O Parsifal Desvelado · Livro
PREFÁCIO
Esta Mensagem de Natal contém detalhada informação sobre o Parsifal Desvelado, indicando de forma sutil, os tremendos mistérios do sexo e para onde conduzem os benefícios do guerreiro que sabe vencer todas as tentações.
As pessoas vivem a vida de acordo com seus gostos, sem levar em consideração os múltiplos ensinamentos dados nos livros sagrados de todas as religiões que servem para orientar e defender seus seguidores.
A vida festiva e licenciosa lhes atrai, e logo em uma destas festas conhecem uma mulher atraente que o seduz e atrai, e sem buscar consentimento do Pai bem-amado, e as vezes até mesmo sem o consentimento de seus próprios pais ou os da mulher, definem entre ambos a união matrimonial de acordo unicamente com seus defeituosos sentidos. Depois vem a leitura de inúmeras revistas que abundam nas bancas e livrarias que lhes servem de instrução de todos os ramos do dia a dia da vida. Terminado o tempo dos prazeres e pagamentos por esses desorientados da vida, vem a dor e a amargura decorrentes destes equívocos. Muitos destes chegam nestas condições em busca de ajuda, até os livros de ensinamento gnóstico, e cometem o grave erro de estudar estes livros o homem ou a mulher isoladamente, sem informar a um ou a outro como seria o ideal. Se é o varão que não comunica a sua esposa sobre a nova conduta que decidiu tomar, como é natural, o Satã da esposa tomará precauções ou vice-versa, vindo então grandes desentendimentos. Para evitar isto, o melhor é que qualquer dos cônjuges que chegue a estes ensinamentos comuniquem ao outro e o façam conjuntamente sem medos e reticencias. Que o varão permita a mulher conhecer os livros que chegaram a suas mãos, ou que a esposa faça com seu marido para que as dificuldades sejam menos dolorosas.
Todos que recebem a luz da sabedoria divina, devem dar a conhecer a seus companheiros ou companheiras para que não se oponham mais tarde aconselhadas por suas próprias legiões satânicas que sempre estão dispostas a fechar o caminho da luz. Há algo que devemos considerar com muita seriedade. O homem pode ser bêbado, jogador, viciado, contrabandista e até um ladrão, mas sua querida mulher o ajuda em tudo e estará sempre a seu lado. No entanto se o homem decide seguir o caminho da redenção, de pronto ela poderá abandonar o lar a qualquer preço. O mesmo acontece quando a mulher decide aceitar o caminho da redenção. Os filhos seguem os mesmos vícios dos pais, as mesmas tendências políticas, sociais e econômicas, mas nesta senda da castidade, sim, é difícil. Com justa razão em seu tempo o Cristo disse: De mil que me buscam, um me encontra, de mil que me encontram, um me segue, e de mil que me seguem, um é meu.
Aos gnósticos solteiros, homens ou mulheres é preferível que busquem alguém dentro das fileiras gnósticas a seu companheiro para evitar as amarguras de unir-se em matrimonio com pessoas que desconhecem totalmente essa sabedoria da Castidade Científica e que vivem para satisfazer seus sentidos.
Quando o casal caminha pelo caminho da castidade e sabe em que consiste, ao chegar ao leito sem mancha, se convertem em pilares do templo vivo e manejam seus átrios tal como prometeu o Senhor Jeová segundo a sabedoria bíblica. Os matrimônios que seguem a senda da castidade e das purificações são triunfadores, o êxito os rodeia, a felicidade e o amor puro lhes permitem conhecer fatores superiores para saber viver entre a dor e a miséria ao seu redor. Esses encantos são totalmente desconhecidos para o casal normal comum e corrente, os profanos do templo interno.
Quando existe purificação interna, quando o discípulo decide acabar com seus defeitos, limpar seu templo vivo, expulsando os mercadores que comerciam dentro: paixões, desejos, invejas, egoísmos, rancores, etc. aprende a decidir por si mesmo, adquire vontade e deixa de ser um eterno equivocado, entende melhor os ensinamentos e vai se formando como um futuro paladino, deixa de ser carga permanente para os Mestres e obtém poderes internos.
O homem sem valor, sem coragem, assemelha-se a mulher sem vergonha, ou seja, alguns quilos de carne envoltos em uma saia; só lhe interessa a vida fácil e que outros trabalhem para ele. Trocam indistintamente de homem ou mulher como quem troca de uma roupa velha por uma nova e jamais conheceram o puro amor que nos chega do profundo da alma.
O caminho mais curto para salvar a alma o ensinou o Cristo com estas três verdades: Abandona o que tens, toma tua cruz e siga-me. Ou seja, abandona teus defeitos, tuas legiões, una o lingam com o yoni (sexos) e sacrifica-te como eu pela humanidade. O Mestre Samael Aun Weor, Avatar da síntese também ensina com estas três verdades: Há que morrer, há que nascer e há que sacrificar-se, que significa: morrer de instante em instante e matar nossos defeitos, ou seja, expulsar os mercadores do templo vivo. Nascer, com o correto uso que fazemos do sexo, transmutando as águas da vida para que nasçam os corpos solares e sacrificar-se pela pobre órfã, a pobre humanidade sofrida. Assim conhecemos os tremendos mistérios do sexo para regressar ao paraíso perdido do qual fomos expulsos por haver comido da árvore da vida e da árvore da ciência do bem e do mal.
JULIO MEDINA V.
CAPÍTULO I – O PARSIFAL
Muito foi escrito na vida, mas é necessário aprofundar…
Vamos agora revelar com muito atino e grande acerto o PARSIFAL, a obra máxima de WAGNER. Queiram os deuses nos ajudar!
Bem sabem as musas que essa obra diamantina do grande mestre é algo a parte e excecional na dramaturgia WAGNERIANA.
O verbo do mestre vai fluindo ali deliciosamente com um rio de ouro sob a espessa selva do sol.
Do Parsifal se poderia dizer de forma enfática o que Goethe dizia de seu segundo FAUSTO: Acumulei nele
grandes mistérios e árduos problemas que as gerações vindouras se ocuparão em decifrar.”
Certamente e em nome da verdade devo confessar que não sou o primeiro nem tampouco o último que se dedique ao PARSIFAL.
No entanto, é ostensível que sou o primeiro a desnudar a verdade encerrada entre os augustos Mistérios do Parsifal.
Dom Mário Rosa de Luna, o insigne escritor Teosófico disse: “No Parsifal, o pensamento de Wagner parece velado intencionalmente. De fato, e para guardar o sentido de determinadas alusões filosóficas, quando se consegue, temos que fazer grandes esforços de trabalhos de adivinhação e de concentração mental. Porque nessa obra, como em um pesadelo, encontramos de forma confusa elementos dos mais diversos: altas questões filosóficas, lembranças bíblicas e orientais, misticismos, ortodoxia, vestígios de culto católico, rituais pagãos, necromancia, sonambulismo e hipnotismo, práticas da cavalaria medieval, êxtase, ascetismos, piedade, redenção, afinidades de natureza material com a alma humana, amor em sua aceção mais torpe, amor em sua aceção mais pura…
A todas as luzes ressalta-se com inteira claridade meridiana, que WAGNER foi um grande INICIADO, um Esoterista profundo, um autêntico iluminado…
No Parsifal de Wagner existe ciência, filosofia, arte e religião… Como um novo Doutor Fausto, esse grande músico parece haver esquadrinhado antiquíssimas escrituras religiosas.
O que mais me assombra é algo tremendo… Quero referi-me enfaticamente à MAGIA INATA: De onde a tirou? Quem o ensinou? Em que escola aprendeu?
Logo vem então o desenrolar do drama com um MAGISMO TRADICIONAL profundo… mistérios maiores que o que o vulgo não entende.
Penetrar nesse ocultismo arcaico, mergulhar nos MISTÉRIOS CRISTICOS, examinar o BUDDHISMO ESOTÉRICO contido neste evangelho WAGNERIANO, é precisamente o que pretendemos neste livro.
É obvio que muitos PSEUDOESOTERISTAS irão se escandalizar com nossas revelações.
É inquestionável que muitos equivocados sinceros e cheios de boas intenções, indignados, rasgarão suas vestes falando contra nós os GNÓSTICOS, coisas horríveis.
E é que o Parsifal provoca sempre tremendas discussões. É óbvio que os filhos das trevas se aborrecem com a luz.
Recordemos que o Parsifal foi apresentado nos melhores teatros da Europa, precisamente em 1º de janeiro de 1.914 e isso nos convida a meditar.
“Somente pela eclosão da Primeira Guerra Mundial e o lançamento simultâneo de PARSIFAL em todo o mundo culto, será memorável nos anais da humanidade o ano de 1914.”
Se Wagner não houvesse proibido a encenação de sua MAGNUS OPUS fora de Bayreuth, é inquestionável que o mundo a teria conhecido antes.
Afortunadamente, e para o bem da GRANDE OBRA DO PAI, a vontade do imortal músico não pode ser cumprida. Porque sobre ela estão os tratados internacionais relativos a propriedade intelectual. É ostensível que na Alemanha, a proteção legal das obras se conclui aos trinta anos de morte de seu autor.
Como queira em 1º de janeiro de 1914 se cumpriu esses concebidos trinta anos, a propriedade intelectual do Parsifal prescreveu e então o mundo pode conhecer essa obra magistral.
1914, misterioso conúbio… Parsifal e a Primeira Guerra Mundial. É indubitável que o evangelho Wagneriano ressoa nos campos de batalha, é catastrófico, terrível e resplandece glorioso entre a tempestade de todos os exclusivismos.
CAPÍTULO II – OS CAVALEIROS DO SANTO GRAAL
Entremos em cena: O lugar da ação podemos e devemos localizar nas azuladas montanhas inefáveis do setentrião; na Espanha Gótica.
Resulta inquestionável que é precisamente ali, e não em nenhuma outra parte, que Wagner vê os domínios e o castelo de Montsalvat, ocupados pelos sublimes cavaleiros templários, terríveis guardiões do Santo Graal.
Escrito está com caracteres de fogo no grande livro da natureza a Lei dos Contrastes.
É óbvio que o limite da luz são as trevas. A sombra de todo Santuário de glória é sempre um antro tenebroso. Não é portanto de nenhum modo estranho, que por ali mesmo na vertente meridional do mesmo monte,
olhando para a Espanha árabe, se encontre também o castelo encantado do necromante Klingsor.
Dom Mário Roso de Luna, o insigne escritor teosófico diz: “As vestes dos cavaleiros do Graal e de seus escudeiros são túnicas e mantos brancos, semelhantes à dos templários, mas ao invés da vermelha TAU destes, ostentam uma pomba em voo estampada nas armas e bordada nos mantos”.
A paisagem daquela cena, mais que sombrio resulta certamente bastante severo e misterioso.
O terreno austero, indispensavelmente rochoso, de acordo com as tradições iniciáticas, resplandece no centro com um espaço muito claro.
Qualquer iluminado pode ver à esquerda o doloroso caminho que leva até o castelo do Santo Graal. No fundo se inclina o terreno deliciosamente até um lago sagrado da montanha.
A piscina sagrada, o iniciático lago da representação dos mistérios, eterno cenário de todo templo, como ainda se pode ver nos atuais santuários Indostânicos, não poderia faltar nesses domínios do Santo Graal.
“Depois do sol e seu fogo, ou seja, suas vibrações fecundas, despertadoras da vida em todos os âmbitos do planeta, a água, o elemento feminino terrestre, a Grande Mãe ou Vaca Nutriz, é a mesma base da vida, simbolizada em todas as teogonias com mil nomes lunares: Io, Maya, Isis, Diana, Lucina, Ateacina, Calquihuitl e tantos mais”.
É óbvio, e todo mundo sabe, que em nosso mundo, o fluido elemento cristalino se apresenta sempre sob dois aspectos contrários. Quero referir-me ao estático e ao dinâmico.
Não é demais recordar do profundo e delicioso lago sempre calmo e do tormentoso rio…
O estado lacustre calmo nos convida à reflexão… em realidade, a água nunca é mais ativa do que quando se mostra na tranquila fonte.
Entrando pois, nesse tema de meditação profunda, advertimos logo, que o legitimo conceito de “LAGO” pode
e até dever ser ampliado filosoficamente de forma esotérica profunda.
Convém saber com total clareza que de tais águas estáticas, espermáticas, genésicas ou lacustres, vem o esplendido e substancial hieróglifo do zero eterno.
É urgente compreender que das águas dinâmicas ou fecundantes do tormentoso rio, surge como por encanto a linha dupla de aquário, inicial hieróglifo da letra M com a qual se designa por toda parte o eterno elemento feminino: Mãe, Mater, Mama, Maria, Maya, Mar.
A linha reta do arroio cristalino, atravessando atrevidamente o aprazível lago, vem formar o primitivo hieróglifo de IO, ou seja, o santo IO, tremendo fundamento de nosso sistema decimal.
Isso nos faz recordar os símbolos terrivelmente divinos de SHIVA, o Espirito Santo: O Lingam negro embutido no Yoni.
Resulta cheio de profunda significação no evangelho cristão o fato concreto de que nos momentos mais extraordinários da pregação do Grande KABIR JESUS, representam o lago e o mar um papel formidável e misterioso.
O evangelho fala claro e nos diz que JESUS ao iniciar sua missão, foi a Cafarnaum, cidade marítima da Galileia, da qual o profeta Isaías havia falado sabiamente: “O povo que estava nas trevas viu uma grande luz, e a luz nasceu a quantos em sombra de morte que habitavam a terra.” (Mateus IV, 16).
Seguindo então o grande KABIR pela margem do mar da Galileia, escolheu como primeiros discípulos aos
pescadores Pedro e André, “para faze-los pescadores de homens”.
Quando o batista foi decapitado, o grande KABIR retira-se em um barco para um lugar deserto e afastado, isto é, à terra dos Jinas, onde se opera com as famintas multidões o milagre extraordinário e assombroso dos cincos pães e dos dois peixes. Dos quais comeram nada menos do que cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, sobrando ainda doze cestos cheios de pedaços. (Ibíd. XIV, 15-21).
Portanto seria algo mais que impossível que, nos domínios do Castelo de Montsalvat, faltasse o lago sagrado dos grandes mistérios arcaicos.
A água esotérica em si mesma é o ENS SEMINIS dos velhos Alquimistas Medievais, dentro do qual se encontra o ENS VIRTUTIS do fogo.
CAPÍTULO III – O CÁLICE E A LANÇA
Entre o cantar ditoso das aves, raiou a aurora, delícia de rosados dedos.
O velho sábio Gurnemanz, acompanhado de dois jovens escudeiros, dorme profundamente sob a sombra encantadora de uma frondosa árvore taciturna.
Do antigo e ancestral lado do castelo do Graal, ressoa poderosa a alva trombeta solene que com suas formidáveis notas saúda vitoriosa ao agradável amanhecer…
Ao escutar o hino glorioso e triunfal, o ancião Gurnemanz e seus escudeiros cheios de infinita veneração, humildemente se ajoelham e rezam com profunda devoção.
Ao chegar a esta parte sublime do presente capítulo, convém recordar aquele belo poema de Dom Ramón Del Valle Inclán:
ROSAS ASTRAIS
Eternos impérios! Dourados santuários!
Chaves do grande todo! Oração em seus alaúdes! Vontades serenas! Solenes virtudes!
Entranhas do mundo! Ardentes ovários! Iluminados ritos de celestes louvores! Selados destinos do humano coro!
Sóis que as normas guardam do tesouro! Demiúrgico! Arcanas rosas estelares! Arcano celeste! Gnóstico arcano
Onde os enigmas alçaram o Trismegisto: Por querer ler-te abriu Juliano.
Em seu império o cisma, e se fez anticristo, Exegeta, Gnóstico do céu pagão.
Uma metamorfose solar vi no Cristo.
Com passo majestoso chegam do Graal dois cavaleiros que, em vanguarda, vinham explorando cautelosos o áspero sendeiro a ser percorrido por Amfortas, orei de tão preciosa joia.
É ostensível que o grande sacerdote da sagrada chama, sofre o indizível desde aquele dia fatal em que, para sua desgraça, Klingsor, o mago negro, o ferira com sinistra lançada.
O augusto sucessor do rei Titurel vem mais cedo do que de costume tomar seu banho na piscina sagrada do lago.
O venerável senhor necessita com suma urgência aliviar-se das tremendas dores que o afligem desde que, para sua desgraça, recebera a mortal lançada…
Bem sabem os divinos e os humanos sobre Klingsor e suas nefastas artes tenebrosas.
O malvado personagem das sombras não somente sacou a lança sacra das mãos de Amfortas, o rei do Graal, como também feriu com ela no flanco.
Ah! Se as pessoas entendessem tudo isto… se compreendessem o profundo significado da lança. Em tudo isto é ostensível que existe sexualidade pura, falismo transcendente, erotismo.
É inquestionável que a lança GNÓSTICA -ESOTÉRICA do Graal e aquela outra, a dos pactos mágicos ostentada por Wotan, são no fundo uma mesma, o emblema da força sexual masculina, o PHALO…
Um grande sábio disse: “Até certo ponto, os troncos ou tábuas da lei onde Moisés escreveu por mandato de Jeová os preceitos do decálogo, não são senão uma dupla lança das Runas, sobre cujo significado fálico não podemos nos deter, mas que podem ser vistas em pormenores no segundo volume de Isis Sem Véu”.
Escrito está com caracteres de fogo no grande livro da sabedoria cósmica, o duplo uso da lança sagrada. É indubitável que feriu horrivelmente o flanco do Senhor e que dessa ferida emanou sangue e água. É ostensível que também curou a ferida no flanco de Amfortas.
Explicações? Paciência querido leitor. Agora só estamos assentando os princípios. Nos próximos capítulos iremos até o fundo…
Enigmas? Sim, e muitos… Tão graves como os do santo Graal, o Yoni feminino, a taça, os órgãos sexuais da mulher…
São tantas as tradições do Santo Graal… por aí entre os livros velhos medievais existe uma estrofe lírica que diz:
“Pai, Pai de minha vida,
Pela do Santo Graal,
Dá-me vossa permissão
Para o Conde ir busca-la.”
Se nos foi dito que o grande cálice esteve em poder de Abraão, se nos informa que Melquisedeque, o Gênio da terra ou Changam – como também é chamado -, levou-o do país de Semíramis à terra fecunda de Canaã. Isso sucedeu-se naquela época em que nosso regente planetário começou algumas fundações, no bendito lugar onde mais tarde esteve Jerusalém, a cidade querida dos profetas.
Antigas tradições que se perdem na noite dos séculos, afirmam que Melquisedeque o utilizou liturgicamente quando celebrou o sacrifício em que ofereceu o pão e o vinho da transubstanciação na presença de Abraão e o deixou com este Patriarca.
Algumas lendas muito antigas asseguram enfaticamente que esta taça Divinal esteve também na arca de Noé. Não é demais assegurar que essa venerada relíquia foi levada ao Egito e que Moisés a possuiu.
Foi feita de uma matéria muito singular, compacta como a de um sino e francamente não tinha o aspecto de haver sido trabalhado com os metais. Mas parecia ter sido produto de uma espécie de vegetação.
A rainha de Sabá, submeteu o rei Salomão a muitas provas antes de fazê-lo depositário de tão sublime relíquia. O Grande KABIR JESUS O CRISTO, a teve em seu poder quando celebrou a última ceia, e em tal taça bebeu
o vinho da Santa Eucaristia.
O senador romano José de Arimatéia, ao pé da cruz no Calvário, recolheu nesse cálice as gotas purpurinas de sangue que emanavam das feridas do Adorável…
Dizem as tradições que o mencionado senador, inteligente e sábio como poucos, soube guardar secretamente tão precioso tesouro…
O preço de seu sagrado zelo foi muito caro, pois ao negar-se a entregar à polícia romana a taça sacrossanta e a lança de Longinus, foi preso…
Muitos anos depois, José de Arimatéia, já livre, portando as santas relíquias foi a Roma em busca de cristãos. Mas vendo as perseguições que ali existiam, continuou seu caminho pelas regiões do Mediterrâneo…
Dizem as antigas escrituras, que em uma noite em sonhos foi visitado o velho senador por um anjo que lhe disse: “Essa taça tem um poder magnético muito grande, pois nela está contido o sangue do redentor do mundo, enterre-a lá.
“Então aquele ancião viu o templo de Montserrat, na Catalunha, Espanha”…
José de Arimatéia conclui sua terrível missão guardando em tal templo estas arcaicas relíquias.
O que aconteceu depois disso… os Iniciados o sabem. Hoje o castelo de Montsalvat, no qual está o templo, e
parte da montanha de Montserrat entraram em estado de “Jinas”, ocultaram-se da vista dos profanos.
Inutilmente os cavaleiros cruzados buscaram na terra santa o Santo Graal. Como recordação destas buscas ainda se conserva a taça de prata que se entrega aos campeões olímpicos.
CAPÍTULO IV – KLINGSOR O MAGO NEGRO
No rincão exótico do vale acolhedor, bem perto da terra sagrada dos maometanos, dizem as lendas que viveu
Klingsor, o mago mau, em terrível solidão.
Certamente ignoro – disse o velho Titurel -, quais foram seus pecados, porém ali ele quis ser penitente e santo. Equivocado sincero e cheio de boas intenções, impotente para acabar com a luxúria, empunhou a faca assassina e se castrou, capou ou mutilou espantosamente.
Conta o piedoso herói Titurel, quem conheceu muito bem a Klingsor e suas tenebrosas artes, que o infeliz penitente do mal logo estendeu suas ensanguentadas mãos em direção ao Graal; porém é óbvio que foi rechaçado com indignação pelo guardião.
Sentir-se repudiado pelos cavaleiros do Santo Graal? e depois de haver se mutilado com o “são” propósito de eliminar as paixões animais? Que horror, meu Deus!
No furor de seu terrível e doloroso despeito, impossível de descrever com palavras, buscou o eunuco das trevas a arma da vingança e é inquestionável que a encontrou.
Titurel, a voz do passado, disse que o tenebroso transformou aquele ermo de penitente frustrado em um jardim encantado de voluptuosos deleites sexuais e que nele viveram lindas mulheres belamente malignas.
Ali, em segredo, na mansão das delícias – diz o velho Titurel-, aguarda o mago mau os cavaleiros do Graal para arrastá-los delicadamente à luxúria e às penas infernais…
Aquele que se deixa seduzir, é sua vítima, disse o velho monarca, e a muitos dos nossos conseguiu levar ao caminho da perdição.
Ao chegar a esta parte de nosso presente capítulo, me vem a memória aquele belo poema de Dom Ramón Del
Valle Inclán:
ROSA DO PECADO
O gato que ronrona! A porta que range! A goteira glo-glo-glo!
Sozinhos na casa! À porta ruge
A besta abortada quando nasci.
A noite de outubro! Dizem que de Lua, Com um vento forte e ondas do mar:
Sob suas estrelas se alçou minha fortuna, Mar e ventos fortes me viram chegar.
A noite de outubro! Minha morte anunciada! Noite minha, aberta entre terra e sol! Revestiu-se o mago da veste estrelada, Desnudo um gigante, soprou o caracol.
A besta à porta brame estremecida, Em seus olhos fica a noite outonal E distante, aquela noite de minha vida, Com seus dois caminhos. E segui o do mal! Me chamou tua carne, rosa do pecado! Sozinhos em casa, eu acordado, A noite de outubro, o mar levantado… A goteira glo-glo-glo!
CAPÍTULO V – AMFORTAS: O REI DO GRAAL
Mulher preciosa, para o melhor nascida; mulher diabólica para o abismo destinada; pérola do trono do Senhor caída; inefável rosa de fogo no Éden crescida e por mãos infernais desfolhada; cisne encantador de pescoço alabastrino em impudico bacanal cantando… Quanto bem haveis feito! E quanto mal! Oh, meu Deus!
Porém… e é o melhor, falemos agora um pouco sobre o rei Amfortas, sucessor do velho Titurel, que burlou acertadamente as astúcias do demônio.
Diz a lenda dos séculos, e isso sabem nossos avós, que o bom rei teve que sofrer o indizível.
E, meu Deus! Tudo por elas ou por ela; a diaba original, o protótipo da perdição e da queda, aquela que nem o próprio Amfortas, Senhor do Graal, pode resistir.
E dizem as pessoas que andam por aí que o bom senhor também caiu nos braços de uma loira tempestuosa que chamavam de Herodias, Kundry, Gundrigia, e não sei o que mais…
O soberano quis por um fim aos encantamentos mágicos de Klingsor, o mago perverso, mas logo verás o que aconteceu.
O maligno, que por certo nunca foi uma mansa ovelha, soube tirar bom proveito de tão maravilhosa oportunidade e aproximando-se calmamente do luxurioso casal que se revolvia em seu leito de prazeres, arrebatou a lança sagrada e com ela feriu espantosamente o flanco de Amfortas e logo se afastou rindo.
Ó tu, lança Divina, maravilhosa em tuas feridas e que a todos está vedado buscar! – E segue dizendo o velho Gurnemanz – Foram meus olhos, meus próprios olhos, os que te viram esgrimida pela mais sacrílega mão!”
O rei em sua retirada foi escoltado pelo ancião Gurnemanz. Mas ardia uma chaga em seu flanco: a ferida do remorso que jamais queria sanar!
Recitemos agora um belo poema de Dom Ramón del Valle Inclán:
ROSA DO ORIENTE
Tem ao andar a graça de um felino, Em tudo cheia de profundos ecos, Engana com mouriscos engodos Sua boca obscura, contos de Aladim. Os olhos negros, cálidos, astuto, Triste de ciência antiga o sorriso, E a saia de flores uma brisa De índigos e sagrados instintos.
Cortou sua mão num jardim do Oriente, A maçã da árvore proibida, E enroscada em seu seio, a serpente. Adorna a luxuria de um sentido sagrado.
Na treva transparente de seus olhos, A luz é um silvo.
CAPÍTULO VI – A AMAZONA SELVAGEM
Pelo sendeiro solitário, quais fantasmas vagarosos, abatidos, vacilantes, cabisbaixos, andrajosos, encaminham-se lentamente os vencidos até o lago; e ao olhar a distante torre do templo, sob certa luz opalescente que nos céus alvorece, vão o passo retardando, como se temessem chegar.
Vencida Kundry pelo cansaço quanto pelos terríveis e espantosos remorsos, arroja-se na perfumada terra. Nestes instantes, chega procedente do castelo do Graal, o infeliz cortejo que conduz o rei para o banho santo. O sofrido monarca não guarda ressentimentos em seu dolorido coração. Compreende plenamente seus próprios erros, reconhece sua culpabilidade e humildemente agradece à sua servidora, a mulher, o eterno feminino; a Eva monumental da mitologia hebraica; eterno joguete do bem e do mal na terra, segundo o uso que os homens façam dela.
A Madalena Wagneriana convertida vilmente em joguete do maligno, anela também seguir os divinos ideais do Graal, mas sempre cai vencida.
Mulher! Exclama Amfortas… Por acaso és o demônio que vomitou o inferno para abrir-me esta ferida? És talvez um anjo que desceu de Urania para velar por minha infeliz existência?
A amazona selvagem, a mulher símbolo da dramaturgia Wagneriana, protótipo magnífico de quanto existe de mais abjeto, e a par do que há de mais excelso no mundo, é certamente formidável…
Seu traje é montanhês e rude, preso no alto por um cinturão de onde pendem longas peles de cobra. Sua negra cabeleira balança milagrosamente em soltas madeixas de escuro matiz pardo-avermelhado.
Em sua deliciosa face feminina resplandecem olhos encantadores de cor negra, que às vezes cintilam com ferocidade e amiúde imobilizam-se com espantosa rigidez de morte…
Traz Kundry como a Madalena judia, um frasco de cristal da exótica Arábia. O rei do Graal certamente necessita de um bálsamo precioso para sanar seu dolorido coração.
Bendita seja a mulher! Benditos os seres que se adoram!
Hermes Trismegisto disse: “Te dou amor no qual está contido todo o sumum da sabedoria.”
Amar? Quão belo é amar! Somente as grandes almas podem e sabem amar…
O amor começa com uma chispa de simpatia, substancializa-se com a força do carinho e se sintetiza em adoração…
Um matrimônio perfeito é a união de dois seres, um que ama mais, e outro que ama melhor… O amor é a melhor religião acessível…
CAPÍTULO VII – O CASTO INOCENTE
Gurnemanz, a voz do passado, o ancião venerável, depois de relatar solenemente tudo que outrora ocorrera nessas regiões misteriosas do castelo de Montsalvat, depois da horrenda perda da santa lança, continua se expressando nos seguintes termos:
“Ante o santuário, órfão da sublime relíquia, jazia Amfortas em fervorosa oração, implorando inquieto um sinal de salvação.”
“Uma intensíssima, uma deslumbrante refulgência divina emanou do Graal enquanto uma visão de sonho celeste lhe disse, com clara ênfase, estas palavras: “O sábio, o iluminado pela compaixão, o casto inocente, espera-o. ELE É ESCOLHIDO.”
Nisto, ó Deuses, diz a lenda dos séculos, que se produziu um grande escândalo entre as pessoas do Santo Graal, porque do lado do lago sagrado, no fundo do bosque solitário, foi surpreendido um jovem ignorante que, errante por aquelas ribeiras, feriu com seu arco um cisne muito belo, símbolo perfeito do Espírito Santo.
Mas, por que tanto alvoroço, tumulto, desordem? Quem nunca feriu de morte o cisne Kala Hamsa? Quem não violou o sexto mandamento da lei de Deus que diz: Não fornicar?
“Aquele que se sentir livre de pecado que atire a primeira pedra”…
Ó bendito Hamsa milagroso, força sexual do Terceiro Logos, Íbis imortal, branca pomba do Graal!
A conquista do ULTRA-MARE-VITAE, o mundo SUPER-LIMINAL e ULTRA-TERRESTRE, só é possível com a pedra iniciática, o sexo, no qual esta contida a religião síntese, que foi a primitiva da humanidade; a sabedoria mística de JANO, ou dos JINAS,
Eliminar o sexo? Oh! Não! Não! Não! … Superá-lo? Isso é ostensível… amar é o melhor. Recitemos agora aquele belo poema de Amado Nervo que intitula-se:
O DIA QUE ME QUEIRAS
O dia que me queiras terá mais luz que Junho; A noite que me queiras será um plenilúnio,
Com notas de Beethoven vibrando em cada raio
Suas inefáveis coisas, E haverá mais rosas
Que em todo mês de Maio. Mil fontes cristalinas
Irão pelas ladeiras
Saltando cantantes.
O dia que me queiras, os bosques escondidos
Ressoarão arpejos jamais ouvidos.
Êxtase de teus olhos, todas as primaveras
Que houve e haverá no mundo, serão quando me queiras. Colhidas da mão qual louras irmãzinhas
Luzindo gotas cândidas, irão as margaridas
Por montes e pradarias,
Diante de teus passos, o dia em que me queiras… E se desfolhas uma, te dirá sua inocente
Última pétala branca: Apaixonadamente! Terão todos os trevos quatro folhas agoureiras Ao levantar da aurora do dia que me queiras,
E no estanque, ninhos de germes ignotos, Florescerão as místicas corolas dos lotos.
O dia que me queiras será cada tênue nuvem
Asa maravilhosa, cada arrebol, miragem
Das Mil e Uma Noites. Cada brisa um cantar
Cada árvore uma lira, cada monte um altar. O dia que me queiras, para nos dois
Caberá em um só beijo, a beatitude de Deus.
CAPÍTULO VIII – O FILHO DE HERZELEIDE
Parsifal o casto inocente, é ostensível que em um remoto passado também feriu com sua flecha o cisne de imaculada brancura, o Hamsa milagroso.
Às diversas perguntas que com tanta ênfase lhe são feitas, ele guarda silêncio. É obvio que ignora tudo, eliminou o EU, e nem sequer recorda o nome de seu progenitor terrenal, reconquistou a inocência edênica…
Só sabe que sua mãe chamava-se Herzeleide e que o bosque mais profundo era sua morada.
Sua pobre mãezinha de coração dolorido, deu-lhe à luz órfão de pai, quando este, chamado Gamuret, caia gloriosamente entre os elmos e os escudos no campo de batalha.
A adorável mãe para proteger a seu filho contra o signo prematuro dos heróis, criou-o com infinita ternura em um local ermo, estranho às armas e em meio à mais bruta ignorância.
Mas… um dia qualquer, aquele mancebo de heroica linhagem viu chamas humanas no bosque…
Foi tanto o brilho daqueles cavaleiros com reluzentes armaduras – os cavaleiros do Graal – que resolveram passar por aquelas arborizadas paragens solitárias, que o jovem impulsionado por seu instinto de herói resolveu segui-los através das montanhas.
Protegido com as armas de Vulcano, aquele rapaz combateu as bestas do abismo, vis representações de seus antigos erros e os reduziu a poeira cósmica.
Assim avançou o jovem rapaz até os domínios do Graal… (Assim devemos nós avançar).
Kundry, Herodias, lhe informa que sua adorável mãe morrera. A notícia é cruel, e o mergulha em infinita amargura, impossível de ser descrita com palavras…
Instante espantoso este; precipita-se sobre a Hetaira como louco, logo cai desfalecido e a mesma o socorre imediatamente com a água deliciosa do manancial.
Depois vem a hora tremenda. A Gundrígia diz coisas terríveis; para tudo existe seu dia e sua hora. É conveniente agora recordar aquele belo poema de Dom Ramón Del Valle Inclán, intitulado:
A ROSA DO RELOGIO
É a hora dos enigmas, Quando a tarde de verão,
Das nuvens mandou um falcão
Sobre as pombas benignas. É a hora dos enigmas!
É a hora da pomba: Segue os voos a mirada
De uma criança. Tarde rosada, Musical e divina coma.
É a hora da pomba!
É a hora da serpente:
O diabo arranca uma cana, Cai da árvore a maçã
E o cristal de um sonho se quebra. É a hora da serpente!
É a hora da galinha:
O cemitério tem luzes
Se benzem ante as cruzes
As beatas, o vento agoniza, É a hora da galinha!
É a hora da donzela: Lágrimas, cartas e cantares, O ar pleno de flores brancas,
A tarde azul, somente uma estrela. É a hora da donzela!
É a hora da coruja:
Decifra as escrituras o velho Quebra-se de repente o espelho, Sai a velha com o galheteiro.
É a hora da coruja! É a hora da raposa: Ronda a rua uma viola,
Conduz a velha uma mocinha
Um anel com uma rosa. É a hora da raposa.
