centro. Muito foi dito sobre labirintos; também a tradição fala sobre o labirinto de Creta e sobre o famoso Minotauro cretense.
Certamente, em Creta, um labirinto foi encontrado recentemente (eles o chamaram de “ABSOLUM”; como quem diz: “ABSOLUTO”). “ABSOLUTO” é o termo usado pelos alquimistas medievais para designar a Pedra Filosofal. Então aqui está um grande mistério.
Precisamos, como Teseu, do FIO DE ARIADNE para sair desse labirinto misterioso.
Obviamente, você tem que entrar e sair do labirinto.
No centro sempre estava o Minotauro. Teseu conseguiu derrotá-lo (aí está a tradição grega). Também precisamos derrotá-lo, precisamos destruir o Ego animal. Para chegar ao centro do labirinto, onde está o Minotauro, é preciso lutar muito. Existem inúmeras teorias, escolas de todos os tipos, organizações de todos os tipos. Uns dizem que o caminho é ali, outros que aqui, outros que é acolá, e temos que nos orientar no meio desse grande labirinto de teorias e conceitos antitéticos, se realmente queremos chegar ao centro vivo porque é precisamente no centro onde podemos encontrar o Minotauro. Quando você chegar ao centro do labirinto, terá que descobrir como sair dele. Teseu, por meio de um fio misterioso (o “Fio de Ariadne”), conseguiu sair do estranho labirinto.
Aquilo de “Ariadne” se assemelha a HIRAM, o Mestre Secreto de que fala a Maçonaria oculta e que todos devemos ressuscitar dentro de nós, aqui e agora. “Ariadne” também indica a “Aranha”, símbolo da Alma que tece incessantemente o tear do destino.
Então, irmãos, chegou a hora de refletir…
Mas, realmente, o que é esse “Fio de Ariadne”? O que é esse fio que salva a Alma, que lhe permite sair daquele labirinto misterioso para chegar ao seu Ser Real interior? Muito foi dito sobre o assunto; os grandes alquimistas pensaram que era a Pedra Filosofal. Concordamos com isso, mas vamos um pouco mais longe, conforme nossas dissertações, pois, na verdade, a Pedra Filosofal é simbolizada na Catedral de Notre Dame de Paris por Lúcifer (agora compreenderemos por que a Pedra Filosofal está no próprio sexo) Então, descobrimos Lúcifer no sexo.
Lúcifer é, então, o “Fio de Ariadne” que nos levará à Libertação final. Isso parece algo assim, digamos, como antitético ou paradoxal, porque todos conceituaram que Lúcifer (o Diabo, Satanás) é mau. Precisamos de uma autorreflexão óbvia, se quisermos nos aprofundar no Grande Arcano. Esse Lúcifer que encontramos no sexo é a Pedra Viva, “cabeça da esquina”, a Pedra Mestra, a Pedrinha do Canto (na Catedral de Notre Dame de Paris), a Pedra da Verdade. Investigar um pouco, então, nesses mistérios, é indispensável quando se trata de conhecer o “Fio de Ariadne”…
Volto a lembrar para vocês os famosos Santuários Sagrados dos autênticos Gnósticos Rosa-cruzes (esoteristas da Idade Média): quando o neófito era conduzido ao centro do Lumisial, era vendado. Alguém arrancava a venda e então o neófito, atordoado e perplexo, contemplava uma figura incomum. Lá estava ele, em sua presença, o BODE MACHO de Mendes (figura estranha, o Diabo). Chifres reluziam em sua testa, uma tocha de fogo acima de sua cabeça (no entanto, algo indicava que era um símbolo). No Lumisial da Iniciação, o neófito estava diante da figura de TIPHÓN BAPHOMETO, a terrível figura do Arcano 15 da Cabala (a tocha, queimando acima de sua cabeça, brilhava. Além disso, a Estrela Flamejante de cinco pontas, com o ângulo superior para cima e os dois ângulos inferiores para baixo, nos indica que não se tratava de uma figura tenebrosa).