É a hora da alma sofredora
Uma bruxa na encruzilhada, Com a oração excomungada Pede ao morto sua corrente. É a hora da alma sofredora! É a hora do crepúsculo:
Espreita o mocho no pinheiro, O bandoleiro no caminho,
E no prostíbulo Satã.
É a hora do crepúsculo!
CAPÍTULO IX – PALAVRAS DE KUNDRY
Kundry, a Eva maravilhosa da mitologia hebraica, vítima inconsciente do mago perverso, frente ao Parsifal Wagneriano exclama com infinita dor:
“Eu nunca faço o bem; somente o descanso quero… só o descanso para esta miséria extenuada!”
“A dormir, e oxalá nunca despertasse!” Naquele momento começa a experimentar os fluidos da sugestão a distância do mago, e erguendo-se estremecida de espanto, exclama: “Não! Dormir não! Causa-me horror tudo isso!” Dá em seguida um grito surdo; todo seu corpo treme como uma fibra de erva agitada pela tempestade, até que, impotente contra o malefício, deixa cair inerte os braços, inclina a cabeça e dando uns passos vacilantes, cai hipnotizada entre as ervas daninhas gemendo:
“Inútil resistência. A hora chegara. Dormir… Dormir… É preciso dormir.”
A mulher por antonomásia, a mulher símbolo, a diaba original, o protótipo da perdição e da queda, a quem nem o próprio Amfortas, o magnífico rei do Santo Graal, pôde resistir, dorme agora sob o poder hipnótico do mago perverso.
Mas que bela te vemos, Kundry! Nasceste como um milagre no Éden de todas as maravilhas! És o pensamento mais belo do criador feito carne, sangue e vida! …
Teu corpo delicioso parece haver sido modelado com as delicadas rosas da beira da campina que faz UAD- AL KEBIR fecundo! …
As ramagens taciturnas, prateadas pela lua pálida, deram doce sombra a suas pestanas…
Tuas pálpebras de exótico encanto foram criadas com folhas divinas de laranjeiras. Essências de nardos sublimes se esconde em tuas entranhas…
Tuas fascinantes tranças parecem cascatas de noite caindo sobre teus núbeis ombros…
Quão formosa és! Escuta-me? Tua boca encantadora sorri, tua língua tenta em sonhos palavras formar…
O céu estrelado se abre como uma rosa, tu dormes, Kundry, envenenada por um exótico mistério que ninguém entende! …
Dormes, sim! … Eu sei… O bosque das Mil e Uma Noites me empresta suas folhagens, onde se aninham as aves que cantam docemente, sussurra suavemente a floresta; murmura o rio entre seu leito de rochas. Tudo convida para a sesta e tu dormes; Eva, Kundry, Gundrigia, Herodias…
Dorme entre seus secretos lamentos: És a vítima inconsciente de um sortilégio fatal…
Mas, oh Deus meu! Que ideia terrificante em sonhos te acossa? O que é aquilo que querendo não fazer, fazes?
CAPÍTULO X – O HINO DO GRAAL
Regressando do banho tão delicioso e agradável, vê a liteira do rei passar rumo ao castelo de Montsalvat.
O venerável ancião Gurnemanz se une ao cortejo convidando bondosamente o mancebo para o festim sagrado. É necessário que o rapaz também receba os benefícios do Graal…
– Acabamos de sair e no entanto sinto que já andamos muito – diz Parsifal.
O velho encanecido na sabedora responde-lhe com grande acerto: “Tu já vês, meu filho: Aqui o tempo é espaço” …
O tempo em si mesmo é a quarta dimensão, isso é ostensível…
A quarta coordenada resume-se em dois aspectos totalmente definidos: o temporal e o espacial. É inquestionável que o aspecto cronométrico da quarta dimensão vem a ser tão só a superfície. É indubitável que o espaço espacial da quarta vertical está no fundo.
Dentro do mundo tridimensional em que vivemos existe sempre uma quarta vertical e esta em si mesma é o tempo.
Na eternidade não há tempo…
É claro que a eternidade vem a ser a quinta dimensão, tu o sabes… Na eternidade tudo se processa dentro do eterno agora…
Ouviste falar disso que está mais além do tempo e da eternidade? É claro que existe a sexta dimensão… E o que diremos da dimensão zero desconhecida? Espírito puro? Sim! Sim! Sim!
O velho Gurnemanz com essa sabedoria iluminada pelo tempo, entendia tudo e sabiamente conduzia o filho de Herzeleide até o Santo Graal…
A cena vai transformando-se lentamente a medida que o velho mestre e seu jovem discípulo avançam. Abaixo deixam o bosque solitário, enquanto ambos escalam pacientemente a monstruosa montanha de granito.
Pouco a pouco vão se ouvindo cada vez melhor o suave chamado das trombetas e o augusto toque dos sinos do templo…
Finamente chegam mestre e discípulo a um precioso salão, cuja cúpula majestosa se perde na altura… Parsifal emudece extasiado ante tão divina magnificência impossível de descrever com palavras…
No fundo, se abrem duas largas portas cheias de gloria por onde entram os cavaleiros do Graal…
Os varões da luz vão se colocando ordenadamente ante duas longas mesas paralelas cobertas com toalhas entre as quais fica um espaço livre.
Nas mesas da alegria há cálices ou taças, mas não manjares deliciosos.
Por outra parte aparecem valentes escudeiros e irmãos de serviço humilde que trazem o rei Amfortas em sua liteira, e diante dele, algumas crianças puras como os anjos de rosada face…
Estas criaturas trazem uma aca coberta com tela púrpura, dentro da qual se escondem os mistérios do sexo.
A sublime comitiva coloca o rei Amfortas num leito do fundo, sob um dossel e sobre a mesa de mármore que está diante da arca sagrada…
A congregação da luz entoa assim… feliz, dos diversos lugares do templo, o hino do Graal, que diz:
“Dia após dia, disposto para última ceia do Amor Divino, o festim será renovado, como se pela última vez tivesse hoje de consolar-lhe para quem haja se alegrado nas boas obras. Acerquemo-nos do ágape para receber os dons augustos.”
“Assim como entre dores infinitas correu um dia o sangue que redimiu o mundo, seja meu sangue derramado com coração gozoso pela causa do Herói Salvador. Em nós vive, por sua morte, o corpo que ofereceu para nossa salvação” …
Viva para sempre nossa fé, pois que sobre nós paire a pomba, propicia mensageira do Redentor. Comei do pão da vida e bebei do vinho que para nós emanou” …
CAPÍTULO XI – A SANTA RELIQUIA
Ao expirar no mistério as últimas notas dos delicados cânticos e quando todos os augustos cavaleiros de aspecto divino ocuparam seus assentos junto às sagradas mesas, segue-se um imponente silêncio…
Ia toda desnuda a visão estupenda com brancura de nardo, atraente e fatal. Exótico mistério…
Desde o âmago, como que saindo da negra sepultura se ouve a voz do velho Titurel… Imperativamente ordena a seu filho descobrir o Santo Graal para contemplá-lo pela última vez.
Amfortas resiste e diz: “Não! Deixa-o sem descobrir! Oh! Será possível que nada seja capaz de entender essa
tortura que sofro ao contemplar o que a vos embeleza?”
“Que significa minha ferida, o que é o rigor de minhas dores ante a angustia, o suplício infernal de ver-me
condenado a esta missão atroz?” …
“Cruel herança que me encomenda, único delinquente entre todos… Guardião da santa relíquia” … “Necessito implorar a bendição para as almas puras” …
“Oh castigo! Castigo sem igual que me envia o Todo Poderoso, a quem ofendi terrivelmente” … “Por ele, pelo Senhor, por suas bênçãos e misericórdias hei de suspirar com ânsia veemente” … “Só pela penitência, só pela mais profunda contrição da alma, hei de chegar até Ele” …
“A hora se aproxima, um raio de luz desce para iluminar o Santo Milagre; o véu cai” … “Com poder esplendoroso brilha o conteúdo divino do vaso consagrado” …
“Palpitando na dor do supremo deleite, sinto verter-se em meu coração a fonte do sangue celestial” …
“E o fervor de meu próprio sangue pecador haverá de refluir em louca torrente e derramar-se com pavor horrendo, pelo mundo da paixão e do delito”.
“Novamente rompe sua prisão e emana caudalosa desta chaga, à sua semelhante, aberta pelo golpe da mesma lança que feriu o Redentor. Essa ferida com que chorou em lágrimas de sangue, pelo opróbrio da humanidade no anelo de sua divina compaixão”.
“E agora, desta minha ferida, no mais santo lugar, eu guardo os bens divinos, guardião do bálsamo da redenção, brota o fervente sangue do pecado, sempre renovado na fonte de minhas ânsias, que nenhuma expiação extinguir” …
“Piedade! Compaixão! Tu, o Todo Misericordioso, tem piedade de mim! Livra-me dessa herança, fecha-me esta ferida e faz de uma vez sanado, purificado e santificado, possa eu morrer por ti!” …
“Não sei quem sou realmente nesta chama cruenta de angústia, de dor, de gozo e pranto em que nasce o Mistério de um encanto que destrói minha vida e a alimenta, mas pressinto algo terrivelmente divino” …
“Não sei quem sou nessa rede fatal de minha própria existência, que contempla com assombro místico, peixes de espuma em vertigens de espanto, e um manancial de séculos que levanto para saciar inutilmente está sede insaciável que me atormenta” …
“Neste mundo vão de trevas e amarguras infinitas, me interrogo com voz desconhecida que parece voz alheia e grave” …
“E permanece minha razão desvanecida, mísera sombra do pecado!” …
Amfortas cai desmaiado depois destas palavras e o Santo Graal é descoberto…
Contam velhas tradições que se perdem na noite dos incontáveis séculos, que quando aquele exímio e sublime varão retirou o cálice sagrado – símbolo perfeito do YONI feminino -, um denso crepúsculo – a nuvem sexual do Tabernáculo Hebreu -, espalhou-se deliciosamente por todo o maravilhoso ambiente do santuário.
Isso nos recorda o SAHAJA-MAITHUNA no instante supremo… Os mistérios do LINGAM-YONI são terrivelmente divinos…
Desde o alto, do céu de Urânia, desce um puríssimo raio de luz que ao cair sobre o cálice, o faz brilhar com um esplendor purpúreo, infinito, inesgotável…
Amfortas sabe usar a cruz fálica e com o semblante transfigurado ergue o Graal ao alto e abençoa o pão e o vinho da transubstanciação.
Os coros ressoam deliciosamente, amando e adorando.
Amfortas volta a depositar na arca a sagrada chama que vai empalidecendo lentamente a medida que se dissipa novamente o espesso crepúsculo sexual…
“O pão e o vinho são repartidos pelas mesas onde todos se sentam, exceto Parsifal que permanece em pé, em êxtase, de onde sai apenas devido aos lamentos de Amfortas, pelo que sofre, o jovem, mortal espasmo. Gurnemanz acreditando estar ele embrutecido e inconsciente a tudo aquilo, o agarra pelo braço e arroja-o brutalmente do recinto sagrado, enquanto se extinguem no espaço as vozes dos jovens, das crianças e dos cavaleiros que cantam a santificação na fé e no divino amor”.
CAPÍTULO XII – BAYREUTH
É bom dizer para o bem da grande causa, que Wagner proibiu a representação de seu Parsifal fora daquele teatro maravilhoso de Bayreuth…
Conforme já dissemos, que uma vez cumprido o prazo legal, foi conhecido o Parsifal em todos os teatros da Europa…
Tratando-se da verdade, devemos ser muito francos. É certamente lamentável que a viúva e o filho de Wagner junto com alguns outros músicos alemães, houvessem tentado modificar a lei sobre propriedade intelectual, com o evidente propósito de limitar a representação do Parsifal exclusivamente ao velho teatro de Bayreuth.
É ostensível que estes equivocados sinceros não conseguiram alcançar seu propósito.
É inquestionável que a dor de alguns é a alegria de outros. O fracasso dessas pessoas tão bem-intencionadas, teve formidáveis repercussões internacionais entre o público europeu, que assim não se viram privados de conhecer a grande obra.
As obras magnas não podem ser limitadas no espaço e no tempo. É um absurdo querer tapar o sol com um dedo.
Contam as pessoas que andam por aí, que esta supracitada obra foi cantada antes de 1914 no teatro metropolitano de Nova York, tendo que para isso vencer todo gênero de obstáculos legais.
É patético, claro e definitivo, que a empresa pagou a multa com infinito prazer, pois é óbvio que lhe ficaram significativos lucros.
Mas, valha-me Deus! Não aconteceu o mesmo em Monte Carlo? Todo mundo sabe que quando se quis representar o poema sacro, infelizmente devido as ameaças da viúva e do filho de Wagner, a obra somente pode ser cantada em função de deleite.
Transcrevemos agora, cuidadosamente, um artigo jornalístico muito interessante:
“O tema de Parsifal surgiu na mente de Wagner me 1854, porém não começou a trabalhar no poema até a primavera de 1857, suspendendo-o várias vezes, até que por fim, o terminou em 23 de fevereiro de 1877.”
“Muito antes de concluir o livro, compôs alguns trechos musicais, os primeiros em 1857. Mas na realidade, não começou a trabalhar sério na partitura até o outono de 1877, isto é, no mesmo ano em que escreveu a última frase do poema”.
“A obra ficou definitivamente terminada em 13 de janeiro de 1882. Pouco depois começaram os preparativos
para a estreia, e já bem ensaiada, estreou o Parsifal em 26 de julho de 1882 no teatro de Bayreuth”. “Parsifal obteve estrondoso êxito, que arrancou lágrimas daquele gênio tão acostumado a luta”.
“Wagner, emocionado, abraçou com entusiasmo a Materna e Scaria que interpretaram os papéis de Kundry e Gurnemanz respectivamente, assim como ao grande maestro Herman Levi, que dirigiu a orquestra, e a quem conhecemos e aplaudimos há doze ou quatorze anos em Madri, naqueles concertos famosos do Príncipe Alfonso, quando se apresentaram eminentes diretores alemães”.
“Ao falar sobre isto, é justo dedicar uma palavra de admiração e simpatia ao grande maestro Mancinelli, que foi quem “realmente trouxe as galinhas”, ou seja, aquele que nos deu conhecer quase todo Wagner, e o primeiro que organizou grandes concertos”.
“Aquela temporada de audições, sob a direção de Mancinelli, constituiu uma época memorável para a história do desenvolvimento da arte lírica na Espanha”.
“Wagner só sobreviveu aproximadamente seis meses após seu grande triunfo de Parsifal”.
“Pouco depois da estreia, o maestro foi passar o inverno em Veneza como era de costume desde 1879. Ali, de modo repentino, a morte o surpreendeu no dia 13 de fevereiro de 1883 ao lado de sua esposa Cósima Liszt, filha do celebre músico do mesmo sobrenome e de seu amigo Joukowsky”.
“Dois dias depois, os restos mortais do glorioso criador do drama lírico eram transladados para Bayreuth, onde
repousam no jardim da casinha de Wahnfried, sob um bloco de mármore sem adorno nem inscrição alguma”.
CAPÍTULO XIII – O MERCÚRIO DA FILOSOFIA SECRETA
Nestes instantes de misteriosa felicidade, não é demais recordar aquele poema subliminar de Horácio, o autor dos Epodos e das Sátiras que vieram à luz entre os anos de 35 e 30 antes de Cristo…
MERCÚRIO
Mercuri, facunde nepos Atlantis, Qui feros cultus hominum recentum Voce formasti catus et decorae
More palaestrae.
Te canam, magni Iovis et deorum Nuntium curvaeque lyrae parentem, Callidum, quidduid placuit, iocoso Condere furto.
Te, boves olim nisi reddidisses
Per dolum amotas, puerum minaci Voce dum terret, viduus pharetra Risit Apollo.
Quien et atridas duce te superbos Ilio dives Priamus relicto Thessalosque ignes et iniqua Troiae Castra fefellit.
Tu pias laetis animas reponis Sedibus, virgaque levem coerces Aurea turbam, superis deorum Gratus et imis.
***
Mercúrio, neto de Atlas, tua eloquência
Do homem primitivo foi mestra: Sua rudeza poliste com a fala
E o uso afinado do cenário
Núncio do alto e Jove e dos deuses, Foi tua gloria inventar a curva lira,
E é tua graça levar-te pela benevolência, Quanto a teu gênio audaz antojo inspira. De menino furtaste seu rebanho a Febo, E ele com furiosas vozes te repreendia; Mas, teve que rir ao ver, atônito,
Que lhe havias roubado até a aljava. Saiu de Ilión com régios dons Príamo, Quando o exército grego cercado: Atridas sem piedade, fogueiras téssalas,
A todos deixou ridicularizados com teu guia
Às piedosas almas, sombras ligeiras, Leva tua vara de ouro ao gozo eterno, Grata deidade para todos os deuses, Encanto do Olimpo e do Averno!
E havendo cantado poema tão sublime da lírica Horaciana, convém agora saber o que é Mercúrio…
É inquestionável e qualquer gnóstico pode compreender, que como planeta astrológico, é muito mais misterioso que o próprio Vênus, e idêntico ao Mitra Masdeísta. O Buda, o Gênio ou Deus, estabelecido formidavelmente entre o Sol e a Lua; sublime companheiro eterno do disco solar da Sabedoria Divina…
Pausânias, em seu livro V, nos ensina sabiamente que Mercúrio tem um altar em comum com Júpiter, o Pai dos divinos e dos humanos…
Dizem as antigas lendas que ostentava radiantes asas de fogo, como para manifestar que assistia ao Cristo-Sol em sua viajem eterna. Com justa razão foi chamado em outros tempos Núncio e Lobo do Sol: Solaris Luminis Particeps.
Como sequência e corolário devemos afirmar que era o chefe e o evocador das almas; o Arquimago e
Hierofante.
Virgilio, o ilustre poeta de Mântua, o descreve inteligentemente, tomando seu martelo ou caduceu de suas serpentes, para evocar novamente à vida às infelizes almas precipitadas no Orco (Limbo): “Tu virgam capit, hac animas ille evocat Orco”, com o evidente propósito de fazê-las ingressar na milícia celeste como nos ensina em “Vendidad” …
Mercúrio é o áureo planeta esotérico, o inefável, a quem os austeros e sublimes Hierofantes proibiam nomear. E estudando empoeirados manuscritos milenares, poderemos verificar que na mitologia grega ele se encontra simbolizado por aqueles cães ou galgos guardadores da casta celeste, que se embriaga sempre nos cristalinos poços da sabedoria oculta, pelo qual é também conhecido como Hermes-Anúbis e assim mesmo, como o bom inspirador ou Agatho Daemon.
Recordai que o imperador Juliano orava todas as noites ao Sol Oculto pela intercessão de Mercúrio…
Com justa razão disse Vossius: “Todos os teólogos asseguram que Mercúrio e o Sol são um.” …
Por algo esse planeta foi considerado como o mais eloquente e sábio dos Deuses, o qual não é de estranhar, pois que Mercúrio se acha tão próximo da Sabedoria e da palavra (ou Logos), que com ambas foi confundido.
CAPÍTLO XIV – A SWÁSTICA MARAVILHOSA
A piscina sagrada, o lago iniciático que representa os mistérios divinais nos domínios do Santo Graal, é sem dúvida o mercúrio da filosofia secreta, esse vidro líquido, flexível, maleável, contido em nossas glândulas sexuais.
Felipe Teofastro Bombasto de Hohenhein (Auréolo Paracelso), disse que dentro do ENS SEMINIS se encontra todo o ENS VIRTUTIS do fogo.
Depois do radiante Sol e suas labaredas de fogo ardente que crepitam na orquestração inefável das esferas, é o Mercúrio da filosofia secreta, o ENS SEMINIS, a água caótica do primeiro instante, o elemento feminino eterno, a Grande Mãe ou Vaca Nutridora, o próprio fundamento de toda vida cósmica.
Transmutar inteligentemente estas águas da vida livre em seu movimento, este mercúrio sófico dos sábios, significa trabalho intensivo no LABORATORIUM – ORATORIUM do TERCEIRO LOGOS.
Escrito está com caracteres de fogo no grande livro da vida, que na cruz JAINA ou JINA se esconde milagrosamente o segredo indizível do grande arcano; a chave maravilhosa da transmutação sexual.
Não é difícil compreender que tal cruz mágica é a mesma swástica dos Grandes Mistérios…
No êxtase delicioso da alma que anela, podemos e até devemos pôr-nos em contato místico com Jano, o austero e sublime Hierofante JINA, que outrora ensinou em nosso mundo a ciência JINAS.
No Tibete secreto existem duas escolas que se combatem mutuamente: quero referir-me claramente as instituições MAHAYANA e HINAYANA.
Apertada é a porta e estreito o caminho que conduz à luz, e bem poucos são os que a encontram…
O caminho HINAYANA, sem dúvida é Búdico e Crístico; é citado nos livros sagrados e é mencionado nos quatro evangelhos.
As almas puras em estado de beatitude perfeita, podem experimentar de forma direta a íntima relação existente entre a suástica e o sendeiro HINAYANA.
Tinha razão a grande mártir do século passado, H.P.B., ao dizer-nos que a Suástica das tankas é o símbolo mais sagrado e místico: Ela brilha, de fato, sobre a cabeça da grande serpente de Vishnu. A Sesha Ananta das mil cabeças que no Patala ou região inferior habita.
Avançando com a cruz nas costas em direção ao Monte das Caveiras, podemos verificar que nos antigos tempos as nações puseram a suástica à frente de todos os símbolos sagrados.
A plena lucidez do espírito nos permite compreender que a Swástica é o martelo de Thor, a arma mágica forjada pelos pigmeus contra os gigantes ou forças titânicas pré-cósmicas, opostas de forma definitiva à lei da harmonia universal; o martelo produtor das tempestades que os Ases ou Senhores celestes usam.
No Macrocosmos de infinitos esplendores, seus braços dobrados em ângulo reto expressam plenamente a rotação terrestre, sempre incansável e o incessante movimento renovador do jardim cósmico…
No Microcosmos, a Suástica representa o homem assinalando com a direita o céu, enquanto com a esquerda, como sombra fatal de inverno, se dirige para baixo como mostrando com infinita dor o nosso aflito mundo.
Igualmente a Suástica é um signo alquímico, cosmogônico e antropogénico, sob sete diferentes chaves interpretativas.
É enfim, como símbolo vivente da eletricidade transcendente, o Alfa e o Ômega da força sexual universal, que desce pelos degraus de ouro do espírito até o mundo material. Por ele torna-se evidente que aquele que chega a abranger integralmente todo seu místico significado, torna-se livre de Maya (ilusão).
A suástica é o moinho elétrico dos físicos, nela escondem-se os terríveis mistérios do LINGAM-YONI.
O SEXO-YOGA hindustânico e exótico com todos os seus perfumes orientais; o erotismo misterioso do KAMA-KALPA; o SAHAJA MAITHUNA com suas posições sexuais ardentes como o fogo; estão obviamente selados com a Cruz Suástica.
O madeiro vertical da Santa Cruz é masculino, viril, poderoso; a linha horizontal é feminina, deliciosa; no cruzamento destes dois eternos ramos encontra-se a chave de todo poder.
A Suástica é a cruz em movimento; o sexo em plena atividade; transmutação sexual em ação.
Bem-aventurado o sábio que amando sua mulher submerja ditoso nos sacros mistérios eróticos de MINNA; as pavorosas trevas de um verdadeiro amor, que é irmão da morte, permitir-lhe-á sublimar e transmutar o Mercúrio da filosofia secreta.
A noite encantadora do amor simboliza tanto a vulgar INFRA-OBSCURIDADE da ignorância da magia negra, como a SUPER-OBSCURIDADE do silêncio e o segredo augusto dos sábios. (Os YAKSHA e RAKCHASAS do MAHABHARATA).
Com palavras de diamante está escrito no livro de toda criação: “Quem quiser subir, primeiro tem que descer”.
A conquista do ULTRA-MARE-VITAE ou mundo SUPER-LIMINAL e ULTRATERRESTRE, seria absolutamente impossível sem a sábia transmutação do Mercúrio Sófico.
As núbeis donzelas e os sábios varões do AMEN-SMEN, o paraíso egípcio, sofreram demasiadamente no averno, vivendo às margens da Lagoa Estígia, tu o sabes.
Transmutar a água em vinho tal como ensinou o grande KABIR Jesus nas bodas de Canaã, é mais amargo que o fel.
A pomba banca do ESPITO SANTO gravada nas armas e bordada nos mantos dos cavaleiros do Santo Graal, o Cisne Sagrado, o HAMSA milagroso, a ave Fênix do paraíso, o Íbis imortal, resplandecem maravilhosamente sobre as águas profundas da vida.
Dentro da profunda Lagoa Estígia nas terríveis profundidades do averno, surgem Deuses que se perdem no Espaço Abstrato Absoluto.
A luz sai das trevas e o cosmos brota do CAOS…
CAPÍTULO XV – A FORÇA SEXUAL
É, pois, de saber que essa supracitada lenda maravilhosa do Santo Graal certamente é muito conhecida na França.
Se com a mesma vontade de um clérigo em sua cela esquadrinharmos com ânsia infinita todos esses empoeirados manuscritos da cavalaria medieval, poderemos evidenciar então muitas tradições relacionados com o Santo Graal.
Em verdade, famosas são essas antiquíssimas obras como as de “A Balandra de Merlín” e “A busca do Santo Graal”.
Aqueles bardos cabeludos da Alemanha Boêmia que outrora alegraram toda Europa, sempre diziam GRAAL
usando o duplo “A” em seus conhecidos cantos!
Os bretões que, por certo tem boa fama por causa das lendas célticas, sempre chamaram GRAAL a sagrada taça.
À todas as luzes resulta bem fácil compreender que o esquecimento radical dos princípios Crísticos esotéricos, mal nos levaria ao confuso labirinto de tantas etimologias incoerentes que em verdade nada tem a ver com a ebúrnea taça, delícia dos mistérios arcaicos.
Não custa recordar aquela estrofe de Arcipestre de Hita, descrevendo uma cozinha de seu tempo:
“Escudelas, frigideiras, cubas e caldeiras, Gargantas e barris, todas coisas caseiras, Tudo fiz lavar as suas lavadeiras,
Espetos, copos, panelas e tampas.”
No vaso regenerador, o YONI sexual feminino, devemos beber o néctar iniciático dos Deuses Santos… O Santo Graal é o cálice milagroso da suprema bebida, a taça iniciática de SUKRA e de MANTI…
No Vaso Santo da mulher encantadora está contido o vinho requintado da espiritualidade transcendente.
A conquista do ULTRA-MARE-VITAE ou MUNDO SUPER LIMINAL e ULTRA TERRESTRE seria algo mais que impossível se cometêssemos o erro de subestimar a mulher.
O verbo delicioso de ISIS surge dentre o seio profundo de todas as idades aguardando o instante de ser realizado.
As palavras inefáveis da Deusa NEITH tem sido esculpidas com letras de ouro nos muros resplandecentes do templo da sabedoria:
“EU SOU AQUELA QUE FOI, É E SERÁ, E NENHUM MORTAL LEVANTOU MEU VÉU.”
A primitiva religião de JANO ou JAINO, ou seja, a dourada, solar, a super-humana doutrina dos JINAS, é absolutamente sexual… tu o sabes.
Escrito está com carvões acesos no livro da vida, que durante a Idade de Ouro do Lácio e da Liguria, o Rei Divino Jano ou Saturno (IAO, BACO, JEOVÁ) imperou sabiamente sobre aquelas santas pessoas, tribos Arias todas, ainda que de muitas diversas épocas e origens.
Então, ó meu Deus… como em épocas semelhantes de outros povos da antiga Arcadia, podia-se dizer que conviviam felizes JINAS e homens.
Dentro do inefável idílio místico, comumente chamado “OS ENCANTOS DA SEXTA-FEIRA SANTA”, sentimos no fundo de nosso coração que em nossos órgãos sexuais existe uma força terrivelmente Divina que tanto pode liberar ou escravizar ao homem.
A energia sexual contem em si mesma o protótipo vivente do legítimo HOMEM SOLAR, que ao cristalizar em nós, transforma-nos radicalmente.
Muitas almas sofredoras quiseram ingressar no MONTSALVAT transcendente, mas infelizmente isso é algo mais que impossível devido ao VÉU DE ISIS, o véu sexual adâmico.
Entre a bem-aventurança inefável dos paraísos JINAS existe certamente uma humanidade divina que é invisível aos mortais devido a seus pecados e limitações nascidas do sexo mal usado.
É ostensível que a Branca Irmandade possui tesouros grandiosos, à maneira do tão inestimável Santo Graal.
O Verbo dos Deuses Santos ressoando no fundo da noite profunda dos séculos, a cada instante vem recordar- nos o primeiro amor e a necessidade de aprender a sublimar e transmutar a energia sexual.
Certamente é impossível, enquanto não superemos ao sexo, tal como os MAHATMAS, o entrar em contato direto com a super-humanidade sagrada, da qual tem falado sempre, sem embargo, toda lenda universal…
Esses Mestres da compaixão são os fiéis guardiões do Santo Graal, ou da PEDRA INICIÁTICA, ou seja, da suprema religião-síntese que foi a primitiva humanidade.
Falemos claro e sem rodeios: De nenhuma maneira exageramos conceitos se enfatizamos a ideia básica de que o sexo é o centro de gravidade de todas as atividades humanas.
Como consequência ou corolário afirmamos: Quando o homem encontra sua companheira sexual, a sociedade tem início.
Mecanicidade é diferente: Nós, os GNÓSTICOS, rechaçamos o automatismo inconsciente… A mecanicidade do sexo resulta, obviamente, infra-humana; queremos ação consciente…
Como regra, pauta, guia a seguir, convém saber que o corrente e habitual é o fluir da energia sexual de cima para baixo… de dentro para fora.
Fazer retornar a energia criadora do TERCEIRO LOGOS para dentro e para cima significa, de fato, entrar no caminho bendito da REGENERAÇÃO; está é precisamente a boa Lei do Santo Graal.
Aquela lança com a qual o centurião romano chamado Longinus ferira cruelmente o flanco do Adorável no monte das Caveiras; é ostensível que também desempenha um grande papel em incontáveis tradições do mundo asiático, já com o simbolismo acima exposto, já como instrumento esotérico de salvação e de liberação.
O Venerável Amfortas, grande senhor, Rei do Graal, sucessor do velho Titurel, outrora ferido pelo sexo, Phalo ou lança, quando caiu vítima da sedução sexual, só pode ser sanado com a mesma Haste que o feriu.
Por sequencia lógica podemos deduzir que aquele bom senhor de tantas amarguras teve que trabalhar intensamente na FRÁGUA ACESA DE VULCANO…
Transmutar é o melhor, e isto jamais ignoraram as Matronas Romanas que se desenvolveram sob a tutela da Deusa JUNO…
Entre o torpor profundo da noite dos séculos dorme aquela legendária cidade dos Sabinos, fundada em boa hora por MEDIO FIDIO e HIMELLA; dizem velhas tradições Arias que então essas boas pessoas conheceram muito a fundo os mistérios sexuais da lança.
Agora e com estas insólitas afirmações, poderão nossos muito amados leitores gnósticos compreender o motivo pelo qual os heróis eram premiados com uma pequena haste ou lança de ferro.
HASTAPURA era o nome de tal haste. Isto nos recorda a cidade sagrada de HASTINAPURA, símbolo vivente da JERUSALÉM CELESTIAL.
CAPÍTULO XVI – A PEDRA FILOSOFAL
Um IT sobre a maravilhosa pedra: Qual é a profunda significação deste tremendo mistério?
Oh, casto clérigo! – Cantavam os bardos evocadores do Gaedhil ou da Galicia pré-histórica irlandesa – ao falarem de suas gloriosas tradições milenares aos sacerdotes católicos que iam evangelizá-los.
Sua profunda significação mágica e sublime… Quem poderá desvendá-la e revela-la? Ninguém senão Ele, o Eleito poderá decifrar o Mistério da Pedra e de seu IT…
Em tratando-se desses sacros portentos que assombram ao místico, não resulta em verdade incongruente aquilo de que a supracitada Pedra transforma-se em cratera, Vaso Hermético ou Cálice de esplendores infinitos…
De onde vem pois tanta perplexidade, vacilação e incerteza pelo poema de Chretien de Troyes (séculos XII)? Se o Santo Graal é uma pedra preciosa trazida à terra pelos anjos ou Devas inefáveis e posto sob a zelosa custódia de uma fraternidade secreta, isso não é obstáculo para que tal gema celeste assuma a esplêndida forma do Vaso de Hermes.
Eis aqui então a Pedra cúbica de JESOD, situada pelos cabalistas hebreus em nossos mesmos órgãos sexuais. Esta é a Pedra Bendita que o patriarca JACÓ, vivíssima encarnação do anjo Israel, ungiu outrora com azeite sagrado.
PETERA Iniciática dos Colégios ESOTÉRICOS… Pedra Filosofal dos velhos alquimistas medievais… Pedra de tropeço e rocha de escândalo, como outrora disse o Hierofante PEDRO ou PATAR…
Não é demais neste capítulo transcrever, com paciência infinita e profunda serenidade, o texto autentico de Wolfran de Eschembach relativo à respectiva Pedra e à Misteriosa fraternidade que a custodia:
“Esses heróis estão animados por uma Pedra. Não conheceis sua augusta e pura essência? Chama-se lápiz-electrix (Magnes).
Por ela pode realizar-se toda maravilha (Magia). Ela, qual a Fênix que se precipita nas chamas, Renasce de suas próprias cinzas, Pois que nas mesmas chamas renova sua plumagem, E brilha rejuvenescida mais bela que antes.
Seu poder é tal que qualquer homem, por infeliz Que em seu estado fora, Se contempla essa Pedra, Em vez de morrer como os demais Já não conhece idade, Nem por sua cor, nem por seu rosto; E seja homem ou mulher Gozará da dita inefável De contemplar a Pedra Por mais de duzentos anos.”
JESUS o GRANDE KABIR disse: “A Pedra (o sexo) que rejeitaram os edificadores (religiosos), veio a ser a cabeça do ângulo. O Senhor assim o fez, e é coisa maravilhosa a nossos olhos.”
Além do tempo e da distância, KLINGSOR, o mago negro a disputou e teve por tabu ou pecado.
Escrito está com palavras de fogo no drama Wagneriano, que a aguda espada rejeitou violentamente a Bendita Pedra.
Mas KLINGSOR, melindroso e chorão como ninguém, depois de tremendo desatino, estendeu suas ensanguentadas mãos suplicantes para o Graal.
É obvio que o guardião indignado o rechaçou com a ponta terrível de sua espada.
Contam os antigos que além, muito longe, onde começa a terra voluptuosa dos pagãos, Klingsor, o senhor das trevas aprendeu a odiar o SEXO.
É ostensiva sua erudição livresca no ermo do penitente disciplinado.
Acreditou o infeliz cenobita em uma possível mutação transcendental mediante a eliminação do instinto sexual.
Sonho impossível, espelhinho inútil, címbalo absurdo desse exótico anacoreta.
Ínclito varão vindo de remotos lugares, notável cavaleiro, exímio estranho e contraditório senhor. Eremita paradoxal, presumindo santidade, puritano tonto presumindo-se iluminado.
Adorou a Shiva, o TERCEIRO LOGOS, o ESPIRITO SANTO e no entanto, cuspiu toda sua baba difamatória sobre a NONA ESFERA (O SEXO).
Trabalhou tenazmente com múltiplos exercícios PSEUDO-ESOTÉRICOS e se flagelou horrivelmente até a extenuação.
Se vestiu com imundos farrapos de mendigo, jogou cinzas sobre sua cabeça, vestiu sacos de silício em seu corpo mortificado.
Insuportável vegetariano, foi criador de uma religião de cozinha, dizem os que o viram que jamais bebeu vinho nem sidra.
A outros guiou, quando maior necessidade tinha de que o guiassem, e nunca se preocupou por eliminar o fariseu interior.
No entanto, tudo foi em vão. Descartada a Petera Iniciática, se fecharam ante o indigno as portas maravilhosas de Mantsalvat transcendental.
CAPÍTULO XVII – LÚCIFER
Prometeu, o Deus grego é o MAHA-ASURA, o LÚCIFER hindustânico que se rebelou contra BRAHAMA, o Senhor, por cuja razão SHIVA, o TERCEIRO LOGOS, precipitou-o indignado no Patala inferior.
O Dante Florentino, ínclito discípulo de Virgilio, exímio bardo coroado de Mântua, em boa hora encontra a DITE, PROMETEU-LÚCIFER na NONA ESFERA, obviamente no centro da terra, no poço profundo do universo, “no lugar onde as sombras encontravam-se completamente cobertas de gelo e transpareciam-se como lã de vidro.
O MAHA-ASURA, encadeado fatalmente à severa rocha do sexo, passa cruelmente por indescritíveis amarguras; as feéricas chamas da luxuria o torturam espantosamente. O abutre insaciável do raciocínio inútil corrói suas entranhas.
PROMETEU, LÚCIFER, ´um fogo misterioso desprendido do LOGOS SOLAR e fixado sabiamente no centro da terra pela força da gravidade e peso da atmosfera.
Escrito está com palavras de ouro no livro da vida: “O ingrediente superlativo do ANIMA MUNDI é o PHOSFOROS LUCIFÉRICO.”
Como corolário cabe aqui asseverar com muita ênfase o seguinte: O estéril trabalho de Mimo em sua forja; o fracasso rotundo dos poderes criadores advém quando se apaga o fogo.
O ardente crepitar do fogo elemental dos sábios sob o crisol alquimista, é um axioma da Filosofia Hermética. INRI: (IGNIS, NATURA, RENOVATUR, INTEGRA). O fogo renova incessantemente toda a natureza. Tu o sabes.
Exclua-se LÚCIFER o MAHA-ASURA no SEXO-YOGA e observe o que acontece: contemplaremos o fracasso.
Na aurora resplandecente do MAHAVANTARA, quando o homem e a cadeia terrestre iam surgir, produziu- se como por encanto a presença do LOGOS, um Ajno ( a sombra do Senhor), cheio de desejo progressivo, e é obvio que o Divino Arquiteto do Universo deu-lhe o domínio dos MUNDOS-INFERNOS.
Desta forma, é inquestionável que a expressão superior deste vil gusano que atravessa o coração do mundo é
IOAN, SWAN, CHOAN, JOÃO, O VERBO, O EÉRCITO DA VOZ, O LOGOS.
PROMETEU-LÚCIFER descendo até o fundo do Averno para livras as vítimas de suas torturas, nos lembra
Hércules, o Deus Solar, baixando ao Hades ou Cova da Iniciação para salvar as almas perdidas. LÚCIFER, é a energia ativa e centrifuga do universo, fogo, vida, auto dependência e rebeldia psicológica.
O inferno de seu ímpeto revolucionário, é a expansão vital da nebulosa para converter-se em novas unidades planetárias.
PREOMETEU-LÚCIFER rouba valorosamente o fogo Divinal para auxiliar-nos na senda da insurreição espiritual.
LÚCIFER é o Guardião da porta e das chaves misteriosas do Santuário, para que não penetrem nele, senão somente os ungidos que possuem o terrível segredo de Hermes.
O resplandecente senhor das sete mansões gloriosas, conhecido com os nomes sagrados de LÚCIFER- PROMETEU, MAHA-ASURA, etc. É certamente o esplêndido Ministro do LOGOS-SOLAR.
Bem sabem os Sete Senhores do Tempo ( as sete Crônidas), que a LÚCIFER-SABAOTH foi encomendada a espada e a balança da Justiça Cósmica, pois ele é a norma de peso, a mdida e o número; HORUS, o AHURA- MAZDA, etc.
PROMETEU-LÚCIFER pondo seu Verbo na boca do Titã dolorido, (vi em algumas obras traduzido como adormecido; mas não encontrei em dicionários essa possibilidade. Embora no contexto da frase possa servir. Peço que o revisor analise o que cabe melhor aqui, escolhi usar a tradução literal – dolorido.)referindo-se aos míseros mortais, exclama com todas as forças de sua alma:
“Para que não se afundassem,
arrebatados ao tenebroso Hades, por isto terríveis torturas me oprimem. Cruel sacrifício, que a lástima move, e que aos mortais compadeci.”
E o coro observa muito pertinentemente:
– “Grande benefício foi o que aos mortais outorgaste!”
LÚCIFER-PROMETEI responde:
– Sim, e além disso lhes dei o fogo.”
CORO: – “Que fogo chamejante esses seres efêmeros possuem?”
PROMETEU: – Sim, e por ele muitas artes com perfeição aprenderam.”
Mas é fácil compreender que com as artes que auto enaltecem e dignificam o homem, o fogo luciférico recebido tem se tornado a pior das maldições.
O elemento animal e a consciência de sua posse transformaram o instinto periódico em animalismo e sensualidade crônica.
Isto é o que ameaça a humanidade com pesado manto funerário. Assim surge a responsabilidade do livre arbítrio; as paixões titânicas que representam a humanidade me seu aspecto mais sombrio.
Em passadas Mensagens Natalinas alamos sobre os aspectos tenebrosos do FOGO LUCIFÉRICO, só nos resta agora dizer que tal Fogo não é bom nem mau, tudo depende do uso que fazemos dele. Nisto precisamente acham-se baseados o pecado e a redenção.
Ah! se Amfortas o Rei do Graal exímio sucessor do velho Tturel tivesse aproveitado o instante régio, o momento terrível da paixão sexual. Se nestes momentos de supre voluptuosidade houvesse empunhado sua lança sagrada cm firmeza, o mago perverso não teria podido arrebatar-lhe a Haste Santa.
Porém, aquele notável senhor, apesar de conhecer o segredo dos ELOHIM, o Mistério do FOGO CRIADOR, caiu rendido nos braços de JUNDRY, HERODIAS…
CAPÍTULO XVIII – ANJOS E DIABOS
O ultra moderno LÚCIFER-PROMETEU, involuindo espantosamente no tempo, converteu-se agora em EPIMETEU, “aquele que é visto depois do acontecido”, porque a gloriosa filantropia do primeiro degenerou- se há muitos séculos em interesse e adoração próprios.
Ó Deuses Santos, quando poderemos romper essas cadeias que nos atam ao abismo do Mistério?
Em que época da história do mundo ressurgirá o brilhante Titã livre de outrora no coração de cada homem? Morrer em si mesmo é essencial, se verdadeiramente anelamos com todas as forças de nossa alma, harmonizar as duas naturezas, a Divina e a humana em cada um de nós.
Invulnerabilidade ante as forças titânicas inferiores, impenetrabilidade em grande escala, somente são possíveis eliminando integralmente nossos defeitos psicológicos, esses horríveis Diabos Vermelhos mencionados no livro da Morada Oculta.
SETH, o EGO animal, com todos seus sinistros agregados subjetivos, sabe ser em verdade terrivelmente maligno.
Escrito está com carvões acesos no tremendo livro do Mistério, que o dom luciférico, terrível como como nenhum outro, tornou-se mais tarde para nossa desgraça e de todo esse aflito mundo, a causa principal, senão a própria origem do mal.
Zeus tempestuoso, o que amontoa as nuvens, representa claramente a hoste dos progenitores primários, os PITRIS, os Pais que criaram o homem a sua imagem e semelhança.
Não ignoram os sábios do mundo que LÚCIFER-PROMETEU, MAHA-ASURA, o “Doador do fogo e da luz”, acorrentado horrivelmente ao monte Cáucaso e condenado a pena de viver, representa também aos DEVAS rebeldes que caíram na geração animal no amanhecer da vida.
Não é demais citar neste livro alguns destes Titãs caídos ao raiar da aurora.
Recordemos primeiramente a Moloch, outrora um anjo luminoso, após horrível rei manchado com sangue dos sacrifícios humanos e com lágrimas dos pais e das desesperadas mães. Apesar dos sons dos tambores e timalos, apenas se escutavam os clamores dos filhos quando arrojados ao fogo, e imolados sem piedade por aquele execrável monstro, belo Deus de outros tempos.
Os amonitas o adoravam em Rabba e em sua úmida planície em Argob e em Bassam, até as mais remotas correntes de Arno.
Conta a lenda dos séculos que Salomão filho de Davi, rei de Sião, levantou um templo a Moloch no monte do opróbrio.
Dizem os sete senhores do tempo que posteriormente o velho sábio dedicou a tal anjo caído um bosque sagrado no doce vale de HINNON.
Fecunda terra perfumada que por tal motivo tão fatal, mudou desde então seu nome para Tofet e a negra Gehena, verdadeiro tipo de inferno.
Seguindo MOLOCH, HOMEM-ANJO da arcaica Lemuria vulcânica, onde os rios de água pura de vida manavam leite e mel, vem BAAL PEHOR, o obsceno terror dos filhos de MOAB, que habitavam desde Aroer até NEBO e ainda muito além da parte meridional do deserto de Abarim.
Povos de HESEBOM e HERONAIM no reino de Sião e além dos florescentes vales de SIBMA, atapetados de vinhedos e em Elealé, até o lago ASFALTITES.
Espantoso, esquerdo, tenebroso BAAL PEHOR, em SITTIM incitou os israelitas durante sua marcha pelo Nilo a que fizessem lubricas oblações que tanto mal lhes causaram.
Desde ali, este ELOHIM caído entre os vermelhos incêndios luciferinos, astutamente estendeu suas lascívias orgias tenebrosas até o próprio monte de escândalo, muito próximo do bosque do homicida MOLOCH.
É obvio que assim ficou estabelecida a concupiscência abominável ao lado do ódio, até que o piedoso JOSIAS os arrojou no inferno.
Com estas Divindades terrivelmente malignas que no velho continente MU foram verdadeiramente homens exemplares, anjos humanizados, fizeram presença desde as deliciosas margens que banham as águas tormentosas do antigo Eufrates, até a torrente que separa o Egito da Síria, que levam os nomes indesejáveis de BAAL e ASTAROT.
Continuando em ordem sucessiva aparece BELIAL: Desde o EMPIREO certamente não caiu um espirito mais impuro nem mais grosseiramente inclinado ao vicio que está criatura que nos antigos tempos lemuricos foi realmente um Mestre ou Guru angélico de inefáveis esplendores.
Este demônio, uma divindade em outros tempos, não tinha templos e ale não eram oferecidos sacrifícios em nenhum atar. Entretanto, ninguém está mais presente que ele nos templos e nos altares.
Quando o sacerdote tornou-se ateu, como os filhos e Eli, que infelizmente encheram de prostituição e de violência a casa do Senhor, converteram-se de fato a escravos de BELIAL.
HIEROFANTE sublime das épocas arcaicas de nosso mundo, anjo delicioso, agora malvado demônio luciférico. Reina também nos palácios e nas cortes faustuosas e nas cidades dissolutas, onde o ruído do escândalo, da luxuria, do ultraje se eleva mais que as mais elevadas torres.
E quando a noite obscurece as ruas, então vagam os filhos de BELIAL cheios de insolência e de vinho. Testemunhas dele são as ruas de Sodoma e aquela noite horrível em que uma porta de GAABA expôs-se uma matrona para evitar um rapto mais asquerosos.
Inspire-me musas! Falem-me Deuses! Para que meu estilo não desdiga da natureza do assunto. E que irei agora de AZAZEL, glorioso QUERUBIM, homem extraordinário da terra antiga?
Ai, ai, ai, quanta dor. Essa criatura tão excelente também caiu na geração animal. Que terrível é a sede da luxuria sexual!
O caído desprega da haste brilhante o sinal imperial, que estendida e agitada ao vento brilha como um meteoro, com as pérolas e o rico brilho do ouro que desenham nela as armas e os troféus seráficos.
Vem em seguida MAMMOM, o menos elevado dos HOMENS-ANJO da antiga Arcádia, caída também na geração animal.
Ele foi o primeiro que ensinou aos habitantes da terra a saquear o centro do mundo, como assim o fizeram extraindo das entranhas de sua Mãe tesouros que valeriam mais se permanecessem ocultos para sempre.
O bando cobiçoso de MAMMOM logo abriu uma larga ferida na montanha e extraiu de seu solo grandes lingotes de ouro.
E quanto ao anjo MULCIBER, o que diremos agora? Não foi em verdade menos conhecido, nem jamais careceu de adoradores fanáticos na antiga Grécia. Isto o sabem os Divinos e os humanos.
A fábula clássica refere como foi precipitado do Olimpo. Arrojado pelo irritado Júpiter por cima dos cristalinos muros divinais. De nada serviu-lhe então haver elevado altas torres no céu.
Homem genial da raça purpúrea no continente UM, caído nos abismos da paixão sexual.
E para concluir com está pequena lista de Divindades, fulminados pelo raio da Justiça Cósmica, e necessário dizer que de forma alguma falta no PANDEMONIUM, o grande capital de SATANÁS e seus pares, ANDRAMELEK, de que tento temos falado em nossos passados livros Gnósticos, e ASMODEU seu irmão.
Dois resplandecentes TRONOS do céu estrelado de URÂNIA, caídos também na geração animalesca. HOMENS exemplares, DEUSES com corpos humanos na terra de MU, revolvendo-se abjetos no leito de PROCRUSTRO.
A hoste LUCIFÉRICA-CRISTICA que encarnou na Lemuria arcaica, induzido por aquele NEMESIS ou KARMA SUPERIOR (que controla aos inefáveis e que é conhecido como lei da KATÂNCIA), cometeu o erro de cair na geração animal.
Nefasta foi para a espécie humana a queda sexual dos Divinos Titãs que não souberam usar o Dom de PROMETEU e rodaram ao abismo.
Nossos Salvadores, os AGNISHVATTA, os Titãs superiores do fogo luciférico, não podem jamais ser enganados. Eles, os brilhantes filhos da aurora, sabem muito bem distinguir o que é uma queda e o que é uma descida.
Alguns equivocados sinceros se empenham agora em justificar a queda angélica.
LÚCIFER, é, metaforicamente, o archote condutor que ajuda ao homem a encontrar sua rota através dos arrecifes e dos bancos de areia da vida.
LÚCIFER, é o logos em seu aspecto mais elevado, e o “adversário” em seu aspecto inferior, refletindo-se ambos em nós e dentro de cada um de nós LACTÂNCIO, falando da natureza do CRISTO, faz do LOGOS, o VERBO, o “Primogênito irmão de Satã e a primeira de todas as criaturas.”
Entre a grande tempestade do fogo luciférico combatem-se mutuamente esquadrões de Anjos e Demônios (Protótipos e Antítipos).
Se aquele bom Senhor Amfortas rei do Santo Graal tivesse sabido usar atinadamente o Dom Luciférico no instante supremo da tentação sexual, é ostensível que haveria então passado por uma transformação radical.
CAPÍTULO XIX – O BÁLSAMO PRECIOSO
KUNDRY-HERODIAS tal qual a Magdala Hebraica de outros tempos, traz um pomo delicioso da Arábia exótica.
Amfortas, o ínclito varão do Santo Graal, com urgência pede um bálsamo precioso para curar seu sofrido coração.
Passagem mirífica da dramaturgia Wagneriana, que deveria ser esculpida gloriosamente em mármores augustos e com letras de ouro.
Cristalina concomitância neste caso é a do grande KABIR JESUS, ungido pela bela do palácio de Magdala.
“Boa obra me tem feito, disse o adorável, sempre tereis aos pobres convosco e quando quiserdes podereis fazer o bem; mas a mim nem sempre me tereis.”
“Está fez o que podia, porque se antecipou a ungir meu corpo para a sepultura.”
Mulher de encantos irresistíveis quebrou o vaso de alabastro para derramá-lo sobre a cabeça do tenro Rabi da
Galileia.
Escrito está com palavras de mistério que só a mulher-símbolo, a diaba original, protótipo de quanto há de mais excelso e par do que existe de mais abjeto na Terra, é a única que realmente tem o poder de ungir-nos para a morte.
Compreensão e eliminação são dois radicais, se é que verdadeiramente queremos morrer em nós mesmos. Descartar os múltiplos agregados psíquicos (ou defeitos) que em seu horripilante conjunto constituem o EGO
ANIMAL, não resulta em verdade tarefa muito fácil, tu o sabes.
Melhor é beber licor feminino que licor de mandrágoras. Se o beberes jamais errarás o caminho. Erotismo sexual é indispensável; amar é certamente o mais puro e delicioso anelo.
Defeito descoberto de forma íntegra, deve ser suprimido, separado, sob os encantos de Eros.
Não esqueça de tua Mãe Divina Kundalini: ISIS, REA, CIBELE, TONANTZIN, MARIA, ADONIA, INSOBERTA…
O sexo é o vaso santo, colocai nele somente o pensamento puro; atrás de cada beijo deve haver uma oração, atrás de cada abraço um rito de mistério; e na cúpula sagada pedi e se lhes dará, batei e se vos abrirá.
Aquela a quem nenhum mortal levantou o véu, eliminará então o indesejável, o abominável, e assim morrerás de instante em instante.
Levantai bem vossa taça no festim de amor e cuida-vos para não derramar sequer um tão só gota do precioso vinho.
Não derrames o VASO DE HERMES, embriaga-te com beijos e ternuras sob a sombra da árvore do conhecimento, mas não comas as maças de ouro do Jardim das Hespérides.
CAPÍTULO XX – ABSURDA JUSTIFICAÇÃO
Delírio extraordinário de suprema amargura é aquele em que o LÚCIFER-PROMETEU exclama:
“Oh éter Divino, voadores ventos, olhai que eu, um Deus, de outros Deuses sofro.”
“Mas o que digo? Claramente adivinhava o tem de acontecer. Convém agora sofrer constante está sorte fatal, já que a Lei do Hado é invencível.
Com quanta dor, oh Deuses! Tenho lido por aí um livro que não menciono, um parágrafo que literalmente diz: “A hoste que encarnou numa parte da humanidade, ainda que induzida a isso por KARMA, ou NEMESIS, preferiu o livre arbítrio a escravidão passiva a dor e até a tortura intelectual consciente, durante o transcurso de miríades de tempos à beatitude instintiva, imbecil e vazia.
E continua o citado autor dizendo enfaticamente: “Sabendo que semelhante encarnação era prematura e não estava no programa da natureza, à hoste celestial prometeu se sacrificou para beneficiar com seu sacrifício ao menos uma parte da humanidade.”
Isto nos leva obviamente ao mito por excelência de todas as Teogonias, ao da rebeldia celeste ou dos Anjos caídos, esses Titãs que se atrevem até a lutar com os Deuses santos.
Inefáveis, terrivelmente Divinos convertidos em homens. Deidades reencarnando-se em corpos humanos.
Vã ilusão é confundir queda com descida! Estas Divindades não desceram, caíram! E isso é muito diferente. Por isto e com justa razão as teogonias nos apresentam esses LOGOS Divinos castigados.
O Mito Universal os considera por isto como fracassados, castigados e caídos alo versem obrigados a viver com suas legiões tenebrosas nesta região inferior; inferno, como é chamado o interior de nosso organismo planetário, a Terra. (Veja o capítulo XVII do presente livro).
Escrito está com caracteres espantosos no livro da Lei, que um terço da hoste dos chamados Dhyanis ou Arupa, foi simplesmente condenados pela do KARMA ou NEMESIS a renascer incessantemente em nosso afligido mundo.
Bilhões de auras, alentos ou sopros horripilantes involuem agora nos mundos infernais entre o pranto, as trevas e o ranger de dentes.
Infelizes criaturas do averno caindo nos mundos de densidade sempre crescente, retornando ao caos primitivo. Almas perdidas anelando impaciente a segunda morte para escapar do mundo soterrado.
Essências preciosas engarrafadas entre todos esses Egos abismais. Chamas Divinais sofrendo. BUDHATAS de anjos caídos desejando reingressar aos paraísos elementais da natureza.
Auras, Sopros, recomeçando após a marcha evolutiva que os há de conduzir novamente partindo da pedra ao homem.
Bem sabem os Divinos e os humanos que nada ganhou a espécie humana com a queda destes Titãs do fogo. Onde estão MOLOCH, ANDRAMELEK e seu irmão ASMODEU? Onde está BELIAL, BAAL PEHOR, JAVÉ? Luminares dos antigos tempos, hoje horripilantes demônios.
E onde está o ouro da mente? Os humanoides racionais jamais foram dotados de Manas (CORPO MENTAL).
O TO SOMA HELIAKON, ou CORPO DE OURO DO HOMEM SOLAR, os veículos supersensíveis da alma devem ser criados na FRAGUA ACESA DE VULCANO, tu o sabes.
Na simbólica maça do paraíso das Hespérides ou de Pippala, o doce fruto proibido do sexo, encontra-se a chave de todo poder.
Em vez dos veículos paradisíacos que o animal intelectual crer possuir, só existe dentro de cada criatura racional o EGO, o MIM MESMO, MEFISTOLES.
CAPÍTULO XXI – O PAPAPURUSHA
Em nome das cem mil virgens do mistério inefável que se oculta no fundo de todas as idades, convém agora falar um pouco sobre o famoso PAPAPURUSHA hindustânico (O EU)
Os velhos ermitãos da sagrada terra do Ganges têm o costume de visualiza-lo mentalmente no lado esquerdo da cavidade do estomago e medindo o tamanho do dedo polegar. O imaginam com aspecto feroz, olhos e barba de cor vermelha e sustentando uma espada e um escudo com o cenho franzido, figura simbólica de todos nossos defeitos psicológicos.
Místico momento inesquecível de exótica beatitude oriental é aquele em que os anciãos anacoretas cantam seus Mantras sagrados e se concentram estáticos na região umbilical.
Nestes instantes deliciosos de insuspeitável dita, o Yogui deve pensar no PAPAPURUSHA imaginando-o reduzindo a cinzas em meio ao fogo que centelha.
Lagrimas de profundo arrependimento pelas faltas cometidas nos antigos tempos caem dos olhos do penitente que em silencio santo suplica a sua Mãe Divina Kundalini que elimine de seu interior tal ou qual defeito psicológico.
Assim é como verdadeiramente o SADHAKA vai morrendo de instante em instante. Só com a morte advém o novo.
O PAPAPURUSHA é o EGO lunar, o MEFISTOLES DE Goethe, o espantoso KLINGSOR da dramaturgia WAGNERIANA.
Ressalta-se com inteira claridade o fato terrível de que o PAPAPURUSHA não tem legitima individualidade. Não é um centro único de comando, não é um raio particular.
Cada ideia, qualquer sentimento, uma ou outra sensação, “eu amo”, “eu não amo”, é sem dúvida expressão de eus diferentes, distintos.
Esses múltiplos eus não estão ligados entre si, nem coordenados de alguma maneira. Cada um deles depende realmente das variadas mudanças exteriores.
Tal “eu” segue fatalmente a outro “eu” e alguns se dão até ao luxo de aparecer acompanhados de outros, mas é obvio que não existe entre eles nenhuma ordem ou sistema.
Alguns grupos caprichosos de “eus”, desordeiros e gritadores tem entre si certos laços psíquicos constituídos por associações naturais de tipo completamente acidental. Lembranças fortuitas ou semelhanças especiais.
É ostensível que cada uma destas frações do horrível PAPAPURUSHA, cada um destes agregados psíquicos ou “eus”, não representa em dado instante, mais que uma ínfima parte de todas as nossas funções psicológicas. No entanto, é inquestionável que particularmente qualquer tipo de “eu” acredita muito sinceramente que representa o todo.
Quando o pobre animal intelectual equivocadamente chamado “HOMEM” diz “EU”, tem a falsa impressão de que fala de si mesmo me seu total aspecto, integro, porém em verdade é qualquer uma das inúmeras fações subjetivas do PAPAPURSHA que fala.
Momentos depois pode haver esquecido totalmente expressar com idêntica convicção qualquer ideia contrária, simples manifestação de outro “eu”.
As múltiplas contradições de tipo psicológico têm por fundamento o EU PLURALIZADO, que são as várias facetas do PAPAPURUSHA.
O aspecto grave de todos estes processos psíquicos é que em verdade o pobre HUMANOIDE racional nada se lembra, e na maioria dos casos dá crédito ao último ”eu” que falou, enquanto um novo “eu” as vezes sem relação alguma com o anterior, não tenha expressado uma opinião mais forte.
A CONSCIENCIA enfrascada entre todas estas frações subjetivas do PAPAPURUSHA, sem dúvida dorme profundamente, é inconsciente.
Nós necessitamos converter o SUBCONSCIENTE em CONSCIENTE e isso só é possível aniquilando o PAPAPURUSHA.
Para finalizar o presente capítulo convém analisar algumas palavras muito interessantes do Sânscrito, vejamos: AHAMRITA BHAVA: O significado destes termos hindustânico são: Condição egóica de nossa própria CONSCIENCIA.
É obvio que a CONSCIENCIA embutida entre todos esses agregados psíquicos que constituem o PAPAPURUSHA, se processa fatalmente em função de seu próprio aprisionamento.
ATMAVIDYA: Palavra misteriosa, termino Sânscrito cheio de profundo significado; traduz-se como CONSCIÊNCIA desperta, liberta do PAPAPURUSHA mediante a aniquilação total deste último.
A CONSCIÊNCIA enfrascada entre todos os elementos subjetivos do PAPAPURUSHA, notoriamente não goza de autêntica iluminação. Encontra-se em estado de torpor milenar, dorme, sempre é vítima de MAYA (as ilusões).
ATMASHAKTI: Término Sânscrito Divinal. Com esta palavra de ouro assinalamos, indicamos o poder absolutamente espiritual.
Por consequência podemos e até devemos enfatizar a ideia clássica de que a CONSCIÊNCIA não pode gozar do legitimo poder espiritual enquanto não tenha se libertado integramente de sua condição EGOICA.
O PARSIFAL Wagneriano protegido com as armas de Vulcano, reduzi a poeira cósmica o monstro das mil caras, o famoso PAPAPURUSHA. Só assim pode reconquistar a inocência na mente e no coração.
CAPÍTULO XXII – DESPERTAI
Oh pobres HUMANÓIDES intelectuais! Despertai de vosso sono espantoso de AJNANA! (Ignorância). Abram os olhos e alcancem o pleno e absoluto conhecimento de ATMAN! (O SER).
Coroados com o laurel bendito da poesia, convém que distribuamos da ânfora de ouro da sabedoria o doce vinho.
Em nome de IOD-HEVE, o PAI que está em segredo e a Divina Mãe Kundalini, devemos conversar tu e eu querido leitor.
Ah, se tu compreendesses o que é estar desperto!
Escutai o DHAMMAPADA, a obra sagrada de BUDHA, SIDHARTA GAUTAMA.
“O desperto tem por suprema penitencia ser paciente pelo supremo NIRVANA, o ser sofrido, porque ele não é um anacoreta que dá golpes nos demais, nem um asceta que injuria os demais.”
Até os deuses invejam aqueles que são despertos, não são esquecidos, que meditam, são sábios e se deleitam no sossego do isolamento do mundo.
“Não cometer nenhum pecado, fazer o bem e purificar a própria mente, que é o ensinamento de todo aquele que é desperto.”
“Quem acata aquele que é digno de ser acatado, a aquele que despertou seus discípulos, a aqueles que subjugaram o hóspede maligno (O EGO ANIMAL) e atravessado a torrente da tristeza, quem acata a esse tal como a quem encontrou a liberação e não conhece temores, adquire méritos que ninguém pode mensurar.”
“Em verdade vivemos felizes se não odiamos aqueles que no odeiam, se entre os homens que nos odeiam habitamos livres de rancor”.
“Em verdade vivemos felizes se nos guardamos de afligir aos que nos afligem, se, vivendo entre homens que nos afligem, nos abstemos de afligi-los.”
“Em verdade vivemos felizes se estamos livres de cobiça entre os cobiçosos; morremos livres de cobiça entre os homens que são cobiçosos.”
“Em verdade vivemos felizes ainda que nenhuma coisa chamemos nossa. Seremos semelhantes aos Deuses resplandecentes que se nutrem de felicidade.”
“Quatro coisas ganha o temerário que cobiça a mulher de seu próximo: demérito, leito incômodo (imundo além disso), em terceiro lugar castigo, e finalmente inferno.”
“Os homens prudentes que a ninguém injuria e que fiscalizam constantemente seu próprio corpo, irão ao lugar onde não existe mudança (Nirvana), onde uma vez chegados, não mais padecerão.”
“Aqueles que permanecem sempre vigilante, que estudam noite e dia, que se esforçam por chegar ao Nirvana, acabarão por extirpar suas próprias paixões.
Isto de extirpar, descartar ou eliminar defeitos psicológicos, é fundamental para despertar a CONSCIÊNCIA. Múltiplos agregados de tipo subjetivo – o chamemos “Eus”-, particularizam e dão o rasgo característico a nossas paixões.
Compreensão e eliminação são indispensáveis para descartar toda essa variedade de elementos subjetivos que constituem do EGO, o MIM MESMO, o SI MESMO.
Compreensão não é tudo: alguém poderia compreender de forma íntegra o que são as três formas clássicas da ira: “cólera corporal, cólera ânimo e cólera da língua e no entanto, continuar com elas.
Poderíamos até nos dar ao luxo de controlar o corpo, o ânimo e a mente, mas é ostensível que isto não significa eliminação.
Quando alguém quer extirpar paixões deve apelar a um poder superior. Quero referir-me ao poder serpentino solar, sexual, que se desenvolve no corpo do asceta.
A palavra misteriosa que define tal poder é KUNDALINI, a serpente ígnea de nossos mágicos poderes, a Mãe Divina.
É inquestionável que esta energia criadora particulariza-se em cada criatura.
Como consequência ou corolário, podemos e até devemos enfatizar a ideia transcendental de uma Mão Cósmica particular em cada homem.
KUNDRY, HERODIAS, GUNDRIGA, a mulher por antonomásia dormindo na terra de Montsalvat deve despertar de su sonho milenário.
CAPÍTULO XXIII – A FORÇA SERPENTINA
Quando praticamos falamos docemente no Orto puríssimo da Divina Linguagem, que corre com um rio de ouro sob a espessa selva ensolarada, torne-se para nós impossível esquecer a mágica silaba “S”, que ressoa entre a relva como um silvo doce e suave.
Essa é a sutil voz, aquela que Elias escutou no deserto. Apolônio de Tiana envolvia-se em seu famoso manto de lã para rogar aos Deuses Santos pedindo o enigmático som.
A mística nota, a mágica “S”, conferia ao velho Hierofante o poder para sair conscientemente em corpo astral.
A silaba “S” tem em verdade certa similaridade com a letra hebraica “TSAD”, enquanto a sigma grega, triforme, relaciona-se om a primeira e com SHIN e SAMEK. Está última quer dizer “amparo” e tem valor cabalístico de 60.
Nos foi dito, e isto sabe qualquer cabalista, que SHIN tem um valor de 300 e significa “dente”.
A soma destas duas letras equivale por conseguinte aos 360° do círculo e aos dias siderais do ano solar.
No entanto, nós os gnósticos devemos ir mais a fundo, inquirir, indagar, buscar, descobrir a íntima relação existente entre a serpente e a cruz.
A letra “S” (Serpente) e a letra “T” (Cruz), são dois símbolos exotéricos que se complementam profundamente. A letra “S” é em verdade JEHOVISTICA e VEDANTINA ao mesmo tempo. O poder serpentino ou fogo místico, a energia primordial ou SHAKTI potencial que jaz adormecida no centro magnético do osso COCCIGEO.
MULADHARA é o nome sânscrito de dito centro magnético, está é a igreja de ÉFESO.
O KUNDALINI é a força primitiva do universo, o poder oculto, elétrico, que subsiste em toda matéria orgânica e inorgânica.
A conexão sexual do PHALO e do UTERO formam a CRUZ. O KUNDALINI, a “S” mágica, a cobra, encontra-se intimamente relacionada com essa CRUZ ou TAU.
O fogo serpentino desperta com o poder da Santa Cruz, isso é ostensível.
Em hebraico “TAU” tem precisamente o significado maravilhoso de “CRUZ”, terminando como vigésima segunda letra do alfabeto e com valor numérico de 400.
Torna-se fácil compreender que a vogal “U” é uma letra moderna derivada de “V”, como a “G” de “C”, pela urgente necessidade de se distinguir claramente os sons, adquirindo naturalmente uma forma prática idêntica à grega.
Observe muito atentamente essa curva maravilhosa que desce e sobe. A humilhação ou descida aos mundos infernos, a Nona Esfera (O Sexo), necessidade primária da exaltação ou sublimação.
Quem quiser subir, primeiro deve baixar, essa é a Lei. Toda exaltação é sempre precedida por uma humilhação. A descida a NONA ESFERA (O Sexo), foi desde os antigos tempos a prova máxima para a suprema dignidade do Hierofante. Hermes, Buddha, Jesus, Dante, Zoroastro, tiveram que passar por essa terrível prova.