O neófito recebia ordens de beijar o traseiro do Diabo. Se o neófito desobedecesse, a venda era novamente colocada nele e ele era conduzido para fora por uma porta secreta (tudo isso acontecia à meia-noite; o neófito nunca sabia por onde havia entrado ou de onde havia saído, porque os iniciados sempre se encontravam à meia noite, tendo muito cuidado para não serem vítimas da Inquisição). Mas se o neófito obedecesse, então naquele cubo (no qual a figura de Baphomet estava sentada) uma porta se abria. Dali saía uma Ísis que recebia o Iniciado de braços abertos, dando-lhe imediatamente um beijo sagrado na testa. A partir desse momento, aquele neófito era um novo irmão, Iniciado da Ordem.
Aquele Bode Macho, aquele Typhon Baphomet, aquele Lúcifer é bastante interessante, porque é a energia sexual, a energia que devemos saber usar, se quisermos fazer a Grande Obra.
Agora vocês entenderão por que Typhon Baphomet, o Bode de Mendes, representa a Pedra Filosofal, o sexo. É com essa força tremenda que você tem que trabalhar. Lembremos que a “Arca da Aliança’, nos tempos antigos, tinha quatro chifres de Cabra nos quatro cantos (correspondendo aos quatro pontos cardeais da Terra) e quando era transportada se fazia sempre por aqueles quatro chifres).
Moisés (no Sinai) se transformou. Ao descer, os videntes o viram com dois raios de luz na testa, semelhantes aos do Bode Macho de Mendes. É por isso que Michelangelo, ao cinzelá-lo na pedra viva, colocou aqueles chifres simbólicos em sua cabeça.
É que o Bode Macho representa a força sexual, mas também o Demônio; mas esse Diabo ou Lúcifer, é o mesmo poder viril que, devidamente transmutado, nos permite a Autorrealização íntima do Ser. Por isso se diz que “Lúcifer é o Príncipe do Céu, da Terra e do Inferno”.
Nas antigas catedrais góticas tudo isso estava previsto. Até a planta dos templos era organizada em forma de cruz, e isso nos lembra o “crucis”, “crux”, “crisol” e assim por diante. Já sabemos que o polo vertical da cruz é masculino e que o horizontal é feminino. Na encruzilhada de ambos, está a chave para todos os mistérios. A intersecção de ambos é o “cadinho” dos alquimistas medievais, no qual a matéria-prima da Grande Obra deve ser “cozida” e “recozida” e “cozida” novamente. Essa “matéria-prima” é o Esperma Sagrado, que se transformou em Energia. É com essa energia muito sutil que podemos abrir um “Chacra”, despertar todos os poderes ocultos (mágicos), criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser, etc. Isso é muito importante, muito interessante…
A própria cruz é um símbolo sexual. Na cruz está o Lingam-Yoni do Grande Arcano.
Nos dois troncos atravessados pela cruz, ficam os vestígios dos três pregos. Estes três pregos, embora seja verdade que permitem abrir os estigmas do Iniciado (isto é, os “Chakras” das palmas das mãos e dos pés, etc.), também simbolizam, em si, os TRÊS PURIFICAÇÕES do Cristo em substância (aqui está outro mistério transcendental).
Em todo caso, meus queridos irmãos, fazer a Grande Obra é a única coisa pela qual vale a pena viver. Pedro, o discípulo amado de nosso Senhor o Cristo, tem como seu Evangelho o Grande Arcano, os Mistérios do Sexo. É por isso que Jesus o chamou de “Petrus” (PEDRA): “Tu és Pedra e sobre essa Pedra edificarei a minha Igreja”. É, portanto, o sexo, a Pedra Básica, a Pedra Cúbica, a Pedra Filosofal que devemos cinzelar, com um cinzel e martelo, para transformá-la na Pedra Cúbica perfeita. Essa Pedra não cinzelada (a própria Pedra bruta) é Lúcifer. Já cinzelado está o nosso LOGOI INTERIOR, o “Arché” dos gregos. O importante é, então, cinzelá-lo, trabalhá-lo, elaborá-lo, dar-lhe uma forma cúbica perfeita…
Entre os discípulos de Cristo, existem verdadeiros prodígios e maravilhas. Lembremo-nos por um momento de Santiago, aquele grande Mestre. Dizem que ele é o que mais se assemelha ao Grande Kabir Jesus; Eles o chamavam de “irmão do Senhor”, e é óbvio que ele tinha grandes poderes psíquicos e mágicos.