À nona esfera desce Marte para retemperar a espada e conquistar o coração de Vênus. Hercules para limpar os estábulos de Augias e Perseu para cortar a cabeça de Medusa com sua espada flamígera.
O círculo perfeito com o ponto mágico, símbolo sideral e Hermético do astro-rei e do princípio substancial da Vida, da luz e da CONSCIENCIA cósmica, é sem dúvida um emblema fálico maravilhoso. Tal símbolo expressa claramente os princípios masculino e feminino da Nona Esfera.
É inquestionável que o princípio ativo da irradiação e penetração complementa-se no Nono círculo com o princípio passivo de recepção e absorção.
A Serpente Bíblica nos apresenta a imagem do Logos Criador ou força sexual que começa sua manifestação desde o estado de potência latente
O Fogo Serpentino, a Víbora sagrada, dorme enroscada três vezes e meia dentro da Igreja coccígea.
Se refletirmos muito seriamente nesta íntima relação existente entre a letra “S” e a “TAU”, cruz ou “T”, chegamos a conclusão lógica de que somente mediante o SAHAJA MAITHUNA (Magia Sexual), pode-se despertar a serpente criadora.
A “chave”, ou “segredo”, tenho publicado em quase todos os meus livros anteriores e consiste em não derramar jamais o “Vaso de Hermes” durante o transe sexual.
Conexão do LINGAM-YONI (Phalo-Utero), sem ejacular jamais o ENS SEMINIS (a entidade do sêmen), porque nesta citada substância se encontra latente todo “ENS VIRTUTIS” do fogo.
I.A.O. é o mantra fundamental do SAHAJA MAITHUNA. Canta-se separadamente cada letra no LABORATORIUM-ORATORIUM do TERCEIRO LOGOS (durante a cúpula sacra).
A transmutação sexual do “ENS SEMINIS” em energia criadora, é um legitimo axioma da sabedoria hermética.
A bipolarização deste tipo de energia cósmica no organismo humano, foi desde os antigos tempos analisada nos Colégios Iniciáticos do Egito, México, Grécia, Índia, etc.
A ascensão da energia seminal até o cérebro se faz possível graças a certo par de cordões nervosos, que em forma de oito se desenvolvem esplendidamente a direita e a esquerda da espinha dorsal.
Chegamos pois ao Caduceu de Mercúrio com as asas do espírito sempre abertas.
O mencionado par de cordões nervosos jamais poderá ser encontrado com o bisturi, pois são mais de natureza etérica, TETRADIMENDONAL.
Estas são as duas testemunhas do Apocalipse, as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Deus da Terra, e se alguém os quiser danificar, sai fogo da boca dos mesmos e devora seus inimigos.
Na sagrada terra dos Vedas, este par de nervos são conhecidos pelos nomes de Ida e Pingalá. O primeiro relaciona-se com a fossa nasal esquerda e o segundo com a direita.
É óbvio que o primeiro destes dois famosos Nadis é de natureza lunar, e que o segundo é de tipo solar. Muitos estudantes Gnósticos podem surpreender-se um pouco que sendo Ida de natureza fria e lunar tenha suas raízes no testículo direito.
Para muitos discípulos de nosso Movimento gnóstico poderá parecer como algo insólito e inusitado que sendo Pingalá de tipo estritamente solar, parta realmente do testículo esquerdo.
Mas não devemos nos surpreender porque tudo na natureza se baseia na lei das polaridades.
O testículo direito encontra seu antipolo exato na fossa nasal esquerda e o testículo esquerdo encontra seu antipolo perfeito na fossa nasal direita.
A filosofia esotérica ensina que no sexo feminino as duas testemunhas partem dos ovários.
É inquestionável que nas mulheres a ordem deste par de oliveiras do templo se invertem harmoniosamente. Velhas tradições que surgem da noite profunda de todas as idades dizem que quando os átomos solares e lunares do sistema seminal fazem contato no Tribeni, próximo ao cóccix, então, por indução elétrica desperta uma terceira força mágica, quero referir-me ao KUNDALINI, o fogo místico do ARHAT Gnóstico.
Escrito está em velhos textos da sabedoria antiga, que o orifício inferior do canal medular nas pessoas comuns e correntes encontra-se hermeticamente fechado. Os vapores seminais o abrem para que a serpente sagrada penetre por ele.
A longo do canal medular se processa um jogo maravilhoso de variados canais, recordemos a SUSHUMANÁ, o VAJRA, o CHITRA, o CENTRALIS e o BRAHMANADI: por este último ascende o KUNDALINI.
É uma enorme mentira afirmar que depois de haver encarnado ao JIVATMA dentro do coração, a serpente sagrada empreenda a viajem de retorno até ficar novamente encerrada no Chacra MULADHARA.
É uma horrível falsidade afirmar que a serpente ígnea de nossos mágicos poderes depois de haver gozado sua união com PARAMASHIVA, separe-se iniciando a viajem de retorno pelo caminho inicial.
Tal retorno fatal, tal descenso até o cóccix, só é possível quando o iniciado derrama o sêmen, então cai fulminado sob o raio terrível da Justiça Cósmica.
A ascensão do KUNDALINI ao longo de seu canal espinhal realiza-se muito lentamente de acordo com os méritos do coração. Os fogos do CARDIAS controlam a ascensão milagrosa da serpente sagrada.
DEVI KUNDALINI não é algo mecânico como muitos supõem. A serpente sagrada desperta com o verdadeiro amor entre o homem e a mulher e jamais sobe pela espinha dorsal dos adúlteros e perversos.
É bom saber que quando HADIT, a Serpente alada da luz desperta para iniciar sua marcha ao longo do canal medular espinhal, emite um com misterioso muito similar ao de qualquer víbora que é instigada com um pau. Isto nos faz recordar a mágica letra “S”.
O KUNDALINI se desenvolve, revoluciona e sobe dentro da aura maravilhosa do MAHA CHOHAN.
Não é difícil compreender que ao chegar o fogo serpentino a altura do coração, se abrem as asas ígneas do caduceu de Mercúrio. Então podemos penetrar em qualquer departamento do Reino instantaneamente.
A subida do fogo sagrado ao longo do canal espinhal de vertebra em vertebra, de grau em grau, é muito lenta. É ostensível que os trinta e três graus da maçonaria oculta de um Ragon ou de um Leadbeater correspondem- se com esta soma total das vértebras espinhais.
Quando o Alquimista derrama o Vaso de Hermes, me refiro a ejaculação do ‘ENS SEMINIS”, é inquestionável que então exista a perda de graus esotéricos, porque Kundalini baixa, desce uma ou mais vértebras de acordo com a magnitude da falta.
Amfortas, o Venerável senhor do Santo Graal, entre os braços impudicos de Kundry, Gundrigia, Herodias, a Eva tentadora da mitologia Hebraica, derrama o Mercúrio da Filosofia Secreta, então cai fulminado com o Arcano dezasseis da Cabala.
A queda dos anjos rebeldes a ninguém beneficiou e a todos prejudicou, infelizmente.
Se eles não houvessem derramado o Vinho sagrado, muito diferente haveria sido seu Nêmesis. Então a lira de Orfeu jamais haveria caído sobre o pavimento do templo em pedaços.
Baixar a Nona Esfera não é proibido e é até indispensável para toda exaltação. Mas cair é diferente, e Amfortas caiu, tu o sabes.
Quando o KUNDALINI alcança o SAHASRARA, o lótus de mil pétalas situado na parte superior do cérebro, então desposa-se com o Senhor Shiva, o Terceiro Logos, o Espírito Santo.
Escrito está com letras de ouro no livro do mistério oculto, que o famoso TATWA SHIVA-SHAKTI governa o SAHASRARA (A Igreja de LAODICEA).
No Magistério de fogo sempre somos assistidos pelos Elohim. Eles nos aconselham e nos ajudam. A Universidade ADHYATMICA dos sábios examina periodicamente aos aspirantes.
Na medula e no sêmen acha-se a chave da salvação humana e tudo que não seja por ali, é inútil perdas de tempo. KUNDALINI é a Deusa da palavra adorada pelos sábios, só ela pode conferir-nos a iluminação.
Tão logo o KUNDALINI desperta e inicia sua ascensão para dentro e acima, o Alquimista logra seis experiências transcendentais, a saber:
ANANDA: certa dita espiritual;
KAMPAM: hipersensibilidade elétrica e psíquica;
UTTHAN: aumento na percentagem de CONSCIENCIA OBJETIVA; GHURNI: intensos anelos místicos;
MURCHA: estados de lassidão ou relaxamentos espontâneos durante os exercícios esotéricos;
NIDRA: algum modo específico de sonho combinado com a meditação convertendo-se em Samadhi (Êxtase). Dar testemunho da verdade jamais pode ser um delito: Em minha condição de KALKI AVATARA ou SOSIOSH da nova era Aquariana, declaro enfaticamente o seguinte:
Com todos os múltiplos procedimentos pseudo-esotéricos em voga em diversas escolas, não é possível despertar o KUNDALINI.
O sistema fole com todos seus variados Pranayamas; as diversas Asanas e formas de HATHA YOGA; os
Mudras, Bhaktis, Bandhas, jamais poderão colocar em atividade o fogo serpentino.
As ígneas partículas que escapam da flama sagrada durante certas práticas iogues não significam o despertar de KUNDALINI. Desafortunadamente muitos equivocados sinceros e cheios de magnificas intenções confundem as chispas com a chama.
O fogo Serpentino dó pode despertar e desenvolver-se exclusivamente com a MAGIA SEXUAL (SAHAJA- MAITHUNA).
O advento do fogo é o evento cósmico mais extraordinário, o ígneo elemento transforma-nos radicalmente. No momento em que escrevo estas linhas ardentes, vem a minha memória certa lembrança transcendental.
Uma vez durante uma viagem incorpórea, em estado de êxtase ou Samadhi, me atrevi a interrogar a minha Mãe Divina Kundalini na seguinte forma: É possível que alguém no mundo físico possa AUTO- REALIZARSE sem necessidade da Magia Sexual?
A resposta foi terrível: “Impossível meu filho! Isto não é possível”. E disse com tanta veemência que, francamente, me senti comovido.
O fogo serpentino é a “DÍADE” mística, o desdobramento da unidade, da “MONADA”, o eterno aspecto feminino de BRAHAMA, “DEUS MÃE”.
A serpente ígnea confere-nos infinitos poderes, entre eles o MUKTI da beatitude final e o JNANA da liberação.
CAPÍTULO XXIV – O MILAGRE DA TRANSUBSTANCIAÇÃO
Voltemos a lírica Horaciana e cantemos um pouco:
A UMA ÂNFORA DE VINHO
“O nata mecun consule Manlio, Seu tu querellas sive geris iocos Seu rixam et insanos amores
Seu facilem, pía testa, somnum”.
Ó nascida comigo, sob o consuado de Mânlio, Ora provocas queixas, ora risos
Ou rixa e loucos amores
Ou, fiel ânfora, um sono fácil; “Quocumque lectum nomine Massicum Servas, moveri digna bono die, Descende, Corvino iubente
Promere languidiora vina”.
O Mássico escolhido sob qualquer pretexto
Conservas, dignas de ser movimentada em ocasião propícia, Desce, no momento em que Corvino ordenar,
Que se tragam os vinhos mais suaves. “Non ille, quemquam Socraticis madet Sermonibus, te negleget horridus: Narratur et prisci Catonis
Saepe mero caluisse virtus”.
Ainda que se impregne de lições socráticas
Ele não te desdenhará, austero:
Conta-se também que a virtude do velho Catão Teria sido requentemente estimulada com vinho. “Tu lene tormentum ingenio admoves Plerumque duro; tu sapientium Curas et arcanum iocoso. Consilium retegis Lyaco”.
Tu aplicas doce tormento a uma índole
Geralmente insensível; tu dos sábios As preocupações e pensamento secreto Revelas, por meio do jacoso Lieu. “Tu spem reducis mentibus anxiis Viresque et addis cornua pauperi, Post te neque iratos trementi Regum apices neque militum arma”.
Tu reconduzes a esperança aos espiritos aflitos E adicionais força e coragem ao pobre Que depois de ti, não treme diante das irritadas Coroas dos reis, nem das armas do exército “Te Libert et, si laeta aderit Venus, Segnesque nodum solvere Gratiae Vivaeque producent lucernae, Dum rediens fugat astra Phoebus”.
Se Liber e Vênus benfazeja te seguir, Não só as Graças, indolentes em desfazer o nó, Como as lanternas acesas te guiarão Até que febo, em seu retorno, afugente os astros.
( Fonte da tradução para o português: Implicações da Métrica nas Odes de Horácio – Heloísa Maria Moraes Moreira Penna).
Na missa Gnóstica encontramos um precioso relato que textualmente diz o seguinte:
“E Jesus o Grande e Divino Sacerdote Gnóstico entoou um doce canto em louvor do Grande nome e disse a seus discípulos: Vinde a Mim, e eles assim o fizeram”.
“Então dirigiu-se aos quatro pontos cardeais, estendeu seu sereno olhar e pronunciou o nome profundamente sagrado (IEÚ), abençoou os e soprou seus olhos”.
“Olhai para cima, exclamou: Já sois clarividentes. Eles então levantaram seus olhos para onde Jesus os indicava e viram um grande Cruz que nenhum ser humano poderia descrever”.
“E o Grande Sacerdote disse: Afastai a vista dessa grande luz e olhai para o outro lado. Então viram um grande fogo, água, vinho e sangue. (Aqui abençoa-se o pão e o vinho).”
“E continuou: Em verdade vos digo que não trouxe nada ao mundo se não o fogo, água, vinho e o sangue da redenção”.
“Trouxe o fogo e a água do lugar da luz, do depósito da luz, dali onde a luz se encontra.”
E trouxe o vinho e o sangue da morada de Barbelos. Depois de passado algum tempo, O Pai me enviou o Espirito Santo em forma de branca pomba, mas escutai-Me: O fogo, a água e o vinho são para purificação e perdão dos pecados”.
O evangelho de TACIANO dá testemunho do sacramento do corpo e do sangue dizendo:
“E Jesus tomou o Pão e o abençoou” e deu a seus discípulos dizendo: Tomai e comei, porque este é meu corpo que é dado a vós. “ E tomando o cálice, deu graças,, ofereceu a seus discípulos e disse: “Tomai e bebei, porque este é o meu sangue que será vertido na remissão dos pecados”. E desde agora não beberei mais do fruto da videira até o dia que beberei convosco no reino de meu Pai”. “Fazei isto em minha comemoração”.
Lucas desvenda inteligentemente o profundo significado desta mística cerimonia mágica dizendo: “Chegou o dia dos pães sem fermento, no qual era necessário sacrificar o cordeiro Pascal”. “E Jesus enviou Pedro (cujo evangelho é o sexo) e a Juan (cujo evangelho é o verbo), dizendo: “Ide e preparai a Páscoa para que a comamos.”
O nome secreto de Pedro é “PATAR”, com suas três consoantes que em alto esoterismo são radicais: P nos recorda o Pai que está oculto, o ancião dos dias da cabala hebraica. T o TAU, letra em forma de cruz estudada em nosso capitulo anterior, famosa no SEXO-YOGA. RA, FOGO SAGRADO, Divindade, Logos.
JUAN se decompõem nas cinco vogais I.E.O.U.A. (IEOUAN, SWAN, CHOAN, IOAN), o Verbo, a palavra. Pedro morre crucificado em uma cruz invertida, com a cabeça para baixo e os pés para cima como convidando-nos a baixar a FORJA DOS CICLOPES, a NONA ESFERA, para trabalhar com a água e o fogo, origem dos mundos, feras, homens e Deuses.
Toda autentica Iniciação Branca começa por aí.
Juan o inefável, recosta sua cabeça no coração do grande KABIR Jesus como declarando: O amor se alimenta com amor.
Torna-se muito fácil compreender que o Verbo criador aguarda em vigilância mística, enroscado no fundo da arca, o preciso instante de ser realizado.
Ao que sabe, a palavra dá poder. Ninguém a pronunciou, ninguém a pronunciará, senão somente aquele que a tem ENCARNADA.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
Escrito está, com palavras de ouro no grande livro da existência cósmica, que primeiro devemos recorrer com plena firmeza o caminho de PEDRO.
O Verbo que jaz oculto no amago misterioso de todas as idades, ensina claramente que depois é necessário caminhar pela senda de JUAN.
Porém, é inquestionável que entre essas duas sendas terrivelmente Divinas, existe um abismo.
É urgente, é indispensável, ter uma ponte de maravilhas e prodígios entre os dois caminhos, e logo morrer de instante em instante.
Transmutar para falar no Orto puríssimo da Divina língua, é certamente o profundo significado místico da Unção gnóstica.
O pão e o vinho, a semente de trigo e o fruto da videira, devem ser regiamente transformados na carne e no sangue do Cristo Íntimo.
O LOGOS SOLAR com sua vida pujante a ativa faz germinar a semente para que a espiga cresça de milímetro em milímetro e logo fique encerrada, com um cofre precioso, dentro da pétrea dureza do grão.
Os raios solares penetrando solenes na cepa da videira, crescem e desenvolvem-se em sigilo até amadurecer o fruto santo.
O Sacerdote Gnóstico em estado de êxtase, percebe essa substancia cósmica do CRISTO-SOL encerrada no PÃO e no VINHO e atua desligando-a de seus elementos físicos para que os átomos Crísticos penetrem vitoriosos dentro dos organismos humanos
Esses átomos solares, essas vidas ígneas, esses agentes secretos so adorável, trabalham silenciosamente dentro do TEMPLO-CORAÇÃO convidando-nos uma ou outra vez a trilhar a senda que nos há de conduzi ao NIRVANA.
É evidente a misteriosa ajuda dos átomos Crísticos.
E resplandece a luz nas trevas e aparecem sobre a ara os doze pães da proposição, manifesta alusão aos signos zodiacais ou diversas modalidades da substância cósmica.
Isto nos faz recordar a décima segunda carta do TAROT, o Apostolado, o Magnus Opus, o liame da cruz com o triangulo.
Enquanto o vinho que se deriva do fruto maduro da videira, é o símbolo maravilhoso do fogo, do sangue e da Vida que se manifesta na substância.
É inquestionável ainda que as palavras Vinho, Vida, Videira, tenham diferentes origens, nem por isso deixam de ter certas afinidades simbólicas.
Não de outra forma se relaciona o Vinho com Vis, “Força” e Vitrus, “Fora moral”, assim como com Virgo,
“Virgem” (A serpente Ígnea de nossos mágicos poderes).
O SAHAJA MAITHUNA (A MAGIA SEXUAL) entre o homem e a mulher, ADÃO-EVA, no leito delicioso do amor autêntico, guarda verdadeiramente sublimes concordâncias rítmicas com o ágape místico do grande KABIR Jesus.
O Germe encantador da espiga sacra, tem seu expoente íntimo na semente humana.
O fruto sacrossanto da videira é realmente o emblema natural da Vida que se manifesta com todo seu esplendor na Substância.
Transformar o Pão (SEMENTE), em carne solar e o Vinho deliciosos em Sangue Crístico e fogo santo, é o milagre mais extraordinário do SEXO-YOGA.
O CORPO DE OURO DO HOMEM SOLAR, o famoso “TO SOMA HELIAKON” (Síntese completa dos veículos Crísticos), é carne, sangue e vida do LOGOS criador e Demiurgo.
A viva cristalização secreta da energia sexual na resplandecente forma desse coro glorioso, só é possível com a MAGIA AMOROSA.
Einstein, um dos grandes gênios do intelecto, escreveu um sábio postulado que diz: “A massa se transforma em energia e a energia se transforma em massa”.
É evidente que mediante a prática do SAHAJA MAITHUNA, podemos e devemos transformar o ENS SEMINIS em energia É inquestionável que nosso “MODUS OPERANDI SEXUAL” nos permite transformar a energia criadora na carne gloriosa do corpo de ouro do HOMEM-CRISTO.
Transformar o Pão em Carne e o Vinho (Vida) em Sangue Real, em Fogo vivo e filosofal, é realizar o milagre formidável da Transubstanciação.
O Parsifal Wagneriano, depois de muitas amarguras, é conduzido sabiamente por seu Guru GURNEMANZ até o Santuário Sagrado do Santo Graal, com o evidente propósito de ensinar-lhe os mistérios da Transubstanciação.
Do alto, do céu de Urania, desce como por encanto um puríssimo raio de luz que ao cair sobre a Divina taça, a faz resplandecer com purpúrea cor.
Amfortas, com o semblante transfigurado, levanta alto o cálice (símbolo vivo do YONI feminino) e muito lentamente o move em todas as direções abençoando com ele o Pão e o vinho para as mesas, enquanto os coros ditosos cantam o Hino Eucarístico.
CAPITULO XXV – BUSCAI E ACHAREIS
As sagradas escrituras dizem: “Buscais e achareis, pedi e vos será dado, batei e abrir-se voas á.”
Escrito está com carvões acesos no livro de todos os mistérios, que o Lanú ou discípulo deve perguntar se em realidade anela com todas as forças de sua alma a AUTO-REALIZAÇÃO INTIMA.
Bem sabem os Divinos e os humanos, que PARSIFAL como chela ou discípulo, não chegou a ser rei do Graal porque não perguntou o porquê das dores de AMFORTAS.
O pão e o vinho da transubstanciação é repartido entre as mesas sacras a que todos os irmãos se sentam, exceto PARSIFAL que permanece de pé e em estado de arrebatamento místico. Circunstância deliciosa e inefável da qual sai ao fim tão só pelos lamentos desesperados do bom senhor AMFORTAS.
GURNEMANZ o velho Hierofante, crendo-o inconsciente e até desapiedado diante de tudo isso, assume de fato uma atitude severa e o retira indignado do Santo recinto.
Julgando seriamente a brilhante temática deste régio Drama Wagneriano, glorioso como nenhum, podemos descobrir não sem certo assombro místico, os três graus esotéricos clássicos: APRENDIZES, COMPANHEIROS E MESTRES.
Aquele adolescente da primeira parte do drama, nada sabe sobre a mansão das delícias e a região do amo com suas mulheres-flores perigosamente belas. Nem sobre KUNDRY, HERODIAS, GUNDRIGA, esquisitamente pecadora, é sem dúvida o aprendiz da Maçonaria Oculta.
O PARSIFAL da segunda parte é o homem que desce valoroso ao Nono Círculo Dantesco. É o aspirante que trabalha na FRAGUA ACESA DE VULCANO, o COMPANHEIRO.
O Herói da terceira parte é o MESTRE que regressa ao templo depois de haver sofrido muito.
O moço da primeira parte do Drama nem sequer despertou a CONSCIENCIA, é tão só um destes tantos peregrinos que viajam em muito segredo entre as obscuras selvas da vida em busca de um viandante compassivo que tenha entre seus tesouros um balsamo precioso para curar seu dolorido coração.
A felicidade é muito grande quando encontra em seu caminho doloroso o velho ermitão GURNEMANZ, que lhe serve então de guia ou guru.
O PARSIFAL da segunda parte é o asceta que baixa conscientemente aos MUNDOS INFERNOS. O homem que trabalha na FORJA DOS CICLOPES, o místico que vence as sete sacerdotisas da tentação.
O devoto da terceira parte é o ADEPTO VESTIDO com o traje de bodas da alma. Síntese maravilhosa dos corpos solares, no qual estão contidas a emoção superior, a mente autêntica e a vontade consciente.
O regresso triunfal ao templo do Graal é a principal característica do Parsifal da terceira parte.
O anacoreta volta ao sacro recinto empunhando em sua destra formidável a haste Santa, a haste bendita.
CAPÍTULO XXVI – O ASPECTO DE KUNDRY
No segundo ato do Drama Wagneriano, aparece claramente o interior do sinistro e horrível calabouço de uma antiga torre semidestruída.
Uma galeria de pedras conduz a ameia da Dantesca muralha.
A escuridão reina aterradora no fundo daquele negro antro para aquele que desce apoiando-se no pavoroso muro.
Variadíssimos instrumentos de magia negra e aparatos de necromancia estão espalhados por toda parte.
No apoio pavoroso do abjeto muro das abominações, em um lado, está sentado o tenebroso KLINGSOR, diante do famoso espelho metálico da Magia.
No pérfido espelho, vê o sinistro personagem das sombras desfilar astralmente todos os extraordinários sucessos do ato anterior ocorrido nos domínios do Santo Graal.
Existem momentos supremos da humanidade este é precisamente um deles. Chegou o momento terrível, a hora das grandes decisões.
O tétrico mago das trevas conseguiu atrair a seu antro, como a tantos outros infortunados cavaleiros, o ingênuo moço PARSIFAL, com o evidente propósito maquiavélico de o fazer cair espantosamente em meio aos encantos das irresistíveis mulheres-flores, terrivelmente belas.
Aquele sono hipnótico, fascinante e tremendo que em momentos antes vimos haver feito KUNDRY, a mulher sem nome, a diaba originária, a sanguinária Herodias, a harpia Gundrigia submergir, está agora surtindo todos os seus atrozes efeitos.
O Senhor das trevas chama em alta voz desde a profundeza do abismo, invoca e chama.
Aparece o espectro de KUNDRY entre os azulados vapores fétidos da ignomínia. No incensário ardem a mirra, a assa fétida, o incenso e muitos outros perfumes evocadores.
Ah! Ah! Noite tenebrosa! Mistério, loucura, fúria! Sonho, sonho de dor e de desgraça, sonho profundo. Morte! Clama desgarrada a originária e gentil diaba das diabas.
O sinistro personagem sombrio da ordens imperativas, KUNDRY em vão protesta, pois ao fim se vê obrigada a obedecer.
Resignar-se e servir novamente de instrumento de perdição. Que horror! Envolver em seus encantos PARSIFAL, faze-lo cair como ao bom rei AMFORTAS, é a ordem e a infeliz coitada é tão só uma escrava ao serviço do perverso.
Terminada a ordem sugestiva do malvado, este se desintegra rapidamente junto com a torre e como por arte de mágica, surge então um jardim delicioso que ocupa toda a cena.
Uma esplendida vegetação tropical e luxuriante estende-se lasciva como que aguardando vorazmente a plena satisfação dos prazeres bestiais.
Com régia veste de sedosa gama e coroada de árvores vermelhas, empina-se o espectro de KUNDRY para olhar a distância o magnifico e amplo panorama.
Ouve muda, perplexa, o alvo rio que entre as rochas ruge, partindo-se em cascatas e o vê retratar em seu reflexo do áureo sol, a omnipotente flama.
As estrelas em trono de amaranto no espaço imenso erguem-se próximas, salpicando de gotas cristalinas as negras folhas de adormecido encanto.
CAPITULO XXVII – AS NINFAS
No fundo cavernoso do mistério, contempla-se exoticamente a ameia fatal das dilapidadas muralhas, nas quais se apoiam lateralmente as estranhas saliências do edifício milenar do castelo de KLNGSOR e seus esplendidos terraços de estilo arabesco.
No terror sagrado destas estranhas brechas do enigma, surge como por encanto o PARSIFAL Wagneriano contemplando arrebatado os jardins encantados.
As belezas femininas da Santa predestinação, pervertidas desgraçadamente pelo espírito do mal, aparecem por toda parte.
De todas as partes, tanto dos jardins como do magnifico palácio, surgem com por encanto muito jovens Ninfas perigosamente belas.
Algumas vem juntas, outras sozinhas, em número sempre crescente, seminuas, formosas, espantosamente provocativas.
Elas que felizes dormiam com seus amantes, os infortunados cavaleiros do Graal, caídos entre suas redes amorosas. Como que despertando de um sono erótico, abandonam agora seu leito de prazeres.
É a hora da tentação e elas voltaram de suas andanças em busca de uma nova vítima.
Por todos os caminhos da noite vieram. Vede-as ali! Existem cabeças douradas ao sol, como que maduras. Existem cabeças como que tocadas de sombra e de mistério. Cabeças coroadas de lauréis. Cabeças que queriam descansar no céu. Algumas não alcançam o odor da primavera e muitas outras transcendem as flores do inverno.
Que afã tão terrível que agita as entranhas de todas as Ninfas vendo partir a nave que bordeja sobre a água sua fugitiva estrela.
Elas, as deliciosas beldades femininas, tentam agora seduzir com seus encantos o mancebo WAGNERIANO, mas este as afasta indignado com seu braço Hercúleo.
“Único amor, já tão meu, que irá amadurecendo com o tempo. Por que me desprezas? Grita uma desesperada. “Minhas mãos te esqueceram, mas meus olhos te viram, e quando o mundo é amargo para olhar, eu os fecho”, exclama outra.
“Não quero encontrar-te nunca, que está comigo e não quero que despedace sua vida naquilo que realiza meu sonho, assim fala uma sonhadora.
“Como um dia me deste, tua viva imagem possuo, que diariamente lavam meus olhos com lágrimas de tua recordação.” Sussurra assim ao ouvido do jovem a mais provocativa.
As ninfas, femininas, mutáveis de todos os tempos, agora preocupadas, sofrendo por PARSIFAL, fazendo até o impossível.
A passagem musical que envolve toda essa cena tem fascinado as plateias mais exigentes do mundo.
Nesta passagem ígnea do colosso, existe cor, amor, perfume, encantos indizíveis, tudo quanto pode verdadeiramente seduzir os sentidos humanos.
Porém, é obvio que o Herói não sucumbe na batalha das tentações.
Entretanto, isso não é tudo, falta o mais terrível, o encontro com KUNDRY, a mulher por antonomásia, a mulher-símbolo, a Eva maravilhoso da mitológica hebraica.
CAPÍTULO XXVIII – A DIABA ORIGINAL
Do meu do sonho encantador de umas flores feiticeiras, surge a mágica voz de KUNDRY, a diaba original, o protótipo da perdição e da queda, a quem nem o próprio Amfortas, maravilhoso rei do Santo Graal pode resistir.
Exclama apaixonada a fêmea misteriosa chamando o herói por seu próprio nome. Aquele com o qual em outros tempos o chamara ternamente sua amorosa mãe.
“PARSIFAL”, espere, grita a doce voz. Há algum tempo te convidam o prazer e à felicidade. Afastam-te deles, vulgares mulheres, apaixonadas e frívolas moças, flores fascinantes de algumas horas que logo murcharão!
Ante aquelas palavras, as volúveis Ninfas, variáveis e versáteis, ficam profundamente entristecidas.
Escrito está e isso o sabem muitas pessoas, que aquelas belezas malignas depois se afastaram rindo de volta ao castelo do tenebroso KLINGSOR.
PARSIFAL dirige um olhar temeroso em direção a este lugar de amores de onde a voz havia surgido.
Então contempla a visão daquela juvenil e esplendida formosura. A provocativa KUNDRY, estendido em um maciço de flores maravilhosas e adornada com o mais fantástico e tentador traje que o refinamento árabe jamais pode sonhar.
“Acaso foste tu, sublime beldade feminina, aquela que me chamou? A mim, que jamais tive nome”? “Também, ó Deuses! Cresceste e desprendestes da floresta perfumada?
“Sim, responde KUNDRY, aquela ruiva tempestuosa que chamavam Herodias, e suas palavras tão tenras ressoam com acentos comovedores da dulcíssima lira.
“A ti inocente e puro, chamei FAL-PARSI”.
“Moribundo na exótica terra de CALIFAS e SULTÕES, assim nomeou e saudou gozoso teu valoroso Pai
GAMURET ao filho que havia engendrado. Precisamente para revelar-te, o esperavas aqui.
“Certamente não nasci em meio a este jardim de maravilhas como as outras beldades.”
Muito longe de todos esses encantos das mil e uma noites está minha querida pátria. Estou aqui tão somente neste lugar de felicidades passionais para que me encontrasse.
“De terras muito distantes cheguei e muitas coisas extraordinárias tenho visto, espero que me escutes.” “É bom que saibas que tive a imensa alegrai de ter conhecido sua mãe HERZELEIDE”.
“Só chorar sabia aquela excecional mulher, rendendo-se a dor pelo amor e morte de seu pai, de cuja mesma desventura quis preservar-te, cifrando nele seus mais altos e imperiosos deveres, afastando-te do exercício das armas para guardar-te e salvar-te da sanha dos homens.
“Mãezinha linda, mãezinha bondosa, que tiveste um dia lábios de rubi, dentes de marfim, cachos que balançavam como uma cascata sobre suas frágeis e perfumadas costas, neste teu corpo talhado como cinzel.”
“Mãezinha santa que um dia tivestes, todos os encantos de uma bela huri. Mãezinha tenra, branca e perfumada como uma açucena que ao abrir seu cálice converte-se em berço para balançar-te.”
“Para ela houve somente sombras e temores, que nunca tu havias de conhecer. Não escutas por acaso seus chamados de angústia, os mesmos de quando longe andavas?”
“Mãezinha linda, mãezinha bondosa, que naquelas noites de lua cheia, colocava o balanço na grande árvore do jardim”.
“E ali te levava o doce e a ceia cheirando a musgo, cravo, verbena, rosas, pêssego e jasmim.”
“Mas tão nunca soubestes de tuas penas, nem jamais o delírio de seus sofrimentos, um dia te fostes para jamais voltar.”
“Ansiosa te esperou mitos dias, até que a fizeram emudecer seus próprios lamentos e morreu.”
CAPÍTULO XXIX – O BEIJO TERRÍVEL
Tremendamente interessado com o maravilhoso relato de KUNDRU, a diaba original, cai PARSIFA aos pés da formosa, amargurado pela mais acerbada dor.
“Desconhecida te foi até agora a dor, acrescentou, nem até agora pudeste sentir no coração as doçuras do prazer, lhe disse KUNDRY. Alpaca agora nos consolos, que são o natural despojo do amor, a pena e a angústia de teu pranto”!
“O saber transformara a inconsciência em conhecimento. Procura conhecer, pois, esse amor que um dia abrasou o coração de GAMURET, quando inundou-lhe a ardente paixão de HERZELEIDE. Esse amor que um dia te deu corpo e vida. Esse amor, que afugentará a morte, que afugentará sua torpeza, e que hoje hei de oferecer-te, como último cumprimento e bênção de tua mãe, o primeiro beijo da paixão.
Enquanto fala tão deliciosamente e com essa linguagem tão comovedora, KUNDRY, a beldade mais terrível, reclinara completamente sua cabeça de encantos sobre a de PARSIFAL, unindo por fim seus lábios de púrpura maldita com o dele em um longo e ardente beijo.
No entanto, para tudo existe um momento. O ígneo contato de tão espantosa paixão sexual, origina no herói da dramaturgia Wagneriana, intenso terror.
Desgarrado pela angústia grita com todas as forças de sua alma. “AMFORTAS! A ferida! A ferida! A ferida!
“Em meu coração já arde! Seus lamentos desgarram minha alma! Eu vi sangrar essa ferida, que agora sangra dentro de mim, aqui, aqui mesmo.
“Não, não. Não é a ferida! Ainda há de correr sangue em torrentes! O incêndio é aqui, aqui em meu corpo!” “É a ânsia horrível que me agarra e sujeita com violência os sentidos! Ó suplicio do amor!”
“Todo meu ser palpita, arde e treme e estremece em pecaminosos desejos”.
Depois vem o melhor. O herói evoca a lembrança do Vaso Sagrado e do sangue Divino que derramou o pecado, heroicamente rechaça a KUNDRY, a Madalena Wagneriana que espantosamente revolve-se em seu leito de flores, agitada pela mais tremenda luxuria.
Em vão KUNDRY recorre a todos os encantos, enganos, artifícios que lhe sugere a astucia. O Herói consegue escapar.
A pecadora, exasperada evencida, mas sem querer renunciar ao que parecia ser sua fácil presa, chama em socorro o mago, que aparece na muralha brandindo a lança do Senhor.
Arroja a lança contra PARSIFAL com intenção de feri-lo assim como o fez com AMFORTAS. Mas o herói esta puro e torna-se portanto invulnerável. A lança fica suspensa sobre sua cabeça, este a recolhe e estático com ela faz o sinal da cruz.
Sob semelhante conjuro, o tenebroso castelo de KLINGSOR cai ao horrível precipício convertido em poeira ósmica.
O jardim das delícias cai reduzido a um simples ermo de penitente e as mulheres flores se murcham e caem ao solo arrastadas por temíveis furacões.
Momento terrível é aquele em que KUNDRY, a beleza maligna lança um grito e desaba como que ferida mortalmente.
PARSIFAL vitorioso se afasta e desaparece.
CAPÍTULO XXX – METAFISICA PRÁTICA
A autêntica Magia, a Metafisica pratica de Bacon, é a ciência misteriosa que nos permite controlar as forças sutis da natureza.
A Magia Pratica é segundo Novalis, a arte prodigiosa que nos permite influir conscientemente sobre os aspectos internos do homem e da natureza.
O amor é sem dúvida o ingrediente íntimo da magia. É ostensível que a substância maravilhosa do amor opera magicamente.
Também Goethe, o grande iniciado alemão, declarava-se pela existência mágica do ser criador. Por uma Magia anímica que atua sobre todos os corpos.
A Lei fundamental de todos influxos Mágicos baseia-se na polaridade. “Todo o ser humano, sem exceção, tem algo de forças elétricas e magnéticas e exercem como um magneto, uma força de atração e outra de repulsão. Entre homens e mulheres que adoram-se, essa força magnética é especialmente poderosa e é inquestionável que sua ação chega muito longe.”
A palavra MAGIA deriva-se da raiz ária MAB (daí em persa vem MAGA; em sânscrito MAHAS; em latim MAGIS; em alemão MEBR, ou seja Mais), significando um sentido próprio, um saber e conhecer além do comum e corrente.
Em nome da verdade temos que dizer o seguinte: Não são hormônios nem vitaminas patenteadas que necessita a humanidade para viver. Senão o pleno conhecimento do TU e do EU, e do intercambio inteligente das mais seletas faculdades afetivas entre o homem e a mulher.
A MAGIA SEXUAL, o MAITHUNA, fundamenta-se nas propriedades polares do homem e da mulher que sem dúvida tem seu elemento potencial no PHALO e no UTERO.
A função sexual desprovida de toda espiritualidade e de amor, é unicamente um polo da vida.
Ânsia sexual e anelo espiritual em plena fusão mística, constituem em si mesmos os dois polos radicais de todo erotismo são e criador.
Para nós, os Gnósticos, o corpo físico é algo assim como alma materializada, condensada, e não um elemento impuro, pecaminoso, como supõe os tratadistas da ascese absoluta de tipo medieval.
Em oposição a ascese absoluta com seu caráter negador da vida, surge como por encanto a ascese revolucionária da nova era de Aquário. Mescla inteligente do sexual e do espiritual.
É evidente que a MAGIA SEXUA, o SEXO-YOGA, conduz inteligentemente à unidade mística da alma e da espiritualidade, ou seja, a sexualidade vivificada. O sexual deixa então de ser motivo de vergonha, dissimulação ou tabu e torna-se profundamente religioso.
Da completa fusão do entusiasmo espiritual com a ânsia sexual, advém a CONSCIENCIA Mágica.
É urgente, inadiável e indispensável emanciparmo-nos do círculo vicioso do acoplamento vulgar e penetrar conscientemente na esfera gloriosa do equilíbrio magnético.
Devemos redescobrirmo-nos no ser amado, encontrar nele a senda do fio da navalha.
A Magia Sexual prepara, ordena, enlaça, ata e desata, também, novamente em ritmo harmônico a esses milhões de dispositivos físicos e psíquicos que constituem nosso próprio universo interior particular.
Reconhecemos dificuldades. É inquestionável o duplo problema que apresentam as correntes nervosas e as sutis influencias que e forma consciente ou inconsciente atuam sobre nossa vontade.
Governar sabiamente tão delicados mecanismos, correntes e influencias, durante o transe sexual só é possível através da experiência pessoal de cada um.
Este tipo específico de conhecimento é intransmissível. É o resultado da experimentação individual. Não é algo que se possa mostrar como aprender e visualizar.
CAPITULO XXXI – O NERVO SIMPÁTICO
O NERVO SIMPÁTICO é fundamental em todos os rituais de Alta Magia, pois sem dúvida, este em si mesmo é aquele onipotente condensador do sentimento que alterna e concentra todo o circuito maravilhoso de nossas faculdades anímicas e pelo qual se governam os pensamentos, concepções, desejos, ideias, anelos e etc.
A física nuclear veio demonstrar de forma contundente e definitiva que toda matéria é imaterial. Torna-se inquestionável que todos os ritmos celulares internos, são anímicos (ANIMAE).
A unidade do corpo e essência manifesta-se em forma de vibrações elétricas através do mundo das sensações exteriores e interiores.
Somente mediante a íntima aspiração esotérica em direção ao todo, do inevitável, do insuperável, podem os homens e mulheres que se adoram chegar a ser realmente completos, íntegros, unitotais.
Escrito está com palavras de ouro no grande livro da existência cósmica, que só nessa plenitude masculina- feminina, podem os sexos opostos encontrar equilíbrio perfeito e recíproco.
Com a simultânea entrega ao Pai que está oculto, e a Divina Mãe Kundalini, tem em mãos o homem e a mulher o fio de Ariadne da ascensão mística, o áureo cordão que os conduzirá das trevas à luz, da morte à imortalidade.
É indubitável, e todo idôneo Esoterista o sabe, que as autênticas forças procriadoras, as anímicas e as espirituais, encontram-se no fundo vital ou Lingam Sarira de nosso organismo.
É o “SYMPATHICUS” o sistema nervoso secundário com toda sua rede de sensíveis malhas ganglionares, o mediador e condutor da realidade interior, que não só influi definitivamente sobre os órgãos da alma, senão que também governa, dirige e controla os centros mais importantes no interior de nosso organismo.
Torna-se evidente, claro e manifesto, que o “SYMPATHICUS” guia de maneira igualmente misteriosa a
maravilhas da concepção fetal e as atividades do coração, rins, cápsulas suprarrenais, glândulas sexuais e etc.
Mediante a direção da corrente molecular e da cristalização de raios cósmicos, o “SYMPATHICUS” equilibra
dentro do ritmo do fogo universal todos os elementos físicos e psíquicos que lhe estão subordinados.
É também o “NERVUS SYMPATHICUS” um “NERVUS IDEOPLASTICUS”, maravilhosos, extraordinário, formidável.
Devemos enfatizar a ideia de que o sistema secundário trabalha como mediador entre a vida subjetiva, tridimensional e o mundo interior da objetividade espiritual.
O “NERVUS SYMPATHICUS” é o grande equilibrador médio que apazigua e reconcilia aos pares de opostos da filosofia no fundo vivente de nossa consciência.
O MOVIMENTO GNÓSTICO REVOLUCIONÁRIO afirma que a ascese cristã medieval tornou-se agora extemporânea, antiquada, reacionária.
É evidente que por estes tempos de aquário, irão novamente despertar para a vida muitos cultos sexuais antigos, a maioria de origem asiática.
CAPÍTULO XXXII – ADAM-KADMON
O homem primitivo, o Andrógeno sexual, Adam-Kadmon, reproduzia-se mediante o poder da imaginação e da vontade unidas em vibrante harmonia.
Escrito está com carvões de fogo no livro de todos os mistérios, que na união destes dois polos mágicos, encontram-se a chave de todo poder.
Contam velhas tradições Cabalísticas que o homem perdeu esse poder criador, imaginativo e volitivo pela queda no pecado. Dizem que devido a isto foi expulso do Éden.
Torna-se claro que tal concepção cabalística tem fundamentos sólidos.
Reestabelecer aquela unidade original do andrógeno primevo é, precisamente o objetivo principal da MAGIA SEXUAL.
Mediante o SEXO-YOGA com seu famoso SAHAJA-MAITHUNA nos tornamos íntegros, unitotais, completos.
É inquestionável o fundo cósmico e transcendental da sexualidade. A sexologia esotérica nos permite realizar um enlace eletrobiológico entre aquelas zonas misteriosas, transcendentes, do psíquico e do fisiológico, para converter-nos em autênticos MUTANTES.
O amor pelo cônjuge vincula-se misticamente com representações esplendidas que tem sua origem no mundo do espírito puro.
É chegada a hora de olharmos as funções sexuais não como motivo de vergonha, tabu ou pecado, senão como algo infinitamente elevado, sublime e terrivelmente Divino.
Desta forma, trabalha o SEXO-YOGA, o MAITHUNA, transfigurando-nos radicalmente e dando obviamente uma acentuação ideal ao sexual e na alma de cada uma de nós.
São capazes da MAGIA SEXUAL aquelas pessoas inteligentes e compreensivas que tratam de transcender aquele dualismo que separa o mundo anímico do mundo físico.
A imaginação criadora é uma agência maravilhosa da vida sexual e possui em si mesma uma qualidade cósmica Divinal.
Somente o espelho mágico da imaginação é que colhe em si próprio a Vontade de nosso Pai que está oculto. A vontade e a Imaginação de sois amantes que se adoram, homem-mulher, consiste pois, em que mediante o comum ardor sexual deem forma a seu universo íntimo.
Em todos velhos livros da sabedoria antiga, se fala sempre da “Ilha Sagrada” e dos Deuses santos.
Tal ilha bendita e imperecedoura, nunca, jamais na história dos incontáveis séculos participou do Nêmesis dos quatro continentes, por ser certamente a única cujo destino é durar desde o princípio até o fim do Mahamvantara passando por cada ronda.
Essa é sem dúvida, a arcaico berço paradisíaco de Adam-Kadmon, a primeira raça humana, gente andrógena, protoplasmática, capaz de reproduzir-se com dissemos, mediante o poder da vontade e da imaginação, unidas em vibrante harmonia.
Ilha venerada, morada exótica do último mortal divino, escolhido então como um Shishta para semente desta humanidade pigmeia.
Terra das mil e umas noites dos paraísos “Jinas” nas regiões setentrionais do mundo.
“A estrela polar do Norte fixa nela seu vigilante olhar, desde a aurora até o término do crepúsculo de um dia do Grande Alento”.
Ilha bendita que devemos buscar no fundo de nossa consciência íntima.
ADAM-KADMON deve nascer dentro d cada um de nós mediante o poder maravilhoso da MAGIA BRANCA.
Assim encheras sem lacrimatórios com o sal de teus olhos. Assim suspirarás espantosamente até lutar com ímpeto contra o doloroso vento que passa, destroçando cruelmente as pétalas perfumadas das flores de teus jardins. Assim soluçaras amargamente até ferir mortalmente as entranhas da noite estrelada. Juro pelo eterno Deus vivo, que de nenhuma maneira seria possível tua AUTO-REALIZAÇÃO INTIMA, se afastará de tua vida a felicidade do amor, a Magia Sexual.
CAPÍTULO XXXIII – O DIVINO CASAL
É o momento terrível em que deve entrar em jogo as eróticas armas do amor passional avassalador patrimônio muito especial de KUNDRY, a mulher superior, a mais encantadora e perniciosa de todas as criaturas em sua eterna vitória.
A tosca vestimenta da penitente, da terra áspera da mensageira do Santo Graal, havia desaparecido. KUNDRY, HERODIAS, GUNDRIGIA, é agora a núbil beleza feminina, com todo o poder maravilhoso de
sua mágica fascinação irresistível.
Em meio a penumbra deliciosa do jardim, compreende-se que o conjuro feiticeiro do maldoso mago a envolvera espantosamente em seus sortilégios fatais.
O desempenho escravizante do desiderato abismal é francamente iniludível e como é natural, sofre a infeliz beldade nas profundidades ignotas de sua consciência íntima.
A belíssima e espantosa cena da tentação sexual havia começado entre os espelhos fascinantes da vida. E o que acontece no fundo anímico daquela mulher, provocativa, só Deus sabe.
É inquestionável que dentro desta fêmea tão adorável, existe luta de mulher contra mulher, de tentadora contra salvadora, do amor contra a perfídia cruel que a tudo envenena.
É obvio que lutam entre si as duas KUNDRYS das mil e umas noites na alma milagrosa da beldade.
É evidente que está fascinante doce criatura vem a ser no fundo do mistério, mais uma vítima dos impulsos naturais pervertidos.
Escrava da paixão sexual que sobre si mesma exerce o deleite da sugestão do homem, constrangida pela potência mágica do conjuro, acode então aos engenhos femininos para vencer o mancebo em suas tentações.
Ao entrar nesta parte da Dramaturgia Wagneriana, convém recordar que os Persas viam na mulher o aspecto da ilusão, o elemento de absoluta sedução.
Muito claros sobre a índole de sua ideologia são aquelas alegorias e histórias adaptadas do Alcorão. Especialmente a de José e Putifar onde se mostra o aspecto da mulher como perigo universal.
Assim em Fidursi, a Putifar trocada em Luleica não só induz a tentação a José por seus encantos físicos, como também seu intento era prender ao virtuoso de maneira mágica na rede alucinante de sua lascívia.
Assim recebeu José em uma sala de espelhos, a ruiva cabeleira, os lábios de purpura maldita, os rosados mamilos dos rijos seios nacarados, todo o corpo ungido e ondulante o deslumbravam onde quer que dirigisse seu olhar.
Segundo a interpretação Persa, o patriarca José não pode resistir e sucumbiu ao sacrifício.
Nesta representação maravilhosa dos espelhos mágicos, encontra-se oculto todo o mistério da fascinação sexual.
A natureza disposta a voluptuosidade passional é sem dúvida uma sedução única, e age sobre todas as criaturas vivas de forma hipnótica.
O mundo tridimensional das aparências vãs nos aprisiona horrivelmente devido a eu invariavelmente sucumbimos ao encanto do antipolo sexual.
KUNDRY, GUNDRIGIA, HERODIAS, a Madalena mística do Parsifal Wagneriano, não ignora o segredo vivo de sua própria existência e sabe muito bem por natureza e por instinto, que só poderá se libertar do poder esquerdo e tenebroso de KLINGSOR, se encontra em seu caminho de amarguras um homem forte capaz de vencer a si mesmo e rejeitá-la.
“Débeis todos, todos caem comigo, arrastados por minha maldição”, exclama a tentadora.
A tentação é fogo, o triunfo sobre a tentação é luz. Bendita seja a mulher, bendito o amor, benditos os seres que se adoram.
É indubitável que todos os velhos cultos religiosos na Grécia, caldeia, Egito, Pérsia, Índia, México, Peru, etc, foram cem por cento de natureza sexual.
Sem dúvida, o reconhecimento da potência sexual como força supra terrena, engenhadora e criadora é fundamentalmente mais enaltecedor e dignificante que a atitude medieval que relega o sexo considerando-o algo baixo, pecaminoso, sujo e inimigo da alma.
No culto sexual dos antigos gregos, o casal mortal aspirava com todas as forças de sua alma refletir em si mesmo a felicidade do casal Divino.
Conta a lenda dos séculos eu tanto a Grécia como em Roma, esteve em uso a celebração dos esponsais Sacros. O homem e a mulher, Adão e Eva, ungidos, ataviados preciosamente e coroados de flores sublimes, se dirigiam ao mútuo encontro como Deus e Deusa depois de uma cerimônia no templo, para serem participes com o abraço ritual daquela felicidade do supremo casal que regia céu e terra. Representando cada homem como Zeus e cada mulher como Hera no ato sexual amoroso, realizava-se uma conexão magnifica do LINGAM- YONI.
É ostensível que o casal feliz retirava-se do ato sem derramar o Vaso e Hermes.
O sexual era então o translado de um evento cósmico formidável que fazia estremecer todo o Universo. Naturalmente, isto é algo que jamais devemos esquecer, tão sublime identificação com o Divinal só podia ser alcançada por casais verdadeiramente despertos, individualizados, iluminados.
Experiência sacra, bodas alquimistas, abraço ritual, felicidade sem limite do supremo casal, acessível somente aos Adeptos da Branca Irmandade.
Homero o grande poeta grego efetuou uma descrição sublime e mágica do Divino casal ZEUS-HERA: “Sob eles, a germinadora terra produzia verdor florido, lótus, trevos suculentos, jacintos e açafrão que apertados, turgidos e tenros alçavam-se do solo, e eles jaziam além e arrastavam-se acima das nuvens cintilantes e áureas, e o faiscante orvalho caia sore a terra”.
CAPÍTULO XXXIV – FAL-PARSI
Na grandiosa obra o PARSIFAL de Ricardo Wagner, encontra-se o evangelho da Nova Era de Aquário.
Esta é a doutrina da síntese, a primitiva Religião da humanidade, oculta desde os tristes dias em que a sabedoria arcaica, o templo simbólico, foi sepultado pelas ruínas dos Mistérios Iniciáticos com o surgimento do tenebroso KALI-YUGA.
KUNDRY, com todo o artificio delicioso de seus encantos, surgindo dentre a floresta perfumada para tentar FAL-PARSI, é a beleza da predestinação santa pervertida pelo espírito do mal.
Na resistência, na castidade do mancebo está a salvação de KUNDRY, da mulher, mas esta desconfia, o homem forte nunca existiu para ela, os animais intelectuais são muito débeis.
Compreende a fêmea preciosa que somente poderia libertar-se das cadeias da escravidão quando encontrasse em seu caminho um homem suficientemente forte como que para rejeita-la em pleno acoplamento sexual.
Conhece a FAL-PARSI, o mancebo, adivinha sua missão e resiste a afastar-se dele, temerosa de vence-lo, muito segura do poder de seu sortilégio.
A beldade inolvidável vestida com tanto refinamento árabe, astuta começa chamando-o com seu nome familiar de FAL-PASI e logo continua com a lei de associações íntimas levando-o finalmente pelo caminho do sentimento até mesmo a origem sexual de sua existência.
Quer a exótica sacerdotisa da deliciosa tentação das mil e uma noites, estabelecer uma vibração passional no centro sexual do mancebo, com o evidente propósito de fazê-lo cair entre seus impudicos braços.
A prévia sedução das Mulheres-Flores de KLINGSOR, o mago negro, também é tradicional entre os asiáticos. Não existe herói sagrado que não tenha passado por ela.
Krishna o condutor do carro, transpassado com seus olhos de fogo a NISUMBA, a KUNDRY oriental, e as sete sacerdotisas da tentação entre os Drusos Sírios tentando seduzir ao Iniciados, constituem em si a raiz básica dos estudos esotéricos.
O Grande Kabir JESUS tentado por KUNDRY dos mistérios Egípcios, foi certamente o PARSIFAL do país ensolarado de KEM.
E o que diremos das Mulheres-Flores que tanto assaltaram o Grande Mestre na terra sagrada dos Faraós?
A pedra de toque, a ALMA-MATER da Magna Obra, encontra-se em KUNDRY, a mulher por antonomásia, a Mulher-Símbolo sem cuja presença estamos condenados inevitavelmente ao abismo e a segunda morte.
Mulher adorável! Tu eres a senda do filho da navalha, o rochoso caminho que conduz ao Nirvana.
Quem me dera tomar suas mãos brancas para apertar com elas meu coração e beijá-las ardentemente escutando muito atentamente de seu amor as dulcíssimas e fascinantes palavras!
Quem me dera sentir sobre meu peito reclinado tua languida cabeça e escutar seus suspiros divinais de amor e poesia!
Quem me dera pousar meu lábio casto e suave em seus cabelos, e que sentisse soluçar em minha alma em cada beijo que deixasse neles!
Quem me dera roubar um só raio maravilhoso daquela luz de seu olhar sereno, para ter depois com o que iluminar a solidão da alma!
Oh! Quem me dera ser tua sombra, o mesmo ambiente dulcíssimo que teu rosto banha, e por beijar teus olhos celestiais, a lágrima que tremula em seus cílios!
E ser um coração toda alegria, ninho de luz e divinas flores, onde tua alma de pomba dormisse o sonho virginal de teus amores. GRUNDRIGIA, HERODIAS, KUNDRY, recorda que tu és o sendeiro secreto do Mistério.
CAPÍTULO XXXV – A CHAVE SUPREMA
Quando o mundo, esse Tântalo que aspira em vão ideal, dobra-se sobre o peso da rocha de Sísifo, e expirada queimado pela túnica de Neso.
Quando o para tenebroso e cintilante imita Barrabás e aborrece ao justo e pigmeu com ânsias de gigante, retorce-se no leito de Procusto.
Quando geme entre horríveis para expiar seus criminosos erros, mordido por suas ávidas paixões como Acteón por seus vorazes cães.
Quando sujeito a sua fatal cadeia arrastas suas desditas por todos os lados, e cada qual em sua egoísta pena volta as costas a aflição de todos, nascem então os grandes Avataras que ensinam o caminho secreto.
Sagrada tocha que na capela austera arde sem trégua como oferenda clara e consome seu pavio e sua cera para dissipar a obscuridade da ara. Vaso glorioso onde Deus resume quanto é amor.
Sublime PARSIFAL que ambiciona ferir a Satã entre o fragor do raio e o terror do trovão.
Ave Fênix que em fulgidas empresas aviva o fogo de sua resistente fogueira e morre convertendo-se em cinzas da qual renasce vitoriosa e pura.
Assim é o iniciado em seu fatal desterro! Cantar a Filis por seu doce nome e logo … Amar é o melhor, beijar? Sim, no momento supremo!
Amfortas! A ferida! A ferida! Exclama o herói da dramaturgia Wagneriana.
Não ejacular o sêmen, dor para a besta, prazer para o espírito, tortura para o bruto. Estranha simbiose do amor e rebeldia; mística revolucionário de Aquário, nova ascese.
Existe um céu mulher em seus braços. Sinto a felicidade, o coração aprisionado. Oh! Sustenha-me na vida de teus braços para que não me mates com seu beijo.
Em vão recorre a beldade erótica a todos os encantos. Fal-Parsi não derrama o vaso de Hermes e retira-se.
A pecadora, exasperada e vencida, mas sem querer renunciar ao que acredita ser presa fácil, usa todos os recursos sexuais de seu KLINGSOR interior, o Ego anima, Mefistoles, joga contra o mancebo a lança do Senhor A lança bendita, símbolo da força sexual, suspensa flutua sobre a cabeça do Iniciado. Este a impunha com sua destra e faz com ela o sinal da cruz. Sob semelhante conjuro, o castelo das iniquidades que o Adão do pecado leva dentro, convertido em poeira cósmica cai no horrendo e pavoroso precipício.
Ela, terrivelmente bela, espantosamente deliciosa, deixa escapar de sua garganta núbil um grito de luxuria e logo desmaia no seu leito de prazeres.
O herói vitorioso portando em sua destra a esplendida lança de Longinus, afasta-se do alvo refúgio caminhando lentamente, no jardim interno e delicado, sob uma luz difusa de ouro e violeta.
CAPÍTULO XXXVI – HATHA-YOGA-PRADIPIKA
O HATHA-YOGA-PRADIPIKA, dos Grandes Iniciados Hindus, enfatiza a ideia transcendental de que um ato sexual realizado com uma mulher consagrada, é em verdade uma verdadeira panaceia para a consecução dos mais elevados estados místicos.
O ato sexual é um gozo legitimo do homem. É a consubstanciação do amor do realismo psicofísico de nossa natureza.
Um grande sábio cujo nome não menciono, comentando algo sobre o Tantrismo hindu disse:
“Uma sita de SHIVA em Bombaim na Índia, realiza hoje os esponsais sagrados segundo as regras de VATSYAYANA, o autor do KAMASUTRA.”
“Coloca-se uma SHAKTI eleita, desnuda sobre o altar. O sumo sacerdote consuma com ela sua oferenda mediante o ato sexual”.
“A gigantesca imagem do Deus SHIVA, iluminada por numerosas lâmpadas de azeite, contempla a cúpula carnal do alto.”
“A um determinado sinal do sumo sacerdote, verifica-se uma coabitação geral, na qual deve representar cada casal a SHIVA e sua SHAKTI (ou esposa)”.
“Os adeptos da sita creem glorificar com sua oferenda sexual o universo mantido pela eterna procriação espontânea da Divindade e chegar precisamente pelo ato à consonância rítmica da eternidade”.
“Semanas antes do começo dos esponsais sagrados, era o participante instruído pelos sacerdotes: Ai de quem neste ato der guarida aos menores pensamentos profanos, ou buscar a satisfação de seus próprios sentidos, porque sem piedade se abaterá sobre ele a cólera da Divindade”.
“Quando nos templos da Assíria, Egito, Pérsia, Índia, Grécia e etc, se uniam sacerdotes e sacerdotisas no ato sexual diante dos féis, ou quando, como nos templos de SHIVA, copulavam ao mesmo tempo centenas de casais em determinadas festividades ao Deus, no fundo as aparentes licenças maiores havia ainda um sentido mais oculto e profundo.”
Através do SAHAJA MAITHUA, ou ato sexual dos prodígios, libera-se uma essência fluida, um magnetismo extraordinário, maravilhoso, omnipotente, que descarregado repentinamente no mesmo ponto, converte-se de fato no “Genius Lucis”, de todos os encantos mágicos.
Um antigo provérbio japonês diz: “Mediante a veneração pode-se fazer brilhar o dente de um cão”.
“Teus dentes são mais brancos que as pérolas que brotam dos mares”, disse o Grande Kabir Jesus referindo- se ao cadáver de um cão em decomposição.
Ressalta-se claramente que esta é a Magia tradicional, a famosa GUPTA VIDYA oriental, aquela ciência misteriosa mediante a qual é óbvio que podemos alcançar de forma definitiva a liberação final.
PARSIFAL, o herói místico, refreando valorosamente o impulso sexual, retirando-se intrépido daquela ruiva temperamental que chamavam Herodias, sem derramar o Vaso de Hermes, o ENS SEMINIS. É inquestionável que empunha em sua destra aquela onipotente terrível e Divina lança de Longinus, o símbolo extraordinário do GENIUS LUCIS, a força Ódica ou magnética com a qual faz o sinal da cruz para converter em poeira cósmica o EGO ANIMAL.
Nesta nova era do signo zodiacal de Aquário, a copulação coletiva dos tempos antigos está fora da orbita, extemporânea, antiquada, retardatária. Este é o instante sideral em que todos nós devemos caminhar pela senda amorosa do Matrimônio Perfeito.
Empunhar com vigor a lança venerada no LABORATORIUM ORATORIUM do TERCEIRO LOGOS, é sem dúvida algo radical se é que verdadeiramente queremos reduzir a cinzas o castelo esquerdo e tenebroso de KLINGSOR ou MEFISTOLES secreto que cada um de nós carregamos em nosso interior.
COMPREENSÃO E ELIMINAÇÃO; fatores básicos, decisivos, fundamentais. É inquestionável que todo defeito psicológico deve indispensavelmente ter sido previamente compreendido de forma integra antes de sua eliminação.
Necessita-se de uma didática, isso é óbvio. Afortunadamente a temos e é certamente muito simples e poderosa. Orar na alcova do jardim das delícias, no leito nupcial das maravilhas eróticas. Suplicar no momento dos gozos, no instante inolvidável da cúpula, pedir a nossa Divina e adorável Mãe Divina Kundalini que empunhe
esplendorosamente nestes instantes de beijos e ternuras a mágica lança para eliminar aquele defeito que tivemos compreendido em todos os departamentos da mente, e logo retirar-nos sem derramar o Vinho Sagrado, o ENS SEMINIS, significa morte, felicidade, embriaguez, delícia, gozo…
COMPREENSÃO exclusivista não é tudo, é urgente, inadiável, indispensável a eliminação radical, absoluta. Qualquer homúnculo racional poderia compreender claramente o defeito abominável da ira e no entanto, para cúmulo dos males, continuar com ela ainda que ela devore suas entranhas.
Esta pobre mente animal, intelectual, não pode em verdade alterar fundamentalmente nada. Necessitamos de um poder superior, de uma potestade vivente capaz de eliminar e descartar totalmente aquela entidade sinistra que personifica psiquicamente aquele erro que tenhamos compreendido. Tal autoridade é sem dúvida, nossa Divina e Adorável Mãe Kundalini, a esposa sublime do Espírito Santo. A serpente ígnea de nossos mágicos poderes, esse fogo eletrônico solar que de forma esplendida desenvolve-se e movimenta-se no espinhal dorsal do asceta.
Vã coisa é envaidecer-nos da mente animalesca e lunar! Esta por si só, pode conduzir-nos ao erro.
O intelecto pode dar-se ao luxo de esconder os defeitos, repudiá-los, condena-los, justificá-los, rotula-los com diversos nomes, dissimular, oculta-los da vista alheia, passa-los de um departamento a outro, etc. Mas jamais elimina-los.
A lança ESOTÉRICA-CRÍSTICA do santo Graal e a pagã lança dos pactos ostentada por Wotán é a mesma e única lança, haste ou Vara Santa tida por sagrada em todos os povos da mais remota antiguidade.
É inquestionável que somente com essa arma de Eros empunhada pela Divina Mãe Kundalini durante a cúpula sagrada, pode verdadeiramente eliminar radicalmente de uma em uma todas essas entidades tenebrosas que personificam nossos defeitos psicológicos e que em seu conjunto caracterizam o EGO ANIMAL.
CAPÍTULO XXXVII – A CONFISSÃO EGIPCIA
Depois de haver criado o “TO SOMA HELIAKON” na “FORJA DOS CICLOPES”, o sexo, tive então que passar por um tempo de profundas reflexões.
Cabe oportunamente esclarecer que dentro do “corpo de ouro do homem solar”, como no vaso santo
encontram-se contidas a emoção superior, a mente do asceta Gnóstico e a vontade consciente.
Não é de mais enfatizar o feito transcendental do “segundo nascimento” depois de haver-me vestido com o traje de bodas da alma no nono círculo Dantesco.
Na residência do amor encontrei outros irmãos e irmãs que também havia trabalhado intensamente na “frágua acesa de vulcano” (o sexo). Todos eles resplandeciam gloriosamente entre os Divinais encantos indescritíveis da Sexta-Feira santa.
É claro que estou falando misticamente sobre o templo dos “Duas vezes Nascidos”.
Humanidade Divina, pessoas extraordinárias de várias nações, povos e línguas!
Naquela “Aula Lucis” compreendi de forma integra a ideia transcendental de que o Homem deve ser também carnalmente um com Deus.
É inquestionável que a criatura humana só pode AUTOREALIZAR-SE intimamente entregando seu corpo a Deus.
Ainda que pareça paradoxo, é ostensivo, que nem todos os “duas vezes nascidos” dissolveram o Eu Depois do segundo nascimento fui instruído intensivamente no templo, então compreendi que necessitava morrer de momento a momento se é que não quisesse converter-me em um Hanasmussen um duplo centro de gravidade.
Em meu outros livros expliquei que os HANASMUSSEN são fracassos cósmicos, abortos da Mãe Divina Kundalini, casos perdidos.
É indispensável, é urgente, morrer radicalmente em na própria pessoa, na carne, no Eu, com o propósito firme de encarnar a potência de Deus em nós.
Necessitamos reconciliar-nos com o Supremo Criador de maneira que ELE possa reconhecer na carne sua própria criatura.
A luz e o pó devem celebrar seus esponsais e o céu e a terra liberar-se juntos no amor.
Um novo céu já está disposto e assim também deve criar-se uma nova terra igual a ele em beleza e magnificência.
O exterior é tão só a projeção do interior. Quem está bem morto e tem Deus dento, projeta um paraíso. Profundas reflexões comoveram minha alma. Compreendi a fundo e de forma integral cada um de meus próprios erros psicológicos.
OH MAHA LAKSHMI, MAHA SARASWATI, ISIS, ADONIA, INSOBERTA, TONANTZIN, DIVINA MÃE KUNDALINI! OM … OM… SHANTI…
Sem ti, minha Mãe Divina, não poderia jamais eliminar os Demónios vermelhos de Seth, essas entidades das trevas que personificam nossos defeitos!
Um dia qualquer, não importa qual nem a data, visitou-me o KETHER da CABALHA HEBRAICA, o “ANCIÃO DOS DIAS, MEU PAI QUE ESTÁ OCULTO, o oculto do oculto, a bondade das bondades, a misericórdia das misericórdias”.
O Senhor sentou-se em seu trono e disse: “Assim como estás trabalhando vai muito bem, deves continuar com seu trabalho…”
O tempo passava e eu morria de instante a instante. Compreender e eliminar foi minha tarefa.
Escrito está com carvões acesos no grande livro dos esplendores, que aqueles que morreram em si mesmos serão recebidos no mundo dos defuntos.
Meu caso não foi exceção à regra funerária. Vestido com essas roupas fúnebres que sempre costumo usar depois de cada reencarnação, vivi então feliz na morada oculta.
Quero terminar o presente capítulo transcrevendo e até comentando brevemente cada versículo da confissão Egípcia.
Papiro NEBSENI:
1.“Oh tu Espírito, que marchas a grandes passadas e que surges em Heliopolis, estuai-me! Eu não cometi ações perversas”. (É obvio que aquele que foi em verdade capaz de feitos mal-intencionados deixou de existir. Unicamente o Ego comete tais atos. O Ser do defunto ainda que o corpo vivo, nunca realizaria nada maligno!.