Santiago foi o primeiro que, após a morte do Grande Kabir, celebrou a Missa Gnóstica em Jerusalém.
As tradições contam que ele teve que enfrentar o mago negro Hermógenes, na Judéia. Santiago, como ele conhecia a alta magia, sabiamente lutou contra as trevas. Se o primeiro usava uma “mortalha” de maravilhas, por exemplo, este usava para neutralizá-la, e se Hermógenes usava o bastão mágico, Santiago usava um semelhante, e por fim derrotou o tenebroso nas terras da Judéia. No entanto, ele foi considerado um “Mago” (e ele foi, sem dúvida) e foi condenado à morte. Mas algo incomum acontece: é o caso que o sarcófago de Santiago ficou suspenso no ar, como dizem, e foi transportado para a antiga Espanha. É verdade que aí se falam de Santiago de Compostela, e dizem que “ressuscitou dos mortos e que naquela terra foi atacado por demônios (com a figura de um touro), por fogo vivo”.
Nicolás Flamel, o grande alquimista medieval, teve Santiago de Compostela como o Patrono da Grande Obra. No caminho para Santiago de Compostela, existe uma rua a que chamam “de Santiago”, e também uma gruta a que chamam “a gruta da saúde”. Por volta da época em que se peregrinam até onde está Santiago de Compostela, nessa mesma época se reúnem os alquimistas (naquela gruta), os que trabalham na Grande Obra, os que admiram não só Santiago de Compostela (da qual têm como patrono Abençoado), mas também Jacobo de Morai.
Eles sempre se encontram lá, na época das peregrinações.
Assim, enquanto o povo está prestando um culto (exotérico, digamos) a Santiago de Compostela, o Alquimistas e Cabalistas estão reunidos em uma assembleia mística para estudar Cabala, Alquimia e todos os mistérios da Grande Obra. Observe os dois aspectos (exotérico e esotérico) do Cristianismo. Sem dúvida, tudo isso nos convida a refletir.
Jacobo de Morai, que foi queimado vivo durante a Inquisição, é tido (por alquimistas e Cabalistas que se encontram na “caverna da saúde”) da mesma forma que Hiram Abiff é considerado o Mestre Secreto que deve ressuscitar em nós, e a Santiago como o Beato Padroeiro da Grande Obra, e isso é muito interessante…
A Grande Obra é o que nos interessa fazer, e é (creio, e com toda a certeza, afirmo) a única coisa pela qual vale a pena viver. O resto não tem importância.
Dizem que o Patrono Santiago, em Compostela, aparece aos peregrinos com o chapéu levantado, na mão a bengala (que traz o Caduceu de Mercúrio) e uma carapaça de tartaruga no peito, como se simbolizasse a Estrela Flamejante.
Aconselho vocês a estudarem a “Epístola Universal de Santiago” na Bíblia. Sem dúvida, é maravilhosa. É dirigida a todos nós que trabalhamos na Grande Obra. Santiago diz que “a fé sem obras é morta em si mesma” (nada vale a pena). Você pode ouvir aqui, de meus lábios, toda a doutrina do Grande Arcano, todas as explicações que damos sobre os alquimistas e a Grande Obra, mas se você não realizar essa Grande Obra, se você não trabalhar na Grande Obra, se você só tiver fé, nada mais, e não trabalha, seria (disse Santiago, e repito) “o homem que olha no espelho, que vê o rosto no vidro, vira as costas e vai embora”, esquecendo o incidente.
Se você escuta todas as explicações que damos e não trabalha na “Forja dos Ciclopes”, não fabrica os Corpos Existenciais Superiores do Ser, você é como aquele homem que “olha no espelho, se vira e sai”, porque a fé sem obras não vale nada. A Obra precisa apoiar a fé; a fé deve falar com as obras.
Santiago diz que “precisamos ser misericordiosos”.
Isso é claro, porque se formos misericordiosos, os Senhores do Carma nos julgarão com misericórdia; mas se formos implacáveis, os Senhores do Karma nos julgarão implacavelmente. E como a misericórdia tem mais poder do que a justiça, é certo que, se formos misericordiosos, podemos eliminar muito carma (tudo isso nos convida a refletir).
Santiago diz que “temos que conter a língua” (quem sabe conter a língua pode conter todo o corpo), e dá-nos como exemplo o caso do cavalo (o cavalo é colocado o freio na boca, no focinho, e é assim que a gente consegue dominar). O mesmo aconteceria se restringíssemos a língua; nos tornaríamos mestres de todo o nosso corpo.
Santiago diz: “Veja também os navios; embora tão grandes e carregados por ventos impetuosos, são governados por um leme muito pequeno” (que é realmente pequeno, se comparado ao enorme tamanho dos navios). A língua é pequena, sim, mas que grande fogo ela forma!
Somos ensinados, nessa epístola, a nunca nos orgulhar de nada. Quem se vangloria de si mesmo, de suas obras, de tudo o que fez, é sem dúvida arrogante, pedante e fracassa na Grande Obra. Precisamos nos humilhar perante o Divino, ser mais e mais a cada dia humilde, se quisermos trabalhar na Grande Obra; nunca se gabe de nada, seja sempre simples. Isso é vital quando você deseja ter sucesso na Grande Obra, no MAGNUS OPUS.
Essa epístola foi escrita com duplo sentido. Se você ler literalmente, não entenderá. É assim que foi lido por protestantes, adventistas, católicos, etc., e eles não o compreenderam.
Esta Epístola tem um duplo sentido e é dirigida exclusivamente àqueles que trabalham na Grande Obra.
Quanto à fé, é preciso ter (claro). Todo alquimista deve ter fé, todo Cabalista deve ter fé, mas a fé não é algo empírico, algo que nos é dado. A fé deve ser fabricada; Não podemos exigir que alguém tenha fé. Você tem que fabricá-la, elaborá-la.
Como se fabrica? Baseado no estudo e na experiência. Alguém poderia ter fé, no que estamos dizendo aqui, se não estudar e experimentar por si mesmo? Obviamente não! Certo? Mas, à medida que estudamos e experimentamos, entendemos, e dessa compreensão criativa vem a verdadeira fé. Portanto, a fé não é algo empírico. Não; precisamos fabricá-la. Depois, sim, muito depois, o Espírito Santo, o Terceiro Logos, poderia consolidá-la em nós, fortalecê-la e torná-la robusta; mas devemos fabricá-la…
Outro apóstolo bastante interessante (que nos conta neste caminho estreito, fechado e difícil que percorremos) é André. Diz-se que ele, em Nicéia, conjurou sete demônios malignos e os fez aparecer (diante das multidões) na forma de sete cães que fugiram aterrorizados.
Muito se falou sobre André, e não há dúvida que era extraordinário, que era carregado com grande poder. A realidade é que André, o grande Mestre, discípulo de Cristo, foi condenado à morte e torturado. A cruz de Santo André convida a refletir: é um “X” (sim, um “X”). Seus dois braços, estendidos para a direita e esquerda, e suas duas pernas abertas de um lado para o outro, formam “X”, e nesse “X” Santo André foi crucificado. Esse “X” é muito simbólico. Em grego é equivalente a um “K”, que nos lembra CHRESTOS.
Inquestionavelmente, o drama de André foi magnificamente simbolizado pelo grande monge Iniciado BACON. Este último, em seu livro (o mais extraordinário que escreveu) chamado “El Azud”, coloca uma imagem em que se vê claramente um homem morto. No entanto, ele tenta levantar a cabeça, esticar-se, ressuscitar, enquanto dois corvos negros estão removendo sua carne com seus bicos de aço. A Alma e o Espírito sobem do cadáver, e isso nos lembra a frase de todos os Iniciados, que diz: “A CARNE ABANDONA OS OSSOS”…
Santo André, morrendo em uma cruz em forma de “X”, está falando precisamente sobre a desintegração do Ego: que ele deve ser reduzido a poeira cósmica, que deve ser desmembrado.