2.“Oh tu Espírito, que te manifestas em Ker-ahá e cujos braços estão rodeados de um fogo que arde! Eu não tenho agido com violência”. (A toda as luzes torna-se claro que a violência é multifacetada. O Ego quebra leis, vulnera honras, profana, força mentes alheias, rompe, deslustra e intimida o próximo, etc. O Ser respeita o livre arbítrio de nosso semelhante, é sempre, sereno e tranquilo).
3.“Oh tu Espírito, que te manifestas em Hermópolis e que respiras o alento Divino! Meu coração detesta a brutalidade”. (O Ego certamente é grosseiro, torpe, incapaz, amigo da leviandade, bestial por natureza e por instinto animal. O Ser é distinto refinado, sábio, capaz, Divinal, doce, severo, etc).
4.“Oh tu Espírito, que te manifestas nas fontes do Nilo e que te alimentas sobre as sombras dos mortos! Eu não roubei”. (Ao Ego agrada o furto, a rapina, o saque, a pilhagem, o rapto, o sequestro, a fraude, a estafa, trocar, pedir emprestado e não devolver, abusar da confiança dos outros, reter o alheio, explorar ao próximo, dedicar-se ao peculato, etc. O Ser goza dando e até renunciando aos frutos da ação, é serviçal, desinteressado, caritativo, filantropo, altruísta, etc.
5.Oh tu Espírito, que te manifestas em RE-STAU e cujos membros apodrecem e fedem! Eu não matei meus semelhantes”! (O assassinato é sem dúvida o atomais hediondo que existe no mundo. Não somente se extingue ou apaga a vida alheia com revólveres, gases, espadas, venenos, pedras, paus, foras, mas também aniquila-se a vida de nossos semelhantes com palavras duras, olhares violentos, atos de ingratidão, infelicidade, traição, gargalhadas, etc. Muitos pais e mães de família ainda viveriam se seus filhos não tivessem tirado sua existência mediante más ações. Multidões de esposas e esposos, todavia ainda respirariam sob a luz solar se o cônjuge houvesse permitido. Recordemos que o ser humano mata o que mais quer. Qualquer sofrimento moral, pode enfermar-nos e levar-nos ao sepulcro. Toda enfermidade tem causas psíquicas.)
6.Oh tu Espírito, que te manifestas no céu sob a dupla forma de leão! Eu não diminui o salamim de trigo”. (O Ego arbitrariamente altera o peso dos víveres).
7.Oh tu Espírito, que te manifestas em Letópolis e cujos dos olhos ferem como punhais! Eu não cometi fraude”. (O Ser jamais cometeria tal delito).
8.Oh tu Espirito, da deslumbrante máscara que andas lentamente para trás! Eu não subtrai o que pertencia aos Deuses”. (Agrada ao Ego saquear os sepulcros dos grandes Iniciados; profanar as sagradas tumbas; roubar as relíquias veneradas, retirar as múmias de suas moradas, buscar entre as entranhas da terra as cisas santas para profaná-las).
9.Oh tu Espírito, que te manifestas em Herakluópis e que golpeia e tortura os ossos! Eu não menti”. (Ao Ego agrada o embuste, ao engano, a falsidade, a mentira, a vaidade, o erro, a ficção, o aparente, etc. O Ser é diferente, jamais mente, sempre diz a verdade custe o que custar).
10.Oh tu Espírito, que te manifestas em Menfis e que fazes surgir e crescer as chamas! Eu não roubei o alimento de meus semelhantes”.(Ao Ego apraz separar a comida de seus semelhantes, negociar ilicitamente com o alimento alheio, subtrair, extrair mesmo que seja uma parte que não lhe pertence, levar a fome aos povos e grupos de pessoas, ocultar os viveres, encarece-los, tirar deles lucros absurdos, roubar, furtar, negar um pão ao faminto, etc).
11.Oh tu Espírito, que te manifestas no Amenti, Divindade das fontes só Nilo! Eu não difamei”. (Ao Ego apraz a calunia, a impostura, a murmuração, a maledicência, desacreditar a outro, denegrir, injuriar, etc. O Ser prefere calar antes que profanar o Verbo).
12.Oh tu Espírito, que te manifestas na região dos lagos e cujos dentes brilham como o sol! Eu não sou agressivo”. (O Ego é por natureza provocador, caustico, irónico, mordaz, insultante, pulsante, aprecia o ataque, o assalto, a arremetida, fere com o sorriso sutil de Sócrates e mata com a gargalhada estrondosa de Arisófanes. No Ser, sempre sereno, equilibram-se sabiamente a doçura e a severidade).
13.Oh tu Espírito, que surges junto ao cadafalso, e que voraz, te precipitas sobre o sangue vítimas! Sabei: Eu não matei os animais do templo”. (Os animais consagrados à Divindade, mas o Ego fere e assassina as criaturas dedicadas ao Eterno. Somente o Ser sabe abençoar, mar e fazer todas as coisas perfeitas).
14.Oh tu Espírito, que te manifestas na vasta sala dos trinta juízes e que te nutres de entranhas de pecadores!
Eu não defraudei”. (Ao Ego apraz usurpar, tirar, malversar, roubar, frustrar, turbar, desbaratar, etc).
15.Oh tu, Senhor da ordem Universal que te manifestas na Sala da Verdade-Justiça, aprende! Eu jamais monopolizei os campos de cultivo”. (A terra é de quem trabalha, o obreiro trabalha, lavra, sua. Mas os poderosos, os latifundiários, retém, absorvem os terrenos cultiváveis. Assim é o Ego).
16.Oh tu Espírito, que te manifestas me Bubastis e que marchas retrocedendo, aprende! Eu não escutei atrás das portas!” (O Ego é curioso e perverso por natureza e por instinto. Dizem que as sebes, muros e paredes tem ouvidos e é ostensível que as portas também. Ao Ego lhe encanta intrometer-se nas coisas íntimas do próximo. Mefistoles ou Satã é sempre intruso, intrometido).
17.Oh tu Espírito, Asti, que aparece em Heliópolis! Jamais pequei por excesso de palavras! (O Eu é charlatão, conversador, falador, loquaz. O Ser fala estritamente o indispensável, jamais brinca com a palavra).
18.Oh tu Espírito, Tatuf, que apareces em Ati! Eu jamais pronunciei maldições quando me causaram algum dano”. (Ao Ego agrada maldizer, denegrir, abominar, destratar, etc. O Ser apenas sabe abençoar, amar, perdoar).
19.Oh tu Espírito Uamenti, que apareces nas covas de tortura! Eu jamais cometi adultério”. (O Ego é mistificador, corrompido, viciado, falso, goza justificando o adultério, sublimando-o, dando cores inefáveis, sutilezas, se dá ao luxo de encobri-lo oculta-lo de si mesmo e dos demais. Decora-lo, adorna-lo, com normas legais e papeis de divórcio. Legaliza-lo com novas cerimônias nupciais. Aquele que cobiça a mulher do próximo é de fato um adultero ainda que jamais copule com ela. Em verdade vos digo que o adultério nas profundezas do subconsciente das pessoas mais castas, tem múltiplas facetas).
20.Oh tu Espírito, que te manifestas no templo de Ansú e que olhas com cuidado as oferendas que te levam! Sabei: Jamais cessei de ser casto!” (A castidade absoluta só é possível quando o Ego está bem morto. Muitos anacoretas que aqui no mundo físico alcançaram a pureza, a virgindade da alma, a honestidade e a candura, quando foram submetidos a provas nos mundos suprassensíveis, fracassaram, delinquiram, caíram como Amfortas o Rei do Graal entre os impudicos braços de Kundry, Gundrigia, aquela ruiva tempestuosa que chamavam Herodias).
21.“Oh tu Espírito, que apareces em Hehatú, tu chegues dos antigos Deuses! Eu nunca atemorizei as pessoas”. (Ao Ego agrada horrorizar, horripilar, espanar, intimidar a outros, ameaçar, derrubar moralmente o próximo, postrá-lho, abater-lho, assustá-lo, etc. As casas comerciais costumam enviar a seus clientes morosos lembretes, as vezes muito finos, mas sempre ameaçadores).
22.O tu Espírito destrutor que te manifestas em Kauil! Eu jamais violei a ordem dos tempos”. (O Ego arbitrariamente troca o horário e altera o calendário. É útil recordar a autêntica ordem dos dias da semana: 1º dia: Lua, Domingo; 2º dia: Mercúrio, segunda-feira; 3º dia: Vênus, terça-feira; 4º dia: Sol, quarta-feira; 5º dia: Marte, quinta-feira; 6º dia: Júpiter, sexta-feira; 7º dia: Saturno, sábado. Os pseudossábios alteram esta ordem).
23.“Oh tu Espírito que apareces em Urit, e de quem escuto a voz cantando! Eu jamais entreguei-me à cólera”. (O Ego está sempre disposto a deixar-se levar pela ira, irritação, enojo, o mau humor, fúria, exasperação, grosseria, etc).
24.“Oh tu espírito, que apareces na região do lago Hekat, sob a forma de uma criança! Eu kamsi fui surdo às palavras da justiça”. (O Ser sempre ama a equidade, o direito, é imparcial, reto, justo. Quer a legalidade, o que é legítimo, cultiva a virtude da santidade. É exato em todas as suas coisas, cabal, completo, anela precisão, a pontualidade. Em contrapartida, o Ego trata sempre de justificar-se e desculpar-se de seus próprios delitos. Jamais é pontual, deseja suborno, é dado a aconselhar e corromper os tribunais da justiça humana).
25.“Oh tu Espírito, que apareces e Unes e cuja voz é tão penetrante! Eu jamais promovi querelas.” (Ao Ego agrada a queixa, a discorrida, a disputa, a pendência, é amigo das disputas, contendas, pleitos, litígios, discursos, demandas, guerras, etc. Por antítese diremos que o Ser é distinto: Ama a paz, a serenidade, é inimigo das palavras duras, se aborrece com os altercos, falcatruas. Dizem o que tem que dizer e logo guarda silêncio, deixando seus interlocutores plena liberdade para pensar, aceitar ou rechaçar, depois retira-se).
26.“Oh tu Espírito Basti, que apareces nos Mistérios! Eu jamais fiz meus semelhantes derramarem lágrimas! (O pranto dos oprimidos cai sobre o poderoso como um raio de vingança. O Ego promove lamentos e deplorações por todo lugar. O indicado bem morto, ainda que tenha seu corpo vivo, por onde quer que passe, deixa centelhas de luz e alegria).
27.“Oh tu Espírito, cujo roto está na parte posterior da cabeça e que deixas sua morada oculta! Eu jamais pequei contra a natureza com os homens”. (Os infrassexuais de LILIT, homossexuais, pederastas, lésbicas, afeminados, são sementes degeneradas, casos perdidos, sujeitos que de nenhuma maneira podem AUTO- REALIZAR-SE. Para esses serão as trevas exteriores onde só ouvimos o pranto e o ranger de dentes).
28.“Oh tu Espírito com a perna envolta em fogo e que sais de Akhekhú! Eu jamais pequei pela impaciência”. (A intranquilidade, o desassossego, a falta de paciência e de serenidade são obstáculos, impedimento, para o trabalho esotérico e a AUTO-REALIZAÇÃO ÍNTIMA do SER. O Eu por natureza é impaciente, intranquilo, tem sempre a tendência de aterrar-se, enfadar-se, ansiar, enraivecer-se, enjoar-se. Não sabe esperar e inquestionavelmente fracassa).
29.“Oh tu Espírito que sais de Kenemet e cujo nome é Kenemeti! Eu jamais injuriei ninguém! (É óbvio que o Iniciado bem morto que dissolveu o Ego, só tem dentro de si mesmo o Ser, e é ostensível que este é de natureza Divinal e portanto seria incapaz de injuriar o próximo. O Ser não ofende ninguém, é perfeito em pensamento, palavra e obra. O Ego fere, maltrata, causa danos, insulta, ultraja, agrava, et).
30.“O tu Espírito que sai de Sais e que leva em tias mãos tua oferenda! Eu nunca fui querelador! (Agrada ao Ego as broncas, alvoroços, algazarra, brigas, trapaças, etc).
31.“Oh tu Espírito que apareces na cidade de Djefit e cujas faces são múltiplas! Eu jamais agi precipitadamente. (o Ego tem sempre a marcada tendência a desesperar-se. É arrebatador, inconsiderado, descuidado, imprudente, temerário, irreflexivo, deseja correr, andar rápido, não tem precaução. O Ser é muito diferente, profundo, reflexivo, prudente, paciente, sereno, etc).
32.“Oh tu Espírito que apareces em Unth e que estas cheio de astúcia! Eu jamais faltei com respeito ao Deuses!” Durante este presente ciclo tenebroso do KALI YUGA, as pessoas zombam dos Deuses Santos, Prajapatis ou Elohim Bíblicos. As multidões da futura sexta grande raça votarão a venerar aos inefáveis.
33.“Oh tu Espírito, adornado de cornos e que sais de Santiú! Em meus discursos nunca usei palavras
excessivas”. Observem aos charlatões das destintas missoiras de rádio, assim é o Eu, sempre um falsarão.
34.“Oh tu, Nefer-Tum que sais de Menfis! Eu jamais defraudei ou agi com perversidade! (A fraude tem muitos coloridos de tipo psicológico. Sentem-se defraudadas as noivas enganadas, os maridos traídos, os pais e mães abandonados ou feridos moralmente por seus filhos, o trabalhador despedido injustamente de seu trabalho, a criança que não recebeu seu prêmio prometido, o grupo esotérico abandonada por seu guia, etc. Ao Eu agrada defraudar, perverter, corromper, infecionar tudo o que toca).
35.“Oh tu, TUM SEP que sais de Djedú! Eu jamais amaldiçoei o Rei”. Os chefes de Estado são os veículos do Karma. Por isso não devemos amaldiçoa-los).
36.“Oh tu Espírito, cujo coração é ativo e que sais de Debti! Eu jamais polui as águas”. (Seria o cúmulo do absurdo que um Iniciado com o Ego bem morto Comtesse o crime de jogar resíduos ou lixo nos lagos ou nos rios. Mas é óbvio que ao Eu encanta-lhe tais crimes, goza fazendo o mal, não sente compaixão pelas criaturas. Não quer intender que ao infecta o elemento líquido prejudica de fato a tudo que tenha vida).
37.“Oh tu, Hi, que apareces no céu! Sabei: milhas palavras jamais foram altaneiras!” (O Ego é por natureza altivo, soberbo, orgulhosos, arrogante imperioso, depreciativo, desdenhoso. Costuma sem dúvida, esconder seu orgulho sob a túnica de Arístipo, veste cheia de buracos e remendos, e até se dá ao luxo de falar com figida mansidão e poses piedosas, mas através dos buracos de sua roupa é visto seu orgulho.
38.“Oh tu Espírito, que dais as ordens aos Iniciados! Eu jamais amaldiçoei os Deuses! (As pessoas perversas abominam e denigrem os Deuses, Anjos ou Devas).
39.“Oh tu, NEHEB-NEFERT que sais do lago! Eu jamais fui impertinente e insolente”. (A impertinência e a insolência fundamentam-se na falta e humildade e de paciência. O Ego costuma ser pesado, irreverente, inoportuno, disparatado, grosseiro, precipitado, torpe).
40.“Oh tu, NEHEB-KAU, que sais da cidade! Eu jamais intrigue e me fiz valer”. (O Ego quer subir, galgar o topo da escada, fazer-se sentir, ser alguém na vida, etc. O Eu é farsante, embrulhão, enredador, maquinador, calculista, amigo das tramas, do complô, sutil, obscuro, perigoso.
41.“Oh tu Espírito, cuja cabeça está santificada e que logo sai de seu esconderijo! Sabei: Eu não enriqueci de maneira ilícita”. (O Ego vive em função do “mais”. O processo acumulativo do Eu é certamente horripilante. Mais dinheiro, não importa os meios, ainda que seja estadeando, enganando, defraudando, intimidando, trapaceando. Mefistoles é enganador, perverso, malvado. Assim sempre tem sido Satã, o MIM MESMO.
42.“Oh tu Espírito, que sais do mundo inferior e levas ante ti teu braço cortado! Eu jamais desdenhei dos Deuses da minha cidade”. (Essas Divindades inefáveis, anjos protetores dos povoados, Espíritos familiares, merecem nossa admiração e respeito. Eles são os Deuses Penates dos tempos antigos. Cada cidade, povo, metrópole ou aleia, tem seu próprio reitor espiritual, seu Prajapati. Não existe família que não tenha seu próprio regente espiritual. O Ego deprecia tais pastores da alma).
CAPÍTULO XXXVIII – A BESTA BRAMADORA
Antes da segunda catástrofe transapalniana que alterou enormemente o aspecto da costa terrestre, existiu um velho continente que hoje jaz submerso em meio as procelosas águas do Atlântico.
Quero referir-me enfaticamente a “ATLÂNTIDA”, sobre a qual existem inúmeras tradições por todas as partes.
Vejam-se nomes estrangeiros Atlantes ou de línguas bárbaras, como costumavam dizer aqueles gregos cretinos que quiseram sacrificar ANAXAGORAS quando este atreveu-se a suspeitar que o sol era um pouco maior que a metade de Peloponeso.
Nomes, digo, traduções do egípcio pelos sacerdotes Saificos e transcritos a seu significado primitivo pelo
Divino Platão para vertê-los maravilhosamente depois a linguagem Ática.
Vede o fio diamantino da tradução milenar desde aqueles à Solón, continuando com os Crítias e o Mestre Platão.
Vede, digo, as extraordinárias descrições de botânica, geografia, zoologia, mineralogia, política, religião, costumes e etc dos atlantes
Vede também com olhos de águia rebelde, veladas alusões aos primeiros reis Divinos daquele velho país antediluviano e que tantas referencias tem o próprio Paganismo mediterrâneo e os textos sagrados do mundo oriental.
Reis sublimes sobre os quais os apontamentos assombrosos de Diodoro Siculo que ainda nos faltam estudar, detalhadamente contam.
Vede enfim, e isto é o mais interessante, o mesmo sacrifício da Vaca Sagrada, característico dos brahmanes, dos hebreus, dos maometanos, dos gentios europeus e milhares de outros povos.
É inquestionável que nosso celebérrimo e indestrutível circo taurino, no fundo não é senão uma sobrevivência ancestral antiquíssima daquela festa do sacrifício Atlante cuja descrição encontra-se todavia em muitos livros secretos.
São em realidade muitas as lendas existentes no mundo, sobre aqueles touros soltos no templo de Neptuno, animais dos quais não eram vencidos brutalmente como hoje, com lanças e espadas, mas sim com laços e outras artes da clássica tauromaquia.
Vencida no rodeio sagrado a simbólica besta, era imolada em honra dos Deuses Santos da Atlântida, que assim como o próprio Neptuno involuíam do estado Solar primitivo, até converter-se em pessoas de tipo lunar.
A arte clássica da tauromaquia, é certamente Iniciática e relacionado com o culto misterioso da Vaca Sagrada. Vede, o rodeio Atlante do templo de Neptuno e o atual, certamente são a representação de um zodíaco vivo, no qual consternado senta-se o respeitável público.
O Iniciador ou Hierofante é o Mestre. Os toureiros a pé são os companheiros. Os pecadores são os aprendizes. Por isso estes últimos vão sobre seu cavalo, ou seja, com todo o lastro em cima de seu não domado corpo que costuma cair morto na briga.
Os companheiros ao colocar os dardos já começam a sentir-se superiores a fera, ao Ego animal, ou seja, que já são como exemplo de Arjuna do Bhagavad Gita, os perseguidores do inimigo secreto, enquanto que o Mestre com a capa de sua hierarquia, ou seja, com o domínio de Maya e empunhando com duas destra a espada flamígera da vontade, como o Deus Krishna daquele velho poema, como o perseguidor, como o matador do Eu, da fera, horripilante monstro que brame que também se vê em KAMELOC ou KAMALOKA, o próprio Rei Artur, chefe supremo dos insignes cavaleiros da távola redonda.
É portanto, a resplandecente tauromaquia Atlante, uma arte régia profundamente significativa, por nos ensinar através de seu brilhante simbolismo, a dura luta que devemos conduzir até a dissolução do Eu.
Qualquer olhar retrospectivo relacionado com o esoterismo taurino, sem dúvida que pode nos conduzir a místicas descobertas de ordem transcendental.
Como fato da atualidade imediata não demais citar o profundo amor que sente o toureiro por sua virgem. É ostensível que a ela entrega-se totalmente antes de aparecer com seu traje de luzes na arena.
Isto vem nos recordar os Mistérios Isíacos. O terrível sacrifício da vaca Sagrada e os cultos arcaicos de IO, cujas origens advém solenes desde o amanhecer da vida em nosso planeta terra.
Torna-se claro que somente IO, Devi Kundalini, a Vaca Sagrada, A Mãe Divina, possui verdadeiramente esse poder mágico serpentino que nos permite reduzir a poeira cósmica o Ego animal, o touro terrível, a fera bramadora da arena da existência.
Parsifal, o toureiro do astral, depois da dura luta na arena maravilhosa da vida, converte-se de fato e por direito próprio neste casto inocente da dramaturgia Wagnerina. Anunciado pela voz do silêncio entre os maravilhosos esplendores do santo Graal.
CAPÍTULO XXXIX – OS TRÊS TRAIDORES
“E vi sair da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs”.
“Pois são espíritos de demónios, que fazem sinais e vão aos reis da terra em todo o mundo, para reuni-los à batalha daquele grande dia de Deus Todo Poderoso”. (Apocalipse)
Escrito está com carvões de fogo ardente no livro maravilhoso de todos os esplendores, que estes são os três traidores que assassinaram HIRAM, ou melhor, CHIRAM-OSIRIS, o Deus íntimo de todo homem que vem ao mundo.
Devamos buscar com ânsia infinita, dentro de nós mesmos, esses três assassinos do Mestre secreto, até que enfim em um dia qualquer, não importando a data nem a hora, possamos exclamar com todas as forças de nossa alma: O Rei está morto, viva o Rei!
É ostensível que o primeiro traidor é certamente o esquente demônio do desejo. É inquestionável que o segundo infiel é o demônio da mente. E claro que o terceiro traidor, é o vil demônio da má vontade.
JUDAS é o primeiro, aquele que vende o Cristo secreto por trinta moedas de prata.
PILATOS é o segundo, sempre lava as mãos e declara-se inocente, nunca reconhece sua culpa. CAIFÁS é o terceiro, jamais faz a vontade do Pai; detestou o Senhor e todavia continua detestando.
A origem destes três malvados é certamente muito tenebrosa. É indubitável que eles advém da perversão espantosa das três GUNAS.
SATTWA é a GUNA da harmonia universal. RAJAS é a GUNA da emoção. TAMAS é a GUNA da inércia.
Qualquer hierofante iluminado estudando os registros AKASHICOS da Natureza, poderá verificar por si mesmo de forma clara o fato transcendental do equilíbrio absoluto das três GUNAS do mistério durante a noite profunda do grande Pralaya.
Quando estas três GUNAS desequilibram-se, os pratos da balança cósmica, então inicia-se a aurora do novo dia.
KRISHNA, o preclaro varão que outrora cumpriu uma gigantesca missão na terra sagrada dos Vedas, referindo-se enfaticamente as três GUNAS da sabedoria antiga disse:
“Se o Ser encarnado morre quando o SATTWA predomina, então, vai à esfera dos devotos que adoram o mais elevado”.
“Se no momento da morrer predomina o RAJAS, nasce entre as pessoas ligadas a ação. E se predomina TAMAS, nasce entre seres que não raciocinam.”
“Os de temperamento SATTWICO sobem (às esferas superiores do Universo)”.
“Os RAJASICOS ficam no meio (renascem em corpo humano de forma imediata quase imediatamente em haver se dado ao luxo de umas férias nas regiões inefáveis)”.
“E os TAMASICOS vão para baixo, (submergem0se no interior da terra. Ingressam no reino mineral submerso para retroceder involuindo no tempo, descendendo pelos degraus animal, vegetal e mineral. Após saem novamente a luz do sol e logo reiniciam uma nova ascensão de tipo evolutivo que há de recomeçar na dura pedra)”.
E aquele ínclito Senhor tomou novamente a palavra para dizer o seguinte:
“Quando o conhecimento brilha através dos sentidos, deve-se considerar que predomina SATTWA”. “Quando prevalecem a cobiça e a atividade, o conceito de novas empresas, a intranquilidade, o desejo, então ó Barata!, predomina RAJAS”.
“E quando predomina TAMAS, Ó Kounteya!, prevalece a obscuridade mental, a inércia, a inadvertência e a alucinação”.
“Transcendendo as três GUNAS, que causam este corpo, o ser encarnado libera-se do nascimento, da morte, da velhice, do sofrimento e advém-nos a imortalidade.”
O Kundalini YOGA ensina de forma brilhante que o BHUJANJINI ou poder serpentino encontra-se enroscado três vezes e meia dentro do chacra coccígeo. As três voltas representam as três GUNAS de PRAKRITI: SATTWA,RAJAS E TAMAS.
É um axioma sabedoria oculta que a meia CALDA restante representa a VIRKRITIZ, a modificação de PRAKRITI, o eterno feminino.
O evangelho do Senhor BUDHA diz:
“As três filhas de MARA (as três GUNAS pervertidas), tentaram o BODDHISATTWA, mas ele não reparou nelas. E quando viu MARA que não podia acender nenhum desejo no coração de SRAMANA vitoriosos, ordenou a todos os espíritos malignos que, obedientes a suas ordens, atacassem e atemorizassem o grande MUNI”.
“Mas o Bem-Aventurado os contemplou como quem olha as brincadeiras inocentes das crianças e o ardente ódio dos maus espíritos não obteve resultado. As chamas do inferno transformaram-se em saudáveis brisas perfumadas e os raios furibundos transformaram-se em flores de lotus”.
“Ante isto Mara (O DRAGÃO DAS TREVAS), e seu exército fugiram. Enquanto isto, das alturas celestiais
caia uma chuva de flores e ouviam-se vozes de bons espíritos”.
“Vede o grande MUNI! O ódio não comove seu espírito! As legiões do mau (Esses diabos vermelhos que constituem o famoso Eu), não o intimidaram. É puro e sábio. Está cheio de amor e compaixão”.
“Como os raios do sol barrem as trevas do mundo, da mesma forma o que persevera em sua busca encontrará a verdade e a verdade o iluminará”.
Até aqui alguns versículos sagrados do evangelho do nosso Senhor BUDHA.
Muitos séculos depois, o Divino Rabi da Galileia exclamava com as forças de sua alma:
“Conhecereis a Verdade e a Verdade os fará livres”.
“Deus é Espírito, diz o evangelho Cristão, e os que adoram em Espírito e em verdade devem adorá-lo.” “Quando porém, venha o Espirito da Verdade, Ele os ensinará todas as verdades. Pois não falará de si, senão que dirá todas as coisas que terá ouvido, e as pronunciará aos vindouros”.
Escrito está com caracteres de fogo ardente, que somente morrendo em si mesmo podemos encarnar o Espírito da Verdade. Ao que sabe a palavra dá poder. Ninguém a pronunciou, ninguém a pronunciará, senão somente aquele que a tiver ENCARNADO.
SIDDHARTA, o BUDDHA, é aquele que cumpre o que propôs, como PARSIFAL da Dramaturgia WAGNERIANA, empunha valoroso a lança de EROS, para aniquilar primeiro os Demônios de SETH (O EGO) e depois as três fúrias que moram nos abismos terríveis do Aqueronte.
Gautama foi certamente um Mago da Iniciação Tântrica. Praticou o SAHAJA MAITHUNA intensamente e manejou a lança com singular maestria.
CAPÍTULO XL – SERENIDADE E PACIÊNCIA
Cada um de nós sabia que a dissolução do Ego corresponde ao trabalho esotérico nos abismos sinistros do Aqueronte.
É ostensível que nós os irmãos da Ordem Secreta, estávamos bem mortos, mas queríamos ingressar em um trabalho superior.
Todos sofríamos cheios de íntimos anelos, queríamos reduzir a poeira cósmica essas três Fúrias clássicas que Dante viu nos abismos infernais.
Nos disseram no templo que devíamos aguardar com infinita paciência ao Abade do Monastério, mas é obvio que as horas faziam-se longas e aborrecedoras. O Venerável perecia não ter pressa alguma.
Era inusitado ver aos Adeptos da L.B. bastante cansados, fastigiados e mal humorados.
Alguns irmãos muito respeitáveis moviam-se por toda parte, daqui para ali protestando pela singular demora do Superior.
Existem casos surpreendentes da vida e um deles foi a entrada surpreendente do Abade no templo. Todos os irmãos de nossa ordem ficaram atónitos, estupefatos, pis já haviam perdido a esperança de ver o Mestre.
Frente a sagrada confraria falou o Venerável dizendo: “A vocês irmãos, lhes fazem falta dos virtudes que este irmão tem”. E disso isso apontando para mim o indicador.
Depois de forma doce e imperativa disse-me: “Diga você irmão, quais são essas duas virtudes!” “Temos que saber ser pacientes, tempos que saber ser serenos”. Assim falei com voz pausada e clara.
Viram? Convenceram-se? Exclamou o Abade. Todos espantados e maravilhados ao mesmo tempo, optaram por guardar um tremendo silêncio.
É indubitável que todos os irmãos tiveram que ser convocados para o trabalho superior, pois somente minha insignificante pessoa saiu vitoriosa na difícil prova.
Muito mais tarde, tive de comparecer frente a irmandade de potro monastério da L.B., para receber certas instruções e firmar alguns documentos importantes. Iria trabalhar intensamente nos infernos atómicos lunares desintegrando as três filhas de Mara e é ostensível que por tal motivo, devia primeiro ser instruído e admoestado.
Não é de mais enfatizar o fato transcendental de um trabalho concluído no reino mineral submerso do planeta
Terra. Pois é obvio que no Tártaro havia reduzido a poeira cósmica o EGO animal.
No entanto, é inquestionável que o trabalho superior nos abismos lunares, eliminando os três traidores de CHIRAM-OSIRIS, havia de ser sem dúvida muito mais difícil.
Me preveniram e aconselharam com as seguintes palavras: “Deves cuidar muito bem do frio lunar, como que dizendo-me, não abandones a magia sexual. Tens o Eu bem morto, mas se cometeres o erro de cair novamente na degeneração animal, então o EGO ressuscitaria pouco a pouco.”
Em estado de NIRVIKALPA SHAMADHI fui levado por meu Divino AUGOIDES ao Mundo Lunar. Então me aconselhou sabiamente.
Minha alma comoveu-se em suas profundadas mais íntimas ao encontrar ali o ancião do templo dos duas vezes nascidos. Nosso querido reitor. O velho sagrado parecia ter todas as características psicológicas do limão, mas sem dúvida que irradiava infinito amor.
Compreendi que para ter direito à ascensão ao céu luar, devia primeiro baixar aos infernos selenitas e enfrentar valorosamente as três fúrias.
“Vem medusa e te converteremos em pedra”, gritam as perversas. “Fizemos mal em não nos vingarmos da audaz entrada de Teseu”.
Quando quis subir pela simbólica escada de Jacó, o velho Sagrado do templo, arrancou da árvore do conhecimento um ramo delicioso e me fez cheira-lo. Aquela fragância era Nirvânica, paradisíaca. “Cheire” sempre este ramo para que possas subir”. Tais foram as palavras do Adepto.
Devemos nutrirmo-nos com a fragância deliciosa da árvore da ciência do bem e do mal, mas não comê-la, essa é a lei.
Nos abismos de Selene comecei meu trabalho com Judas, o demônio do desejo, o KAMA-RUPA Teosófico. É lamentável que muitas pessoas ignorantes confundam este primeiro traidor com o corpo sideral ou astral que os duas vezes nascidos fabricaram na FRÁGUA ACESA DE VULCANO.
A Deusa de Cabeça de Escorpião, o terceiro aspecto cósmico de minha Divina Mãe Kundalini, caminhando dentro do monstro passionário disfarçada de misterioso escorpião, fez chover sobre ele sua taça de destruição.
Eis aqui que os Deuses me ajudaram, arrancaram o peito da primeira Fúria sem nenhuma misericórdia. A Deusa de cabeça de Leão, espantosamente Divina, imobilizou seus membros e retirou toda a força bestial que possuía.
Alegra-me dizer com pleno acerto e grande enfase que em boa hora e graça ao auxílio direto de minha Divina Mãe Kundalini, ficou reduzido a cinzas o horripilante demônio do desejo, o malvado Judas.
Em pouco mais tarde tive de continuar meu trabalho com o inquieto demônio da mente que tanta amargura nos traz, o abominável Pilatos do todos os tempos.
Essa vil Fúria clássica obviamente originou certas confusões no intelecto de notáveis investigadores ocultistas. É ostensivo que alguns autores muito sérios confundiram Pilatos interior de cada um com o autêntico e legitimo corpo mental que os duas vezes nascidos fabricaram pacientemente na “FORJA DOS CICLOPES”.
“Para trás, ó demônio mental, tu, para quem Osíris (o Ser íntimo de cada ser humano), sente horror! Afasta-te de minha barca impelida por ventos propícios”.
E clamei com poderosa voz como quando um leão ruge, chamando com todas as forças de minha alma a minha
Divina Mãe Kundalini, e sete tronos repetiram a minha voz.
“Os Deuses da vasta terra estão atrelados! Vai-te asqueroso Pilatos, o Deus, Senhor da região dos mortos te detesta!”
Esta Fúria sinistra em seu ocaso aterrador, chegou a tomar forma de um menino.
Vã sombra reduzindo lentamente sua figura, monstro que se embeleza, perde seu tamanho original, reduz-se a um ponto e desaparece para sempre.
Aniquilação. Palavra terrível. Esse foi o final do fatal Pilatos que me atormentava.
Depois prossegui meu trabalho atacando a Caifás, o terceiro traidor, a mais detestável de todas as Fúrias.
Eu vi subir o demônio da má vontade pela escadaria da minha morada, tinha um aspecto Cesário.
Infelizmente o mesmo não tinha cupá, eu mesmo o havia criado e para cúmulo até cometi o erro de fortalece-lo com átomos tirânicos quando em Roma me chamei JÚLIO CÉSAR.
Épocas gloriosas da Águia Romana. Nesta idade estabeleci o cenário para as pessoas da quarta sub-raça Ária e fui assassinado pelo malado Brutus e seus sequazes.