“A CARNE ABANDONA OS OSSOS”… Só assim é possível ao Mestre Secreto (Hiram Abiff) ressuscitar dentro de nós, aqui e agora. Caso contrário, seria impossível (na Grande Obra devemos morrer de momento a momento, de instante a instante).
E o que diríamos de João? Ele é, sem dúvida, o patrono dos fabricantes de Ouro.
Alguém fabricou ouro? Sim; recordemos de Raimundo Lúlio. Ele fez isso: enriqueceu os cofres de Felipe, o Belo, da França; e as do rei da Inglaterra. Cartas de Raimundo Lúlio ainda são lembradas. Uma delas fala de “um lindo diamante”, com o qual presenteara nada menos que o Rei da Inglaterra (dissolveu um cristal, entre o “cadinho”, e então, colocando água e mercúrio naquele cristal, transformou-o em um gigantesco diamante, extraordinariamente fino, como presente para o Rei da Inglaterra). E quanto à transmutação do chumbo em ouro, ele o fez graças ao Mercúrio do Filósofo. Raimundo Lúlio enriqueceu toda a Europa com suas fundições, mas continuou pobre. Viajante extraordinário de todos os países do mundo, foi finalmente apedrejado até a morte em uma dessas terras (reflitam sobre isso).
Então João, o apóstolo de Jesus, é o patrono dos fabricantes de ouro. Diz-se que em seu caminho (em uma cidade lá, no Oriente) ele encontrou um filósofo que estava tentando convencer as pessoas, mostrar-lhes o que podia fazer com a palavra, com o verbo.
Dois jovens, que ouviram seus ensinamentos, abandonaram suas riquezas, venderam-nas e com elas compraram um grande diamante. Colocam, na presença do ilustre público, o diamante nas mãos do filósofo; Ele devolveu a eles e eles, com uma pedra, destruíram a gema. João protestou dizendo: “Com tal joia os pobres podiam ser alimentados”… Dizem que diante da multidão ele reconstruiu a joia e depois a vendeu para alimentar a multidão. Mas os jovens, arrependidos, diziam a si próprios: “Como éramos tolos de ter gastado todas as nossas riquezas para comprar um grande diamante que agora se despedaça e depois eles reconstroem para distribuí-lo entre as pessoas!”.
Mas João, que viu todas as coisas no céu e na terra (e sabia como transmutar chumbo em ouro), trouxe algumas pedras e juncos trazidos das margens do mar (nas proximidades) (a pedra, símbolo da Pedra Filosofal do sexo, e o junco, símbolo da espinha dorsal, porque existe o poder de transmutar chumbo em ouro), e depois de transformar aqueles juncos e aquelas pedras em ouro, ele devolveu as riquezas aos jovens; mas ele lhes disse: “Vocês perderam o melhor. Devolvo o que vocês deram, mas vocês perderam o que havia conquistado nos mundos superiores”. Então, aproximando-se de uma mulher que havia morrido, ele a ressuscitou. Ela então contou o que tinha visto fora do corpo e também se dirigiu àqueles jovens, dizendo que “ela tinha visto seus anjos da guarda chorando com grande amargura, porque eles tinham perdido o melhor para as coisas vãs perecíveis”… É claro que os jovens se arrependeram, eles devolveram o ouro para João, e João devolveu aquele ouro ao que era (em juncos e pedras), e eles se tornaram em seus discípulos.
Assim, João e a “Ordem de São João” nos convidam a pensar. João é o patrono de quem faz ouro; precisamos transmutar o chumbo da personalidade no ouro mais vivo do Espírito. Por isso é que eles são chamados, os grandes Mestres da Loja Branca, “Irmãos da Ordem de São João”.
Muitos acreditam que João, o Apóstolo do Mestre Jesus, desencarnou; mas ele não desencarnou.
As antigas tradições dizem que ele mandou cavar a sua sepultura, que se deitou nela, que brilhou na luz e desapareceu (a sepultura foi deixada vazia). Sabemos que João, o apóstolo de Cristo, vive com o mesmo corpo que tinha na Terra Santa e que vive precisamente na Agartha, no reino subterrâneo, onde está a ORDEM DE MELQUISEDEQUE, e que acompanha o Rei do Mundo (veja como isso é interessante).
Entrando no magistério do fogo, devemos definir algo (para esclarecer): é necessário, como eu disse a vocês, transmutar o Esperma Sagrado em energia. Quando isso é alcançado, o fogo sobe pela espinha e a Grande Obra começa a ser realizada. Precisamos criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser, mas isso não basta. É necessário, é indispensável, é urgente cobrir esses veículos (mais tarde) com as diferentes partes do Ser; mas, para cobri-los, é preciso aperfeiçoá-los, transformá-los em ouro puro, em verdadeiro ouro espiritual. Não se surpreenda, então, que João ou Santiago tenham um Corpo Astral de ouro puro, um Mental do mesmo metal ou um Causal ou Búdico ou Átmico, porque eles conseguiram realizar a Grande Obra.
Se o conde Saint Germain pôde transmutar o chumbo em ouro, é porque ele próprio era ouro. A “Aura” do Conde Saint Germain é feita de ouro puro; os átomos que formam aquela “Aura”, são feitos de ouro, e seus Corpos Existenciais Superiores são feitos de ouro da melhor qualidade. Nessas condições, ele pode jogar uma moeda no “cadinho”, sim, e derretê-la, e então, com a mesma força que carrega dentro, transmutá-la em ouro puro, porque ele é ouro (assim se chama “realizar a Grande Obra”).
Nisto existem graus e graus. Primeiro temos que atingir a Maestria, depois nos tornamos Mestres Perfeitos e muito mais tarde alcançar o grau de “Grande Escolhido”. “Grande Escolhido” e “Mestre Perfeito” são todos aqueles que realizaram a Grande Obra.
Assim como nos encontrarmos, estamos realmente mal. Precisamos passar por uma transformação radical e isso só é possível, realmente, destruindo os “elementos inumanos” e criando os humanos. Só assim marcharemos para a Libertação final…
Na Catedral de Notre Dame de Paris, como eu disse a vocês, em um cantinho está a Pedra Mestra, ou a Pedra do Ângulo (que os “construtores” de todas as seitas, escolas, religiões e outras rejeitaram), a Pedra Escolhida , Preciosa, porque tem a figura de Lúcifer, e isso assusta o leigo.
Inquestionavelmente, meus queridos irmãos, só aí (no sexo) podemos encontrar aquele PRINCÍPIO LUCIFERINO que é a própria base do Autorrealização.
Mas por que Lúcifer é o “Fio de Ariadne”? Por que é precisamente ele que deve nos conduzir à Libertação final, quando na verdade ele foi considerado mau? Já disse muitas vezes, e afirmei enfaticamente nesta cadeira, que Lúcifer é o reflexo do LOGOI INTERNO (dentro de nós), a sombra do nosso Deus íntimo, em nós e para o nosso bem, visto que é o treinador.
Deus não pode nos tentar; Somos tentados por nossas próprias concupiscências (como ensina Santiago, o Patrono da Alquimia, o Patrono da Grande Obra). Então, o que Lúcifer faz? Ele usa nossos próprios desejos, os faz passar pela tela do entendimento, a fim de nos treinar psicologicamente, para nos tornar fortes; mas se falharmos, falharemos na Grande Obra. No entanto, podemos falhar e retificar. Se retificarmos, triunfamos na Grande Obra. Qualquer um pode falhar e por seus erros sabe que tem crimes para corrigir, eliminar. Assim, Lúcifer nos treina, nos educa, nos forma, e por meio de tanto treinamento nos liberta, nos leva (de esfera em esfera) ao nosso Hiram Abiff.