Que meditações tão profundas, meu Deus!
Ah, disse a mim mesmo, devo eliminar de minha íntima natureza este rebelde perverso que jamais quis obedecer ao Pai.
“Os deuses me concedam seu trono! Ó RÁ! Assim como teu corpo gloriosos”.
“Tua rota eu a percorro, e a aurora rechaço o demônio da má vontade que chega dissimulado por trás de uma cortina de chamas passionárias, e no estreito e longo corredor das provas esotéricas, ataca-me de surpresa”.
Ai, ai, ai, o que teria sido de mim sem o auxílio cósmico de minha Divina Mãe Kundalini?
Vênus, Adonia, Insoberta, Rea, Isis, empunhando com sua destra a lança de Eros combateu contra a horrível besta.
Nem a amazona Camila, com a cabeleira solta ao vento e loura como o ouro, avançando semelhante a Diana ao encontro de seus inimigos, jamais teria podido competir com minha Mãe em formosura.
Morreu certamente a terceira Fúria depois de receber várias lançadas no corpo. Nenhuma igualava sua terrível aparência. Nenhuma tinha em sua cabeleira tantas serpentes. Mesmo suas irmãs a temiam. A infeliz trazia em suas mãos todos os venenos gorgóneos do inferno.
Pude verificar claramente de forma assombrosa todo o processo de morte das três Fúrias. É inquestionável que passaram por todas as transformações mágicas cantadas por Ovídio.
Se a princípio eram gigantescas e horríveis como o monstro Polifemo da terra maldita que devora implacável aos companheiros de Ulisses, depois, pouco antes de chegar a parca soberana, tinham o aspecto de crianças recém-nascidas.
Aquelas sombras morreram destilando em meu interior a fragância da vida, certa percentagem de minha consciência que estava engarrafada.
CAPÍTULO XLI – A RAINHA DOS JINAS
A lança em riste, no peito o forte escudo, sobre a cela o corpo ameaçador, o bárbaro furioso ameaça o herói com os olhos fixos e lívido semblante, rosto sereno. Com trejeitos forçados, brande o cavaleiro o ferro cintilante, e envoltos no pó que levantam, a terra ao redor ao investirem espantam.
Em confusa e revoltosa batalha luta o cavaleiro por sua Dama. Todos os filhos de Satã ardendo em ira encarniçam-se, voa em pedaços a malha, cruéis golpes martirizam os corpos, não existe o ceder, não existe o acalmar. Imóvel paliçada, os ferros eriçados cruzam milhares de vezes, ferem-se e tornaram a ferir-se e desprezam a morte fervendo em cólera que aumenta.
A eterna Dama, a ALMA-ESPIRITO (BUDHI), exige sempre de eu cavaleiro todo gênero de inauditos prodígios de valor e sacrifício.
Ela, a Divina Esposa Perfeita, é Ginebra, a Rainha dos JINAS. Aquela que servia o vinhão para Lancelot. Delicioso vinho da espiritualidade transcendente, nas taças iniciáticas de SUKRA e de MANTI.
Taças que não são em suma, senão o Santo Graal em sua significação de Cálice da suprema bebida ou néctar iniciático dos Deuses Santos.
Afortunadamente o cão Cérbero (o instinto sexual), guia a matilha que ajuda ao cavaleiro em sua descomunal aventura.
Hércules prendeu Cérbero, o cão de três cabeças, e apesar de seus latidos, retirou-o do Tártaro atado a uma coleira.
Antro horrível onde uivava Cérbero, prodígio de terror, que com seus latidos, suas três enormes cabeças achatadas e seu pescoço rodeados de serpentes, enchia de espanto a todos os defuntos.
Cérbero, “Cão Guia”, agradecido conduz pela senda do filho da navalha o cavaleiro que é capaz de retirá-lo das torturas do inferno.
Cérbero, submerso nos infernos atómicos do homem, emancipado converte-se no melhor guia do Iniciado. Cão maravilhoso (libido sexual), puxando a corrente orienta o Adepto que busca a sua Bem-amada.
Feliz é o cavaleiro que após a dura luta, celebre seus esponsais com a Rainha dos JINAS!
Escrito está com letras de ouro no livro da vida, que dentro de BUDHI, qual vaso de puro cristal transparente, arde milagrosa a chama de PRAJNA (O Ser).
Preciosa DAMA-ESPIRITO, eterna esposa adorável, mulher ideal, Budhico encanto do amor.
Aceita-me em graciosa honra como servo e escravo que de vós sou. Sede minha amada que não sou digno de ti.
Porém, nobre Dama Divina, não ouso pedir-vos senão que me permitais um submisso serviço. Que tudo enquanto em mim esteja, vos servirei como fiel vassalo.
Vede, submisso a vós, com todo meu afã e zelo, assim entrego-me a vosso arbítrio inteiramente!
Bem sabem os Divinos e os humanos que o Senhor de Perfeição (O ATMAN Teosófico), tem duas almas, tu e eu. (O Buddhi e o Manas superior ou causal).
Não ignoram os poucos sábios que no mundo existiram, que tu és minha adorada e que eu sou teu adorador.
És a luz do dia, a que ilumina-me ou és a lembrança de tua presença? Para onde dirijo minha vista, o mundo parece-me cheio de tua imagem. No raio de sol que vacila na água e que brinca entre as folhas, não vejo mais que a semelhança de teus olhos.
Em que consiste esta mudança que alterou meu ser e que variou o aspecto do Universo?
Não buscarei remédio algum para tuas provas. A todas quantos me impunhas me submeto. Sou teu súdito, e tu minha rainha. Proclamo em alta voz e disso me glorio. Em verdade, morrer por ti há de ser a maior felicidade.
Uma noite de indescritíveis delícias tive a felicidade de encontrar minha Bem-Amada na paragem secreta da montanha.
Pelo sendeiro solitário avançava lentamente a carruagem de minha prometida.
Diz a lenda dos séculos que a Marqueza de Beaupré passeava em uma carruagem de singular beleza, pois era feita de porcelana pura. Porém a carruagem triunfal de minha WALKÍRIA adorável parecia mais com aquela carruagem que nos tempos de “rococó”, usou a mulher do Duque de Clermont. Carruagem esplêndida com seis cavalos que usavam ferraduras de prata, sendo os aros da roda do mesmo metal.
“Prendeste meu coração, irmã, minha esposa; capturaste meu coração com um de teus olhares; com um colar de teu pescoço.”
“Quão formosos são teus amores, irmã, minha esposa!” “Quão melhores que o vinho, teus amores!”
“E o cheiro de seus unguentos, de todas as espécies aromáticas!” “Como favo de mel emanam de seus lábios, oh esposa”.
“Mel e leite estão debaixo de tua língua, e o cheiro de seus vestidos é como o cheiro de Líbano!” “Jardim fechado és tu, minha irmã, minha esposa, fonte fechada, fonte selada.”
“Teus enovoas são paraíso de romãs, com frutos suaves, de flores de alhana e nardos”.
“Nardo e açafrão, cálamo e canela, com todas as plantas de incensos, mirra e aloés, com todas as principais espécies aromáticas”.
“Fontes de jardins, poço de águas vivas que correm do Líbano”.
(Veja o cântico dos cânticos na bíblia, antigo testamento).
A carruagem triunfal de minha adorada detém-se ante uma fortaleza de pórfiro reluzente, de riqueza e esplendor do oriente, cujos muros e arquitetura abrilhantam.
O esplendi veículo estaciona em frente as portas de bronze refulgente que por tanta majestade surpreende. Logo a carruagem se vê cercada por amável coro. Distintos cavaleiros, príncipes e nobres, belas damas e delicadas crianças.
Alguém dá um sinal e eu obedeço. Avanço em direção a carruagem do amor, vejo através dos vidros da mesma minha WALKIRIA.
“Quão formosos são teus pés nos sapatos, ó filha do príncipe! Os contornos de tos coxas são como joias, obra prima de excelente mestre”.
O teu umbigo como uma taça redonda que não falta bebida. Teu ventre como um montão de trigo cercado de lírios”.
Teus dois seios, como gêmeos da gazela. Teu pescoço como torre de marfim. Teus olhos, como os tanques de Hesbon junto à porta de Bat-rabin”.
“Teu nariz, como a torre do Líbano, que olha até Damasco. Tua cabeça sobre ti, como o Carmelo, e o cabelo de tua cabeça como a púrpura do Rei suspensa nos corredores”.
(Veja o cânticos dos cânticos: Bíblia, Antigo Testamento).
Vestida com o traje nupcial, o traje de bodas da alma, chegou minha prometida em sua resplandecente carruagem para os esponsais.
Desposar-me ante a Ara Santa com minha Alma Gêmea, o BUDHI Teosófico. Que felicidade meu Deus! Contudo disseram-me que devia aguardar um pouco.
A viril administradora da força do alto demorava e eu sofria com paciência infinita.
Tive então de submergir-me profundamente nos sagrados mistérios de Minna, as pavorosas trevas de um amor que é irmão gêmeo da morte.
Trabalhei intensamente na super-escuridão do silêncio e no segredo augusto dos sábios. Tive que aguardar por algum tempo, mas eu suspirava por Ginebra, a Rainha dos Jinas. Certa noite, as estrelas resplandecendo no espaço inteiro, pareciam ter um novo aspecto.
Longe da agitação mundana, encontrava-me em Samadhi, a porta de minha recâmara permanecia hermeticamente fechada.
Então pude celebrar as Bodas Alquímicas. Ela entou em mim e me perdi nela.
Nestes instantes e bem-aventurança, brilhou intensamente o Sol da meia noite, o Logos Solar.
Senti-me transformado integralmente. A Igreja de LAODICÉIA, o famoso chacra SAHASRARA o LOTUS DE MIL PÉTALAS, a coroa dos Santos resplandecendo na glândula Pineal, trouxe-me legitima felicidade. (PARAMANAND).
Nestes momentos de beatitude suprema, converti-me realmente um autêntico e legítimo “BRAHMAVID VARISHTA”.
Os mil Yogas Nadis do SAHASRARA me conferiram de fato, poder sobre certas forças da natureza.
BUDHI, minha GINEBRA, além de levar o SHIVA-SHAKTI-TATWA ao máximo de atividade vibratória, pós o PADMA coronário em certo estado de intensificadas funções místicas.
Então me vi convertido no Mensageiro da Nova Era de Aquário, ensinando a humanidade uma doutrina tão nova e tão revolucionária, e no entanto, tão antiga.
Quando abri a porta de minha recâmara, o Olho de Diamante (a Pineal), permitiu-me ver inumeráveis inimigos. É óbvio que a difusão da Gnosis com sua forma revolucionária aumentará cada vez mais o úmero de meus adversários.
Não é demais dizer que depois deste grande evento cósmico, tive que realizar a cerimónia nupcial no templo. Muitas pessoas assistiram este grande festival do amor.
CAPÍTULO XLII – O DRAGÃO DAS TREVAS
Depois das Bodas Alquímicas, com essa mulher inefável que chama-se GINEBRA, a Rainha dos “JINAS”, tive então que enfrentar valorosamente o Dragão das Trevas.
Já disse no capítulo passado, que a Walkíria deliciosa, exige sempre de seu adorável cavaleiro todo gênero de inauditos prodígios de valor e sacrifício.
Em meio ao fogo abrasador do Universo, certamente não existem exceções. Até as DAMAS-ADEPTOS devem pelejar em muitas batalhas, qual épicas amazonas, quando anelam verdadeiramente desposar-se com o Bem-amado (O BUDHI).
Eu pensava que depois das Bodas Alquímicas com minha adorada, entraria totalmente numa paradisíaca lua de mel. Nem remotamente suspeitava que entre as guaridas submersas do subconsciente, escondia-se o esquerdo e tenebroso Mara, o pai das três Fúrias clássicas.
Gigantesco monstro de sete cabeças infra-humanas, personificando amargamente os sete pecados capitais.
Eu do Eu, horripilante engendro do abismo, dentro do qual estava engarrafado uma boa percentagem de minha consciência.
Ao escrever estas linhas não podemos deixar de recordar aquele versículo apocalíptico que diz textualmente: “E foi lançado fora o grande Dragão, a antiga serpente que chama-se diabo e Satanás, que engana todo o mundo. Foi arrojado à terra e seus anjos (os Eus que constituem o Ego), foram arrojados com ele”.
Se o Arcanjo Miguel e seus luminosos anjos da Luz Divina lutaram heroicas batalhas contra o Dragão, por que haveria eu precisamente ser uma exceção a regra?
Vala-me Deus e Santa Maria! Se até o próprio Buddha, Siddhartha Gautama teve que lutar espantosas guerras contra o Dragão horripilante MARA e suas três Fúrias.
Não é demais transcrever aqui de forma oportuna, certo verrículo do evangelho Budhista que diz:
“MARA (O Dragão das trevas), proferiu as ameaças que inspiram terror e suscitou tal furacão que os céus obscureceram-se e o mar rugiu e palpitou. Mas sob a árvore de Budhi (a figueira símbolo do sexo), o Bem-aventurado permanecia tranquilo sem temer nada. O iluminado sabia que nenhum mal podia ocorrer-lhe”.
Ah, se o Adepto pudesse exclamar: “Eu não sou o Dragão”, se pudesse dizer: “Não tenho nada a ver com este monstro”.
Todavia, está escrito claramente no livro de todos os enigmas, que MARA é o MIM MESMO, o SI MESMO, em seus estados de infraconsciência mais profunda.
Zeus desde o Olimpo, governa o mundo, e muitas vezes fazem os Deuses o que não é esperado, e o que se aguarda não acontece, e o céu dá aos negócios humanos fim não esperado. Assim tem acontecido até agora.
Lutar contra o Dragão depois das Bodas? Que surpresa meu Deus! Estranho o que se passa comigo.
Fácil é descer aos MUNDOS-INFERNOS, mas nem tanto voltar. Ali está o duro trabalho! Ali está a difícil prova!
Alguns sublimes heróis, em verdade pouco, lograram o regresso triunfal. Bosques impenetráveis separam o averno do mundo da luz, e as águas do pálido rio, o Cócito, traçam labirintos pregueados naquela penumbra, cuja só a imagem faz estremecer.
E rugiu espantosamente a grande besta igual a um leão e estremeceram-se de horror as potências das trevas.
Quando no imenso bosque silente, na sombra esplêndida do Taburno, dois touros de afiados cornos correm enfurecidos um contra o outro para lutar. Os humildes pastores espantados retiram-se e como é natural, todo rebanho fica ali imóvel e mudo de terror.
Eles com todas as suas forças vão se enchendo de terríveis feridas e com todo seu peso enterram seus chifres afiados na carne. seus pescoços e espáduas manam vermelho sangue purpurino e todo o bosque profundo estremece com seus mugidos.
Igualmente o Dragão das trevas e minha alma anelante, corriam um contra o outro protegendo-se com seus escudos e o abismo enchia-se de estrondos.
Júpiter o venerável Pai dos Divinos e dos humanos, contemplando a dura briga, mantem em equilíbrio os pratos maravilhosos de sua balança cósmica, e depõe sobre cada um deles o destino dos combatentes. Quem sucumbirá? Em que parte passará a morte? O pérfido MARA sente-se invulnerável em sua audácia. A esperança e o excesso de ódio o agitam.
Empunha o monstro com sua sinistra mão a terrível lança de Longinus, três vezes tenta ferir-me em vão. Desesperado arroja contra mim Haste Santa. Evito o duro golpe da lança. Intervém nestes preciso momentos minha Divina Mãe Kundalini. Apodera-se de singular relíquia e com ela fere mortalmente ao abominável engendro do inferno.
O Dragão Vermelho perde pouco a pouco sua gigantesca estatura, se empequenece espantosamente, reduz-se a um ponto matemático e desaparece para sempre no tenebroso antro.
Terríveis são os segredos do velho abismo, oceano sombrio sem limites, onde a noite primogénita e o Caos, avós da natureza, mantem uma perpétua anarquia em meio do rumor de eternas guerras, sustentando-se com o auxílio da confusão.
O calor, o frio, a humidade, a seca, quatro terríveis campeões, disputam ali sua superioridade e conduzem ao combate seus embriões atômicos, que agrupando-se em torno da bandeira de suas legiões e reunidos em suas diferentes tribos, armados ligeira ou pesadamente, agudos, arredondados, rápidos ou lentos, formigam tão inumeráveis como as areias da Barca ou da ardente praia de Cirene, arrastados para tomar parte na luta dos ventos e para servir de lastro a suas velas.
O átomo a quem maior número de átomos se adere domina por um momento. O Caos governa como árbitro, e suas decisões vem a aumentar cada vez mais a desordem, mercê da qual reina. Depois dele, é ostensível que nessas regiões submersas sublunares o acaso dirige tudo.
Ante aquele abismo selvagem, berço e sepulcro da natureza, ante aquele antro que não é mar, terra, ar nem fogo, senão que está formado por todos estes elementos, que confusamente mesclados em suas causas fecundas, devem combater do mesmo modo sempre. A menos que o LOGOS criador disponha de seus negros materiais para formar novos mundos, ante aquele Tártaro bárbaro, o horripilante engendro abismal exalou seu último alento.
Então aconteceu algo insólito, maravilhoso, extraordinário. Aquela fração de minha consciência antes embutida dentro do corpo descomunal do abominável monstro, regressou ao fundo de minha alma.
CAPÍTULO XLIII – CONCLUSÃO DOS TRABALHOS LUNARES
Despois de haver reduzido MARA a poeira cósmica, o pai das três Fúrias clássicas, tive que enfrentar valorosamente as feras secundárias do abismo.
O dia terminava lentamente, o delicioso ar da noite convidava ao descanso todos os seres vivos que povoam a face da terra de suas fadigas. E eu só me preocupava em sustentar os combates do caminho e das coisas dignas de compaixão que minha memória escreverá sem equivocar-se.
Ó Musas inefáveis! Ó alto engenheiro Divinal! Venha em meu auxílio Júpiter, venerável Pai dos Divinos e dos humanos! Inspira-me para que meu estilo não contrarie a natureza do assunto.
Interrompeu meu sono profundo um trovão fortíssimo. Estremeci como quando alguém desperta violentamente. Levantei-me e dirigindo o olhar a minha volta, fixei a vista para reconhecer o lugar onde estava. Me vi em uma casa solitária junto ao caminho tenebroso.
Sentando em uma tosca poltrona junto a janela da qual podia-se contemplar o escarpado sendeiro, evoquei então o passado.
Certamente em outras épocas havia estado ali, na mansão do abismo e frente ao mesmo caminho.
Nada disso pareceu-me novidade compreendi que estava recapitulando mistérios. Levantando-me da poltrona, abria velha porta daquela morada e sai caminhando devagarinho pelo caminho solitário.
Com uma só mirada, e atravessando com o olhar um espaço tão distante quanto possível penetração da visão espiritual, vi aquele triste lugar, devastado e sombrio.
O piso estava úmida e tive que parar repentinamente ante certo cabo elétrico que estava caído no solo. Um cabo de cobre carregado com alta tensão? Que horror! E estive a ponto de pisar-lho.
“É preferível morrer sendo livre, que viver estando preso”. Assim clamou a voz do silêncio da noite de mistério.
E eu alarmado que tentava nestes precisos instantes retroceder, me senti reconfortado.
Avancei resolutamente por aquelas paragens SUB-LUNARES ao longo da tortuosa senda abismal.
Via horrenda entre as pavorosas entranhas da pálida Lua, misterioso sendeiro do passado do grande dia cósmico. Quantas recordações me trazes!
Ah sim, eu estive ativo no MAHAVANTARA anterior e vivi entre os Selenitas do Mundo Lunar. Agora este velho Mundo Lunar é um cadáver e dos selenitas não restam nem seus ossos.
Profundas reflexões comoveram terrivelmente as fibras mais íntimas de minha alma enquanto silenciosamente caminhava por aquele sendeiro submerso.
Entretanto meu corpo planetário aqui na Terra, jazia em profundo repouso. Por acaso é raro que a alma escape do corpo físico durante a meditação?
Sonhar? Não! Há muito tempo deixei de sonhar, aqueles que despertam coincidência já não sonham. AUTO-CONSCIÊNCIA? Esta é uma faculdade diferente e eu a possuo porque já estou bem morto.
CONSCIÊNCIA OBJETIVA? É obvio se não a possuísse tampouco poderia informar a meus amados leitores sobre a vida nos mundos superiores.
Estudos? Sim, e os faço fora de meu corpo físico durante o Samadhi.
Mas voltemos a nosso relado querido leitor e perdoai-me está pequena, porém importante digressão.
O escarpado sendeiro lunar virando surpreendentemente para a esquerda, penetrou em certas colinas muito pitorescas.
Nelas via algo assim como um parque nacional em dia de domingo. Um agrupamento de criaturas humanas parecia desfrutar deliciosamente da pradaria.
Para o prazer e entretenimento de muitos, alguns vendedores ambulantes iam e vinham por toda parte vendendo balões coloridos.
Símbolo vivo da vida profana, assim entendi. Mas é ostensível que quis viver tudo aquilo intensamente. Estava muito absorto em tudo isso, contemplando as multidões de sempre quado de repente algo insólito e inusitado sucede. Verdadeiramente pareceu-me como se o tempo se detivesse por um momento.
Nestes instantes de terror surge em meio ao matagal um lobo sanguinário, feroz, de olhar atravessado que tenta em vão agarrar sua presa. Ante ele, fogem da Parca despiedade algumas galinhas que cacarejam. Extraordinária simbologia oculta. Ave de curral, pusilânime, covarde, tímida. Lobo sanguinário, cruel, desapiedado.
Pavor, terror, espanto! Estados humanos sublunares da infraconsciência humana, e eu que havia morrido em mim mesmo, ignorava a existência destes animais dentro de meus próprios infernos atômicos.
Afortunadamente, jamais na dura briga arrojei minha Lança Santa. Graças a minha Mãe Divina Kundalini, pude exceder a muitos em força e habilidade com a lança.
Já havendo caído os principais demônios abismais, vis representações de meus defeitos infra-humanos, terminaram epicamente meus trabalhos lunares matando com a haste santa a muitas outras feras infernais.
Não é demais contar que depois de muitas cruentas batalhas recolhi meu rico despojo de guerra.
Refiro-me com grande ênfase às inúmeras pedras preciosas de minha própria consciência, embutidas em meio aos disformes corpos abismais.
A última parte do trabalho foi de caráter completamente atômico, pois não é nada fácil expulsar as malignas inteligências de seus habitáculos nucleares.
Isto é certamente o que se entende por transformar as águas negras em brancas.
Agora tais átomos converteram-se em veículos maravilhosos de certas inteligências luminosas. Chispas magníficas capazes de informar-nos sobre as atividades do inimigo secreto.
Em uma noite de glória tive a honra maior que se pode brindar a um ser humano. Fui visitado pelo CRISTO CÓSMICO. O adorável trazia um grande livro em sua mão direita como dizendo-me: “Vais entrar agora na esfera de Mercúrio”.
Ao ver o Mestre não pude menos que exclamar dizendo: Senhor, chegaste mais rápido do que pensava. Todavia não vos aguardava.
O Cristo vivo respondeu docemente: “Eu as vezes demoro a chegar quando me toca vir no mês de março. Contudo, tu tens que seguir morrendo”.
“Como seguir morrendo?”
– Sim, respondeu o Adorável. Repito, tens que seguir morrendo.
O que se sucedeu a seguir foi prodigioso. O Mestre elevou-se lentamente até o sol da meia noite, desprendendo-se pouco depois do Astro-Rei como que para abençoar-me e perdoar meus antigos erros.
CAPÍTULO XLIV – ENIGMAS
Tieh Shan escreveu:
“Conheci o Budismo desde os treze anos. Aos dezoito ingressei no sacerdócio. Um dia li uma lei trazida por um monge de Hsueh Yen, chamada “Meditações Avançadas”.
“Isto me fez compreender que ainda não havia alcançado este ponto. Então fui ver Hsueh Yen e segui suas instruções sobre o modo de meditar sobre a palavra Wu.”
“Na quarta noite, a transpiração surgiu de todo meu corpo, e senti-me confortável e leve.” “Permaneci na sala de meditação concentrado, sem dirigir a palavra a ninguém.”
“Após vi Miao Kao Feng, quem me disse que continuasse meditando na palavra Wu sem cessar, dia e noite.”
“Quando levantei-me, antes da aurora, o Hua Tou (o significado da palavra, a essência da sentença)
imediatamente apresentou-se a mim.”
“E quando tive um pouco de sono, deixei o assento e desci. O Hua Tou (isto é, a palavra Wu) acompanhou- me enquanto caminhava, preparava a cama ou a comida, quando tomava a colher ou quando deixava de lado os palitinhos. Estava comigo todo o tempo, em todas as minhas atividades, dia e noite.”
“Se alguém consegue fundir sua mente num todo contínuo e homogêneo, a iluminação está assegurada.” “Como resultado deste conselho, convenci-me completamente que havia alcançado este estado. No dia vinte de março, o Mestre Yen dirigiu-se a congregação.”
“Sentai-vos erguidos, refrescai vossas mentes como se estivésseis na beira de um precipício de dez mel pés e concentrem-se em vosso Hua Tou” (A palavra mágica Wu).
“Se trabalhardes deste modo durante sete dias (sem descansar um só segundo), sem dívida chegareis à realização. Eu realizei um esforço semelhante Há quarentas anos”.
“Comecei a melhorar enquanto seguia estas instruções. Ao terceiro dia senti que meu corpo flutuava no ar. No quarto dia tornei-me completamente consciente de tudo que acontecia neste mundo. Aquela noite permaneci um pouco de tempo apoiada contra uma varanda. Minha mente estava tão serena como se não estivesse consciente. Mantinha constantemente diante de mim o Hua Tou (a palavra Wu) e depois voltava a meu assento”.
“No momento que ia sentar-me, subitamente tive a sensação de que todo meu corpo, desde a cabeça até a ponta dos pés, estava dividido”.
“Tive a sensação de que me rompiam o crânio ou de que me levantavam até o céu desde um poço com profundidade de dez mil pés”.
“Então contei ao Mestre Yen este êxtase indescritível e a alegria desprendida que acava de experimentar”. “Mas o mestre Yen disse: No, não é isto. Deves seguir trabalhando em tua meditação”.
“Ao meu pedido, citou as palavras do Dharma, cujos últimos versos eram”: “Para propagar e glorificar as nobres façanhas Dos Buddhas e dos Patriarcas Falta-te receber uma boa martelada na nuca”.
“Perguntava-me: Por que necessito de uma martelada na nuca? Contudo avia na minha mente um ligeira dúvida, algo do qua não estava seguro”.
“Assim segui meditando um pouco de tempo todos os dias, durante meio ano. Depois, em uma ocasião, enquanto preparava um cozimento de ervas para uma dor de cabeça, recordei um KOAN (frase enigmática) na qual Nariz Vermelho fazia uma pergunta a Naja: “Se devolveres teus ossos a teu pai e tua carne a tua mãe, onde então estarias tu?”
“Recordei então, que quando o monge que me recebeu pela primeira vez me fez essa pergunta e eu não soube responder, mas agora, subitamente minha dúvida desapareceu”.
“Fui visitar Meng Sham. O Mestre Meng Sham me perguntou: Quando e onde podemos considerar que terminamos nosso trabalho Zen?”
“Novamente não soube responder. O Mestre Meng Shaminsistiu que eu devia trabalhar com mais afinco na meditação (Dhyana)e que devia deixar de lado os pensamentos humanos habituais”.
“Cada vez que entrava em sua habitação e dava resposta a sua pergunta, ele dizia que não havia entendido”. “Um dia meditei da tarde até a manhã seguinte, usando o poder de Dhyana para manter-me e avançar, até que alcancei diretamente o estado de profunda sutileza”.
“Interrompendo o Dhyana dirigi-me onde estava o Mestre e lhe contei minha experiência. Ele perguntou-me:
Qual é teu rosto original?”
“Quando ia responder, o Mestre empurrou-me para fora e fechou a porta. A partir deste momento, alcancei cada dia mais um melhormente sutil”.
“Mas tarde compreendi que toda a dificuldade havia surgido porque eu não havia permanecido tempo o
bastante com o Mestre Hsued Yen trabalhando nos aspectos delicados e sutis da tarefa.”
“Mas quão afortunado fui ao encontrar um Mestre Zen tão excelente! Somente graças a ele pude chegar a este estado”.
“Não havia compreendido que se alguém exercita-se de maneira incessante e intensa, sempre alcançara algo de vez em quando, e sua ignorância diminuirá a cada passo do caminho”.
“O Mestre Meng me disse: isto é o mesmo polir uma pérola. Quanto mais polimento, mais brilhante, clara e pura torna-se”.
“Um polimento desta classe é superior a todo um trabalho de encarnação. Sem dúvida, quando queria responder a pergunto de meu Mestre, ele dizia-me que faltava algo”.
“Um dia, em meio a meditação a palavra “faltar” apresentou-se a minha frente e de repente senti que meu corpo e minha mente abriam-se de para em par desde a medula de meus ossos, completamente”.
“O sentimento foi como se uma antiga montanha de areia se dissolvesse de repete sob o sol ardente, surgindo depois de muitos dias obscuros e nublados”.
“Não pude evitar, gargalhava sem parar. Pulei da cadeira, agarrei braço do Mestre Meng Sham e disse-lhe: Diga-me, o que me faz falta? O que me faz falta?”
“O Mestre me esbofeteou três vezes e eu prosternei-me três vezes ante ele. Ele disse: “Oh, Tieh Sham, demorou muitos anos para chegar neste ponto”.
CAPÍTULO XLV – A ILUMINAÇÃO FINAL
A verdade deve ser compreendida por meio de uma iluminação instantânea, mas o fato, a completa AUTO REALIZAÇÃO ÍNTIMA DO SER deve ser trabalhada intensivamente de forma gradual.
O mantra “Wu”, refere-se principalmente ao despertar da experiência mística me seu sentido imediato e o SAMYSAMBODHI (CHUE na China), denota a iluminação permanente e completa.
Se mediante o exercício retrospectivo voltarmos ao ponto de partida original e teoricamente devolvermos os ossos a nosso pai e a carne à nossa mãe, onde então estaremos? É óbvio que na semente, no sêmen.
Isto nos induz a pensar que sem o SAHAJA MAITHUNA, jamais poderíamos compreender a essência da sentença do famoso Hua Tou, “Wu”…
Observem as verticais da letra “W”, estude o conjunto. A forma gráfica das combinações que enfatiza claramente a idéia básica de sucessivas exaltações precedidas sempre por tremendas humilhações.
Quem quiser subir primeiro deve baixar, esta é a Lei, a Iniciação é morte e matrimônio ao mesmo tempo. Para melhor compreensão do Hua Tou, “Wu”, não é demais repetir o seguinte: “A descida a nona esfera (o sexo), foi desde os antigos tempos a prova máxima para a suprema dignidade do Hierofante. Jesus, Buddha,
Hermes, Dante, Zoroastro, etc. Tiveram que passar por essa difícil prova”.
“Ali desce Marte para retemperar sua espada e conquistar o coração de Vênus, Hércules para limpar os estábulos de Áugias, e Perseu para cortar a cabeça de Medusa com sua espada flamígera.”
Todavia, para o bem da grande causa, convém recordar que junto a letra “W” resplandece no ZEN a letra “U”, radical, símbolo vivo daquele “Grande ventre dentro do qual se gestam os mundos.”
Em gramática cósmica, a “RUNA UR” é certamente a Divina Mãe Espaço, a Sagrada matriz onde gestam-se feras, homens e deuses. É inquestionável que sem o poder esotérico de DEVI KUNDALINI , seria impossível trabalhar na FRÁGUA ACESA DE VULCANO ( O sexo).
O Magistério do fogo de verbalizar-se em sete dias ou períodos. Recordemos nossa fórmula astrologia: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno, (O céu estrelado de Úrano e o Empíreo clássico, são para aqueles que já chegaram a anelada meta).
Eu ganhei o direito d ingressar ao céu Lunar, depois de uma prévia humilhação. Está é a lei para todos os mundos. Ninguém poderia internar-se definitivamente nos céus de Mercúrio, Vênus, etc sem antes haver trabalhado esotericamente em seus correspondentes infernos planetários.
As experiências “Wu”, são uma e muitas ao mesmo tempo, uma porque são em essência idênticas, e muitas porque diferem em profundidade, claridade e eficácia. Isto dá uma ligeira ideia do sentido e a natureza de “Wu”.
“Qual é teu rosto original?” Pergunta terrível do Mestre Meng Sham! O Génesis Hebraico diz: “O homem abandonará pai e mãe para unir-se a sua esposa e ser ambos uma só carne”.
Que falem os deuses da aurora! Que me inspirem as musas! Que ruja o furacão!
Escrito está com carvões acesos no livro de todos os mistérios, que todos os avataras de Ishwuara apresentem sempre o requerimento do Onimisericordioso espirito universal de vida. Restaurar sobre a face da terra “o rosto original”, o estado primordial, paradisíaco de ADAM-KADMON, o ente andrógino que encarna a dualidade homem-mulher.
Este precioso restabelecimento do Ser cósmico dentro de cada um de nós, realiza-se precisamente nos deliciosos instantes daquele êxtase supremo do amor em que dois seres, um masculino e outro feminino, em pleno coito, cedem conscientemente sua individualidade diferenciada para fundir-se na unidade.
Posto que essa unidade não é só física, senão também de espécie ANIMICO-ESPIRITUAL, as doutrinas que rechaçam a MAGIA SEXUAL de Eros tornam-se anti-humanas e antidivinas.
Fala-se no ambiente cultural-espiritual da atual época e sore todos os círculos esotéricos mais refinados, o reconhecimento do homem como imagem semelhança do cosmos vivo partindo daí o sentido cósmico de sua potência sexual.
Os teólogos e naturalistas medievais já conheciam algo sobre a conexão entre a energia sexual e as forças prodigiosas que atravessam o inalterável infinito.
Assim, Santo Alberto Magno achava-se imbuído em profunda crença sobre o poder dos astros que exercem decisiva influência sobre a potência sexual do indivíduo.
Opinava Santo Alberto que as estrelas eram bipolares, ou seja, de natureza Angélica animal. Chegou por consequência lógica que poderia dar-se no matrimônio uma dupla união, espiritual e animal.