Lúcifer é, então, o “Fio de Ariadne” que nos conduz ao nosso Deus interior, que nos tira deste doloroso labirinto da vida, através do trabalho esotérico. Ele, uma e outra vez, faz com que nossas próprias concupiscências passem pela tela de nosso entendimento (que não são outras, mas nossas). Derrotá-las, eliminá-las, desintegrá-las, transformá-los em pó, é a coisa certa a fazer. Assim, dando passos e passos cada vez mais avançados, partimos do centro do labirinto para a periferia, para um dia chegar ao nosso Deus. Essa é a obra de Lúcifer. Ele é o Fio de Ariadne, ele é a Pedra Filosofal. Pois algo é que os peregrinos da Catedral de Notre Dame de Paris, apagam suas velas nas mandíbulas de pedra de Lúcifer, na “Pedrinha do Canto”, como se costuma dizer…
Muito se tem falado sobre “poderes mágicos”. Sim; podemos tê-los, mas precisamos, inquestionavelmente, criar muito dentro de nós, e destruir muito (há muito que nos sobrou e muito que nos falta).
Todos acreditam possuir os Corpos Existenciais Superiores do Ser, e não é assim.
É preciso criá-los, e não é possível criá-los senão na “Forja dos Ciclopes”, ou seja, através do trabalho sexual. Seremos informados de que somos “fanáticos por sexo”. Eles estão equivocados. O que acontece é que temos um “laboratório”, que é o nosso próprio corpo, e um “fogão” no “laboratório” (o fogo do alquimista), e um “cadinho” (que está no sexo e aí a “Matter Prima” da Grande Obra. Transmutá-la é essencial, convertendo-a em energia, para poder depois com essa energia, e com o que ela contém, criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser. Isso é o que é vital, o que é indispensável.
Chegará o dia em que teremos que ir além do sexo. O absurdo seria querer ir além do sexo sem ter atingido a meta. Isso seria tanto quanto querer descer do trem, antes de chegar à estação, ou querer descer do ônibus ou caminhão (para onde vamos), antes de atingir a meta que nos propusemos.
No sexo, você deve criar e destruir. A criação de VEÍCULOS SOLARES é necessária para que o Deus interior ressuscite em nós, e também elimine os “elementos inumanos” que carregamos dentro…
Todos reunidos aqui, devem entender. Não basta vocês ouvirem o que estou dizendo; é necessário que o façam, porque “fé sem obras é fé morta”. A fé deve ser acompanhada pela Obra. A Grande Obra deve ser feita, mas não basta ter fé na Grande Obra. A Grande Obra deve ser feita.
E o resultado final da Grande Obra, qual será? Que cada um de nós se torne um grande Deus, com poder sobre o Céu, a Terra e o Inferno. Esse é o fim, o resultado da Grande Obra: que cada um de nós se transforme em Majestade, em criatura terrivelmente Divina. Mas, hoje, devemos reconhecer que nem mesmo somos humanos; Somos apenas “humanoides” (de uma forma mais grosseira, eu diria que somos “mamíferos intelectuais”, e nada mais); mas podemos sair deste estado em que nos encontramos, através da Grande Obra…
Hiram Abiff é o “Mestre Secreto”, o Terceiro Logos (Shiva), o “Primogênito da Criação”, nosso verdadeiro Ser divino interior, nossa verdadeira e individual “Mônada”. Precisamos ressuscitá-lo, porque está morto dentro de nós, embora esteja vivo para os mundos inefáveis.
Raimundo Lúlio realizou a Grande Obra: recebeu o Grande Arcano no Mundo Astral, e foi com aquela “Chave Mestra” que pôde trabalhar na Grande Obra. Raimundo Lúlio, sem dúvida, conheceu fora do corpo físico o que é a Sagrada Concepção da Divina Mãe, a Kundalini Shakti.
Sabendo como se realizava aquela sagrada concepção, ele se propôs a materializar (do alto) a sagrada concepção em si mesmo, até que a realizasse. Sem dúvida, a Divina Mãe deve conceber (por obra e graça do Terceiro Logos) o Filho.
Ela permanece virgem antes do parto, no parto e após o parto. Aquela Criança que ela concebe deve se materializar, se cristalizar em nós de cima, desde o alto, até que seja totalmente recoberta pelo nosso corpo físico, pelo nosso “corpo planetário”. Ao atingir esse grau, pode-se dizer que a Grande Obra foi realizada. Em outras palavras: devemos ressuscitar Hiram Abiff dentro de nós. E tenho dito.
Samael Aun Weor