Santo Agostinho, o Patriarca Gnóstico, enfatiza a ideia de que a líbido sexual abarca não são todo o corpo, senão ao ser íntimo que na agitação carnal se enlaça com o anímico, de maneira que se forma uma sensação de prazer sem igual entre os sensuais. Assim, no instante em que alcança seu ponto culminante, é desconectada toda consciência e de toda força de entendimento.
Esta desconexão entre consciência e intelecto é precisamente a que pode transfigurar o delicioso relacionamento sexual em sobrenatural, em espiritual, em algo terrivelmente Divino.
É a meta final das práticas místicas, como por exemplo as do Zen, ou do quietismo cristão de Frei Miguel de Molinos. A de levarmos a quietude e ao silêncio da mente.
Quando a mente está quieta, quando a mente está em silêncio, vem o novo.
Nestes instantes de indescritíveis delícias, a consciência escapa da mortificante mente para experimentar o real. O segundo Patriarca do Zen perguntou ao BODHI-DHARMA: Como é possível alcançai o TAO?
O BOSHI-DHARMA respondeu: “Exteriormente, toda atividade cessa; Interiormente, a mente deixa de agitar-se. Quando a mente converteu-se em um muro, Então pode ingressar no TAO”.
Os budistas CHAN na China raramente falam do SAMBODHI, a iluminação final (o famoso Chueb).
Como o “Wu” é fundamentalmente a experiência mística do despertar da verdade (Prajna), a pessoa que alcança a vivência “Wu” pode não ser capaz de dominá-la, aprofundá-la e amadurece-la.
Necessita-se de muito trabalho na “Nona esfera” antes de chegar a perfeição, com a finalidade de afastar os pensamentos dualistas, egoístas e profundamente arraigados que surgem da paixão.
O evangelho do TAO diz: “Purifica teu coração, limpa teus pensamentos, domina teus apetites e conserva o sémen”.
O autor do EL-KTAB, escrito maravilhoso apreciado pelos árabes, não cansa de glorificar a cúpula carnal. Isto é para ele com justa razão, o hino de louvor mais magnífico e sagrado, o anelo mais nobre do homem e sua companheira, ante a unidade primitiva e as delícias paradisíacas.
O amor é o FIAT LUX do livro de Moisés, o mandato Divino, a lei para todos os continentes, mares, mundos e espaço.
Quando empunhamos valorosamente aquela lança de Eros com o evidente propósito de reduzir a poeira todos e cada um dos elementos subjetivos que levamos dentro, brota a luz.
Necessitamos fazer luz em cada um de nós. “Luz mais luz, disse Goethe ao morrer.
A Magia sexual é o fundamento eterno do Fiat luminoso e espermático do primeiro instante.
A morte radical do Ego e demais elementos infra-humanos que levamos dentro nos conduz a Iluminação final (SAMYASAMBODHI).
Assim a iluminação ZEN, ou “Wu”, varia muito, desde a auto-observação o superficial dos principiantes sobre a essência mental, até o Budismo total, como foi realizado por BUDHA.
CAPÍTULO XLVI – TANTRISMO BRANCO
As autênticas doutrinas Tântricas do KAMASUTRA de Vatsyayana e o ANANGARANGA de Kayanamall complementam-se com o VAJROLI-YOGA e o PANCATATWA.
O KAMASUTRA hindu legitimo nada tem a ver com certas edições espúrias, adulterada, que ostentando o mesmo título circulam profusamente em todos os países ocidentais.
Está obra clássica da arte do amor hindu divide-se em sete partes. Na primeira se expõe ao casal o impulso da vida e das artes e ciências que são de utilidade prática na Magia Sexual.
Só entram em consideração como Mestras das principiantes, aquelas mulheres que tenham praticado Magia
Sexual com algum homem. A discípula deve chegar a possuir sessenta e quatro artes básicas.
Depois, entre outras coisas como, canto, música instrumental, dança tatuagem, confeção do leito de pétalas de flores, execução musical com vasos contendo água pura, mineralogia, ciência química, organização de briga de galos, codornas, carneiros e técnicas de todos os trabalhos literários, a aluna deve obrigatoriamente aprender artes mágicas. Não só deve saber preparar os diagramas e filtros amorosos de eficácia esotérica, senão também instruir-se em sábios sortilégios e mantras.
Na segunda parte do KAMASUTRA, o grande Mestre hindu Vatsyayana expõe sabiamente um abundante ensinamento esotérico sobre a arte de amar, ocupando-se muito especialmente sobre algo extraordinário, que é em verdade a divisão de tipos de mulheres e homens, segundo o tamanho de suas partes sexuais.
Apresenta inteligentemente três classes de homens que são designados segundo seu PHALO como: 1, lebre; 2.touro; 3.garanhão (animal grande do Hindustão).
Comparando com os varões, as mulheres também são classificadas em três classes segundo a constituição de seu YONI (órgão sexual): 1.gazela; 2.égua; 3.elefanta.
Esta diferenciação de ambos os sexos resulta fundamentalmente em nove combinações amorosas que vem recordar-nos a nona esfera.
1.Elevado gozo sexual: A) lebre com gazela; B) touro com égua; C) garanhão com elefanta.
2.Desiguais uniões sexuais: A) Lebre com égua; B) Lebre com elefanta; C) Touro com gazela; D) Touro com elefanta; E) Garanhão com égua; F) Garanhão com gazela…
As nove possibilidades de união sexual subdividem-se em três classes segundo o tamanho dos órgãos sexuais:
- A proporção do mesmo tamanho, que indubitavelmente é o melhor. 2. A relação entre órgãos grandes e pequenos, do qual é dos mais infelizes o desfrute do prazer. 3. Todas as demais relações amorosas, que podem simplesmente se classificar como regulares.
O eventual temperamento dos cônjuges, inquestionavelmente desempenha um grande papel no ato sexual. Agrupam-se em três classes: Frio, médio e ardente. De maneira que são possíveis os nove acoplamentos da Nona esfera, a saber: A) frio com frio; B) médio com médio; C) ardente com ardente.
Desiguais uniões sexuais: A) frio com médio; B) frio com ardente; C) médio com frio; D) médio com ardente; E) ardente com frio; F) ardente com médio.
A duração de um gozo sexual, ou seja, a possibilidade de um longa permanência no mesmo, não se baseia entre os Hindus, por exemplo, em uma atividade sensual puramente animal, senão que considera como questão vital, que se expressa no ato executado uma demonstração de cultura muito desenvolvida e muito bela. Um cônjuge que não fó realmente orientado sobre os mais íntimos fenômenos sexuais é considerado
como deficiente. Segundo Rasamanjuri, todo homem no ogo do amor não reflete sobre o que deve fazer ou deixar de fazer.”
Torna-se claro que também a duração do gozo sexual divide-se em três classes: 1. Rápida, 2. Média. 3. Lenta. O segredo da felicidade de Deus consiste na relação dele consigo mesmo.
De tal relação advém, de acordo com a lei das analogias filosóficas, todo vínculo cósmico, todo enlace sexual. Pois é o gozo sexual um direito legítimo do homem. A felicidade de Deus expressando-se através de nós.
Maomé disse: “O ato sexual é até agradável a religião, sempre que se realize com a invocação de Alá e com a própria mulher para a reprodução”.
O Alcorão diz: “Ouve, toma por mulher uma donzela que a acaricie e te acaricie; não passes a penetração sem haver-te antes excitado pelas carícias”.
O profeta sublinha: “Vossas esposas som para vós um labirinto. Ide a ele como vos aprouver, mas realizai
antes algum ato de devoção. Temei a Deus e não esqueçais que um dia havereis de estar em sua presença!”
Segundo esta concepção, é ostensível que o ato sexual delicioso com a mulher adorável é certamente uma forma de oração. Nestes instantes de suprema felicidade nos convertemos em colaboradores do Logos Criador. Prosseguimos a tarefa radiante e a cada instante recreadora da manutenção do universo entre o seio misterioso da eterna MÃE-ESPAÇO.
“Fazei como vosso criador, como um homem poderoso em obras e força que tem consciência do que faz, e havereis de obter duplo gozo; um acréscimo de licor seminal e filhos sãos e fortes”.
Assim disse Maomé: “Dez graças brinda Alá ao homem que outorga simpatia à sua mulher com mãos acariciantes, vinte se a pressiona contra seu coração, mas se seu abraço amoroso é autêntico, obtém de Deus trinta graças por cada beijo”.
KALYANAMALLA enfatiza a ideia transcendental de que o cumprimento exato do código do amor é muito mais difícil do que pensa equivocadamente o humanóide intelectual.
“Os gozos preparatórios são complicados. A arte deve ser executada segundo certos preceitos para avivar a paixão da mulher da mesma maneira que se aviva uma fogueira, e que seu YONI torne-se mais brando, elástico e idôneo ao ato amoroso”.
Um sábio autor disse: “O ANANGARANGA dá grande importância que ambos os cônjuges não deixem introduzir em sua vida íntima nenhuma inibição, fastio ou saciedade em suas relações, efetuando a consumação do amor em recolhimento e entrega total. A forma do ato sexual, ou seja, a posição do mesmo é denominada ASANA. Existem quatro modalidades diferentes: 1. UTTANA-DANDA; 2.TIRYAC; 3.UPAWISHTA; 4. UTTHITA”.
Como o estudo esotérico destas quatro ASANAS Tântricas é de conteúdo complicado, com fins exclusivamente pedagógicos nos limitaremos no presente livro a transcrever especificamente aquela posição sexual chamada “UPAWISHTA”. Porém, é claro que em futuros tratados continuaremos com o estudo das outras ASANAS.
UPAWISHTA quer dizer posição sentada, na qual ocorrem doze subposturas:
A)A especialmente preferida: Padmasana. O homem senta-se com as pernas cruzadas sobre a cama ou uma almofada, toma a mulher sobre sua pernas enquanto ela, com a suas envolve o corpo do varão de tal forma que seus dois pés façam contato sobre o cóccix masculino (Assim a mulher absorve o Phalo).
B)Ambos sentados, durante o delicioso ato, a mulher alça cum uma mão uma de suas pernas. C)Homem e mulher entrelaçam suas mãos atrás d suas respectiva nucas.
D)Enquanto a mulher toma em suas mãos os és do homem, este toma os da mulher.
E)O homem toma nos braços as pernas da mulher, deixa-as repousarem sobre o arco do cotovelo e entrelaça os braços atrás da nuca dela.
F)A postura da tartaruga. Ambos sentam-se de maneira que tocam-se mutuamente a boca, mãos e pernas.
G)Sentado com as pernas afastadas, o homem penetra seu membro e exerce pressão entre a coxa da mulher e sua coxa.
H)Um postura unicamente executável por um homem muito forte e uma mulher muito ágil. O homem apoia a mulher com os cotovelos elevados, penetra eu membro e após oscila-a da direita para a esquerda.
I)A mesma posição, só que a pendularão da mulher efetua-se pra frente e para trás.
O UPAWISHTA oriental é maravilhoso, contudo, é inquestionável que nós os Gnósticos não somos exclusivistas. É óbvio que no mundo ocidental muitos místicos preferem a seguinte ASANA:
A)Mulher deitada de costas na cama, pernas afastadas, ou seja, abertas para direita e esquerda; almofada baixa ou sem ela.
B)Homem colocado sobre a mulher, entre suas pernas. Rosto, peito e ventre masculino fazendo contato direto com o corpo feminino.
C)Fronte contra fronte, peito contra peito, plexo contra plexo, todos os correspondentes centros astrais superpostos para permitir um intercâmbio de correntes magnéticas e estabelecer assim um androginismo completo.
D)Introduza-se muito suavemente o membro viril na vagiam, evitando-se ações violentas. O movimento do Falo dentro do útero deve ser lento e delicado. E)O ato sexual deve durar pelo menos uma hora.
F)Retirar-se da mulher antes do espasmo para evitar a ejaculação do sêmen. G)O Falo deve ser retirado do útero bem lentamente e com toda a delicadeza.
Pierre Huard Ming Wong falando sobre medicina chinesa disse: “O TAOÍSMO tem outras influências na medicina, como prova a leitura de um recompilação de tratados TAOÍSTAS, o SING-MING-KUEL-CHEN, do ano 1.622 aproximadamente”.
“Distinguem-se três regiões no corpo humano. A região superior ou encefálica é a origem dos espíritos que habitam o corpo”.
“A almofada de Jade (YU CHEN) encontra-se na parte posterior-inferior da cabeça. O chamado osso da almofada é o occipital (CHEN-KU)”.
“No palácio de NI-HUAN (termo derivado da palavra sânscrita NIRVANA), encontra-se no cérebro, chamado também de “mar da medula óssea” (SUEI-HAI); é a origem das substâncias seminais”
“A região média é a coluna vertebral, considerada não como um eixo funcional, sena o como um conduto que une as cavidades cerebrais com os centros genitais. Termina em um ponto chamado a coluna celeste (TIEN- CHU), situado atrás da nuca no ponto onde nascem os cabelos. Não deve-se confundir este ponto com o da acupuntura que tem o mesmo nome”.
“A região inferior compreende o campo de cinábrio (TAN-TIEN), nela assenta-se a atividade genital representada pelos rins, o fogo do tigre (YANG), a esquerda e o fogo do dragão (YING) a direita”.
“A união sexual está simbolizada por um casal. Um homem jovem conduz o tigre branco e uma mulher jovem cavalga sobre o dragão verde. O chumbo (elemento masculino) e o mercúrio (elemento feminino), vão mesclar- se. Enquanto estão unidos, os jovens arrojam sua essência em um caldeirão de bronze, símbolo da atividade sexual. Mas os líquidos genitais, em particular o esperma (TSING), não são eliminados e nem se perdem, afim de que possam voltar ao cérebro pela coluna vertebral graças a qual recupera-se o curso da vida”.
“A base destas práticas sexuais TAOISTAS é o “COITUS RESERVATUS”, o curso do qual o esperma que baixou do encéfalo até a região prostática (mas que NÃO foi ejaculado) volta a sua origem. É o que denomina- se fazer voltar a substância (HUAN TSING).
“Quaisquer que sejam as objeções que formulem-se frente a realidade deste retorno, não é menos certo que os Taoístas conceberam um domínio cerebral dos instintos elementais que antinha o grau de excitação genésica por debaixo do umbral da ejaculação. Deram assim ao ato sexual um estilo novo e uma finalidade distinta à fecundação”.
“As praticas sexuais desempenharam um grande papel no Taoísmo. As práticas públicas e coletivas, assinaladas no século II, desapareciam no ´seculo VI”.
As práticas privadas continuaram tanto tempo que TSENG TSAO (século XII), lhes consagro uma parte de seu TAO CHU”.
“Em realidade tanto os TAOÍSTAS como BUDHISTAS observaram a continência (que tem sua base na MAGIA SEXUAL), mas os primeiros a consideravam como uma forma de desprendimento que devia levar- lhes a liberação, enquanto os segundos (apesar de seu anelo de alcançar o TAO), mantinham-se castos para concentrar-se, conservar sua substância e viver muito tempo. É possível que algo parecido aconteceu com os exercícios respiratórios, os taoístas se inspiraram nos Tratados Tântricos hindus. Alguns foram traduzidos ao chinês na época dos T’ANG e conhecidos por SUEN-SSEU-MIAO”.
“O PAU P’U-TSEU contém uma seção intitulada “A alcova” (Dezoito capítulos) que foi impressa em 1.066
e reimpressa em 1.307, 1.544 e 1.604 por KIAO CHE-KING”.
Estas datas foram extraídas de textos incluídos no Anais dos Suei por TAMBA YASUYORI em seu YI-SIN- FANG (982-984, impresso por TAKI GENKIN, morto em 1.857).
“Em 1.854 este compêndio médico de trinta capítulos, contendo os segredos de alcova, fu reeditado por YE TO-HUEI (1.864 – 1.927) que reconstruiu os textos perdidos e em particular o “ARS AMATORIA” do Mestre TONG HIUAN”.
Um grande sábio disse: “Mediante a prático do VAJROLI-MUDRA, o Iogue faz afluir em si a SHAKTI ou seja, a energia sexual universal revelada, de maneira que ele já não será só seu partícipe, senão também seu Senhor. No VIPARITAKARANI se diz: Esta prática é a mais excelente, a causa da liberação para o iogue, esta prática aporta saúde ao iogue e outorga-lhe a perfeição”.
Se desnudamos o VAJROLI-MUDRA, se rasgamos o véu de ISIS, fica a verdade nua, a MAGIA SEXUAL, o SAHAJA MAITHUNA.
A esotérica VIPARITAKARANI ensina de forma clara e precisa, como o YOGUI faz subir lentamente o sêmen mediante a concentração de maneira que homem e mulher em plena cópula podem alcançar o VAJROLI.
Om! Obediente à deusa, semelhante a uma serpente adormecida no SWAYAMBHULINGAM e maravilhosamente ornada, disfruto do amado e de outros arrebatamentos. Acha-se presa pelo vinho e irradia
milhões de raios. Será despertada (durante a Magia Sexual) pelo ar e pelo fogo, com os mantras: YAM e DRAM e pelo mantra HUM”.
Cantai estes mantras nestes precisos momentos em que o LINGAM-YONI encontram-se conectados no leito nupcial. Desta forma desperta tá DEVI KUNDALINI, a serpente ígnea de nossos mágicos poderes.
CAPÍTULO XLVII – O TERCEIRO ATO
Dom Mário Roso de Luna, o insigne escritor Teosófico comentando a terceira parte do Parsifal Wagneriano escreva textualmente assim:
“O terceiro ato desenvolve-se novamente nos domínios do Graal. É primavera. Uma campina alegre cujos limites estendem-se desde a fronteira do bosque até as montanhas do Graal, mostra entre o arvoredo um manancial, e a frente a ele, apoiada nas rochas, uma pobre choça de um ermitão.”
“É primeira hora da Sexta-Feira Santa, Gurnemanz, o ermitão, envelhecido, e sem mais nenhuma roupa do que a velha túnica dos cavaleiros do Graal que ainda conserva, sai da choça e escuta uns profundos gemidos, como de alguém que em profundo sonho luta contra um pesadelo”.
“Dirige-se apressadamente para o sarçal de onde os gemidos partiram e encontra KUNDRY, fria e rígida, escondida não sabe-se à quanto tempo, nos ásperos espinheiros do inverno, a triste noite moral do pecador, sem conhecer a chegada da redentora primavera.”
“O ancião arrasta KUNDRY pranto fora e começa a reanima-la com o seu alento. Finalmente desperta dando um grito. Veste-se de penitente. Sua tez é mais pálida. Do rosto e dos modos desaparecera a crueldade intratável.”
“Contempla Gurnemanz com prolongado olhar, como quem evoca velhas recordações. Levanta-se e dirigindo- se a cabana do eremita, dispõe-se a faina de servi-lo, como outrora o fizera com os santos cavaleiros”.
“Pega um cântaro e o enche com água da fonte e logo regressa a cabana, na qual dispõe-se a trabalhar, como de costume, por gratidão ao último sobrevivente do Graal”.
“Enquanto isso, sai do bosque Parsifal, vestindo um traje negro e armadura fechada, viseira abaixada, lança inclinada e cabeça baixa sob o peso de seus desencontrados pensamentos”.
“Gurnemanz aproxima-se oferecendo-lhe auxilio, Parsifal não responde às atenções do asceta; mas este recorda-lhe que é Sexta-Feira Santa, dia cuja santidade não deve ser escarnecido pelo uso de armas.”.
“Parsifal levanta-se, arroja suas armas, crava na terra a lança, e frente a ela cai de joelhos em estática oração”. “Gunermanz o contempla emocionado e assombrado, enquanto que por sinais chama KUNDRY. Nele reconhece o matador do cisne de outrora, pecador que retorna, qual o homem ao Santo Recinto pelos caminhos da desolação e do desacerto, cem vezes amaldiçoado, por paragens sem senda e inumeráveis contendas…”
“O ermitão informa-o sobre o estado de desgraça em que caíram os cavaleiros do Graal, todos dispersado e mortos, menos ele, desde que Amfortas já impotente para resistir a maldição de sua ferida busca a morte, renunciando a descobrir o Vaso sagrado para que ELE não siga prolongando-lhe sua vida com o Hálito imortal”.
“Parsifal ante tamanha dor, cai desmaiado junto à fonte. Gurnemanz sustenta-o e o faz sentar na relva e KUNDRY apressa com uma vasilha de água para refrescar o rosto de Parsifal”.
Não!, diz Gurnemanz, seja a própria fonte sagrada o Vaso. O YONI que ao peregrino restaure.”
Prevejo que está chamado a realizar hoje uma obra sublime; a exercer uma missão Divina. Seja pois limpo de toda mancha e lavado aqui as impurezas de sua longa peregrinação”.
“Ambos conduzem Parsifal até a beira da fonte, enquanto KUNDRY desata as grevas e banha-lhe os pés, ao mesmo tempo o ermitão retira as velhas vestes negras de dor e de luta, deixando-lhe somente a branca túnica de Neófito, que é a nova túnica da pureza, já expurgado de todo o velho fermento do pecado, como diria São Paulo!
“KUNDRY logo ungi os pés do escolhido, vertendo sobre eles o conteúdo de um frasquinho de ouro que ocultava em seu seio.”
“Qual nova Madalena, a seca com seus próprios cabelos, enquanto Gurnemanz o unge também a cabeça como o futuro Rei, batizando-o como o Redentor do Graal, e como a um sapiente por compaixão”.
“O inefável idílio comumente chamado OS ENCANTOS DA SEXTA-FEIRA SANTA, ressoa então triunfal no espaço, saudando gozoso o Redentor, em meio da dita augusta do monte e da floresta, onde todos sorriem ao aproximar-se o momento supremo da liberação…”
“Os sinos do Graal voltam a soar como outrora chamando para a santa cerimônia.”
“Gurnemanz reveste-se com a sua guardada almilha e manto de cavaleiro ao novo Rei, e com ele empreende a subida até o castelo, cujos esplendores, graças a sagrada lança sexual, não tardarão em retornar”.
“O ambiente da grande Sala do Graal enche-se de cavaleiros e escudeiros que de um lado, conduzem a carruagem de Amfortas, e de outro, o cadáver de Titurel, que vem receber a última bênção do Graal”.
“O filho dolorido, buscando apenas o descanso da morte, causou inconscientemente a morte de seu pai ao estar privado da imortal contemplação do Vaso Regenerador”.
“Todos os cavaleiros exigem que Amfortas, pela última vez, cumpra o seu encargo”.
“Amfortas já pressentindo a aproximação das doces trevas da morte, resiste em tornar à vida que o Graal descoberto lhe daria, e rasga indignado suas vestes pedindo aos gritos a morte em tremendo paroxismo.”
“Todos se afastam dele surpresos ao descobrirem a funesta ferida brotando sangue”.
“Parsifal, que havia chegado, desprende-se do grupo, brande a lança, e tocando com sua ponta as costas de
Amfortas, finalmente a fecha milagrosamente”.
“Ergue então triunfalmente a lança e todos em êxtase prosternam-se diante dela, enquanto Amfortas tira da arca a sagrada relíquia. Faz que todo o ambiente se absorva com a glória do Graal, e Parsifal, elevado desde aquele momento a dignidade suprema, abençoa desde este instante e para todo o sempre com ELE a Santa Assembleia restaurada…”
“Tituriel, volta por um momento à vida, incorpora-se no féretro, ao passo que desde a cúpula, a branca pomba desce sobre a cabeça do novo Rei. Do sábio pela compaixão! Enquanto estalam mais vigorosos que nunca os cantos sagrados, e KUNDRY, a mulher símbolo, cai exânime ao solo também redimida, em meio da universal homenagem que céus e terra rendem gloriosamente ao Herói que venceu as potestades do mal, alcançando a Liberação mediante o esforço e o sacrifício”.
CAPÍTULO XLVIII – O SINAL DE JONAS
“Esta geração malvada e adúltera pede sinais, mas sinal não lhe sará dado, senão o Jonas o profeta. Assim como esteve Jonas no ventre da baleia por três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem na terra, três dias e três noites”. (Mateus XII, 39-40).
Este belo relato, algo confuso do livro maravilhoso de Jonas, tem como base esotérica um cerimônia simbólica antiquíssima que consistia em deixar o iniciado durante três dias e três noites entre o mistério indescritível de uma caverna ou gruta semelhante em sua forma a um peixe.
Contam velhas tradições que se perdem na noite aterradora de todos os séculos, que durante este intervalo, enquanto o iniciado jazia como um cadáver dentro do sarcófago, sua alma ausente da humana forma densa, experimentava diretamente nos mundos superiores o ritual da vida e da morte.
Tanto a água elemental como a perfumada terra, elementos sem dúvida passivos, ou simplesmente negativos, representam a purificação preliminar e a base série de todo o processo regenerativo que logo tem que se fazer efetivo, por meio dos elementos superiores e ativos, o ar e o fogo respectivamente, símbolos do espírito e da grande realidade.
A forma extraordinária e maravilhosa do velho ataúde de OSIRIS, chama a atenção por sua semelhança e significado iniciático como outro peixe, representando magnificamente pelo alfabeto semita na letra SAMEK, que ocupa o décimo quinto lugar cabalístico, a que indubitavelmente simboliza no principio a famosa constelação da baleia sob cuja regência devemos realizar certos trabalhos na “Nona Esfera”.
O quinze cabalístico de Thifon Baphometo, o Diabo, a paixão animal, representante da citada constelação, convida-nos a compreender o que é o trabalho na “Nona Esfera” (O Sexo).
O iniciado que deram o Vaso de Hermes, será fulminado pelo Arcano dezasseis da constelação ode Áries. Cairá desde o top da torre sob o raio da justiça cósmica como a pentalfa invertida, com a cabeça para baixo e as pernas para cima.
Se adicionamos cabalisticamente as cifras do número 15 teremos o seguinte resultado: 1+5 = 6.
Seis no Tarô é o Arcano do Enamorado; o homem entre a virtude e a paixão. Aprendei a polarizar-vos sabiamente com o Arcano seis e havereis vencido o espantoso 15 da constelação da baleia.
Recordai amado leitor, que no centro do peito tens um ponto magnético muito especial que capta as ondas de luz e de glória que vem de tua alma humana.
Ela é TIPHERETH, o Arcano seis do TARÔ. Escutai-a. Obedecei às ordens que dela emanam.
Atuai de acordo com esses impulsos íntimos; trabalhai na forja dos Ciclopes quando ela assim o quiser. Se aprenderdes a obedecer não perecerás dentro do ventre da baleia.
Veja! Tens-te tornado um peixe trabalhando nas águas caóticas do primeiro instante. Agora compreenderás porque o ataúde de OSÍRIS tem forma de um peixe.
É inquestionável que os sete dias ou períodos genesíacos de Moisés sintetizam-se nesses três dias e três noites de Jonas no ventre da baleia, cerimônia iniciática repetida pelo Grande Kabir Jesus dentro do Santo Sepulcro.
Algumas pessoas pessimamente informadas, equivocadamente supõem que a simples cerimônia iniciática simbólica do Magno Sepulcro com seus famosos três dias mais a catalepsia do corpo físico seja tudo.
Ignoram lamentavelmente essas boas pessoas que a simples cerimônia é tão só um símbolo ou alegoria de algo imenso e terrível que se projeta no desconhecido.
Jonas o Profeta, trabalhando sob a regência da constelação da baleia, mergulhado no poço profundo do universo, na “Nona Esfera” (O Sexo), realiza seu trabalho em três dias ou períodos mais ou menos longos.
1)Fabrica o traje de bodas da alma e estabelece dentro de si mesmo um centro permanente de consciência.
2)Elimina radicalmente os três traidores do Cristo íntimo e reduz a poeira cósmica o Dragão das trevas e as bestas secundárias (Trabalho sublunar).
3)Continua morrendo nas esferas superiores de Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, etc.
O primeiro período de tempo do qual falava o Grande Kabir Jesus ao Rabino Nicodemus, conclui o “Segundo Nascimento”.
O segundo período finaliza com as bodas maravilhosas. Nada menos que os esponsais da alma humana com Ginebra, a Rainha do Jinas. As mulheres diremos que então que se casem com o Bem Amado eterno.
O terceiro período conclui magistralmente com a ressurreição do Cristo secreto dentro de nosso próprio coração.
Os textos esoteristas hindus mencionam constantemente a famosa Trimurti: ATMAN-BUSHI-MANAS (isto é, o Íntimo com as suas duas almas: Bushi e Manas respectivamente).
Dessa Trimurti somente uma insignificante fração do terceiro aspecto está encarnada no humanóide intelectual equivocadamente chamado homem.
Esta fração denomina-se “ESSÊNCIA”. No Zen japonês chama-se simplesmente como “O Buddhata). Lamentavelmente a “Essência” jaz em sonhos dentro desse confuso e grotesco conjunto de entidades
submersas, tenebrosas, que constituem o Ego, o Mim mesmo, o Si mesmo.
Porém, a “Essência” é a matéria prima para fabricar a alma, conceito este que infelizmente não tem sido muito bem entendido por nossos estudantes Gnósticos.
O TAO Chinês ensina claramente que a “Essência” enfrascada entre todo esse conjunto de Eus diabos que constituem o Ego, tem que passar na “Nona Esfera” por incessantes transformações alquímicas antes de converter-se na “Pérola Seminal”.
O refluxo maravilhoso da energia sexual em forma de torvelinho luminoso, como quando um raio de luz regressa ao chocar-se contra um muro, vem a cristalizar dentro de nós na “Flor áurea”, a qual, como é sabido, estabelece dentro do Neófito um centro permanente de consciência.
A “Pérola Seminal”, desenvolvendo-se mediante a Magia Sexual e o trabalho formidável com a lança de Longinus, há de passar por indescritíveis amarguras antes de converter-se no “embrião áureo”. (Na flor de áurea).
O “Segundo Nascimento” é um evento cósmico verdadeiramente extraordinário, maravilhoso, encarnamos o
terceiro aspecto da Trimurti: ATMAN-BUSHI-MANAS.
A alma Humana (O Manas superior dos hindus), entra no “Embrião áureo”, desde esse instante se diz que nós somos homens com alma, indivíduos sagrados, pessoas verdadeiramente responsáveis no sentido mais completo da palavra.
O “Embrião áureo” vestido com o traje de Bodas da alma, experimenta em verdade um gozo supremo no instante em que fusiona-se com a alma humana.
No “Embrião áureo” encontram-se resumidas todas as experiências da vida e por isso é ostensível que origina transformações profundas nos princípios pneumáticos imortais do homem. Assim é como nos convertemos em Adeptos da Fraternidade Branca.
No matrimônio com genebra, a Divina Amazona, é certamente outro evento de maravilhas que marca o final apoteótico do segundo grande dia ou período de tempo. Então é inquestionável que experimentamos outra transformação radical porque dentro de Budhi, como dentro de um vaso de alabastro fino e transparente arde a chama de Prajna.
Porém é indubitável que a transformação superlativa só é possível com a ressurreição do Cristo íntimo no coração do homem. Esta é a fase culminante do terceiro período. O instante formidável em que a brilhante constelação da baleia vomita Jonas o profeta nas praias do Nínive. O momento supremo em que ressuscita Jesus, o Grande Kabir; o segundo extraordinário do triunfo de Parsifal no templo resplandecente do Santo Graal.
CAPÍTULO XLIX – A PARTITURA DE PARSIFAL
Dom Mário Roso de Luna o grande sábio espanhol escreveu:
“A partitura de Parsifal – disse Rogélio Villar – assombra geralmente por sua grandeza e majestade, e pela inspiração e beleza de sua apresentação, pela pureza de duas linhas e pelo colorido matiz de sua sábia e artística instrumentação doce e suave, grandiosa e solene. Marca o final da evolução iniciada com TANNHAUSER e LOHENGRIN, em cujas inspiradas obras encontram-se traçadas suas teorias sobre o drama lírico, chegando a seus últimos extremos na belíssima partitura de Parsifal”.
“Os trechos melódicos fragmentados (leitmotivs) que se ouviram no transcurso do drama de Wagner, nas diferentes situações, são de grande potência expressiva, e em relação ao caráter do poema, sempre subordinados ao espírito da frase literária”.
“O prelúdio e a consagração do Santo Graal (Ceia dos apóstolos), página magnífica e de intensa emoção no primeiro ato; o preludio e o jardim encantado de KLINGSOR (cena voluptuosa das flores), e o dramático dueto da sedução entre KUNDRY e PARSIFAL no segundo; o breve e melancólico prelúdio, a comovedora cena do batismo (um dos momentos de mais emoção do Parsifal) e os encantos da Sexta-Feira Santa, páginas de sublime beleza, no terceiro; o mais encantador e poético por suas delicadezas e por sua orquestração rica e exuberante, como todas as situações salientes da ópera, repletas de encantadora poesia e de maravilhosa ternura; delicadas ou doces, sombrias ou tétricas, sempre caracterizadas com o poema.
“Outros fragmentos episódicos interessantes pelo labor orquestral de caráter descritivo são: a oração matinal de Gurnemanz; a saída de KUNDRY; o cortejo do Rei, de muita visualidade, assim como a fala de GURNEMANZ à sombra da árvore secular, em que narra a seus escudeiros a origem da ordem do Graal, KUNDRY, as dores de AMFORTAS, e o maléfico KLINGSOR”>
“Sobressai também no segundo ato toda a sinistra cena do mago infernal, na qual se vale de suas astúcias para que KUNDRY, a Eva da mitologia hebraica, seduza PARSIFAL; e em terceiro, a desoladora cena de Amfortas, de profunda emoção e a marcha fúnebre.”
“Existem na partitura de Parsifal fragmentos sinfônicos de uma imponderável beleza, sonoridades deliciosas impregnadas e fundidas com arte tão nova, tão adequada ao meio em que se desenvolve a ação, o caráter da paisagem, imagens poéticos-musicais tão expressivas, e verdadeiros acertos de interpretação da lenda do Santo Graal, que subjugam”.
“Entremeados com uma arte sem precedentes, ouvem-se na orquestra os temas da Ceia, Titurel (Ordem do Graal), KUNDRY, AMFORTAS, PARSIFAL, que simbolizam a Fé, a compaixão, a humildade, a melancolia, o amor, a resignação, o Cisne, a lança e outros, cuja significação é preciso conhecer para desfrutar por completo a concepção Wagneriana em todo sua magnitude e grandeza. Amfortas simboliza o remorso; Titurel, a voz do passado; Klingsor, o pecado (o Eu).
Parsifal, a redenção; Gurnemanz (O Guru), a tradição; KUNDRY, a sedução. PAZ INVERENCIAL
Samael Aun Weor